Não, não é no Brasil, e estaríamos muito mal se fosse, embora no Brasil também alguns fascistas, que se pretendem progressistas, de esquerda, amigos das crianças, ou qualquer outra coisa desse tipo, também pretendam impedir publicidade de alimentos, para defender as pessoas delas mesmas, ou as pobres criancinhas da cupidez cruel de capitalistas gananciosos. Teve até um juiz (não vou dizer quem), que queria proibir promoções, tipo brinquedinho em KinderOvo ou em caixas do McLanche Feliz, sob pretexto de que esses insidiosos joguetes serviam para atiçar os nefastos instintos consumistas das crianças, que então forçavam os pobres pais a comprarem esses malvados produtos capitalistas.
Mas é na Argentina, como vocês podem ter adivinhado. O governo, sem quaquer base legal, atuando portanto ilegalmente, proibe os supermercados de fazerem publicidade de seus produtos "baratos" (que o mesmo governo obrigou a ter seus preços congelados, numa típica atitude autoritária e arbitrária), para evitar corrida aos supermercados e assim mais inflação e descontrole nos consumidores. Trata-se, evidentemente, de típica medida fascista: o governo obriga pessoas, cidadãos, empresas, a se comportar como ele acha que elas devem se comportar, retirando totalmente a liberdade dos agentes econômicos de atuarem segundo seus próprios interesses individuais, por mais danosos que estes possam ser (ou seja, por mais consumistas, ou lucrativos que seus atos possam ser). Isso é fascismo puro, ao que a Argentina já sucumbiu há muito tempo.
Mas, com a aceleração da inflação no Brasil também, pode-se esperar, talvez, atitude semi-fascistas como essas, o que aliás já é evidente na política de preços da gasolina e seu monopolista principal, a Petrobras. A companhia não pode ela mesma determinar o preço a que vai vender seus produtos: precisa vender com perdas, já que o governo assim ordenou. E o que fazem os acionistas? Desovam seus estoques de ações, claro, o que explica a perda brutal de valor da companhia, de algo superior a 300 bilhões de dólares alguns anos atrás, para menos de 150 bilhões agora.
Paulo Roberto de Almeida
Argentina proíbe supermercado de fazer propaganda
Ariel Palacios, correspondente
O Estado de S.Paulo, 07 de fevereiro de 2013
Ordem dada verbalmente por secretário de Cristina Kirchner vale até 1º de abril, quando será encerrado o congelamento de preços
BUENOS AIRES - O secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, ordenou verbalmente às redes de supermercados e eletrodomésticos da Argentina que não coloquem publicidades nos jornais e nos canais de TV de Buenos Aires e dos municípios da Grande Buenos Aires.
A proibição - a primeira do gênero na história do país - será aplicada durante a vigência do congelamento de preços de dois meses de duração, pactuado na segunda-feira com a Associação de Supermercados Unidos (ASU), que reúne a maior parte das grandes redes de varejo da Argentina.
Na terça-feira, as redes de lojas de eletrodomésticos também tiveram de aceitar o congelamento de preços, que se encerra no dia 1.º de abril.
Um dia depois, a associação que reúne os pequenos mercados da comunidade chinesa aceitou a imposição do congelamento, embora expressando sua contrariedade pelo sistema, que não obriga as indústrias nem os intermediários a congelar os preços.
Segundo fontes do setor, Moreno, em sua ordem verbal (o secretário costuma emitir ordens não escritas, telefonando pessoalmente aos empresários) de proibir publicidade, alertou para eventuais represálias e castigos. Nesta quinta, nas páginas dos jornais portenhos e nos canais de TV a ausência dos anúncios do setor era total. Dessa forma, os consumidores não tinham como comparar os preços dos produtos nos diversos supermercados.
No entanto, a subsecretária de defesa do consumidor, Maria Lucila Colombo, negou a existência de uma proibição para publicar na mídia. Colombo disse que era provável que os supermercados tivessem deixado de publicar ofertas "para que os consumidores não façam confusão".
Além disso, a ausência de publicidade na mídia impressa será um duro golpe aos jornais portenhos, já que os supermercados e lojas de eletrodomésticos estão entre os principais anunciantes.
O anúncio do congelamento suscitou rumores na população sobre iminentes faltas de produtos nas gôndolas. Porém, o presidente da Associação de Supermercados, Juan José Vasco Martinez, disse que não haverá escassez de mercadorias, "exceto algum problema pontual que alguma indústria fornecedora possa ter". Ele atribuiu o problema ao "forte consumo".
A subsecretária Colombo também negou desabastecimento. Mas justificou o eventual racionamento: "Não acho que seja ruim que os supermercados coloquem um limite razoável para a compra de produtos."
No ano passado, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), a inflação foi de 10,8%. Economistas, sindicalistas e empresários afirmam, porém, que o índice do governo está manipulado e que a inflação real supera os 25%.
Isolamento. Paradoxalmente, na semana passada a presidente Cristina Kirchner havia se posicionado contra a política de congelamento. "Os acordos de preços não servem", disse Cristina na ocasião durante um discurso na Casa Rosada, o palácio presidencial, transmitido pela TV.
A presidente recomendou à população que tomasse uma atitude com as empresas que aumentassem preços. Cristina disse que não estava propondo um "boicote", mas sim um "isolamento": "Isolem-nas, para que elas percebam! Se você não se defende, não te defende ninguém. É o próprio consumidor que tem de fazer valer seus direitos!".
Em 2005 o então presidente Néstor Kirchner protagonizou a primeira convocação de um boicote a uma empresa realizada por um presidente em rede nacional de TV. O alvo, na ocasião, foi a empresa de combustíveis Shell. Perante as câmeras, Kirchner disse aos gritos na ocasião: "Não compremos sua gasolina! Não compremos uma latinha de óleo deles sequer!"
Durante esta primeira semana de congelamento a subsecretária de defesa do consumidor, Maria Lucila Colombo, fez um apelo à população para que "denuncie" as empresas que furarem o congelamento, pois elas serão punidas .
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