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domingo, 18 de novembro de 2018

Os verdadeiros inimigos do Brasil - Alexandre Garcia

Os verdadeiros inimigos do país não são, como se apregoa frequentemente em certos círculos, os grandes capitalistas, os banqueiros, os especuladores estrangeiros, os "latifundiários", os "reacionários", os saudosistas da ditadura militar e outros "inimigos do povo".
Os verdadeiros inimigos da nação são os privilegiados corporativos, que estão no próprio coração do Estado brasileiro, os políticos irresponsáveis que vivem mamando nas estatais e arrancando nacos do orçamento  público com "emendas não contingenciáveis", os diretores de estatais que saqueiam as agências públicas, aqueles que se apropriam dos recursos duramente criados pela população em salários nababescos, em gratificações insultuosas aos mais humildes, em bonificações pornográficas, em espertezas adquiridas e inscritas na legislação, quando não na Constituição – essa esquizofrenia econômica – e seus aliados no setor privado: os capitalistas promíscuos, os banqueiros que são gigolôs do Estado (via dívida pública), os intermediários de toda ordem em compras governamentais, os empresários protecionistas, os responsáveis partidários de agremiações irrelevantes que vivem de Fundo Partidário e agora de Fundo Eleitoral, enfim, todos os patrimonialistas tradicionais e os modernos, os defensores de uma estatização que simplesmente impede o crescimento do Brasil.
Paulo Roberto de Almeida

A verdadeira oposição a Bolsonaro será silenciosa e sub-reptícia

Alexandre Garcia, 17/11/2018
"A mais forte oposição será silenciosa, sub-reptícia, forte, eficiente, de todos os que não querem perder privilégios, mamatas, garantias, direitos adquiridos mas não merecidos. É aquele pessoal convicto de que conquistou a boquinha e já tem estabilidade nela". Do Facebook de Alexandre Garcia:


Engana-se quem pensa que a oposição será o PT. Talvez seja apenas a oposição mais evidente, mais barulhenta, mais exposta com suas ameaças. Nisso, o PT parece que vai estar acompanhado pela PSOL e seus coadjuvantes do MST e MTST, e só. Pelo que se tem visto, o PDT, o PSB, o PC do B, o PTB, querem ficar um pouco distantes, porque perceberam o quanto as urnas revelaram de antipetismo – e não querem também ser alvo dessa onda. Pois bem; o PT vai fazer oposição mas certamente não será essa a resistência que mais vai dar trabalho ao governo.

A mais forte oposição será silenciosa, sub-reptícia, forte, eficiente, de todos os que não querem perder privilégios, mamatas, garantias, direitos adquiridos mas não merecidos. É aquele pessoal convicto de que conquistou a boquinha e já tem estabilidade nela. Gente que está tanto dentro do estado como fora dele. São alguns poderosos, donos de parte do estado brasileiro; são partidos, que têm seus cartórios dentro de ministérios e estatais; são os milhares de comissionados que nunca prestaram concurso; são os que estão de olho em suas estabilidades, aposentadorias integrais, auxílios de todos os nomes. São os donos dos caminhos secretos do serviço público; são os cafetões e leões-de-chácara que vendem os prostituídos do estado brasileiro. Esses vão fingir que aplaudem o novo governo, pois é de sua essência aplaudir, mas o que querem é assegurar o botim.

Bolsonaro e seus auxiliares vão ter muito trabalho com essa oposição camuflada, blindada e bem armada. Paulo Guedes vai pegar uma pedreira com os subsídios, os favores fiscais, os protecionismos dos bem-aventurados protegidos do estado brasileiro. Sérgio Moro vai descobrir sujeitos do direito por toda a parte e poucos dispostos a cumprir antes seus deveres. Joaquim Levy vai ter que lidar com os apadrinhados do BNDES. Os líderes do governo na Câmara e no Senado vão penar com os aliados que apoiam o governo mas não apoiam as medidas necessárias que venham a ser propostas para que todos sejam iguais perante a lei, sem foros privilegiados e sem proteção para delinquir.

Quem vê o estado inchado, nos três poderes, voltado para si mesmo, no pedestal fora do alcance dos brasileiros comuns, com muita, muita gente, não tem como deixar de perguntar: produz o quê? Bons serviços públicos? Boas leis? Boa justiça? Ou tem por finalidade manter seus privilégios, servindo a si em lugar de servir ao povo brasileiro? Não estou inventando essas perguntas. Elas tem sido feitas nas redes sociais e nas ruas há cinco anos, e foram se tornando cada vez mais eloquentes, até que troaram nas urnas como um terremoto. Há pouco, quando o Senado, mostrando como funciona essa oposição, surpreendeu o país elevando o teto do Supremo e de todos no serviço público, os protestos voltaram à Avenida Paulista. Os 41 senadores que criaram o novo teto, não votaram contra Bolsonaro, que vai ter que pagar; votaram contra os brasileiros, que realmente pagarão. Esses é que são o alvo dessa oposição que quer manter o seu quinhão no Brasil que deveria ser de todos.

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