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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Como vai estar o Brasil no seu bicentenario da independencia, em 2022? Endividado! (heranca maldita do PT)

Quando os companheiros tomaram posse, em 2003, eles foram logo inventando a sua versão da história, mentindo descaradamente para demonizar os seus antecessores.
Inventaram uma tal de "herança maldita", quando a deterioração da situação econômica tinha sido a consequência de sua própria postura anterior, ao ameaçar mudar tudo na economia e não honrar os compromissos externos do Brasil. Como consequência, o dólar disparou, o crédito do Brasil despencou, o risco subiu exponencialmente, a confiança dos mercados se deteriorou e a inflação subiu. Foi preciso um empenho extraordinário para consertar as coisas que tinham sido agravadas justamente pelo temor dos companheiros. E a despeito dessas evidências eles demonizaram aqueles que tinham feito de tudo para deixar um país em ordem para eles.
No setor externo, também inventaram uma fantasmagórica "submissão aos ditames do Consenso de Washington", uma inexistente adesão ao neoliberalismo (que só existia na imaginação e na propaganda mentirosa deles), e impingiram aos predecessores a pecha de uma política externa não comprometida com a soberania, que eles prometiam defender mais na retórica do que na realidade.
Pois bem, vinte anos depois, quando o Brasil chegar aos duzentos anos de sua independência, o que vamos encontrar? 
Um país falido pela incúria, inépcia e corrupção dos companheiros, uma nação endividada e com sua renda diminuida. Mais ainda, moralmente arrasada pela mais gigantesca operação de corrupção jamais vista nos anais da pátria.
Como mostra um relatório do FMI, de 2016, em 2022 o Brasil estará superendividado e tecnicamente insolvente, pois nenhum país consegue pagar juros de uma dívida total equivalente a mais de 90% do PIB num nível jamais visto anteriormente.
Este é o resultado da GRANDE DESTRUIÇÃO lulopetista, que este editorial do Estadão resume muito bem.
Paulo Roberto de Almeida

Um país afundado em dívidas

Editorial do  Estadão, 10/10/2016
Com o governo atolado em dívidas e sem perspectiva de arrumar suas finanças a curto prazo, as empresas brasileiras mais endividadas terão de buscar no mercado a solução para seus problemas. As condições internacionais ainda são benignas, mas poderão piorar quando os juros subirem de novo nos Estados Unidos. Quando isso ocorrer, muito dinheiro hoje disponível para os emergentes será provavelmente desviado para aplicação em ativos americanos. Riscos financeiros são hoje elevados em todo o mundo e a situação de alguns grandes bancos europeus preocupa os mercados. Mas governos do mundo rico e de alguns países emergentes têm algum espaço para socorrer companhias endividadas e facilitar o ajuste do sistema bancário. No Brasil, o setor público terá de se empenhar prioritariamente, por muitos anos, em melhorar o próprio balanço.
Este quadro resume informações importantes – e pouco animadoras – de dois documentos liberados na semana passada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e comentados por diretores da instituição. Um relatório sobre finanças globais mostrou um cenário de curto prazo melhor que o esperado e uma coleção de riscos significativos a médio prazo. Outro relatório mostrou como o enorme endividamento público e privado impôs desafios à política fiscal. Nos dois estudos, mas especialmente no segundo, o Brasil aparece em situação especialmente vulnerável.
A dívida bruta do setor empresarial, das famílias e dos governos atingiu US$ 152 trilhões no ano passado, valor correspondente a 225% do produto bruto mundial. Oito anos depois do estouro da última grande crise financeira, em 2008, o risco financeiro permanece elevado. A recessão foi superada na maior parte do mundo, mas o crescimento continua insatisfatório, desajustes importantes subsistem e o endividamento excessivo ameaça de novo a estabilidade mundial.
Vários fatores negativos diferenciam a posição brasileira nesse quadro. Depois de dois anos de recessão, a economia continua em marcha lenta, a inflação ainda é elevada, as contas públicas estão arrasadas e o setor não financeiro – público e privado – enfrenta os efeitos do endividamento acumulado nos últimos anos. Com a contração dos negócios e o aperto do crédito, a situação financeira das empresas, principalmente das grandes, ficou muito complicada.
Segundo o FMI, as firmas “fracas”, isto é, com dificuldade para cobrir os juros, devem cerca de US$ 51 bilhões, aproximadamente 11% de todo o débito corporativo. Num cenário adverso, a dívida em risco poderá subir para US$ 88 bilhões. A recomendação é aproveitar as condições internacionais por enquanto favoráveis.
Em países com menor aperto fiscal os governos poderão socorrer as firmas endividadas. O caso do Brasil é muito diferente. A dívida bruta do setor público bateu em 73% do Produto Interno Bruto (PIB), 30 pontos acima da média de outros emergentes. 
Se o governo conseguir arrumar as próprias contas nos próximos anos, já fará um serviço muito importante. Se mostrar forte compromisso com a pauta de ajustes e de reformas, empresários e investidores privados se animarão a intensificar os negócios e isso facilitará a recuperação geral da economia. 
Pelas projeções do FMI, o saldo primário das contas públicas – sem os juros, portanto – continuará deficitário até 2019. Para 2020 está estimado um saldo positivo equivalente a 0,3% do PIB. O resultado deverá chegar a 0,7% no ano seguinte. Mas isso ainda será insuficiente para impedir a deterioração geral das contas. O saldo nominal – com o custo dos juros – continuará no vermelho, com valores negativos de 7% em 2020 e 6,4% em 2021. 
Como o dinheiro, até lá, será insuficiente para o pagamento integral dos juros, a dívida bruta chegará a 90,8% do PIB em 2020 e a 93,6% no ano seguinte. Em 2021, a dívida pública dos emergentes e dos países de renda média corresponderá a 52,6% do PIB, de acordo com o FMI. Para a América Latina, a média projetada é 63,6%. Também a deterioração da situação financeira do setor público brasileiro expressa nesses números é parte da herança deixada pelo PT.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Divida dos estados: custo, como sempre, vai recair sobre os contribuintes, ou seja, voce mesmo leitor

Do sempre bem informado Ricardo Bergamini:

Oito Unidades da Federação (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Distrito Federal e Bahia) representam 76,6% do PIB brasileiro. (Fonte IBGE).
Os estados mais ricos da federação são os maiores beneficiários da “Bolsa da União para os Estados”.
Ricardo Bergamini

Programas de Ajuste Fiscal
Dívida Consolidada Líquida dos Estados e Municípios Com a União
Fonte MF

Base: Ano de 2015
Estados   -   R$ Bilhões  -  %
São Paulo - 220,1 - 37,52
Minas Gerais - 56,5 - 9,63
Rio de Janeiro - 56,5 - 9,63
Rio Grande do Sul - 40,7 - 6,94
Outros 23 estados - 89,0 - 15,18
Total - 462,8 - 78,90

Municípios  -  123,8 - 21,10
Total - 586,6 - 100,00

Considerações:

1) Somente o estado de São Paulo concentra 37,52% do total das dívidas dos Estados e Municípios com a União.

2) Apenas 4 estados (São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul) concentra 63,72% das dívidas dos Estados e Municípios com a União.

3) Em 31 de dezembro de 2015 a dívida total dos Estados e Municípios com a União montavam em R$ 586,6 bilhões.

4) Forma de pagamento e juros com base na Lei 9.496, de 11 de setembro de 1997:

4.1) O Governo Federal editou em 29/12/2015 o Decreto nº 8.616, para regulamentar a Lei Complementar 148/2014 que, entre outras disposições, autorizou a União a adotar novas condições nos contratos de refinanciamento de dívidas dos estados e municípios com a União.

O decreto, publicado ontem em edição extraordinária do Diário Oficial da União, estabelece as fórmulas para reprocessamento das dívidas pelos novos encargos autorizados, bem como para a apuração mensal do coeficiente de atualização monetária da dívida remanescente.

O decreto dispõe ainda sobre as providências a serem adotadas pelos devedores antes da celebração dos aditivos contratuais com a União para aplicação das disposições da LC 148/2014, como obtenção de autorização legislativa, conferência e concordância prévia com os cálculos, observação das exigências contidas na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para essas operações e desistência de ações judiciais eventualmente propostas sobre os contratos de refinanciamento.

De acordo com a Lei Complementar 151/2015, o prazo para celebração desses aditivos contratuais e aplicação dos novos encargos é 31 de janeiro de 2016. Após essa data, os devedores que não tiverem reunido as condições exigidas para o aditamento continuarão pagando suas dívidas com a União nas condições vigentes até que a alteração contratual seja feita.

LC 148/2014
A Lei Complementar nº 148 alterou os critérios de indexação aplicáveis aos contratos de refinanciamento de dívidas de Estados e de Municípios, firmados com a União no âmbito da Lei nº 9.496, de 11 de setembro de 1997, e da Medida Provisória nº 2.192-70, de 24 de agosto de 2001, bem como dos contratos de refinanciamento de dívidas de Municípios, celebrados ao amparo da Medida Provisória nº 2.185, de 24 de agosto de 2001.

