Não vamos nos enganar, nem exagerar, nem misturar as coisas...
Esta matéria, aliás, já foi postada aqui, em outro formato...
Paulo Roberto de Almeida
Juca Paranhos: o barão bon-vivant
Patrono da diplomacia brasileira, o Barão do Rio Branco - cujo centenário da morte é lembrado este ano - curtiu muito a vida até ter atuação fundamental na consolidação do território nacional
Saraus literários, serenatas noturnas com flauta, violão e cavaquinho, e um jovem pela primeira vez longe dos pais, numa cidade estranha. O futuro barão vivia numa república com outros jovens, que o definiam como um “colega agradável, sempre alegre, pronto para as festas e brincadeiras”. A cavalo, ia até a Penha, a Pinheiros e ao Ipiranga. Presença constante em teatros, circos, corridas de cavalo, bailes, e também em procissões e missas cantadas. Na livraria Garraux ou em alguma confeitaria, passava horas a conversar. Vai para o Recife, conclui o bacharelado e parte para a Europa, com um prêmio de loteria de 12 contos de réis nos bolsos!
No Rio, o barão passava várias noites em teatros e cafés, e muitos diziam que levava “uma vida perdida de boêmio”. Almoçava às 3 da tarde e jantava de madrugada, na companhia das atrizes do Teatro Alcazar. É aí que, em 1872, apaixona-se pela atriz belga Marie Stevens. O primeiro filho do casal nasce um ano depois, em Paris, e Juca faz com que ela regresse prontamente ao Brasil. Somente após dois anos é que sua mãe aceita batizar o pequeno Raul, e mesmo assim por procuração.
Nascem mais filhos, e a princesa Isabel, valendo-se da ausência do pai, assina seu ato de nomeação de cônsul em Liverpool. Marie vai para Paris com as crianças, enquanto Juca se prepara para ir a Liverpool. Nesse ínterim, apaixona-se pela sobrinha do Duque de Caxias, Maria Bernardina, “um anjo de beleza” de apenas 15 anos. Vai para Liverpool e passa seu tempo entre seus afazeres na cidade inglesa e sua vida familiar em Paris. Escreve a um amigo italiano, em 1877, dizendo que a situação não vai bem com a “marechala”: não consegue romper seu casamento com Marie e desposar Maria Bernardina. “É muito difícil, muito doloroso para um pai não saber qual será o destino e o futuro dos seus filhos”, desabafa.
Na edição impressa você confere um artigo sobre a atuação fundamental do barão na consolidação do nosso território no início da República, incluindo ainda uma foto pouco conhecida do jovem Juca Paranhos, aos 17 anos. Veja também as homenagens ao barão marcadas para este ano no Rio de Janeiro e em Brasília.
* Alexandre Belmonte é pesquisador da Revista de História da Biblioteca Nacional
Grande orador, Rio Branco discursa na abertura da 3ª Conferência Pan-Americana, no Palácio Monroe, em agosto de 1906.
Foto: Wikimedia Commons
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