segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O grande desmonte da politica economica - Celso Ming

Também acredito, como Celso Ming, que o governo Dilma promove um grande desmonte da política econômica herdada (de forma bendita, ainda que sem dizê-lo) do governo FHC e não coloca absolutamente nada no lugar, apenas improvisações, puxadinhos, arranjos ad hoc, na base do rápido e mal-feito (como na Cavalaria do ex-presidente, general João Figueiredo).
Na verdade, isso vem de longe: ainda quando o ministro da Fazenda era o corrupto-corruptor Antônio Palocci, a então chefe da Casa Civil bloqueou uma tentativa de aumento do superávit primário, colocando o governo justamente na trajetória contrária, a do aumento dos gastos do governo.
Enfim, isso corresponde inteiramente ao que ela deve ter aprendido na Faculdade de Economia de onde ela dizia ter doutorado, quando não completou sequer o Mestrado (mas esqueceu de avisar quem fazia o seu Currículo Lattes por ele, embelezado indevidamente): a UniCamp.
A UniCamp é recidivista, pois ainda há menos de um ano atrás deu um título de doutoramento fraudado a um ministro que precisava muito (e rapidamente) de uma distinção improvisada...
Paulo Roberto de Almeida



Risco de desarrumação

24 de setembro de 2011 | 16h30
Celso Ming
O Estado de São Paulo
É a meta de inflação sendo transformada em meta de juros. É um superávit das contas públicas (superávit primário) sustentado com certa dose de enganação. E é o câmbio, cada vez mais, sujeito a flutuações arbitrariamente sujas. E vamos parar por aí, sem meter no mesmo cesto a política industrial protecionista e eivada de casuísmos, que tende a restaurar reservas de mercado.
Desde 1999 a política econômica do governo se assentara num tripé baseado na meta de inflação, na produção de um forte superávit primário destinado a controlar a dívida e no câmbio flutuante. A percepção que vai sendo consolidada nesses primeiros nove meses de política econômica do governo Dilma é a de que esse tripé vai sendo desmontado, sem que o governo entenda que deva uma satisfação desse desmonte à sociedade.
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Dilma. É o desmonte do tripé? (FOTO: UESLEI MARCELINO/REUTERS)
O Banco Central, por exemplo, ainda mantém o discurso de que trabalha para a convergência da meta de inflação em 2012. Mas, desde a última reunião do Copom, em 31 de agosto, ficou claro que a decisão é derrubar os juros, mesmo se levando em conta que o avanço do consumo segue fortemente acima do avanço da produção. A aposta é de que a crise externa será tão forte que os preços das commodities, especialmente alimentos e petróleo, despencarão. E que, nessas condições, o mundo passará por uma forte desinflação, que será retransmitida para o mercado interno. Além disso, o Banco Central acredita que, agora, pode contar com uma política fiscal (disciplina orçamentária) mais austera, que lhe abra espaço para a queda dos juros.
Essa austeridade fiscal, por sua vez, não passa firmeza. O governo federal alardeou que economizará mais R$ 10 bilhões, uma migalha num bolão de receitas que deverá chegar a R$ 1 trilhão. Em todo o caso, prepara-se para perfazer um superávit primário (sobra de arrecadação para pagar a dívida) de R$ 139,8 bilhões (3,1% do PIB). Mas 2012, ano de eleições, já começará com um reajuste do salário mínimo contratado em torno de 14% – uma paulada nas despesas com o funcionalismo público e com os beneficiários da Previdência Social.
O câmbio, por sua vez, vai sofrendo intervenções contraditórias por parte da equipe econômica – não apenas dos dirigentes do Banco Central, que atua nesse filme somente como ator coadjuvante.
De um lado, sua diretoria declara que continua empenhada em neutralizar volatilidades no câmbio. No entanto, nas últimas duas semanas, se viu que solavancos de 2% ou 3% ao dia, tanto para cima como para baixo, aparentemente não são mais considerados volatilidade.
E cabe acentuar que as autoridades desestimulam a valorização do real e, depois, trabalham na direção contrária, sem revogar os mecanismos anteriormente montados, que atuam em outra direção.
A presidente Dilma Rousseff poderia dizer que os tempos são outros, que está em curso uma vasta crise financeira; que, por toda parte, tesouros estão se endividando para muito além da irresponsabilidade; e que os grandes bancos centrais têm emitido moeda para financiar gastos públicos. E ainda que, diante desse jogo maluco, o Brasil não pode ficar parado, disposto a pagar todas as contas que lhe chegam.
Mas o problema não são as mazelas dos vizinhos de perto e de longe. O problema é a improvisação e as inconsistências a que todo o arcabouço econômico está agora mais fortemente sujeito. O risco de que tudo se desarrume é cada vez maior.

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