Dentre as principais inovações trazidas, destacam-se:

- concessão de desconto sobre os saldos devedores dos contratos de refinanciamento de dívidas dos Estados e dos Municípios, correspondente à diferença entre os saldos existentes em 1º de janeiro de 2013 e aqueles apurados, naquela data, pelo recálculo das dívidas de acordo com a variação acumulada da taxa SELIC desde a data de assinatura dos contratos; e

- aplicação de novos indexadores a partir de 1º de janeiro de 2013, observada a menor das variações acumuladas entre o IPCA mais 4% a.a. e a taxa Selic, em substituição aos encargos contratuais originais, IGP-DI mais juros de 6% a 7,5% a.a. para Estados e Distrito Federal, e IGP-DI + 9% a.a. para os Municípios.

A aplicação da LC 148 impactará mais de 200 (duzentos) contratos de refinanciamento de dívidas celebrados entre estados, DF e municípios e a União e deverá permitir aos entes a possibilidade de redução em seus pagamentos futuros para a União. A LC 148 não traz impactos para a dívida pública e não afeta o resultado primário da União e dos entes.

 Grato ao economista Ricardo Bergamini (PRA)

quinta-feira, 19 de maio de 2016

O descalabro economico dos anos lulopetistas: uma conta de 323 bi até 2060 - Cristiano Romero (Valor)

A conta deixada pelo governo anterior
Cristiano Romero
Valor Econômico, 18 de maio de 2016

O perfil da nova equipe econômica é um sinal claro de que o objetivo do novo governo é retomar o arcabouço que vigorou entre meados de 1999 e 2011, quando a presidente Dilma Rousseff assumiu o poder e, poucos meses depois, decidiu mudar tudo. Os integrantes do Ministério da Fazenda têm perfil fiscalista e isso é bom: por causa dos equívocos cometidos nos últimos cinco anos, a situação fiscal, nas palavras do ministro Henrique Meirelles, é um "descalabro".

Especialista em finanças públicas, Mansueto Almeida se dedicou, nos últimos anos, a alertar a sociedade, por meio de seu blog, para a ruína fiscal em curso no primeiro mandato de Dilma (2011-2014). Ele foi o primeiro economista a calcular o tamanho do subsídio - a ser pago pela sociedade durante décadas - decorrente dos empréstimos feitos pelo Tesouro Nacional, entre 2008 e 2015, ao BNDES.

Aquela operação, talvez um dos maiores equívocos de política econômica já cometidos na história do Brasil, resultou, no período mencionado, no aumento da dívida bruta do setor público em cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB). Captados à taxa de mercado (Selic) e emprestados ao BNDES à Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), subsidiada, aqueles recursos foram transferidos, em sua maioria, para grandes empresas, muitas das quais ou quase todas, dotadas da capacidade de captar recursos, a um custo igualmente baixo, no mercado de capitais ou no exterior. Estime-se o tamanho da concentração de renda promovida no período...

O Tesouro calcula que o gasto com subsídio referente àquelas operações somará a impressionante cifra de R$ 323,2 bilhões até 2060. Do total, R$ 123,1 bilhões foram gastos entre 2008 e 2015. E o pior é constatar que, nesses oito anos, o estoque de investimento da economia diminuiu, em vez de ter crescido.

Meirelles deu a Mansueto a missão de preparar análises sobre os gastos públicos, de maneira a facilitar a busca de soluções. A tarefa é hercúlea. O governo interino de Michel Temer recebeu da gestão anterior um quadro fiscal calamitoso. Alguns números: nos 12 meses até março, a dívida bruta do setor público chegou a 67,25% do PIB, quase dez pontos percentuais acima do período anterior; no conceito primário (que exclui os gastos com juros), o resultado nos 12 meses até março foi um déficit de 2,28% do PIB; já o déficit nominal, que inclui a despesa com juros, somou o equivalente a 9,73% do PIB. Para piorar a situação, a arrecadação de impostos e tributos federais recuou 8,19%, em termos reais, de janeiro a março deste ano, quando comparada ao mesmo período do ano passado.

O marco do retrocesso da gestão fiscal do governo anterior foi a perda, em 2015, do grau de investimento (o selo de bom pagador), conquistado pelo país em 2008, depois de 26 anos de enfrentamento da "crise da dívida". O rebaixamento foi decretado pelas três principais agências de classificação de risco.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Divida publica e juros: a corrida insana para a frente, e para baixo...

Na verdade, o jornalista não vai ao ponto: a necessidade de financiamento do Estado.
E por que?
 Obviamente porque o Estado gasta mais do que arrecada, e aí, o jeito é sempre buscar mais recursos, e fazer mais dívida, e pagar mais juros por isso.
O pessoal tenta controlar os juros, quando a política correta seria fazer o Estado caber dentro de suas receitas.
Paulo Roberto de Almeida
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A cada dia o seu bilhão
Vinicius Mota
Folha de S.Paulo,  6/04/2015

Nos 12 meses compreendidos entre março de 2014 e fevereiro de 2015, o setor público brasileiro pagou R$ 344 bilhões de juros aos credores de sua dívida, ou R$ 1 bilhão a cada 25 horas e meia. Nos 365 dias até o fim de setembro do ano passado, o repasse de dinheiro de empresas e trabalhadores, que pagam os impostos, para os financiadores da despesa estatal havia sido 18% menor.
A taxa média de juros embutida na dívida do governo em fevereiro de 2015 era de 20,9% ao ano, alta de 4,7 pontos percentuais sobre agosto de 2014. A escalada na remuneração deveria atrair investidores para operações mais longas, no entanto mais de 1/4 (quase R$ 900 bilhões) de tudo o que o setor público devia tinha prazo de vencimento de 24 horas.
Diante desses indicadores, um analista desatento às particularidades da economia brasileira atestaria que se trata de um país quebrado. O observador calejado não chega a tanto, mas antevê, como consequência necessária para normalizar o quadro financeiro, uma longa dieta de crescimento reprimido, desemprego em alta e salários em baixa.
A esquerda, se quiser tirar lição da refrega, deveria jogar no lixo a doutrina econômica que sempre cultivou e viu adotada pelo governo federal a partir de 2009. As ações em nome do "desenvolvimentismo" redundarão num trágico e duradouro aumento da transferência de recursos dos mais pobres para os mais ricos.
O PT atravessa uma crise histórica, e a perspectiva de que continue a liderar a centro-esquerda nos próximos 30 anos de democracia depende da reconfiguração de suas crenças econômicas. O desafio inclui sujeitar-se ao princípio da escassez e valorizar o equilíbrio fiscal, o Orçamento e a tributação como meios primordiais de reduzir a desigualdade.
A agremiação de Lula pode se beneficiar mais que circunstancialmente da adesão de Joaquim Levy e sua turma ao governo Dilma Rousseff.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

As deformacoes do calculo da divida interna brasileira - Jose Roberto Afonso


Questão interna artigo de José R. Afonso publicado no Estadão (4/2013). 

"Na apuração da dívida pública líquida, que alguns países não informam e alguns calculam como negativa (como Chile e Arábia Saudita). o Brasil é quem aplica o maior volume de deduções (caixa, reservas e créditos concedidos): 33 pontos do PIB em 2012 (13 desde 2008). E assim consegue a façanha de sumir com cerca de 50% da dívida bruta, enquanto na média dos emergentes tais descontos foram de 10 pontos e a redução de 30%. A excentricidade brasileira se explica, em parte, por sermos o único país que trata o banco central (incluindo reservas internacionais) como parte do setor público não financeiro e por que o Tesouro Nacional virou o maior banco da economia (16% do PIB em créditos), ambos computados para medir a dívida líquida."

Leia a íntegra aqui:

quarta-feira, 19 de março de 2014

Heranca maldita dos companheiros: o afundamento das contas publicas, e o buraco dos deficits

Apenas um reparo a esta coluna do sempre competente Celso Ming.
Ele afirma que o "superávit primário de 1,9% do PIB, [serve] para cálculo da poupança do governo para abater a dívida pública," o que é inexato.
O superávit primário tem o objetivo exclusivo de coletar recursos para cobrir o serviço da dívida, ou seja, pagar apenas os juros, que representam bem mais do que isso.
Juros da dívida são o principal componente da despesa pública, superando todas as demais rubricas. Ora, mesmo um superávit primário de 3,5% do PIB, como deveria ser o objetivo do governo, só permite cobrir uma parte dos juros, sendo que o resto é transformado em novos títulos da dívida e se soma ao estoque do principal, que deve ser pago a seu termo, e provavelmente será trocado por nova dívida.
Ou seja, a situação é ainda pior do que afirma Celso Ming, a quem de toda forma rendo minhas homenagens pela excelência de suas colunas.
Paulo Roberto de Almeida 
Celso Ming
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Corte de vento


