terça-feira, 19 de dezembro de 2023

O parlamentarismo é a solução? Sim, mas apenas depois de retrocessos temporários - Paulo Roberto de Almeida

O parlamentarismo é a solução? Sim, mas apenas depois de retrocessos temporários

Paulo Roberto de Almeida


O líder do governo no Senado diz que o país está ficando “ingovernável” por causa das emendas parlamentares obrigatórias e incontingenciáveis, o que eu chamo de estupro orçamentário. Um plebiscito deveria determinar se o parlamentarismo seria a solução, diz ele. 

Sabemos que o parlamentarismo não será aceito, pois a população não confia nos políticos (como se o presidente não fosse um). Os parlamentares gastam, mas não têm nenhuma responsabilidade pelo equilíbrio fiscal. 

É o pior dos mundos.

E o Brasil continuará nele por muitos anos mais.

Afirmo que o parlamentarismo seria um avanço para o país (com uma reforma radical dos sistemas partidário e eleitoral), por diminuir o inevitável populismo demagógico dos candidatos a presidente, quase um imperador no Brasil. 

Mas não tenho nenhuma ilusão de que a melhoria ocorreria imediatamente. Numa primeira fase, o parlamentarismo representará a exacerbação de tudo o que existe de negativo no atual sistema, caracterizado pir um estamento político predatório e medíocre: nepotismo, fisiologismo, prebendalismo, corrupção, desperdício, acentuação das desigualdades e da concentração de renda, fragmentação das políticas públicas (macro e setoriais), corporativismo, deformações diversas, enfim.

Apenas numa segunda ou terceira fase, depois de diversos percalços e fracassos, com a educação política da população, ou da educação tout court, é que o sistema parlamentar revelará os seus frutos.

Sorry pela decepção!

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 19/12/2023


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