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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Economia brasileira: a lenta deterioracao causada pela politica companheira - Rubem de Freitas Novaes

A realidade que aponta Rubem Novaes eu seu artigo desta data no Globo, vem sendo anunciada aqui há muito tempo. A política econômica companheira, feita por keynesianos rústicos -- de "botequim", como eu costumo dizer -- vai levar o Brasil para o brejo, lentamente, pois os companheiros não têm coragem sequer para implementar de uma vez só suas receitas malucas.
Da mais alta cúpula aos técnicos de confiança das autoridades econômicas, a crença generalizada é nas banalidades keynesianas: demanda agregada, estímulo ao consumo, baixar juros, subsídios para a produção, controle de capitais e vai por aí.
Não existe nenhum exemplo de país no mundo que tenha se desenvolvido apostando no consumo. 
Mas esses keynesianos de botequim, os maiores quero dizer, sequer aprenderam economia, apenas alguns rudimentos, com aquelas simplificações simplérrimas (com perdão pela redundância) que eles estão agora enfiando goela abaixo do Brasil e dos brasileiros. 
Tenho pena dos empresários, dos capitalistas de forma geral, que têm de suportar incompetentes no governo e que vêem seus negócios se estiolando pouco a pouco, em função dessas políticas malucas e do horrível ambiente de negócios que predomina no Brasil, que se tornou um país caro, não por problemas cambiais, mas por ter um Estado extorsivo, perdulário, corrupto e fraudulente, com políticas equivocadas em praticamente todos os setores.
Paulo Roberto de Almeida 

O Sapo na Panela
Artigo de Opinião
Rubem de Freitas Novaes
O Globo, 3/01/2014

Nossa história é fértil em exemplos de barbeiragens na condução da política econômica, todas elas causadoras de expressivos custos para a população. Para ficar apenas no passado mais recente, podemos aqui relembrar do congelamento de preços do Plano Cruzado, do sequestro de ativos financeiros do Plano Collor, da banda diagonal endógena de Chico Lopes e da destruição patrimonial da Petrobras, iniciada no governo Lula e ainda em curso. 

Medidas desastradas como essas, se tornadas usuais, além de desorganizarem o aparelho econômico, vão minando a credibilidade das autoridades constituídas. Larry Summers, professor e ex-reitor da Universidade de Harvard, costuma dizer, com propriedade, que a confiança é o fator mais barato para o desenvolvimento de um país. Afinal, basta ao governante fazer tudo direitinho, de acordo com reconhecidos bons princípios de gestão econômica, que os mercados se animam e os empresários libertam seus melhores instintos animais, fazendo a máquina funcionar. 

Aqui no Brasil, a equipe econômica, comandada pela presidente, tem adotado o que ficou conhecido como a nova matriz econômica , uma combinação de heterodoxias concebida em nossos piores ambientes tecnoideológicos. Em síntese, essa nova matriz consiste de uma política fiscal frouxa, juros baixos, crédito farto e subsidiado nos bancos públicos, câmbio desvalorizado e proteção tarifária para estimular a indústria nacional. Não fosse a rebeldia do Banco Central, elevando os juros básicos, a matriz estaria intacta até os dias de hoje. 

Pois bem, a nova política foi anunciada com pompas, mas, infelizmente, seus resultados, já decorridos três anos do governo Dilma, são os piores possíveis. Seja no crescimento econômico, seja nas contas correntes com o exterior, seja no terreno da inflação, seja na geração de emprego, seja no que fizeram com nossas contas públicas, desestruturando-as completamente, as coisas andam tão pretas que Paulo Guedes, escrevendo para O GLOBO, ousou dizer: Ou muda a política da equipe econômica, ou Dilma muda a equipe econômica, ou o país muda de presidente. 

É da sabedoria popular a história do sapo na panela. Segundo a fábula, se jogarmos o sapo na água fervente ele salta e se salva. Mas, se a água for esquentando aos poucos, o sapo vai se acostumando e acaba cozido. Nossos governantes de esquerda conhecem bem esta fábula e nunca adotarão medidas extremas tipo estatização do sistema bancário ou congelamento generalizado de preços. Seriam dramáticas demais e causariam forte reação. Também não acho que o sapo morrerá. Mas, considerado o viés da cúpula econômica do governo e o nosso atual quadro político, parece-me que a hipótese de paulatina argentinização da economia brasileira é mais provável do que qualquer outra hipótese mais radical. A água ainda vai esquentar por muito tempo. 

A hipótese de argentinização da economia brasileira é mais provável do que qualquer outra opção mais radical.

Rubem de Freitas Novaes é economista

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