18 de março de 2014 | 2h 04
Celso Ming - O Estado de S.Paulo
As autoridades da área econômica juraram que não apelariam mais para contabilidades criativas com a finalidade de fechar as contas públicas e manter as aparências. No entanto, já há mais do que indícios de que as manipulações continuam. São da mesma natureza das que foram feitas nos anos anteriores e foram denunciadas.
Ontem, o jornal Valor avisou que, para efeito de definição do superávit primário de 1,9% do PIB, ou seja, para cálculo da poupança do governo para abater a dívida pública, o Ministério da Fazenda subestimou propositalmente em pelo menos R$ 10 bilhões (pode ser mais) o rombo da Previdência Social deste ano.
Quem está dizendo isso não é um desses cricas que estão sempre à procura de pelo em ovo. Quem está dizendo que o governo Dilma está subestimando em tais proporções o déficit da Previdência e, com isso, se dedicando a "corte de vento" é ninguém menos do que o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves.
Este não é o único dado que reforça a impressão de que o governo segue enganando brasileiras e brasileiros a respeito da administração das contas públicas. O anúncio da obtenção do superávit primário de 1,9%, feito no dia 20 de fevereiro, também superestimou a arrecadação do Tesouro. Colocou no cálculo um avanço do PIB de 2,5%, quando o Brasil inteiro não conta (em média) com mais de 1,7%, como a Pesquisa Focus, do Banco Central, vem revelando todas as semanas.
Na semana passada, o banco Morgan Stanley avisou que apenas a possibilidade de racionamento de energia elétrica já derrubou para 1,5% as expectativas de avanço do PIB do Brasil neste ano. Ora, crescimento mais baixo da atividade econômica implica arrecadação também mais baixa, portanto, é fator de encolhimento do resultado das contas públicas. Insistir em arrecadação inconsistente com o tamanho do PIB é insistir no jogo manipulatório.
E por falar em energia elétrica, há evidências de que também está subestimado o aumento de R$ 21 bilhões na conta de luz, que fez parte do pacote de socorro para as distribuidoras de energia elétrica anunciado na semana passada. Se isso se confirmar, serão inevitáveis ainda maiores transferências do Tesouro para o setor.
Esta Coluna também já vinha chamando a atenção para o estrago sobre a arrecadação dos Estados que tem sido provocado pelo achatamento de preços e tarifas comandado pelo governo. O ICMS sobre combustíveis e energia elétrica é importante fonte de arrecadação dos Estados. Se mantém represados esses preços, a decisão populista do governo Dilma concorre ainda para que o restante do setor público também deixe de cumprir suas metais fiscais.
É frágil o atual arranjo em que se baseia a sustentação das contas públicas. O governo sabe disso e mal consegue disfarçar as contradições em que se enreda. A estratégia está clara. Consiste em tentar aguentar como der, empilhar esqueletos para dentro de um armário qualquer, esperar pelo resultado das eleições e depois ver como se consertam os estragos.
A principal consequência dessa postura é o aumento das incertezas. Hoje, qualquer empresário sabe que, em sua empresa, as decisões que podem esperar devem ser adiadas até que haja mais clareza.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Divida publica" peso absoluto e carga relativa, que pode ser absoluta... - Mansueto Almeida

O Brasil tem, teoricamente, uma dívida pública "pequena": de menos de 60% do PIB, ou seja, abaixo do critério de Maastricht.
O Japão tem, comprovadamente, uma dívida pública altíssima, de mais de 250% do PIB, o que deveria, supostamente, deixar dirigentes e nacionais daquele país, de cabelo em pé.
Acontece, porém, que o Japão financia toda a sua dívida pública internamente, a juros modestíssimos, o que redunda ser, portanto, uma carga bem menor, relativamente, do que a brasileira, pesadíssima.
Com efeito, como demonstrado abaixo, o Brasil paga juros absurdos, para se abastecer internamente e externamente, em função das necessidades de financiamento do Estado.
Ou seja, o Estado é o problema, sempre.
Se ele não fosse um gastador compulsivo, não teríamos o pagamento de juros da dívida pública como o principal item, a rubrica mais importante das despesas públicas.
Quando é que vamos aprender isto?
Paulo Roberto de Almeida



by Mansueto Almeida, 4/02/2014

Meus amigos operadores no mercado financeiro me fizeram a gentileza de me atualizar sobre algo que vem ocorrendo desde o início do ano: a briga entre o Tesouro e o Mercado.
No início deste ano algo como R$ 122 bilhões de títulos do Tesouro venceram e, sob circunstâncias normais de temperatura e pressão, montante próximo seria vendido ao mercado. Mas não foi.
Até o dia 23 de janeiro, o Tesouro vendeu algo próximo a R$ 30 bilhões e,na semana passada, fez um leilão de R$ 3,25 bilhões. Resgate líquido em janeiro ficou perto de R$ 90 bilhões.
Estamos nadando em dinheiro? Não. Banco Central fez a bondade de enxugar o mercado com operações compromissadas, venda de títulos por 30 dias. Nós trocamos um financiamento de prazo longo por um de prazo muito curto. Por que?
Porque o Tesouro não está aceitando as taxas de juros que o mercado está pedindo. Os operadores estão em pânico. Acham que o governo está sem saída e, como 25% da divida pública tem que ser rolada este ano, estão apertando o governo que está com uma condição fiscal muito pior do que todos nós esperávamos.
Hoje, o Tesouro mandou o seguinte comunicado para o mercado: "O Tesouro Nacional informa que, em razão das condições de mercado,
não realizará o leilão tradicional de venda de LTN e NTN-F previsto para quinta-feira, 06/02/2014.
"
O que fazer? Se as expectativas melhorarem rapidamente, a estratégia do Tesouro pode dar resultado e o Tesouro vende seus títulos de prazo mais longo depois a um juros menor do que o atual. Mas acho difícil isso acontecer. E se não acontecer, vamos ter juros maiores e Banco Central aumentando operações compromissadas. Duas coisas ruins: juros em alta e prazo da divida encurtando.
E ainda tem gente que se gaba que a divida pública bruta do Brasil é de "apenas" 57% do PIB. A nossa realidade é triste. No ano passado, o setor publico no Brasil pagou de juros 5,2% do PIB. Isso é mais ou menos o que pagou a Grécia, em 2012, com uma divida de mais de 150% do PIB.
Para o Tesouro ganhar essa queda de braço terá que dar algum sinal concreto de melhora que ninguém hoje consegue enxergar. Por enquanto, o mercado está calmamente se preparando para a batalha e não está disposto a ser enganado novamente. Muito operadores acreditaram no discurso do governo e compraram títulos pré fixados com juros baixos no início de 2012 e hoje choram o prejuízo.
A batalha vai continuar.........

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Divida publica sobe mais que o PIB e a inflacao: heranca maldita do PT

O que o governo pensa que está fazendo?
Pretende tornar todos os brasileiros refens de sua politica irresponsável?
Paulo Roberto de Almeida 

Dívida pública sobe 5,7% em 2013 e atinge marca inédita de R$ 2,12 tri

O Globo, 29/01/2014

A dívida pública federal, que inclui tudo o que o governo deve a credores dentro e fora do país, subiu 5,71% em 2013, para R$ 2,12 trilhões, novo recorde. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (29) pela Secretaria doTesouro Nacional, do Ministério da Fazenda.
O crescimento da dívida pública no ano passado foi de R$ 115 bilhões. Em 2012, a dívida pública havia registrado crescimento maior, de7,5%, ou R$ 141 bilhões, para R$ 2 trilhões.
Segundo os dados do Tesouro, nos últimos nove anos a dívida pública mais que dobrou.
A dívida pública é a contraída pelo Tesouro Nacional para financiar o déficit orçamentário do governo federal. Quando os pagamentos e recebimentos são realizados em real, a dívida é chamada de interna. Quando tais operações ocorrem em moeda estrangeira (dólar, normalmente), é classificada como externa.

Fatores para o crescimento
O crescimento da dívida pública no ano passado está relacionado, principalmente, com as despesas com juros, no valor de R$ 218 bilhões.

Também pesou no aumento da dívida a injeção de R$ 39 bilhões no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2013, além das emissões de R$ 8 bilhões para a Caixa Econômica Federal, de R$ 7,86 bilhões para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), de R$ 2,75 bilhões para o Fies e de R$ 2 bilhões para o Fundo da Marinha Mercante.
Ao todo, as emissões diretas – títulos de dívida que o Tesouro emitiu e que não foram para o mercado financeiro, englobando os valores para o BNDES, CDE e Caixa Econômica Federal, entre outros – somaram R$ 59,6 bilhões no ano passado. Ou seja, mais da metade do crescimento de R$ 115 bilhões registrado no estoque da dívida pública em 2013.
A dívida só não cresceu mais no ano passado porque houve um resgate líquido (vencimento acima do volume de emissão de títulos públicos) no valor de R$ 103 bilhões no mercado financeiro.

Programação para 2013
O crescimento da dívida pública em 2013 e a marca de R$ 2,1 trilhões para a dívida pública no último ano já eram esperados pela Secretaria do Tesouro Nacional. Segundo o plano da instituição, divulgado em janeiro do ano passado, a dívida pública deveria terminar 2013 entre R$ 2,1 trilhões e R$ 2,24 trilhões. Deste modo, mesmo com a elevação da dívida em 2013, ela terminou o último ano mais próxima do piso das expectativas (R$ 2,1 trilhões) do que do teto (R$ 2,24 trilhões).


