E não é para menos: o politicamente correto dos juizes eleitorais está acabando até com o nosso bom humor.
Já não podemos mais gozar da cara dos políticos, e ridicularizá-los, como eles merecem.
Só os portugueses poderão fazê-lo, e ele já começaram...
Notícia recolhida de um site português:
Brasil proíbe ridicularização de candidatos presidenciais na TV e rádio
Isabel Marques da Silva - Jornalista
17.08.2010
A campanha para as eleições presidenciais no Brasil começa agora a aquecer mas as características dos candidatos mais previsíveis para piadas e caricaturas não poderão ser usadas por comentadores ou comediantes. É que a lei brasileira proibe este tipo de abordagem na rádio e TV, com o argumento de que os candidatos não devem ser ridicularizados para poderem ter uma avaliação imparcial e justa por parte do eleitorado.
Hoje começam a ser emitidos anúncios de propaganda dos partidos na rádio e TV com vista às eleições de 3 de Outubro, mas os ouvintes e telespectadores não terão acesso às análises mais mordazes dessas mensagens políticas.
Ao contrário do que é prática corrente em muitas democracias pluripartidárias, os protagonistas das eleições presidenciais no Brasil não podem ser alvo de piadas, comentários jocosos ou caricaturização que ridicularize as suas características pessoais e profissionais.
Uma restrição a que as rádios e televisões (os jornais não são abrangidos) têm de obedecer apenas nos três meses que antecedem o acto eleitoral e que se prende, de acordo com a lei brasileira, com a necessidade de preservar uma imagem justa e imparcial dos candidatos.
Gozar com os candidatos dá direito a multa que pode chegar a mais de 100 mil dólares (78 mil euros) e suspensão de licença de emissão. Apesar de haver poucos casos de multas aplicadas, a auto-censura tem funcionado.
Uma lei antiquada?
A regra foi herdada das restrições à liberdade de expressão impostas pela ditadura militar (1964-1985). "Conhece alguma outra democracia no mundo como uma regra destas?" pergunta Marcelo Tas, humorista brasileiro que tem um programa de televisão semanal, entrevistado pela agência de notícias Associated Press.
Tas aconselha os políticos brasileiros a seguirem o exemplo de Barack Obama, Presidente dos EUA.
"A curva de popularidade de Obama subiu muito quando ele apareceu num programa de TV humorístico. Quando a pessoa permite uma entrevista ou confronto mais crítico, como acontece no meu programa, pode levar-se com alguns "tiros" mas também existe a possibilidade de mostrar um lado mais humano de que o eleitorado gosta. O humor não é mais que a realidade exagerada, o que ajuda as pessoas a pensarem sobre um assunto por outro ângulo", explica.
Internet e jornais a salvo
Como a Internet não é licenciada pelo Governo, os sites não estão abrangidos pela lei. Mas se uma estação de rádio ou tv usar o seu site para fazer uma piada, ou reproduzir uma piada de outros sites, poderá ser responsabilizada.
A imprensa está a salvo da lei, mas alguns colunistas insurgem-se contra a medida que afecta os seus colegas.
"Isto é uma forma de castrar o direito dos eleitores à informação", disse Clovis Rossi, que assina uma coluna no jornal "Folha de São Paulo", um dos mais importantes do país. "Não é uma ameaça à liberdade de imprensa, mas é uma ameaça à inteligência do povo brasileiro",acrescentou.
Apoiantes da medida consideram que esta evita, por um lado, que a imagem de alguns políticos saia mais prejudicada que a de outros; e, por outro, encoraja os mesmos a serem honestos sobre as suas ideias e passado.
Um tema que está a ser debatido em colunas de opinião na imprensa e também nas redes sociais na Internet, bem como nalguns seminários públicos.
Um editorial recente do jornal "O Globo" pronunciou-se contra a lei porque a considera censória e diz que seria "impensável na mais vibrante democracia do mundo, os EUA".
Com Associated Press
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