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sábado, 2 de setembro de 2023

O Brasil, uma Argentina em marcha lenta? - Armando Castelar Pinheiro, Paulo Roberto de Almeida

 Re-compartilhando a partir de postagem original de Dilson Sampaio da Fonseca, a quem agradeço a transcrição desta matéria. Permitam-me uma introdução um pouco sombria.

O Brasil, uma Argentina em marcha lenta?

Retiro dela uma única certeza, em várias dimensões e formatos, todos negativos; os gastos públicos vão continuar aumentando, a carga fiscal vai se agravar, a dívida pública tomará uma parte maior do PIB (e os juros das receitas tributárias), o crescimento vai diminuir, a renda vai estagnar ou até decrescer, com menos investimentos, menos emprego, mais desigualdes e conflitos distributivos, mais politicos populistas e irresponsáveis, mais inflação, mais pobreza, mais atraso.

Estou sendo pessimista?

Certamente, mas é o que me sinaliza o comportamento predatório dos politicos e dos mandarins do Estado,assim como a mediocridade intelectual de grande parte das oligarquias econômicas e dos dirigentes políticos. 

Ou seja, estou prevendo um constante declinio para o Brasil, com a agravante de que ele não é uma fatalidade, mas totalmente autoconstruîdo por nós mesmos, pelos políticos, pelos aristocratas do serviço publico, pela população em geral, que quer mais Estado, mais subsidios, mais salários e privilégios. Somos uma Argentina em marcha lenta, sem aquela soberba típica dos argentinos (que acredito bem mais diminuída hoje).

Dificilmente a tendência dos politicos, de direita e de esquerda, será pela contenção constitucional dos gastos públicos. Então, será o que está no meu titulo!

Desculpem a longa introdução, mas leiam o artigo de um professor realista.

Paulo Roberto de Almeida 

Escolhas de política econômica

Armando Castelar Pinheiro *

Valor Econômico, 1/09/2023

Faz todo sentido que se discuta estabelecer um teto para a carga tributária

Em artigo de 1992, intitulado “Law or Economics”, George Stigler observa que “enquanto a eficiência constitui-se no problema fundamental dos economistas, a justiça é a preocupação que norteia os homens do direito (...) é profunda a diferença” entre esses dois focos, o que “significa, basicamente, que o economista e o jurista vivem em mundos diferentes e falam diferentes línguas”.

O mesmo poderia ser dito, claro, em relação a economistas e políticos, estes mais focados na popularidade e no impacto eleitoral dos seus atos. Isso explica muito da frustração dos economistas por não emplacar reformas econômicas cujos benefícios lhes parecem claros. O que não significa que haja erro: em uma democracia os políticos procuram refletir, em suas escolhas, as preferências de seus eleitores, como deveria ser.

Por outro lado, isso também não elimina o custo de se escolherem políticas econômicas ineficientes, como bem mostra o baixo crescimento de nosso PIB per capita há tantas décadas, a despeito de todo nosso potencial. Ou o que acontece atualmente com a Argentina, onde as taxas de inflação e de pobreza sobem “a olhos vistos”.

Essa questão me veio à mente assistindo ao “talk show” ocorrido esta semana na cerimônia de entrega do prêmio Valor 1000, com os relatores da reforma tributária na Câmara e no Senado. Muito da conversa acabou girando em torno da necessidade de, no contexto da reforma, se colocar um teto para a carga tributária. Assim, segundo o senador Eduardo Braga, “entendemos como profundamente importante a limitação da carga tributária no texto constitucional”.

Essa é uma proposta relevante por pelo menos três fatores. Primeiro, pois, como lembrado no “talk show”, a experiência da reforma do PIS/Cofins mostrou que, na ausência de uma trava explícita, a promessa de não aumentar a carga corre o risco de não ser cumprida. Isso inclusive pela incerteza de se garantir que a arrecadação será a mesma, o que leva a se preferir errar para mais do que para menos na fixação das alíquotas.