Aumento nos últimos anos
Segundo os dados do Tesouro, nos últimos nove anos a dívida pública mais que dobrou: em 2004, o estoque de dívida estava em R$ 1,01 trilhão, subindo para R$ 2 trilhões no fechamento de 2012 e para R$ 2,12 trilhões no fim do ano passado.

Da expansão da dívida pública de cerca de R$ 1,11 trilhão nos últimos nove anos, mais de R$ 330 bilhões referem-se a emissões de títulos públicos para capitalizar o BNDES, ou mais de 30% da alta total.
Em 2009, o Tesouro emitiu R$ 100 bilhões para o banco público, valor que passou para R$ 80 bilhões em 2010, para R$ 45 bilhões em 2011 e para R$ 55 bilhões em 2012. No ano passado, houve a emissão de R$ 39 bilhões para o banco público.

Dívidas interna e externa
No caso da dívida interna, segundo informou o Tesouro Nacional, foi registrado um aumento de 5,84% em 2012, para R$ 2,02 trilhões. Em dezembro de 2012, a dívida interna somava R$ 1,91 trilhão. No ano passado, o crescimento foi de R$ 112 bilhões.

Já no caso da dívida externa brasileira, resultado da emissão de bônus soberanos (títulos da dívida) no mercado internacional e de contratos firmados no passado, o governo contabilizou um aumento de 3,72% no ano passado, para R$ 94,68 bilhões, contra R$ 91,28 bilhões no fechamento de 2012. Neste caso, o crescimento foi de R$ 3,4 bilhões.

Perfil da dívida
No ano passado, o governo manteve sua estratégia de tentar emitir mais títulos prefixados, ou seja, com correção fixa determinada no momento do leilão, o que aumentou seu percentual no total da dívida, e, ao mesmo tempo, reduzir a participação de papéis atrelados aos juros básicos da economia brasileira.

Em dezembro de 2013, o percentual de papéis prefixados somou 43,3% do total, ou R$ 878 bilhões, contra 41,18% no fechamento de 2012, ou R$ 789 bilhões. Os números foram calculados após a contabilização dos contratos de "swap cambial".
Os títulos atrelados à taxa Selic (os pós-fixados), por sua vez, tiveram sua participação reduzida em 2013. No fim do ano passado, representaram 11,35% do total (R$ 230 bilhões), em comparação com 22,55% no fechamento de 2012 (R$ 432 bilhões).
A parcela da dívida atrelada aos índices de preços (inflação), por sua vez, somou 36,14% no fim de 2013, o equivalente a R$ 732 bilhões, contra 35,48% no fechamento de 2012, ou R$ 680 bilhões.
Os ativos indexados à variação da taxa de câmbio, por sua vez, somaram 9,22% do total no fim de 2013, ou R$ 186 bilhões, contra 0,79% no fim de 2011, ou R$ 15,16  bilhões, no fim do ano anterior. O forte crescimento da dívida em dólar se deve à emissão de contratos de "swap cambial" pelo BC - para evitar uma alta maior na cotação da moeda norte-americana.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Divida publica: quem vai pagar?

Não é o Brasil. Mas não estamos muito melhor...
Considerem o diferencial entre as taxas de crescimento da dívida, comparada ao crescimento do PIB americano e da inflação. A dívida aumenta mais rápido.
O que vai ocorrer?
Só existem três "soluções": mais inflação, mais dívida, mais juros da dívida, o que dá baixo crescimento.
Paulo Roberto de Almeida 

Can we inflate the debt away?
By Robert Romano
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After a brief slowdown in fiscal year 2013 that ended September 30 — when the national debt grew "only" by $671.9 billion at a 4.18 percent rate — 2014 is shaping up to be another year awash in red ink.
So far, since October 1, the debt has skyrocketed another $537.9 billion. And we're not even halfway through the fiscal year yet.
Of course, the 2013 slowdown and subsequent explosion is entirely on account of the temporary standoffs between Congress and President Barack Obama over the debt ceiling last year.
As a result of legislative gridlock, the debt ceiling was not significantly raised for several months, and the growth of the national debt was briefly arrested. From Dec. 31, 2012 through Jan. 31, 2013 it held at about $16.4 trillion. And from May 31, 2013 all the way through the end of the government shutdown, it stood at about $16.7 trillion.
More than half of the increase in debt for fiscal year 2014 — some $328.2 billion — occurred on a single day: October 17, the day after the government shutdown ended.
Now the debt ceiling has been "suspended" — which is to say it is no longer in effect — until February 7.  
Assuming Congress once again raises it, since the single-day explosion of October 17the debt has risen at a rate of about $2 billion a day. With roughly 250 days left in the fiscal year, then we can expect another $500 billion increase in the debt bySeptember 30.
By then, the debt will have increased by more than $1 trillion for the 2014 fiscal year, or at a greater than 6 percent increase.
That is much faster than even nominal economic growth as measured by the Bureau of Economic Analysis. So far, through three quarters, the economy has only grown a 2.97 percent before adjusting for inflation, or at a 3.96 percent rate annualized.
Meaning the debt-to-GDP ratio, at 99 percent as of September 30, will continue rising this year, and every year thereafter so long as the debt grows faster than the economy. We may not be able to grow our way out of this mess.
And we may not be able to inflate our way out of it either. Inflation only came in at 1.46 percent in 2013, and that includes food and energy.
In fact, since 1981, only twice has inflation outpaced the growth of the debt: in 2000 and 2001.
One very good reason for that is after 1981 was about the time the U.S. began running massive balance of payments deficits. That is, more capital flowed overseas via trade, interest payments, and other transactions than was brought in.
As a result, despite massive deficit-spending and now, even with $900 billion of quantitative easing each year by the Federal Reserve, inflation has remained subdued here — because we have exported it overseas.
As long as the debt keeps growing at a pace faster than nominal economic growth and inflation, our ability to repay it over time will by definition be diminished. Eventually, it will become so large as to be impossible to be refinanced, let alone be repaid, when we run out of willing and able lenders.
So let the salons pretend that we "owe it to ourselves." Or that somehow, we possess some uncanny ability to repay it by inflating it away with printed money. In the end, none of that is going to work. Every day that goes by, the probability of default increases.
But perhaps we shouldn't say that too loudly. After all, we don't want to get anythreatening phone calls from the Department of Treasury for telling the truth about the debt.
Robert Romano is the senior editor of Americans for Limited Government.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Decimo-primeiro mandamento: Nao deixaras dividas para as geracoes aposa sua - Hans-Werner Sinn

In Praise of Debt Ceilings

By Hans-Werner Sinn

Project Syndicate, 17/10/2013


MUNICH – The wrangling about raising the US government’s borrowing limit – now thankfully over, at least for a few months – underscores the hazards posed by excessive state indebtedness. Governments nowadays are essentially running gigantic redistribution machines that steer funds from taxpayers to transfer recipients and other beneficiaries of public expenditure. The latter permanently ask for more, while the former zealously try to defend their purse.

In the end, the solution to this “redistribution battle” tends more often than not to be found in more government borrowing. For today’s democracies, the fact that those who will eventually have to pay the taxes to service the resulting debt cannot yet vote makes borrowing the most expedient way out of a messy political battle.

The lure of borrowing becomes irresistible if it can be assumed that the burden might be shifted to population groups other than those benefiting today from low taxation or higher public spending. That is, for example, the case with childless people: they benefit from public borrowing and manage to shift to other families’ descendants the part of the debt service that will fall due when they are no longer around.

Only insofar as parents, taking into account the interests of their children and grandchildren, participate in the political process can the borrowing addiction be kept in check. If this is what motivates the Republicans’ hardline stance in the ongoing US redistribution battle, then theirs is a worthy cause – that of attempting to protect their descendants from being exploited. From this perspective, the Republican sentiment underlying the recent debt-ceiling impasse might be just as commendable as, for example, the prohibition enshrined in the German Constitution against debt financing of any sort, which will take effect no later than 2016 at the federal level and in 2020 for Germany’s länder.

Another example is debt mutualization among countries, such as that being carried out now in the European Union. First, individual countries borrow far above any sensible level, knowing that they will be saved from insolvency by rescue operations financed by the other member countries. The rescue initially takes the form of intergovernmental loans, so that the fiction can be preserved that each country pays back its own debts. But, as soon as the loans are dished out, mutualization shows its real face, taking the form of debt forgiveness.

In the case of Ireland, €40 billion ($54 billion) in Emergency Liquidity Assistance loans from the European Central Bank were converted into long-term bonds at below-market interest rates after the collapse of the bank established to consolidate the failed Anglo Irish Bank’s non-performing loans. About a year ago, the maturity of the intergovernmental loans given to Greece was extended to around 30 years on average, at highly preferential interest rates; indeed, interest was waived for a full ten years. That move represented debt forgiveness, in present-value terms, of €47 billion.

And that is not the end of it. There is talk now of another maturity extension and a further lowering of interest rates for Greece.

