quinta-feira, 2 de maio de 2024

O mundo torto e a America avestruz do candidato Trump: o homem que vai terminar de afundar os EUA - entrevista revista Time

 Não sei se ele completamente idiota ou se é “apenas” um ignorante que ignora a própria ignorância.

A bombástica entrevista do Trump à revista TIME 

Na área comercial, o que o milionário do imobiliário pretende fazer é uma guerra comercial não apenas contra a China, mas contra boa parte do resto do mundo.

Indagado sobre um plano atribuído a ele de impor uma tarifa adicional de 10% sobre todas as importações e uma tarifa de mais de 60% sobre as importações chinesas, Trump responde: ‘Pode ser mais do que isso’, alegando que os outros países roubam ‘nossa riqueza’.

O reporter da Time lembra a Trump que a maioria dos economistas diz que altas tarifas de importação aumentam os preços internos, e pergunta se ele se sente confortável com inflação adicional nos EUA.

Sua resposta é simplória, ainda mais para quem já governou a nação mais poderosa do planeta. Ele diz 'não acreditar' que sua ação resultará em inflação, e sim que vai proteger a indústria americana.

E se queixa da China, com enorme superavit comercial com os EUA, como também aponta dificuldades com outros países na área comercial, incluindo o Brasil.

‘Eu me dou muito bem com Modi (chefe do governo indiano), mas é muito difícil lidar com a Índia em termos comerciais’, disse. ‘A França é francamente muito difícil no comércio. O Brasil é muito difícil no comércio. O que eles fazem é cobrar muito caro para entrar no país. Eles dizem: "Não queremos que você envie carros para o Brasil ou não queremos que você envie carros para a China ou para a Índia. Mas se você quiser construir uma fábrica em nosso país e empregar nosso pessoal, tudo bem. E é basicamente isso que estou fazendo’.

Trump não acredita que as empresas repassam o custo da tarifa mais elevada? Sua resposta: ‘Não, acho que o que acontece é que, em vez de trazer seu produto da China, por causa desse custo adicional, você acaba fabricando o produto nos Estados Unidos. Tradicionalmente, é isso que acontece’.

Trump é lembrado então que sua guerra comercial com a China, em seu mandato na Casa Branca, quando aumentou tarifas em 50% contra o aço chinês, por exemplo, custou à economia dos EUA nada menos de US$ 316 bilhões e 300 mil empregos perdidos, conforme uma estimativa de Bloomberg Economics. Para o candidato republicano, porém, quem fez esse cálculo não sabe do que está falando. Diz que, se não tivesse elevado as barreiras contra os chineses, ‘não teríamos nenhuma indústria siderúrgica agora. Eles estavam praticando dumping de aço em todo o país'.

O ex-presidente relata uma conversa com executivos da Harley Davidson, quando estava na Casa Branca: ''Eu perguntei: "Só por curiosidade, como vocês lidam com a Índia?" "Não muito bem." Lembrem-se de que isso foi há cinco anos, quatro anos atrás, eles disseram: "Nada bem. Não podemos fazer negócios com a Índia, porque eles nos cobraram uma tarifa muito alta, de mais de 100%". E a esse preço, você sabe, há um ponto em que o consumidor quebra e não consegue comprar. Eles disseram: "Mas eles farão de tudo para construirmos uma fábrica da Harley Davidson na Índia. Eles não querem que forneçamos motocicletas para a Índia, mas querem que construamos uma fábrica". Eu disse: "Bem, não vou ficar muito feliz com isso".

Trump acha que o que está acontecendo hoje é que a China agora está construindo fábricas no México para produzir carros para vender nos Estados Unidos ‘e isso não vai acontecer quando eu for presidente, porque vou impor 100% de tarifas sobre elas. Porque não vou permitir que eles roubem o resto de nossos produtos. Sabe, o México ficou com 31% da nossa fabricação de automóveis. E a China ficou com uma parte muito maior do que isso’.

