segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Aquarela Diplomática do Brasil: uma nova coluna - Paulo Roberto de Almeida

Aquarela Diplomática do Brasil, 00: princípios fundamentais 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Primeiro escrito de uma nova coluna, que pretende iniciar uma série de digressões regulares sobre diferentes temas da atualidade diplomática, brasileira e internacional, política e econômica, do presente ou do passado.

 

 

“Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, é, provavelmente, junto com “Garota de Ipanema”, de Antonio Carlos Jobim, a composição musical mais identificada com o nosso país e, certamente, uma das mais famosas, internacionalmente, do nosso repertório musical, a despeito de sua letra rebuscada (mas o mesmo ocorre, por exemplo, com o hino nacional).

Ao recorrer a expressões pouco usuais, como “mulato inzoneiro”, “mulata sestrosa”, o “rei congo no congado”, ou a “merencória luz da lua”, o compositor deve ter deixado mais de um intérprete dubitativo sobre o significado exato desses termos, provavelmente ignorados pelos cantores mais populares. Não obstante, pelo menos pela sua música, a composição manteve-se como um dos mais vibrantes símbolos da brasilidade, tendo recebido inúmeras interpretações e infinitas reproduções, no Brasil e no exterior.

Já o termo aquarela, por sua vez, denota um tipo de pintura feita de cores básicas, diluídas em água, e sobrepostas de modo cuidadoso sobre uma superfície branca, um papel eventualmente rugoso, de modo a ressaltar a delicadeza da composição. Essa técnica deve sua popularidade a certa facilidade de combinação de cores e tons, assim como à relativa facilidade de sua confecção, pois que podendo ser elaborada rapidamente, a partir de esboços imediatos a propósito de uma realidade cambiante. Esse tipo de composição pode abrigar os mais variados temas, não geralmente abstratos, mas os expressivos, sempre em tonalidades claras e transparentes, podendo ser uma reprodução fiel de um cenário real, ou resultante da interpretação livremente pessoal do seu autor, que pode ser tanto um iniciante na técnica, ou algum experimentado profissional da pintura. 

Parto do exemplo da “aquarela”, musical ou pictórica, para designar uma nova série de escritos enfeixados sob esse título comum de “Aquarela Diplomática do Brasil”, que se destina a recolher, a intervalos regulares, minhas reflexões sobre os mais variados aspectos da economia e da política internacionais, mas sobretudo sobre as relações exteriores do Brasil e a sua política externa. Aproveitando-me da “instrução” de Ary Barroso, quanto a abrir a “cortina do passado”, também não faltarão nesta série digressões sobre nossa história diplomática. Para esse novo empreendimento, tomo apoio em mais de quatro décadas de atuação na diplomacia profissional, em geral nas áreas de relações econômicas internacionais e de integração regional, bem como em mais de cinco décadas de estudos e pesquisas sobre os problemas brasileiros, em especial nas áreas de história, de desenvolvimento econômico, de instituições políticas, mais adiante de relações internacionais e política externa. 

Não pretendo estabelecer nenhum padrão rígido para a elaboração individual desta nova série de trabalhos, ou seja, uma definição prévia dos temas a serem tratados, nem fixar antecipadamente uma periodicidade estrita para tratar dos variados temas referenciados acima. A definição dos assuntos, seu tempo, o ritmo, alguma vinculação serial entre eles serão estabelecidos em função da atualidade de certos temas – que, pela sua importância intrínseca, possam apresentar interesse momentâneo – ou pelas simples preferências deste autor. Ou seja, a escolha dos textos, geralmente curtos – embora alguns possam exigir algum desenvolvimento maior –, ficará ao critério do autor, ainda que o noticiário da conjuntura possa determinar prioridades momentâneas.

“Aquarela Diplomática do Brasil” será um experimento tentativo, podendo a série ser abrigada como faço tradicionalmente com meus escritos, no meu blog Diplomatizzando, ou então ser divulgada em outros veículos, segundo minha conveniência e possibilidades dessas ferramentas. A avaliação será feita pelos próprios leitores, embora eu tenha o costume de nunca enviar meus escritos a qualquer lista de recipiendários: apenas coloco os textos à disposição de quem se disponha a ler minhas opiniões e argumentos sobre os assuntos dos quais me ocupo tradicionalmente.

Grato pela atenção.


Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4237: 12 setembro 2022, 2 p.


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