In all of these cases, the debt burden is, for all practical purposes, being shifted onto other countries. As a result, eurozone countries’ appetite for borrowing remains unbridled, while at the same time the sanction mechanisms included in the European Union’s “fiscal compact” are quietly set aside. Instead of shouldering the burden of reducing expenditures or raising taxes, countries opt for borrowing, because they know that they can unload part of the burden onto others.

Jointly guaranteed Eurobonds are already waiting in the wings to be used as instruments of debt mutualization. If a country proves unable to service such bonds, the other member countries will have no option but to pick up the tab.

During the United States’ early decades, debt mutualization triggered an irresistible urge to borrow. After Alexander Hamilton, the country’s first treasury secretary, mutualized the states’ Revolutionary War debts in 1791 by turning them into federal debt, the states went on a borrowing binge to finance infrastructure projects. Canals were dug at huge cost – only to become obsolete not long after railroads started to operate.

The economic boom that borrowing ushered in turned out to be nothing more than a credit bubble that eventually burst (with the financial panic of 1837). By the early 1840’s, eight of the 26 US states then in existence (along with the territory of Florida) had gone bankrupt as a result, while several others teetered on the brink.

But further mutualization was no longer an option. In the end, mutualization led to nothing but strife and growing animosity. The festering debt question poisoned the atmosphere in the US for years afterwards and contributed to sectional tensions that were already inflamed by the dispute between the North and the South over slavery.

So, let us be grateful for strict debt ceilings, for they can help to nip disaster in the bud – even if bumping up against them can leave politicians slightly bruised.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Divida EUA: ja nao se fazem mais Triple-As como antigamente (WSJ)

Extending Debt Ceiling Doesn’t Remove Market Uncertainty

By Erin McCarthy
The Wall Street Journal, October 16, 2013
A deal to fund the U.S. government and extend the country’s borrowing authority through early 2014 isn’t enough to alleviate market uncertainty, credit-ratings firm DBRS Inc. said Wednesday.
Nor does it change the firm’s negative outlook on the U.S. debt rating, Fergus McCormick, head of the sovereign ratings team at DBRS, said in an interview with The Wall Street Journal. Last week DBRS placed the U.S. debt rating under review for potential downgrade, citing the “growing risk of a selective default.”
Senate leaders Wednesday struck an 11th-hour agreement to avoid a U.S. debt crisis and fully reopen the federal government. The Senate plan would fund federal agencies at current spending levels through Jan. 15 and extend the nation’s borrowing authority through Feb. 7. Under those conditions, DBRS would likely keep the U.S. rating under review with negative implications, and would likely maintain that status in early 2014 when the next set of deadlines approach.
“What we’ve seen so far does not change the outlook,” Mr. McCormick said. “If they kick the can down the road for a few weeks or a few months, it doesn’t really remove the uncertainty prevailing in the market.”
The firm, however, has had discussions regarding whether the U.S. is worthy of its triple-A status, he said.
“There are some people on the rating committee of DBRS who believe that the triple-A rating of the United States should no longer be triple-A,” he said.
Mr. McCormick, however, believes the world’s largest economy still deserves the top-notch rating because its capacity to pay, outside of the debt ceiling issue, is “unparalleled.”
But he warned that the U.S. needs to resolve these fiscal and structural problems in the longer term to maintain investor confidence.
“If these [issues] aren’t addressed in the coming years then the United States’ creditworthiness would severely be affected.”

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Governo abre a caixa de Pandora da irresponsabilidade federal na divida publica

O Refinanciamento da divida dos estados e municípios

Vou escrever rapidamente sobre esse assunto e não vou falar com ninguém sobre isso. Sugiro aos jornalistas que telefonem e peçam explicações à equipe técnica do Ministério da Fazenda, em especial, à Secretaria do Tesouro Nacional e Secretaria de Política Econômica.
A renegociação da dívida dos estados e municípios acordada ontem entre o PMDB e o Governo Federal foi uma surpresa para todos, inclusive, para a equipe econômica do próprio Ministério da Fazenda. Explico. A possibilidade de refinanciamento da dívida é um debate  que vem desde sempre, mas que se intensificou no ano passado.
Cheguei a conversar com alguns técnicos do Tesouro Nacional que sempre resumiram esse debate para mim com uma única palavra: “absurdo”. A Secretaria de Política Econômica, pelo que escutei de coordenadores já na gestão do Márcio Holland, em 2012, também era contra. Se aceitava, no máximo, a possibilidade de mudar o indexador para frente, mas não havia espaço para uma renegociação retroativa nos moldes do que foi anunciado ontem.
Vale lembrar três coisas. Primeiro, de 1997 até final de 2012, a taxa de juros Selic acumulada foi superior a IGP-DI+ 6% ao ano. Nas minhas contas dá 1.096% para Selic de 1997-2012 contra 849% do IGP-DI+6% ao ano. Assim, para quem participou das negociações desde o seu inicio, não faz sentido rever o passado. O ganho maior é para quem perdeu 1997 e 1998, quando a diferença entre Selic e IGP-DI foi grande. Esse é justamente o caso do município de São Paulo que só assinou o acordo em dezembro de 2000.
Segundo, além das taxas de juros Selic menores que IGP-DI+6% ao ano no acumulado, quando ocorreu o refinanciamento das dividas dos estados, em 1996/1997, as taxas acordadas (IGP-DI + 6% ou 7,5% para os estados) eram menores do que aquelas que os entes subnacionais estavam pagando aos bancos privados. Assim, houve um subsídio grande desde o início e isso vale também para a prefeitura de São Paulo. Adicionalmente, no caso dos estados, houve também o saneamento dos bancos estaduais com essa nova dívida incorporada ao valor total da divida renegociada.
Terceiro, como tudo em economia, não existe almoço grátis e isso foi tema de um artigo no ano passado no jornal Valor Econômico de um técnico de carreira do Tesouro Nacional (leiam o artigo aqui – Não existe almoço grátis – Valor 11 de maio de 2012), no qual alerta que o custo médio do endividamento do governo federal também é maior que a Selic e, assim, se o governo renegociasse as dívidas dos entes subnacionais pela taxa Selic estaria dando um novo subsídio.
O que vai acontecer? Bom, ao invés de eu responder vou deixar a reposta para o artigo citado acima:
“A despeito do senso comum de que a troca dos indexadores das dívidas estaduais irá beneficiar a todos os Estados é importante frisar, inicialmente, que haverá uma elevada concentração de benefícios nas unidades mais ricas da federação, que se beneficiaram com a implantação de infraestrutura econômica decorrente das dívidas refinanciadas.
Por fim, deve-se ter presente que o pagamento da dívida decorrente do refinanciamento das dívidas estaduais irá impactar o resultado primário do governo central – ou exigindo um esforço maior por parte da União para não elevar o endividamento público, via elevação do superávit primário, ou da ampliação do patamar da dívida federal. Ou seja, intertemporalmente, a dívida federal será quitada ou pela ampliação da receita, via elevação da carga tributária ou pela redução das despesas, por meio da contenção dos gastos com bens públicos. Em ambos os casos a distribuição dos ônus deverá recair de forma desproporcional entre as unidades da federação.”
E na passagem acima o debate era restrito à renegociação da divida dos estados. Com a inclusão dos municípios, especialmente São Paulo, o custo será ainda maior. Como o governo federal fará para elevar o seu primário? Não tenho a mínima ideia. Na minha modesta opinião, estamos conseguindo elevar ainda mais o risco de uma queda maior do primário, aumento da dívida e aumento da carga tributária como fala a passagem acima.
É claro que algumas pessoas acreditam que aumentar hoje a divida traz crescimento de 4,5% ou 5% ao ano lá na frente e conseguiremos, com maior crescimento, pagar todo esse aumento da dívida e do gasto. Eu discordo dessa visão, mas respeito quem pensa diferente. Mas se alguém pensa assim, bem que poderia sugerir o mesmo para Grécia, Espanha, Irlanda e Portugal.
Por favor, não me chamem de fiscalista. Não defendo teses de estado mínimo, controle a qualquer custo do custeio, etc. Mas não entendo como um governo que  está com o resultado primário em queda e quer aumentar o investimento faz uma bondade dessas para todos os entes subnacionais. Até entenderia se essa renegociação fosse restrita aos municípios e estados mais pobres. Mas esse não é o caso.
Um rápido lembrete: o Brasil na década de 1970 aumentou a sua divida precisamente para continuar com os grandes projetos de investimento. Infelizmente, o resto do mundo, EUA, com sua política monetária nos pegou de calça curta. Será que agora será diferente? ou há o risco de os EUA novamente aumentarem a taxa de juros no futuro próximo?

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Brasil e Estados Unidos: uma comparacao estarrecedora

Lendo matérias sobre o (não) fechamento do governo americano esta semana, deparei-me com a seguinte frase:

This year, the federal government will spend $3.46 trillion, roughly 21 percent of our GDP. Think about that: More than a fifth of all the goods and services produced in this country over the course of a year are subsumed by the federal government. Is it any wonder that a government shutdown reverberates throughout the economy?