O reporter da Time pede para Trump esclarecer se ele está considerando uma tarifa de 100% sobre as importações chinesas e mexicanas. Sua resposta: ‘Eu não disse isso. Eles nos cobram 100%. A Índia nos cobra mais do que isso. O Brasil nos cobra o que - o Brasil é um país com tarifas muito grandes, muito grandes. Pergunto às pessoas: "Com quem é pior lidar? Não vou dar essa resposta porque não quero insultar os países, já que me dou bem com eles. Mas você ficaria surpreso. A União Europeia é muito dura conosco’.

Aparentemente, ele tem simpatia por reciprocidade tarifária. Uma ideia que já foi discutida no passado em Washington era de, se um país aplicasse tarifa de 100% sobre produtos americanos, em contrapartida sofreria alíquota parecida por parte dos EUA.

O que Trump avisa na entrevista à Time é de fato é que, se eleito, vai deflagrar uma nova onda de guerra comercial. Na prática, vai desmontar o sistema de regras, e portanto a OMC, numa dimensão bem pior do que se imaginava.

A agressividade de Trump atravessa todos os temas. Ele ameaça com deportações em massa de migrantes por militares dos EUA e campos de detenção para quem recusar partir. Também menciona monitoramento da gravidez para impor proibições ao aborto.

O republicano menciona repressão ao "inimigo interno" se ele voltar à Casa Branca, e tampouco descarta violência política se não for eleito.

"Acho que o inimigo interno, em muitos casos, é muito mais perigoso para o nosso país do que os inimigos externos da China, Rússia e vários outros", disse Trump na entrevista, ao ser indagado se estaria disposto a suspender partes da Constituição dos EUA para lidar com os oponentes.

O candidato do Partido Republicano acena com chantagem financeira em relação aos europeus, que deverão pagar mais por assistência militar americana. Sobre ajuda à Ucrania, diz que, ‘se a Europa não paga, porque deveríamos pagar? Ela (Europa) é muito mais atingida. Temos um oceano entre nós e a Rússia. Eles não’.

Na área comercial, o que o milionário do imobiliário pretende fazer é uma guerra comercial não apenas contra a China, mas contra boa parte do resto do mundo.

Indagado sobre um plano atribuído a ele de impor uma tarifa adicional de 10% sobre todas as importações e uma tarifa de mais de 60% sobre as importações chinesas, Trump responde: ‘Pode ser mais do que isso’, alegando que os outros países roubam ‘nossa riqueza’.

O reporter da Time lembra a Trump que a maioria dos economistas diz que altas tarifas de importação aumentam os preços internos, e pergunta se ele se sente confortável com inflação adicional nos EUA.

Sua resposta é simplória, ainda mais para quem já governou a nação mais poderosa do planeta. Ele diz 'não acreditar' que sua ação resultará em inflação, e sim que vai proteger a indústria americana.

E se queixa da China, com enorme superavit comercial com os EUA, como também aponta dificuldades com outros países na área comercial, incluindo o Brasil.

‘Eu me dou muito bem com Modi (chefe do governo indiano), mas é muito difícil lidar com a Índia em termos comerciais’, disse. ‘A França é francamente muito difícil no comércio. O Brasil é muito difícil no comércio. O que eles fazem é cobrar muito caro para entrar no país. Eles dizem: "Não queremos que você envie carros para o Brasil ou não queremos que você envie carros para a China ou para a Índia. Mas se você quiser construir uma fábrica em nosso país e empregar nosso pessoal, tudo bem. E é basicamente isso que estou fazendo’.

Trump não acredita que as empresas repassam o custo da tarifa mais elevada? Sua resposta: ‘Não, acho que o que acontece é que, em vez de trazer seu produto da China, por causa desse custo adicional, você acaba fabricando o produto nos Estados Unidos. Tradicionalmente, é isso que acontece’.

