Das declarações (confusas, totalmente confusas) deste juiz que participou da farsa do julgamento do líder opositor Leopoldo Lopez se conclui que qualquer que fosse o juiz, quaisquer que fossem as acusações, a intenção claríssimo da ditadura chavista era simplesmente a de fazer o líder do movimento democrático amargar anos de prisão.
Essa farsa nos remete aos piores momentos do stalinismo paranoico dos anos 1930, quando todas as personalidades que poderiam fazer sombra ao tirano Stalin foram objeto de julgamentos pré-fabricados, e condenados à morte.
O que vão fazer a Unasul, a OEA, o Mercosul, o governo brasileiro ante essas revelações?
Nada, repito NADA...
Paulo Roberto de Almeida
“Saí porque não queria defender a farsa contra Leopoldo López”
O procurador venezuelano Franklin Nieves, de 51 anos, é hoje uma das
pessoas mais procuradas do planeta. Ele está angustiado com o alvoroço
provocado por sua fuga da Venezuela depois de denunciar que o Governo de
Nicolás Maduro fraudou provas no julgamento do líder da oposição, Leopoldo López.
Há cinco dias, ele está escondido com a esposa e as duas filhas pequenas em
Miami, nos Estados Unidos, onde tramita o pedido de asilo político. O papel de
Nieves foi decisivo na condenação de
López a 13 anos de prisão pelas manifestações de 12 de fevereiro de
2014, que terminaram com 43 mortos. Ele garante que responsáveis pelo Serviço
Bolivariano de Inteligência Nacional lhe disseram que Maduro deu a ordem de
agir contra López e, durante a ação, montou a acusação. “Um embuste”, diz
Nieves, que na entrevista ao El PaÍs, relata as maracutaias do Governo para
acusar López e mostra seu arrependimento.
Pergunta. Quando e por que o senhor decidiu fugir da Venezuela e denunciar a manipulação
de provas no julgamento de Leopoldo López?
Resposta. Na Venezuela há perseguição de promotores e juízes e eu estava com medo
porque lá funciona a lei do medo. No dia 19 de outubro eu disse à minha esposa
que estávamos indo. Alonguei minhas férias, comprei as passagens para Aruba e
de lá para os Estados Unidos.
P. O senhor
denunciou pressões para acusar López. Em que consistiam?
R. Em obrigar
especialistas, funcionários e testemunhas que respondessem às perguntas que
lhes fazíamos. Preparávamos as respostas, eles assinavam e pronto.
P. Pessoalmente,
sofreu ameaças?
R. Não, não, mas
estavam latentes.
P. O senhor
levantou objeções às pressões e às provas falsas?
R. Às pressões
não, mas denunciei que o procedimento não era correto. As provas falsas estão
no processo, mas quando fizemos a acusação, deturpamos a informação. E onde não
havia fogo, nós colocávamos que havia existido fogo.
P. Quando ia para
casa, o que pensava?
R. Estava em
choque. Leopoldo López é inocente, em nenhum momento clamou pela violência. Em
vídeos postados no YouTube ou nas redes sociais se comprova que ele disse aos
seus seguidores para não caírem em provocações. Nós colocamos na acusação que
quando ele saiu das manifestações começaram os ataques contra o edifício do
Ministério Público e isso é totalmente falso.
Se me prenderem e me colocarem numa cela, quero que a cela
seja grande! Nela têm de entrar Nicolás Maduro e Diosdado Cabello
P. Como se sente
sabendo que falsificou provas contra um inocente?
R. [Pausa]
Imagine... é por isso que venho aqui dizer a verdade, a violação dos direitos
de Leopoldo López. Eu jurei defender a Constituição e as leis. Onde ficou isso,
Franklin Nieves? Onde te ensinaram na Universidade a cometer delitos, a violar
direitos humanos? Pisei tudo na minha carreira, os estudos de Direito Penal, de
Direito Internacional Humanitário... O que fiz? Tanto tempo me preparando para
no fim...
P. Qual seria a
sua pena?
R. Imagino que
prisão perpétua, porque nunca vou esquecer isso.
No dia que libertarem Leopoldo López, eu serei seu melhor
amigo
P. Que provas o
senhor tem da manipulação do processo?
R. Não subtraí
nenhuma prova física, mas tenho alguns casos que podem ser interessantes.
P. O senhor pôde
fazer algo para que o processo contra López não avançasse?
R. Não, não.
Comigo ou sem mim, a condenação era certa. Se eu renunciasse, moveriam um
processo contra mim, uma perseguição... ou me matariam.
P. O Governo lhe
prometeu algo para incriminar López?
R. Não, não.
R. Claro, mas eu
não acredito que seja tarde para reconsiderar. Poderia ter julgado o recurso
que López fez, ter pedido minha aposentadoria e não o fiz. Vim para cá cinco
dias antes de ter que julgar o recurso porque não queria defender essa farsa.
Comigo ou sem mim, a condenação era certa
P. O governo
venezuelano tentou entrar em contato com o senhor?
R. Não. O que fizeram
foi invadir a minha casa e uma da minha esposa. Foram ao meu escritório,
revistaram-no sem um mandado, levaram os discos rígidos e amedrontaram minha
equipe.
P. Depois de
confessar que manipulou provas, o senhor teme alguma ação judicial?
R. Não, não.
Estou dizendo a verdade, não estou fugindo da minha responsabilidade penal. Se
me prenderem e me colocarem numa cela, quero que a cela seja grande! Nela têm
de entrar Nicolás Maduro
e Diosdado Cabello [presidente da Assembleia Nacional e número dois do regime].
P. O senhor havia
feito alguma acusação irregular antes?
R. Todas as
acusações que fiz, todas menos essa, foram corretas. Sempre agi em conformidade
com a lei.
Algum dia terei de me ajoelhar e pedir perdão a essas pessoas
P. O pedido de
perdão a Leopoldo López e sua família é suficiente?
R. Espero que
surta efeito na consciência e nos corações dos venezuelanos, pelo menos no do
cidadão Leopoldo López Mendoza. Especialmente nos corações de seus filhos,
Manuela e Leopoldito. Algum dia terei de me ajoelhar e pedir perdão a essas
pessoas. No dia que libertarem Leopoldo López, eu serei seu melhor amigo.
P. López vai sair
logo da prisão?
R. A justiça
venezuelana tem agora a responsabilidade de anular o julgamento. As garantias
constitucionais e o direito de defesa foram violados... Mas o que vigora na
Venezuela é uma sociedade de cúmplices, protegem-se uns aos outros porque
muitas pessoas conhecem os segredos de outras.
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