sábado, 16 de fevereiro de 2013

O que sera' que vao dizer nos corredores da Casa Grande?

Essa é fácil de responder:
"-- Mas você viu quem escreveu? Aquele jornalista de direita, que odeia o PT e o governo..."
Pois é, gente assim não tem nenhuma credibilidade, só merece o nosso desprezo...
E depois, não foi a Economist que criticou...
Mais um pouco e vamos passar a acreditar que todos os problemas derivam mesmo dos escritos de jornalistas mal intencionados.
Com o que se encontra plenamente justificado o "controle social da mídia".
CQD...
PRA

Dilma vai visitar uma ditadura Africana. E a fala de uma tal Edileuza…
Reinaldo Azevedo, 15/02/2013

Nos dez anos de governo petista, o Itamaraty, em nome do suposto pragmatismo, fez uma aliança preferencial com todas as ditaduras do planeta — desde, é claro, que os países em questão alimentassem ou as fantasias antiamericanistas de setores do petismo ou a conversa mole de uma política externa autônoma. Mais vagabundo moralmente do que essa proximidade é o discurso que a justifica. Leiam isto:

“Dilma mesma disse que, quando se trata de direitos humanos, todos podem melhorar, inclusive nós”. A frase, que leio em reportagem da Folha, é da subsecretária-geral política do Ministério das Relações Exteriores, embaixadora Maria Edileuza Fontenele Reis. Já houve uma Edileuza mais interessante: a empregada folgada e desbocada do humorístico “Sai de Baixo”, interpretada, então, pela atriz Cláudia Jimenez.

A que se referia esta senhora? Na próxima quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff visita a Guiné Equatorial, governada, desde 1979, por um carniceiro chamado Teodoro Obiang Nguema Mbasogo. Escreve a Folha: “Na próxima quinta, Dilma participa da 3ª Cúpula ASA, que vai reunir representantes de 66 países da América do Sul e da África. Segundo a embaixadora Maria Edileuza, o encontro não é um foro de negociação de direitos humanos, mas de consolidação de laços econômicos, em especial na área de infraestrutura, energia e transportes.”

Edileuza, como a sua xará, não se contenta com uma besteira. Prefere logo dizer uma penca. A propósito: em 2010, Lula também visitou o país. Celso Amorim, então ministro das Relações Exteriores, classificou os questionamentos sobre direitos humanos de “críticas moralistas” e despejou, para nossa estomagação: “Negócios são negócios”.

Então vamos ver, pela ordem:
1: quando Dilma pronunciou aquela bobagem, estava sabem onde? Em Cuba! Chegara ao país pouco depois de um dissidente morrer na cadeia. Ao afirmar que todos tinham explicações a dar sobre direitos humanos, inclusive o Brasil, omitia o fato de que a ilha dos irmãos assassinos mantém presos de consciência e usa o aparelho repressivo do estado para esmagar adversários, a exemplo do que faz o tal Mbasogo. Comparações dessa natureza tornam democracias imperfeitas, como a nossa, piores do que são, e ditaduras asquerosas, como Cuba e Guiné Equatorial, melhores do que são;

2: não me oponho ao fato de que, nas relações externas, “negócios são negócios”. A China, em muitos aspectos, é uma Guiné Equatorial com séculos de tradição… Não faremos negócios com os chineses por isso? Bobagem! A questão é outra. Há modos de tratar do assunto. É perfeitamente possível deixar claro o repúdio a ditaduras, lembrando, no entanto, que um país não impõe a outro condicionantes dessa natureza no comércio internacional;

3: reduzir a preocupação com direitos humanos à mera “pregação moralista” é um ato de pura delinquência intelectual. De resto, é mentira até mesmo que o Brasil seja sempre pragmático. Infelizmente, é também ideológico;

4: tomem-se dois casos exemplares: Honduras e Paraguai. No primeiro, um movimento contragolpista depôs um bolivariano maluco, Manuel Zelaya; no segundo, um processo legítimo de impeachment derrubou Fernando Lugo.  O Brasil reagiu de maneira estúpida: tentou levar a guerra civil a Honduras, em apoio a Zelaya, e suspendeu o Paraguai do Mercosul, abrindo as portas para um ditador como Hugo Chávez.

O Brasil não precisa, de fato, impor uma pauta de direitos humanos aos países com os quais faz negócio. Mas poderia se dispensar do vexame de tentar minimizar as violências cometidas por “ditadores amigos”.
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Enquanto isso, em outras esferas...

O Globo, 16/02/2013
O vice-presidente da Guiné Equatorial, Teodorin Nguema Obiang Mangue, estava em Salvador quinta-feira quando a Justiça francesa expediu mandado de prisão contra ele, no processo em que responde por lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos estrangeiros. Mangue, que é filho do atual presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, deixou a capital baiana na noite da mesma quinta-feira, em avião oficial do governo de seu país.

Ele passou o carnaval em Salvador, deu grandes festas privadas, foi fotografado com autoridades como o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e o deputado federal Antonio Imbassahy (PSDB), e participou do desfile do bloco afro Ilê Aiyê, que este ano saiu com o tema “Guiné Equatorial — da herança pré-colonial à geração atual”, em referência à luta contra a discriminação racial e à valorização da cultura africana na Bahia.

De acordo com o jornal francês “Le Monde”, o mandado de prisão foi expedido após Mangue faltar a uma audiência do processo, na última quarta-feira, em Paris. Nesse dia, ele patrocinava uma festa numa das três mansões que alugou para acomodar a delegação de seu país, na Praia de Busca Vida, em Lauro de Freitas, região nobre do litoral norte baiano. Zeca Pagodinho teria sido um dos artistas contratados para animar a festa.

Em Salvador, a Polícia Federal informou que não havia recebido até o início da noite desta sexta-feira o mandado de prisão expedido pela Justiça da França. A presidente Dilma Rousseff irá à Guiné Equatorial, no fim da próxima semana, para a reunião de cúpula dos países da América do Sul e da África. Segundo a embaixadora Maria Edileuza Reis, subsecretária-geral de Política do Ministério das Relações Exteriores, a escolha do país seguiu o critério do revezamento entre os dois continentes.
(…)

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