Trump é lembrado então que sua guerra comercial com a China, em seu mandato na Casa Branca, quando aumentou tarifas em 50% contra o aço chinês, por exemplo, custou à economia dos EUA nada menos de US$ 316 bilhões e 300 mil empregos perdidos, conforme uma estimativa de Bloomberg Economics. Para o candidato republicano, porém, quem fez esse cálculo não sabe do que está falando. Diz que, se não tivesse elevado as barreiras contra os chineses, ‘não teríamos nenhuma indústria siderúrgica agora. Eles estavam praticando dumping de aço em todo o país'.

O ex-presidente relata uma conversa com executivos da Harley Davidson, quando estava na Casa Branca: ''Eu perguntei: "Só por curiosidade, como vocês lidam com a Índia?" "Não muito bem." Lembrem-se de que isso foi há cinco anos, quatro anos atrás, eles disseram: "Nada bem. Não podemos fazer negócios com a Índia, porque eles nos cobraram uma tarifa muito alta, de mais de 100%". E a esse preço, você sabe, há um ponto em que o consumidor quebra e não consegue comprar. Eles disseram: "Mas eles farão de tudo para construirmos uma fábrica da Harley Davidson na Índia. Eles não querem que forneçamos motocicletas para a Índia, mas querem que construamos uma fábrica". Eu disse: "Bem, não vou ficar muito feliz com isso".

Trump acha que o que está acontecendo hoje é que a China agora está construindo fábricas no México para produzir carros para vender nos Estados Unidos ‘e isso não vai acontecer quando eu for presidente, porque vou impor 100% de tarifas sobre elas. Porque não vou permitir que eles roubem o resto de nossos produtos. Sabe, o México ficou com 31% da nossa fabricação de automóveis. E a China ficou com uma parte muito maior do que isso’.

O reporter da Time pede para Trump esclarecer se ele está considerando uma tarifa de 100% sobre as importações chinesas e mexicanas. Sua resposta: ‘Eu não disse isso. Eles nos cobram 100%. A Índia nos cobra mais do que isso. O Brasil nos cobra o que - o Brasil é um país com tarifas muito grandes, muito grandes. Pergunto às pessoas: "Com quem é pior lidar? Não vou dar essa resposta porque não quero insultar os países, já que me dou bem com eles. Mas você ficaria surpreso. A União Europeia é muito dura conosco’.

Aparentemente, ele tem simpatia por reciprocidade tarifária. Uma ideia que já foi discutida no passado em Washington era de, se um país aplicasse tarifa de 100% sobre produtos americanos, em contrapartida sofreria alíquota parecida por parte dos EUA.

O que Trump avisa na entrevista à Time é de fato é que, se eleito, vai deflagrar uma nova onda de guerra comercial. Na prática, vai desmontar o sistema de regras, e portanto a OMC, numa dimensão bem pior do que se imaginava.

A agressividade de Trump atravessa todos os temas. Ele ameaça com deportações em massa de migrantes por militares dos EUA e campos de detenção para quem recusar partir. Também menciona monitoramento da gravidez para impor proibições ao aborto.

O republicano menciona repressão ao "inimigo interno" se ele voltar à Casa Branca, e tampouco descarta violência política se não for eleito.

"Acho que o inimigo interno, em muitos casos, é muito mais perigoso para o nosso país do que os inimigos externos da China, Rússia e vários outros", disse Trump na entrevista, ao ser indagado se estaria disposto a suspender partes da Constituição dos EUA para lidar com os oponentes.

O candidato do Partido Republicano acena com chantagem financeira em relação aos europeus, que deverão pagar mais por assistência militar americana. Sobre ajuda à Ucrania, diz que, ‘se a Europa não paga, porque deveríamos pagar? Ela (Europa) é muito mais atingida. Temos um oceano entre nós e a Rússia. Eles não’.

Grato a Mauricio David pela transcrição. 


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