Aplaudido de pé, Temer apresenta programa do PMDB a empresários
Catia Seabra
Folha de S.Paulo, terça-feira, 8 de dezembro de 2015
SÃO PAULO - O vice-presidente Michel Temer foi aplaudido de pé, nesta segunda-feira (7), ao apresentar o programa de governo do PMDB a empresários em evento da FecomércioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo).
De acordo com relatos de pessoas presentes ao evento, o vice justificou a existência de um programa exclusivo da sigla que preside, intitulado "Uma Ponte para o Futuro", alegando que a expressão "partido" já deixa claro que o PMDB é parte, mas não é todo o governo.
O peemedebista, que falou por cerca de meia hora, fez críticas à política econômica do governo federal e defendeu uma reforma da Previdência e a implantação de medidas de combate ao desemprego e à inflação no país. Reconheceu que o país vive uma severa crise política e econômica, mas pregou a manutenção dos programas sociais.
Ao discursar para cerca de 150 empresários, disse que o debate sobre mudanças no sistema previdenciário, se travado durante as eleições, tira votos, mas que a discussão é necessária. Segundo Temer, a situação é tão grave que já há cidades no interior de São Paulo onde os funcionários públicos não recebem seus salários
Ele também criticou o excesso de partidos no Brasil. Chamado em duas ocasiões de presidente pelo advogado Ives Gandra, não falou de impeachment.
Sua palestra foi antecedida por uma apresentação do ex-ministro Moreira Franco, um dos maiores entusiastas da ruptura da aliança entre PT e PMDB, que elegeu a presidente Dilma Rousseff.
Crítica
Em sua fala, Temer fez uma crítica sutil à política econômica do governo Dilma. Segundo três participantes do evento, o peemedebista disse que o Brasil poderia estar melhor se a petista não tivesse mudado a condução da economia que vinha sendo seguida desde Itamar Franco (1993-1994).
O vice disse também que o país está parado e precisa retomar o crescimento.
Ex-ministro do Superior Tribunal Militar, Flávio Bierrenbach disse ter entendido a palestra como um sinal de que Temer "está à disposição do país". "Ele falou que o Brasil precisa superar as divergências, não pode ter um tom maniqueísta, a divisão entre o bem e o mal", afirmou.
Agenda cancelada
Temer cancelou agenda na noite desta segunda (7), em São Paulo, para retornar a Brasília e se reunir com integrantes da cúpula do PMDB, principal partido da base aliada do governo Dilma Rousseff.
Após a palestra na Fecomércio, o peemedebista iria a um encontro com empresários do Lide (Grupo de Líderes Empresariais) no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. A reunião teria participação do governador, Geraldo Alckmin (PSDB).
A mudança de planos ocorre em meio a rusgas entre o núcleo duro do governo e o entorno do vice. Desde a deflagração do processo de impeachment, petistas cobram posição mais incisiva de Temer em defesa da presidente.
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A empresários, Temer se apresenta como ‘ponte’ para País voltar a crescer
• O documento intitulado 'Uma Ponte para o Futuro' é tido como um plano de governo do partido alternativo ao governo Dilma; Temer, no entanto, não citou a palavra 'impeachment' em seu discurso, disseram presentes
Ana Fernandes e Valmar Hupsel Filho - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O vice-presidente da República, Michel Temer, afirmou nesta segunda-feira, 7, que as propostas contidas no documento do PMDB "Ponte para o Futuro" (propostas do partido para a área econômica) são uma "ponte que começa a se delinear agora". "É uma ponte para já. Temos que pensar nisso imediatamente", afirmou, em evento em São Paulo que contou com a presença de cerca de 150 empresários.
As declarações do vice-presidente foram feitas em um dia de muita tensão no cenário político e após a presidente Dilma Rousseff ter afirmado esperar "integral confiança" de Temer.
Para aliados do peemedebista, o recado dado aos empresários também tinha como endereço o Palácio do Planalto. Temer avalia que as declarações de Dilma e de outros petistas buscavam constrangê-lo em meio ao trâmite do impeachment deflagrado na quarta-feira passada na Câmara. Com as falas de hoje, Temer deixa claro que manterá sua independência política em relação a Dilma, afirmaram interlocutores dele.
Outro ponto importante das afirmações do vice-presidente foi o aceno ao setor produtivo. Conforme mostrou o Estado, conquistar a confiança do empresariado brasileiro, por meio do programa "Ponte para o Futuro", é a estratégia prioritária da oposição à petista neste momento.
Enquanto o vice-presidente falava aos empresários paulistas, o PMDB não se entendia em Brasília na indicação dos nomes para a Comissão Especial que irá analisar a abertura do processo de impeachment de Dilma. O partido deixou clara sua divisão interna.
'Plano Temer'. O vice também falou sobre a necessidade de uma "outra democracia, que é a democracia da eficiência", e afirmou que "ou nós compreendemos essa transição, ou nós vamos nos dar muito mal. E, para fazer essa transição, entro exatamente no tema do programa do PMDB", disse ele, ao introduzir as propostas do partido para recuperar a economia.
Temer foi o convidado especial do encontro anual organizado pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio). Segundo os presentes, o vice falou por cerca de meia hora sobre o plano, chamado diversas vezes por Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses Guimarães (do PMDB), de "Plano Temer".
