A realidade que aponta Rubem Novaes eu seu artigo desta data no Globo, vem sendo anunciada aqui há muito tempo. A política econômica companheira, feita por keynesianos rústicos -- de "botequim", como eu costumo dizer -- vai levar o Brasil para o brejo, lentamente, pois os companheiros não têm coragem sequer para implementar de uma vez só suas receitas malucas.
Da mais alta cúpula aos técnicos de confiança das autoridades econômicas, a crença generalizada é nas banalidades keynesianas: demanda agregada, estímulo ao consumo, baixar juros, subsídios para a produção, controle de capitais e vai por aí.
Não existe nenhum exemplo de país no mundo que tenha se desenvolvido apostando no consumo.
Mas esses keynesianos de botequim, os maiores quero dizer, sequer aprenderam economia, apenas alguns rudimentos, com aquelas simplificações simplérrimas (com perdão pela redundância) que eles estão agora enfiando goela abaixo do Brasil e dos brasileiros.
Tenho pena dos empresários, dos capitalistas de forma geral, que têm de suportar incompetentes no governo e que vêem seus negócios se estiolando pouco a pouco, em função dessas políticas malucas e do horrível ambiente de negócios que predomina no Brasil, que se tornou um país caro, não por problemas cambiais, mas por ter um Estado extorsivo, perdulário, corrupto e fraudulente, com políticas equivocadas em praticamente todos os setores.
Paulo Roberto de Almeida
O Sapo na Panela
Artigo de Opinião
Rubem de Freitas Novaes
O Globo, 3/01/2014
Nossa história é fértil em
exemplos de barbeiragens na condução da política econômica, todas elas
causadoras de expressivos custos para a população. Para ficar apenas no passado
mais recente, podemos aqui relembrar do congelamento de preços do Plano
Cruzado, do sequestro de ativos financeiros do Plano Collor, da banda diagonal
endógena de Chico Lopes e da destruição patrimonial da Petrobras, iniciada no
governo Lula e ainda em curso.
Medidas desastradas como essas, se
tornadas usuais, além de desorganizarem o aparelho econômico, vão minando a
credibilidade das autoridades constituídas. Larry Summers, professor e
ex-reitor da Universidade de Harvard, costuma dizer, com propriedade, que a
confiança é o fator mais barato para o desenvolvimento de um país. Afinal,
basta ao governante fazer tudo direitinho, de acordo com reconhecidos bons
princípios de gestão econômica, que os mercados se animam e os empresários
libertam seus melhores instintos animais, fazendo a máquina
funcionar.
Aqui no Brasil, a equipe econômica, comandada pela
presidente, tem adotado o que ficou conhecido como a nova matriz econômica ,
uma combinação de heterodoxias concebida em nossos piores ambientes
tecnoideológicos. Em síntese, essa nova matriz consiste de uma política fiscal
frouxa, juros baixos, crédito farto e subsidiado nos bancos públicos, câmbio
desvalorizado e proteção tarifária para estimular a indústria nacional. Não fosse
a rebeldia do Banco Central, elevando os juros básicos, a matriz estaria
intacta até os dias de hoje.
Pois bem, a nova política foi anunciada com
pompas, mas, infelizmente, seus resultados, já decorridos três anos do governo
Dilma, são os piores possíveis. Seja no crescimento econômico, seja nas contas
correntes com o exterior, seja no terreno da inflação, seja na geração de
emprego, seja no que fizeram com nossas contas públicas, desestruturando-as
completamente, as coisas andam tão pretas que Paulo Guedes, escrevendo para O
GLOBO, ousou dizer: Ou muda a política da equipe econômica, ou Dilma muda a
equipe econômica, ou o país muda de presidente.
É da sabedoria popular a
história do sapo na panela. Segundo a fábula, se jogarmos o sapo na água fervente
ele salta e se salva. Mas, se a água for esquentando aos poucos, o sapo vai se
acostumando e acaba cozido. Nossos governantes de esquerda conhecem bem esta
fábula e nunca adotarão medidas extremas tipo estatização do sistema bancário
ou congelamento generalizado de preços. Seriam dramáticas demais e causariam
forte reação. Também não acho que o sapo morrerá. Mas, considerado o viés da
cúpula econômica do governo e o nosso atual quadro político, parece-me que a
hipótese de paulatina argentinização da economia brasileira é mais provável do
que qualquer outra hipótese mais radical. A água ainda vai esquentar por muito
tempo.
A hipótese de argentinização da economia brasileira é mais
provável do que qualquer outra opção mais radical.
Rubem de Freitas
Novaes é economista
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