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quarta-feira, 10 de julho de 2013

A historia (parcial) do Stalin tupiniquim, mas sem Gulag (ainda bem, para mim, para todos nos)...

Imaginem se um sujeito desses, o "chefe da quadrilha", como definido pelo PGR e pelo STF, tivesse alcançado o poder pleno. Talvez eu não estivesse aqui escrevendo para vocês...
Alguns podem se enganar; eu não me engano: conheço a qualidade do "material"...
Paulo Roberto de Almeida

Livro:

Otávio Cabral:
Dirceu : a biografia
(Rio de Janeiro: Record, 2013)

Uma síntese editorial: 

Daniel, Hoffmann, Carlos Henrique, Pedro Caroço. Cubano, argentino, brasileiro. Todos foram – são – José Dirceu, personagem cuja trajetória se confunde com a história da esquerda latino-americana na segunda metade do século XX, e particularmente com a do Brasil, já no século XXI. Em um trabalho investigativo de fôlego, o jornalista Otávio Cabral reconstitui a vida deste emblemático político. 
Tão fundamental quanto as pesquisas foram as entrevistas com 63 pessoas que conviveram diretamente com Dirceu desde sua infância em Minas Gerais até o julgamento do mensalão. Com esses depoimentos, foi possível desvendar passagens desconhecidas de sua vida, como o exílio em Cuba e a clandestinidade no Brasil durante os anos 1970, além de bastidores inéditos de sua atuação no PT, no governo e no mensalão. Boa parte dos entrevistados pediu para não ser identificada, prática consagrada no jornalismo, as chamadas declarações em off”, afirma Otávio Cabral. 
Dirceu foi líder estudantil em 1968, protagonista do histórico congresso da UNE em Ibiúna. Capturado, seria um dos presos trocados pelo embaixador americano. Expatriado e isolado em Cuba, quedou-se protegido por Fidel Castro, que o escolheria para comandar – já com um novo rosto – um foco guerrilheiro no Brasil. Desbaratado o movimento, encarcerados ou mortos cada um de seus integrantes, sobreviveria para mergulhar num longo período de clandestinidade, a ser somente interrompido, em 1979, pela anistia. Livre, conheceria o sindicalista Lula, fundaria o PT e se tornaria o mais afamado articulador político do petismo – mentor do programa que isolaria setores sectários do partido para construir a mais poderosa e inclemente máquina eleitoral da história do país. 
Em 2003, pela via democrática que não ajudara a construir, alcançaria o Palácio, ministro mais importante de um presidente eleito pela esperança. E então o mensalão... De súbito desempregado, era o mais novo consultor da República, capitalista convicto, lobista feito milionário. E então o julgamento do mensalão... A condenação.  
“José Dirceu, que completou 67 anos em 16 de março de 2013, pouco antes da conclusão desta biografia, segue dizendo que só vai revelar seus segredos depois dos 80 anos. Procurei nestas páginas apresentar, treze anos antes, os fatos que realmente importam”, conclui o autor."

Um amigo, que terminou de ler o livro, enviou-me o seguinte comentário: 

Taí um livro livro que peguei com muita desconfiança. " Mais uma hagiografia petista", pensei com os botões da minha camisa polo comprada nos mais recentes "soldes" parisienses... Pois terminei a sua leitura corrigindo completamente a minha desconfiança, convencido de que se trata de um livro muito interessante para a compreensão não somente do político José Dirceu, mas também do Lula e do PT ( vê-se, pela leitura do livro, que a presidente Dilma não pertenceu ou pertence ao círculo do mal que envelopa José Dirceu, felizmente para o país e para nós brasileiros). 
O livro impressiona pela quantidade de detalhes históricos importantes mas relativamente desconhecidos ( eu que vivi 10 anos no exílio, convivendo no ambiente da esquerda revolucionária brasileira e escutando as mais diferentes histórias e estórias ), não sabia de muitos dos detalhes e fatos levantados pelo jornalista Otávio Cabral. 
O livro é importante também por deixar a lupa colocada sobre coisas quase que inacreditáveis : como um conjunto de pessoas de preparo duvidoso chegou ao poder e as loucuras que tem feito nestes últimos períodos presidenciais. Duvido que alguém possa ler este livro - preparado com o padrão da revista Veja, pois escrito por um dos seus jornalistas - sem ficar arrepiado com as histórias do passado do Zé Dirceu ( para o bem e para o mal, desde o jovem revolucionário romântico até as desconfianças - ou evidências - do seu comportamento duvidoso para com seus companheiros e a traição aos seus ideais, sempre e quando necessário). 
No final, ficam as dúvidas ( que o autor, para mérito seu, não procura responder, apenas as relata e enumera) : terá Zé Dirceu traído os seus companheiros do MOLIPO e os entregue à repressão da ditadura militar ? (todos morreram nas mãos da repressão, exceto Dirceu e só um mais). 
Será Dirceu um agente do serviço de inteligência cubano ? Como conseguirá o Zé Dirceu lidar com uma eventual prisão determinada pelo STF ? O livro conta que Dirceu contava com os votos certos do Lewandovski e do Tófoli, e acreditava que poderia virar o jogo no Supremo com as novas indicações de ministros. E a história da modelo que Dirceu recebeu de "presente" para uma noite de maravilhas na suíte presidencial de um hotel sete estrelas de Brasília,  presente este de um colega do ministério que havia sido nomeado com a prestimosa ajuda do Dirceu ?
Lembram-se daquelas histórias da cafetina Jeane Marie Corner, que apareceu por ocasião dos escândalos que levaram a primeira queda do Palocci ? Então era tudo verdade ? Trabalhei um período em Brasília, e não sabia que era tudo sexo, poder & rock&rolll... E pensar que esta personagem por um triz não chegou à Presidência do Brasil ! O Zé Dirceu - e não a Dilma - seria a bola da vez, não tivessem caído antes ele e o Palocci... Um agente cubano no comando da República, argh ! Não ia dar certo...
Em suma, eis aí um livro imprescindível para quem queira entender o que se passa nos intestinos desta engrenagem chamada 'PT". Vou comprar alguns exemplares e dar de presente a alguns amigos que ainda vivem a ilusão da miríade transformadora do PT. O primeiro deles o Xxxxxxxx, para que abra bem os olhos e perceba - homem inteligente que é - que sonhar é bom, mas viver de sonhos e fantasias é meio caminho andado para uma futura grande frustração política na vida...
XX

(PRA: recebido em 10/07/2013)

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