Um dos casos mais tristes da história da Saúde Global é relatado por Ricardo Seitenfus, grande conhecedor do Haiti, que há anos abraçou a causa das vítimas da epidemia de cólera causada por uma desafortunada operação das Nações Unidas. O livro que conta esta história será lançado em São Paulo no dia 17 de dezembro. Trata-se de uma versão atualizada e ampliada da edição francesa. Transcrevo abaixo os textos de contracapa e orelhas da obra que estará na bibliografia dos meus cursos daqui para a frente, por seu caráter fundamental.
Ricardo Seitenfus presta um serviço histórico às vítimas da cólera do Haiti e a todos que se preocupam com a justiça internacional ou que creem no potencial das Nações Unidas para combater as doenças e promover os direitos humanos e o Estado de Direito no mundo. Esta obra é o testemunho mais eloquente do respeito devido ao povo haitiano e à consciência universal. Em um estilo simples e claro, mas erudito, o autor narra a importação da doença, identifica as artimanhas da ONU para contornar a verdade científica e, deste modo, não se responsabilizar. Com esta obra, o processo está lançado. As Nações Unidas estão condenadas. As incontáveis vítimas aguardam reparação.
Mario Joseph - Representante legal das vítimas da cólera
"Além do ilícito moral e jurídico, a maneira protelatória, diversionista e o reconhecimento tardio de sua responsabilidade na introdução da cólera no Haiti, fizeram com que a estratégia das Nações Unidas provocasse a pior epidemia de cólera da história recente da Humanidade ceifando a vida de milhares de vítimas que poderiam ter sido salvas. Trata-se de uma hecatombe sanitária, de um desastre político e de um escândalo científico. É uma história sórdida, vil, repleta de dores, mortes, injustiças e mentiras. Ela foi e continua sendo, escamoteada por grande parte de cientistas, da grande mídia internacional, da totalidade dos governos, dos militares a serviço da paz e dos funcionários da ONU e de suas agências como a Organização Mundial da Saúde (OMS). A interpretação maximalista, ilegal e abusiva do princípio da imunidade dos agentes a serviço das Nações Unidas, faz com que as Operações de Manutenção das Paz, patrocinadas pelo Conselho de Segurança, não estejam sujeitas aos ditames do Direito da Guerra, das Convenções de Genebra e do Direito Internacional Humanitário. Lendo as páginas que seguirão, o leitor será invadido por um sentimento de revolta causado pela atitude dos mentores da Organização das Nações Unidas. Jamais ela tratou um Estado membro – além disso, um Estado fundador – de maneira tão insolente quanto o fez com o Haiti e seu povo.
Ricardo Seitenfus, é Doutor em Relações Internacionais pelo Instituto de Altos Estudos Internacionais da Universidade de Genebra, Suíça. Atualmente aposentado, foi Professor em várias universidades brasileiras e estrangeiras. Foi Representante Especial da Organização dos Estados Americanos (OEA) no Haiti (2009-2011)
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