Na entrevista, o jornalista perguntou: “Muitos quiseram dominar a Palestina ao longo da história. Como estas aspirações de governá-la afetam a existência palestina, as opções dos palestinos e as suas possibilidades de desenvolvimento?”
Salameh respondeu: “Antes da Declaração Balfour, quando o governo otomano terminou (1517-1917), as fronteiras políticas da Palestina, como as conhecemos hoje, não existiam, e não havia nada chamado de povo palestino, com uma identidade política, como conhecemos hoje. As linhas de divisão administrativa da Palestina se estendiam de leste a oeste e incluíam a Jordânia e o sul do Líbano. Como todos os povos da região, (os palestinos) foram libertados do domínio turco e imediatamente passaram para o domínio colonial (britânico e francês), sem formar uma identidade política”.
É este principio fundamental, da não existência de uma identidade palestina secular, no sentido de tempo, que impede uma aglutinação coesa e harmônica do dito povo palestino, sempre fracionado por disputas internas entre facções e personalidades inimigas.
Na semana passada, completaram-se 70 anos da Assembleia das Nações Unidas, de 1947, que decidiu por maioria de dois terços, pela Partilha da Palestina.
O eminente brasileiro Oswaldo Aranha presidiu a assembleia que previu a criação de dois estados, um árabe e o outro judeu, que deveriam viver lado a lado. Era o desejo de todas as nações que apoiaram a Resolução 181 de 29 de novembro.
Os diplomatas árabes tinham convocado uma entrevista no luxuoso salão do Hotel Waldorf Astoria, onde manifestaram seu total repúdio à resolução 181.
Os árabes não esconderam seus propósitos, ao declarar que “a resolução aprovada seria o fim das Nações Unidas e que as fronteiras de Israel seriam traçadas a sangue”. Erraram na primeira afirmação, mas tornaram uma triste realidade o segundo libelo.
Em quase 70 anos de independência, o Estado judeu perdeu mais de 23 mil cidadãos, vitimas de guerras e atentados terroristas, o que não impediu seu povo de ganhar 12 prêmios Nobel.
E o sonho de Oswaldo Aranha, a criação de dois estados na região, continua dependente de um líder palestino que reconheça o aspecto judaico de Israel e manifeste sinceramente a vontade de conviver em paz com o seu vizinho Estado judeu.
Osias Wurman é cônsul honorário de Israel
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