Bem, no caso Brasil, estamos falando de quase o DOBRO desse valor, ou seja, cerca de DOIS QUINTOS de tudo o que a nação produz são apropriados pelo governo.
Alguma surpresa se o país não consegue crescer?
Paulo Roberto de Almeida

Post scriptum, indispensável:
Não contente de se apropriar de dois quintos da riqueza nacional, o Governo ainda insiste, contra toda racionalidade em política econômica, em criar ainda mais dívida pública, a ser paga por toda a população, apenas para satisfazer uma promessa eleitoral e uma proposta irracional, do supremo dirigente. A matéria abaixo ilustra perfeitamente o que chamei de comparação estarrecedora.

Política fiscal

Tesouro emite mais R$ 2,3 bilhões para conta de luz

Com valor emitido na quinta, a operação é a quinta desde julho, e já somam R$ 6,35 bilhões

Para bancar o desconto na conta de luz, o governo autorizou, na quinta-feira, uma emissão de títulos públicos de 2,349 bilhões de reais. Com valor recorde, a operação foi a quinta desde julho, quando os fundos do setor elétrico ficaram esvaziados e o Tesouro passou a abastecê-los. As emissões aumentam o endividamento do setor público federal. Ao todo, o gasto já chegou a 6,35 bilhões de reais e deve chegar a, pelo menos, 8,5 bilhões de reais até o fim deste ano, segundo estimativa da equipe econômica.
Os recursos obtidos por essas operações formam a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo que sustenta, por meio de uma triangulação revelada pelo jornal O Estado de S.Paulo em julho, o corte da tarifa de energia elétrica, uma das bandeiras da gestão Dilma.
A emissão feita na quinta-feira vai bancar integralmente, pela primeira vez, as indenizações que o governo deve às empresas do setor que aderiram ao pacote de renovação antecipada das concessões. Segundo fontes, cerca de 600 milhões de reais desse montante serão transferidos a outro fundo setorial, a Reserva Global de Reversão (RGR).
No fim de agosto, a RGR, que banca as indenizações às empresas do setor que aderiram ao pacote de Dilma, tinha apenas 13,8 milhões de reais em caixa, sendo que apenas essa despesa chega a uma média mensal de 495 milhões de reais. No início do ano, esse fundo dispunha de 15,2 bilhões de reais.
Quando retirou os encargos setoriais da conta de luz, de forma a reduzi-la em 20%, em média, para os consumidores, o governo diminuiu as receitas que abasteciam os fundos, mas não extinguiu os programas que eles bancavam e inclusive elevou suas responsabilidades.
A CDE é usada para pagar os programas sociais, como o Luz Para Todos. Desde o início do ano, ela paga o custo da energia das usinas termoelétricas, acionadas quando há escassez de chuvas e o nível dos reservatórios das hidrelétricas cai. O saldo da CDE em agosto era de 82,2 milhões de reais, para uma despesa média mensal de 1,5 bilhão de reais. No início do ano, o saldo era de 2,4 bilhões de reais.
Por causa das mudanças, a CDE ficou sem recursos para bancar as obrigações em maio e foi "salva" por uma operação realizada em julho - o governo transferiu recursos da RGR para a CDE. Resultado: dois meses depois, os dois fundos estavam sem recursos.
Com o novo buraco aberto na RGR, o governo passou a fazer uma segunda triangulação, a partir de agosto. Agora, a operação consiste em injetar, na CDE, recursos obtidos com os títulos públicos e, de lá, transferir uma parte para a RGR. 
(com Estadão Conteúdo)

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Divida publica: 1,000,000,000,000,000; nao que isso impeca de dormir...

Japan’s Debt Looks Like This: 1,000,000,000,000,000 Yen
Japan’s soaring national debt has reached a new milestone, surpassing one quadrillion yen. That’s a one followed by 15 zeros. The mind boggles.
Let the word quadrillion roll around in your brain for a moment or two, because it is not something you hear every day. Quadrillion. 1,000,000,000,000,000. Really.
A paltry million is the numeral one followed by six zeros. A billion? Nine zeros. A trillion is getting up there: 12 zeros. But the mighty quadrillion has 15 of them.
The mind boggles. (Though it doesn’t googol: that one is followed by 100 zeros. And that’s the actual spelling. You can Google it.)
A quadrillion is a million billion, putting it into the kind of language used by middle schoolers to describe really humongous sums, along with gazillion and bazillion.
Measuring any currency in quadrillions brings to mind the hyperinflation of Germany between the wars, or Zimbabwe in the last decade. But a country with a real currency?
It is such a big and unusual word, describing such a big and unusual number, that its use is inconsistent: Bloomberg News used quadrillion in the headline of an early story on Friday about Japan’s debt, but later in the day the stories and headlines referred to a “thousand trillion,” which is not nearly as much fun.
Questions e-mailed to the Bloomberg editors responsible for those stories were not returned, suggesting perhaps a lexicographical quadrilliongate.
How much is a quadrillion? The entire human body is said to have just 100 trillion cells; it takes 10 of us to make a quadrillion. Jeff Bezos has a personal fortune of some $25 billion, allowing him to plunk down $250 million for The Washington Post, which is essentially how much money he might find by looking behind his sofa cushions. To get to a quadrillion dollars, however, we would have to have 40,000 Bezoses, or as many people as live in Prescott, Ariz.
Neil deGrasse Tyson, the astrophysicist and director of the Hayden Planetarium at the American Museum of Natural History, helpfully offered a few other ways to think about a quadrillion. “It would take you 31 million years to count to a quadrillion — one number per second, never sleeping,” he said in an e-mail, adding that “a quadrillion yen, stacked in 1,000-yen notes, would ascend 70,000 miles high.”
He also wrote, though it is not clear how he would know such a thing, that “the total number of all sounds and words ever uttered by all humans who have ever lived is about 100 quadrillion.”
“This figure includes all Congressional debates and filibusters,” Mr. Tyson wrote.
Compared with Japan, the United States national debt is a mere $16 trillion or so. But if you convert that number into yen, it comes to about 1.5 quadrillion. So it’s good to have a currency that conserves its zeros. Of course, that also means the total American debt is even larger than Japan’s (though not, it should be noted, as a percentage of gross domestic product).
Hmm. Let’s not talk about that.

domingo, 4 de agosto de 2013

Estados Endividados da America (parecem o Brasil dos anos 1930 ou inicio dos 1990) - Steven Malanga