No discurso a representantes de 150 entidades ligadas ao setor do comércio, o vice se esquivou de falar sobre o impeachment de Dilma. Apenas sorriu, segundo testemunhas ouvidas pelo Estado, quando foi chamado quatro vezes de "presidente" pelo jurista Ives Gandra Martins, presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomércio-SP, uma das principais vozes no meio jurídico a favor do impeachment.
"Eu repito que nós verificamos a necessidade de alguém dizer alguma coisa para o País, dizer por exemplo que a crise é grave porque evidentemente houve crise econômica, crise política, mal-estar político, mal-estar econômico e as pessoas iam disfarçando", disse.
O vice também se referiu à sua própria declaração, feita meses atrás, de que o Brasil precisava de alguém para unificar o País. A fala foi considerada por aliados de Dilma como uma sinalização de que o vice estava se colocando como opção a ela.
"Vocês se recordam que há tempos atrás reuni a imprensa para dizer que é preciso que alguém seja capaz de reunificar o pensamento nacional, no sentido de que todos devem colaborar sem exceção. E é preciso pacificar o País porque é interessante como os embates nacionais levaram a uma divisão extraordinária da sociedade brasileira", disse. "Precisamos reunificar o País", completou.
Ao detalhar o plano, o vice-presidente falou sobre retomada de crescimento econômico, com ajuste nas contas públicas, reformas, em especial a reforma previdenciária, e sobre pacto federativo, com foco em iniciativas para descentralizar o poder. Temer falou ainda sobre relações trabalhistas, defendendo uma maior liberdade nas negociações diretas entre empregados e patrões, um discurso que agrada ao setor empresarial mas causa arrepios entre os principais sindicatos de trabalhadores.
"Ele falou o que a gente queria ouvir, que o País volte a crescer e que estão faltando ideias", afirmou o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Taubaté, Dan Guinsburg. Após o evento, Temer seguiu para Brasília.
O vice também defendeu o que o PMDB vem chamando de "orçamento base zero" como forma de evitar "essa história de pedalada", em uma crítica às manobras fiscais do governo Dilma chamadas de pedaladas fiscais. "Você acaba com essa história de pedalada, essas coisas que são praticadas. Você terá plena obediência ao final do ano orçamentário", disse.
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terça-feira, 8 de dezembro de 2015
Lava Jato municia ação conta Dilma
• Informações irão reforçar duas das quatro ações que tramitam na corte eleitoral sobre a campanha da petista que podem gerar a cassação do mandato da presidente e do vice, Michel Temer
Beatriz Bulla - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Informações obtidas no âmbito da Operação Lava Jato foram encaminhadas nesta segunda-feira, 7, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e juntadas à ação de investigação da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. A corte eleitoral recebeu documentos da 13ª Vara Federal de Curitiba, no Paraná, onde o juiz Sergio Moro conduz os processos sobre o esquema de corrupção na Petrobrás.
As informações irão reforçar duas das quatro ações que tramitam no TSE sobre a campanha da petista, que podem gerar a cassação do mandato da presidente e do vice, Michel Temer. A xorte investiga se houve abuso de poder político e econômico durante a disputa, com financiamento da campanha presidencial com dinheiro obtido através do esquema de corrupção na Petrobrás.
Em delação premiada, o dono da UTC, Ricardo Pessoa, relatou que teve três encontros com o atual ministro da Comunicação Social, então tesoureiro de campanha de Dilma, Edinho Silva. O contato teria sido feito a pedido do tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, para contribuir financeiramente para a campanha de 2014.
O delator afirmou ao Ministério Público Federal ter doado de forma oficial para a campanha Dilma Rousseff entre R$ 7 milhões e R$ 10 milhões. Edinho Silva, segundo o dono da UTC, teria sugerido que, se a presidente Dilma ganhasse as eleições, os contratos com a empresa continuariam vigentes. "O senhor tem obras no governo e na Petrobrás, então o senhor tem que contribuir. O senhor quer continuar tendo?", teria dito Edinho, segundo relato de Pessoa.
Em depoimento à Polícia Federal em outubro, o ministro Edinho Silva confirmou que teve encontros com o presidente da UTC, mas negou ter feito pressão para que o empreiteiro doasse recursos para a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014.
Na semana passada, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou o sigilo da delação premiada de Pessoa e Moro então repassou informações ao TSE, conforme solicitado pela Corte.
A defesa da campanha petista do ano passado e os advogados do PSDB, autor dos questionamentos, têm prazo para se manifestar, assim como o Ministério Público Eleitoral. Só depois a ministra Maria Thereza de Assis Moura, do TSE, deve analisar o caso, que precisa ser julgado pelo plenário da corte eleitoral.
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Opinião do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
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“Seja qual for o caminho de superação do impasse, com ou sem a presidente, precisamos promover a coesão nacional, incluindo todos os dispostos a fazer as mudanças necessárias. Primeiro, no sistema partidário-eleitoral. Segundo, nas contas públicas, inclusive da Previdência. Terceiro, na burocracia, para fazer valer a impessoalidade e o profissionalismo, eliminando o sectarismo ideológico e a incompetência. E por aí segue, com uma condicionante geral: nada a preço de silenciar a Justiça e entorpecer a Lava Jato e outras investigações em curso.”
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Fernando Henrique Cardoso, foi presidente da República, ‘SOS Brasil’, O Estado de S. Paulo, 6 de dezembro de 2015.
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