The Indebted States of America
States and localities owe far, far more than their citizens know.
Maria Pappas, the treasurer of Cook County, Illinois, got tired of being asked why local taxes kept rising. Betting that the answer involved the debt that state and local governments were accumulating, she began a quest to figure out how much county residents owed. It wasn’t easy. In some jurisdictions, officials said that they didn’t know; in others, they stonewalled. Pappas’s first report, issued in 2010, estimated the total state and local debt at $56 billion for the county’s 5.6 million residents. Two years later, after further investigation, the figure had risen to a frightening $140 billion, shocking residents and officials alike. “Nobody knew the numbers because local governments don’t like to show how badly they are doing,” Pappas observed.
Since Pappas began her project to tally Cook County’s hidden debt, she has found lots of company. Across America, elected officials, taxpayer groups, and other researchers have launched a forensic accounting of state and municipal debt, and their fact-finding mission is rewriting the country’s balance sheet. Just a few years ago, most experts estimated that state and local governments owed about $2.5 trillion, mostly in the form of municipal bonds and other debt securities. But late last year, the States Project, a joint venture of Harvard’s Institute of Politics and the University of Pennsylvania’s Fels Institute of Government, projected that if you also count promises made to retired government workers and money borrowed without taxpayer approval, the figure might be higher than $7 trillion.
Most states have restrictions on debt and prohibitions against running deficits. But these rules have been no match for state and local governments, which have exploited loopholes and employed deceptive accounting standards in order to keep running up debt. The jaw-dropping costs of these evasions have already started to weigh on budgets; as the burden grows heavier, taxpayers may decide that it’s time for a new fiscal revolt.
Illustrations by Sean Delona
ILLUSTRATIONS BY SEAN DELONAS
Most state constitutions and many local-government charters regulate public debt precisely because of past abuses. In the early nineteenth century, after New York built the Erie Canal with borrowed funds, other states rushed to make similar debt-financed investments in toll roads, bridges, and canals—projects designed to take advantage of an expanding economy. But when the nation’s economy fell into a deep recession in 1837, many of the projects failed, and tax revenues cratered as well, prompting eight states and territories to default on their debt. Stung by losses, European markets stopped lending even to solvent American states. The debacle inspired a sharp reevaluation of the role of state governments, with voters looking “more skeptically” on legislative borrowing, wrote political scientist Alasdair Roberts in 2010 in the academic journalIntereconomics. A member of New York’s 1846 constitutional convention even warned that “unless some check was placed upon this dangerous power to contract debt, representative government could not long endure.” Over a 15-year period, 19 states wrote debt limitations into their constitutions.
Since then, the history of state and local debt has been a tug-of-war between those struggling to keep governments from overextending themselves and elected officials seeking legal loopholes for further debt spending. In the second half of the nineteenth century, for instance, some states, now restricted from doing it themselves, used local governments to float debt, producing tens of millions of dollars in new obligations—and calls for limits on local borrowing. The go-go 1920s, a period of unprecedented construction and transformation throughout America, saw states and localities once again borrowing massively, this time to build roads and electrical infrastructure. State and local debt had hit $15 billion ($260 billion in today’s dollars) by the Great Depression’s onset. Arkansas was one of the heaviest borrowers, with obligations reaching $160 million ($2.8 billion today). It defaulted in 1933—one of more than 4,700 Depression-era defaults by state and local government entities, including nearly 900 by school districts.
The wave of bad borrowing led some states to tighten restrictions even more. Even as reformers made progress, however, courts began to sign off on government evasions of debt limits. As a consequence, such limits “have had only a modest effect on aggregate state and local debt,” writes Columbia Law School’s Richard Briffault. Judges, he notes, “appear to share with state governors and legislators a belief in the legitimacy of the modern activist state.” In the words of the New York State Court of Appeals, judges have often proved open to any “modern ingenuity, even gimmickry” that legislators can cook up to get around debt restrictions.
Today, states and localities engineer most of their borrowing through what Briffault calls “non-debt debt,” a term for bonds designed to avoid legal restrictions on borrowing. For example, courts in some states have decided that when a state’s independent authorities issue bonds, that borrowing isn’t restricted by constitutional debt limits—even if taxpayers are ultimately on the hook for it. If a legislature takes on debt itself, that also doesn’t count against constitutional restrictions on borrowing, according to the judiciaries in some states. Briffault estimates that such evasions are responsible for three-quarters of state debt and two-thirds of municipal obligations incurred through bond offerings. The growth of this kind of borrowing helps explain why state and local debt outstanding from municipal securities has blasted from $2 trillion (in today’s dollars) in 2000 to nearly $3 trillion today—real growth of 50 percent in little over a decade.
New York State has turned to court-sanctioned gimmickry again and again. Though New York’s constitution requires that voters approve any new government debt, only 5 percent of the state’s $63 billion in outstanding borrowing has received voter authorization, down from 10 percent a decade ago. Meantime, the cost of servicing that debt has risen by an average of 9.4 percent annually. Partly because of such unsanctioned borrowing, New Yorkers bear the nation’s second-highest per-capita load of state debt, says New York’s comptroller. The state is still paying off what it owes from the infamous 1991 Attica prison deal, in which New York, trying to close a budget deficit, “sold” the facility to one of its independent authorities, which borrowed the money to pay for it. New York also still counts on its books debt from the 1970s bailout of New York City, which, thanks to refinancing, it won’t pay off until 2033.
Other New York deals engineered without voter say-so include a $2.7 billion bond offering in 2003, backed by 25 years’ worth of revenues from the state’s gigantic settlement with tobacco companies. To circumvent borrowing limits, the state created an independent corporation to issue the bonds and then used the money from the bond sale to close a budget deficit—instantly consuming most of the tobacco settlement, which now had to be used to pay off the debt. Legislators engineer such borrowing because they aren’t confident that voters would agree to new debt: of the seven bond offerings that Empire State voters have considered over the past 25 years, four went down to defeat.
Thanks to its low state debt, Texas enjoys a reputation for budgetary restraint. Yet as Texas comptroller Susan Combs found to her dismay, the state’s towns, cities, counties, and school districts have racked up the second-highest per-capitalocal debt in the nation, behind only New York’s spendthrift municipalities. The total, nearly $8,000 per resident, is more than seven times higher than Texas’s per-capita state debt. Over the last decade, local debt in the Lone Star State has more than doubled, growing at twice the rate of inflation plus population growth. At the moment, Texas localities owe $63 billion for education funding—155 percent more than they did a decade ago, though student enrollment and inflation during that period grew less than one-third as quickly. The borrowing has also paid for a host of expensive new athletic facilities, such as a $60 million high school football stadium, complete with video scoreboard, in the Dallas suburb of Allen.
As in Cook County, so many different levels of government in Texas can issue debt that taxpayers, bewildered by the complexity of it all, let overlapping districts keep on borrowing. As an example, Combs describes how the residents of a single Houston block must repay debt incurred by the county, the city, the city’s school district, and Houston Community College, among other entities. “I went to dozens of town hall meetings around the state, and when I asked, not a single member of the public knew just how much people in their towns were on the hook for,” she says.
Texas, like New York, amassed all this debt by pushing the limits of the law. Though taxpayers must approve most government borrowing, Texas provides an exception for localities that need to issue debt quickly: a “certificate of obligation,” borrowing that doesn’t require approval unless 5 percent or more of local voters petition to have a say on it (a rare occurrence, since most don’t even know that they have that power). Since 2005, Texas localities have issued nearly $13 billion worth of these certificates, often for dubious ends. In 2010, for instance, Fort Worth borrowed nearly $35 million through certificates of obligation to build a facility for horse shows.
Texas school districts have made use of another controversial financing technique: capital appreciation bonds. Used to finance construction, these bonds defer interest payments, often for decades. The extension saves the borrower from spending on repayment right now, but it burdens a future generation with significantly higher costs. Some capital appreciation bonds wind up costing a municipality ten times what it originally borrowed. From 2007 through 2011 alone, research by the Texas legislature shows, the state’s municipalities and school districts issued 700 of these bonds, raising $2.3 billion—but with a price tag of $23 billion in future interest payments. To build new schools, one fast-growing school district, Leander, has accumulated $773 million in outstanding debt through capital appreciation bonds.
Capital appreciation bonds have also ignited controversy in California, where school districts facing stagnant tax revenues and higher costs have used them to borrow money without any immediate budget impact. One school district in San Diego County, Poway Unified, won voter approval to borrow $100 million by promising that the move wouldn’t raise local taxes. To live up to that promise, Poway used bonds that postponed interest payments for 20 years. But future Poway residents will be paying off the debt—nearly $1 billion, all told—until 2051. After revelations that a handful of other districts were also using capital appreciation bonds, the California legislature outlawed them earlier this year. Other states, including Texas, are considering similar bans.
Judges have proved especially eager to approve evasions of debt limits when they’re the ones demanding that states or localities spend money. Back in 2001, New Jersey’s activist supreme court mandated that the legislature embark on a project of building and refurbishing schools (see “The Court That Broke Jersey,” Winter 2012). To comply, Trenton lawmakers announced a plan to borrow $8.6 billion through a bond offering—a shockingly high sum. Taxpayer groups reacted with such outrage that officials knew that voters would never endorse the move. So the legislature decided to channel the borrowing through an independent authority. The taxpayer groups sued, but the state supreme court brushed their objections aside, arguing that a clear precedent existed for such borrowing. The state quickly burned through half of the borrowed money on patronage and inefficient construction practices, so it borrowed another $3.9 billion, again through the authority. Taxpayers, needless to say, will foot the bill.
If you define municipal debt simply as what states and localities have borrowed, the total nationwide comes to about $3 trillion. Nevertheless, these governments actually owe more than twice that much, according to estimates from groups like the States Project. The reason for the discrepancy is that states and localities carry another kind of debt—promises of retirement benefits to public-sector workers—and they have radically underfunded the systems that must pay for it. As Boston University Law School professor Jack Michael Beermann wrote recently in the Washington and Lee Law Review, the situation is a “double whammy” for future taxpayers, who not only will have to pay for “the consumption of prior generations” but also will receive “reduced government services” as increased spending on retirement debt crowds out other programs.
Some states have laws stating that annual funding of future pension or health-care payments must be considered part of current budgets, but as Beermann points out, many states don’t. Those states can therefore run deficits—even if they have balanced-budget requirements, as most do—by shortchanging retirement accounts. A report by the Pew Center on the States showed 29 states failing to make the necessary payments into their pension systems in 2010, the latest year for which data are available. Over the last decade, Kansas, a prime offender, has contributed less than 80 percent of the necessary dollars to fund employee pensions, according to a recent report by the Kansas Policy Institute. Even in an economically robust year like 2006, the state government managed to set aside just 64 percent of the necessary funds, one reason that Kansas’s state pension system is less than 50 percent funded.
State and local governments have likewise made ambitious promises to finance the health care of their employees when they retire, yet they have set aside almost no money to do it. Instead, they’re purchasing the health care on a pay-as-you-go basis as workers retire. With workers quitting earlier and living longer, governments suddenly find themselves with little room in current budgets and zero reserve funds. State governments owed nearly $700 billion in health-care promises to retirees, the Pew study estimated, but they had set aside only about 5 percent of that amount. The study found that only one state, Alaska, had paid in advance for more than 50 percent of its obligations. Even states with low levels of other debt had done little to finance retirees’ health-care benefits; Texas, for instance, had set aside just 1 percent of the funds. Similarly, a Pew study of 61 big American cities determined that they owed $126 billion in health-care promises and had paid for only 6 percent.
Consider Michigan, where crushing government retirement costs helped push Detroit into insolvency, leading to a state takeover of the city’s fiscal management. With Detroit’s debt crisis in view, Governor Rick Snyder commissioned a study of the level of health benefits promised retirees throughout Michigan. The study, the first of its kind, concluded that the state’s municipalities had put aside, on average, just 6 percent of what was necessary to finance their retirees’ health care; the remainder, some $12.7 billion, hadn’t been funded. The city of Lansing, for example, already devoted $20 million of its $150 million annual budget to retirees’ health care, the study observed; yet its unfunded liabilities were so great that to fund the debt properly each year, it would have to double property-tax rates. Many municipalities, the study added, had done little to control debt. More than half required no annual contribution from government workers to help fund their future health-care costs.
Earlier this year, a commission created by Chicago mayor Rahm Emanuel reported that that city’s health-care costs for retirees would rise from $109 million in the 2013 budget to $541 million in a decade. Chicago has since decided to drop its current health-insurance program and shift all retirees onto the health-insurance exchange being set up in Illinois under President Obama’s Affordable Care Act. That insurance will be cheaper because the federal government will subsidize the rates of the exchanges, basically getting taxpayers nationwide to pick up some of the cost for Chicago workers.
In some places, elected officials have promised benefits to workers without even a cursory effort to calculate what they might add up to. Before the California city of Stockton filed for bankruptcy last year, auditors listed “uncontrolled pension, health, and other benefit cost increases” as a big part of the city’s woes, including a whopping $400 million unfunded liability for retirees’ health care. “No one gave a thought to how it was going to eventually be paid for,” said a financial manager brought in to address the fiscal difficulties.
Stockton may be an extreme example, but after its bankruptcy, officials in other California municipalities began asking what their cities owed. Earlier this year, to take one example, Sacramento officials commissioned a study to measure their city’s debt. In what the Sacramento Bee reported as a “sobering” city council session, the city manager explained that Sacramento had racked up some $2 billion in obligations—a “big and scary” number, the manager said, for a city of 477,000 residents with an annual general-fund budget of just $366 million. Nearly half of that debt was retirement-related, including $440 million for retirees’ health care. To pay down the debt, the city estimated, it would have to put aside $43 million annually, or 12 percent of the general fund. City officials added that it wouldn’t be easy to solve the problem by firing workers, since Sacramento had already cut some 1,200 employees, or 20 percent of its workforce, in the last several years.
Illustrations by Sean Delonas
Estimates of state and municipal debt have been growing for another reason: more and more independent experts are exposing local governments’ faulty accounting standards. The Chicago-based Institute for Truth in Accounting observes that governments are balancing their budgets using “antiquated budgeting rules and accounting standards,” adding that “hundreds of billions of dollars of unfunded retirement systems’ liabilities are not reported on the face of states’ balance sheets.”
One problem, the group says, is that half of all states don’t bother to file their required annual financial reports on time. Local governments are guilty, too. Though the Securities and Exchange Commission (SEC) requires any government that issues municipal bonds to file a Comprehensive Annual Financial Report, a 2011 study by the California Debt and Investment Advisory Commission estimated that one in four Golden State local governments in that position failed to file the report on time—and one in ten never filed it at all, even though the SEC gives states and cities three times as long to file as it gives private companies. In May, the SEC cited Harrisburg, Pennsylvania, for failing to file reports for two years, even as the city collapsed into insolvency.
Another source of dispute involves the way states and cities calculate pension debt. For starters, they often use a nineteenth-century form of balance-sheet math known as cash-basis budgeting, in which you don’t report expenses until they’re paid. This approach lets local governments ignore costs, such as retirement obligations, that are building up today but aren’t payable for years to come.
Also, the loose accounting standards that states and cities use, recommended by the Governmental Accounting Standards Board, allows them to calculate pension debt using their own projected annual rate of return on the investments that they make, rather than a rate set by an independent body or by some preestablished formula. The higher the projected returns, the lower the pension debt appears to be; unsurprisingly, the projections tend to run high. The rules governing private pensions in the United States, as well as both private and government pension systems in Europe and Canada, are much more restrictive. Economists Aleksandar Andonov, Rob Bauer, and Martijn Cremers noted in a recent paper that corporate pensions in the United States, as well as private and government pension systems in Canada and Western Europe, had significantly lowered their investment projections as interest rates declined, reasoning correctly that lower rates made it harder to hit lofty investment goals. By contrast, government pension funds in the United States responded to lower interest rates by increasing risky investments and maintaining high projections of market returns (see “The Pension Fund That Ate California,” Winter 2013). In the United States, government funds projected gains of 8 percent, on average, the study found; government funds in Canada and in Europe projected returns of 6.7 percent and 3.6 percent, respectively, considering those targets more realistic.
Different projected returns can result in significantly different debt calculations. In 2011, the nonpartisan Congressional Budget Office pointed out that, according to states’ own accounting methods, their pension systems had $700 billion in unfunded debt. But if you used a lower, more plausible, rate of return, the CBO added, total unfunded pension debt was somewhere between $2 trillion and $3 trillion—and the amount has kept growing since then.
Some states have intentionally used the complexity of pension accounting to mislead taxpayers and investors. Over the last three years, the SEC has accused two states, New Jersey and Illinois, of making deceptive and fraudulent statements to potential investors about the health of their employee-pension funds. The SEC said that Illinois failed to tell investors both that its plan to bail out its troubled pension system wouldn’t actually achieve that goal and that the system was “structurally underfunded,” meaning that without further reform, it would fall still deeper into debt. Illinois also failed to report that it used a form of pension accounting that funds a larger percentage of an employee’s retirement costs near the end of his career, increasing the system’s risk of running out of money. In New Jersey’s case, the SEC disclosed that the state had neglected to tell investors that it wasn’t adhering to a financing plan that it had concocted to stabilize its pension system, creating a “fiscal illusion” that it could meet its financial requirements.
Eventually, such soft accounting slams into reality, and pension systems begin to miss investment projections. Governments then find themselves contributing more and more each year to keep the system afloat. New York City’s average pension contributions have risen from 6.1 percent of its budget in 2005 to 11.5 percent today, according to a recent paper by Manhattan Institute scholar Daniel DiSalvo. In 2005, pension payments consumed 43 percent of income-tax revenue; in 2013, “every penny in personal income tax we collect will go to cover our pension bill,” Mayor Michael Bloomberg recently complained. America’s second-largest city, Los Angeles, has seen its pension payments rise from 3 percent of its budget to 18 percent today. Atlanta’s pension payments increased from $43 million annually in 2002 to $144 million in 2010, consuming 19 percent of its budget, before the city finally initiated pension reforms that capped costs and began reducing debt.
Even as governments scramble to find ways of paying their existing obligations, taxpayers should demand fundamental reforms that will make state and local leaders more fiscally responsible going forward. An easy place to start would be a push for honest accounting and greater transparency. States and cities need to move away from cash-basis budgeting and adopt the accrual accounting that private corporations and the federal government use, in which future expenses are included in current reckonings, providing a clearer picture of long-term debt.
Taxpayers should also demand that states and cities produce timely financial reports. The SEC should slap governments and elected officials with harsher penalties for failing to file on time or at all. To date, the commission has mostly just required states to agree not to miss future deadlines. And reformers should strive to make state balanced-budget amendments rigorous again. Some states that have recently enacted pension reform, such as New Jersey, have written into law that the government must make its required annual pension contributions: a budget wouldn’t be considered “balanced” if officials ignored that requirement.
At the same time, states need to remove some of the discretion that retirement systems have to calculate pension obligations, including their discretion to predict future investment returns. Handing that task to an independent body or determining it with a formula—perhaps one linked to the movement of interest rates—would remove some of the political manipulation of retirement accounting. The ratings agency Moody’s and the Governmental Accounting Standards Board have each proposed new, more accurate, ways of calculating pension debt. But these new standards will have little effect unless states and cities respond to them by contributing more to their pension systems or by cutting benefits.
An even better way to make retirement plans more honest would be to replace defined-benefit plans with hybrid systems, as some states and cities have already done. Such systems start with a 401(k)-style defined-contribution plan featuring individual retirement accounts and then add either Social Security (in places where public workers receive it) or, in lieu of Social Security, a basic, inexpensive defined-benefit plan that pays a small monthly pension. Taxpayer obligations to workers are much clearer in defined-contribution plans, since the government must simply contribute a certain percentage of a worker’s salary into an account each year, eliminating the vexed question of whether it can afford to pay a defined pension many years down the road.
Reformers should also seek to get rid of the many loopholes that state legislators use to get around debt-limit rules. In particular, states should be banned from assuming debt through independent authorities or by direct appropriation of the legislature. Reform should also cap state-supported debt by tying it to some flexible measure of economic or revenue growth, such as state personal income, rather than just stating a dollar limit.
Reformers should strive, too, to end governments’ use of debt to balance budgets, perhaps by introducing a requirement that all taxpayer-supported debt be used for capital projects, such as schools, roads, and bridges. Such structures endure for decades, so it’s reasonable to ask future residents to contribute to their construction through debt payments. By contrast, bonds floated to close a particular year’s budget, pledging to the bondholders that they’ll be paid with future lottery, toll, or tobacco revenues, give today’s residents a benefit at future residents’ expense.
There’s no single cure for the debt crisis afflicting state and local governments. But unless taxpayers start pulling harder in that everlasting tug-of-war, they can expect to keep losing ground.