Segundo, pois muito da negociação federativa em curso sobre a reforma tributária vem sendo equacionada abrindo-se as portas para aumentar outros tributos que não aqueles incidentes sobre o consumo, que são o objeto em si da reforma. Assim, a proposta aprovada na Câmara dá espaço para se elevar impostos como o IPTU, o IPVA e o ITCMD, além de criar a possibilidade de os Estados passarem a tributar produtos primários e semielaborados.

Terceiro, pois a política fiscal que está hoje colocada se baseia em um forte aumento da carga tributária, de forma a gerar superávits primários em um contexto de expansão real do gasto público. A previsão mediana do Prisma Fiscal de agosto é que o Governo Central feche este ano com déficit primário de 1% do PIB, que cairia para 0,8% do PIB em 2024. O resultado seria uma dívida bruta de 79% do PIB ao final de 2024, que, de acordo com o Boletim Focus, seguiria subindo nos anos seguintes.

Para estabilizar a relação dívida/PIB, dados o potencial crescimento da economia e a taxa neutra de juros, seria necessário gerar um superávit primário entre 2% e 2,5% do PIB: ou seja, 3% a 3,5% do PIB a mais do que se tem hoje. E, como o modelo atual de política econômica não prevê segurar o gasto público, que tende a continuar crescendo, esse resultado só seria possível via forte aumento da carga tributária, como vem se buscando fazer de variadas maneiras.

Há, porém, dois complicadores importantes. Um, que o cenário econômico, internacional e doméstico, tende a se complicar nos próximos anos. Lá fora, a tendência é que o PIB mundial cresça menos, mas ainda assim as pressões inflacionárias sigam fortes. Isso por conta de pressões vindas da desglobalização das cadeias de produção e da substituição do petróleo por fontes mais limpas de energia. Além disso, como também aqui dentro, o aumento do endividamento público e políticas fiscais mais expansionistas vão pressionar a taxa neutra de juros, como vimos ocorrer após o abandono do teto de gastos. No Brasil, também sentiremos o fim do bônus demográfico. Tudo isso pode fazer com que o superávit primário necessário para estabilizar a razão dívida/PIB seja ainda mais alto.

Outro complicador é que o Brasil já tem uma carga tributária muito alta, como apontado pelos participantes do “talk show”. Em 2022, segundo cálculos do Tesouro Nacional, essa atingiu 33,7% do PIB, basicamente o mesmo que a média da OCDE (34,1%), um patamar já muito elevado para um país emergente como o Brasil.

Aumentos adicionais da carga tributária vão reduzir ainda mais o nosso potencial de crescimento econômico. A maior tributação vai estimular a informalidade, gerar ineficiências diversas e afastar os investimentos. Menos crescimento significa menor geração de emprego e renda e renovadas pressões por mais gasto público.

Faz todo sentido, portanto, que se discuta estabelecer um teto para a carga tributária: nas palavras do senador Braga, “para dizer não ao Estado e assim...., protegendo, portanto, o contribuinte,... impor ao Estado a necessidade de rever os seus gastos”. Ir na direção oposta é optar por um modelo que vai gerar ainda menos crescimento e nos deixar ainda mais distantes de acabar com a pobreza no país.

*Armando Castelar Pinheiro é professor da FGV Direito Rio e do Instituto de Economia da UFRJ e pesquisador-associado do FGV Ibre

sexta-feira, 21 de julho de 2023

Reforma tributária e carga fiscal, no Brasil e no mundo - Ricardo Bergamini

 A reforma tributária aprovada é um conjunto vazio sem números, gráficos e tabelas (RICARDO BERGAMINI)

 

Prezados Senhores

 

Somente um país de transloucados seria capaz de ser contra ou a favor da reforma tributária aprovada pela câmara, tendo em vista o abaixo colocado:

 

1 – Não foi definida a taxa do IVA.

 

2- Não sabemos as regras para distribuição desses recursos entre os entes federativos.

 

3 – Somente nos próximos dez anos conheceremos essas informações.

 

4- O aprovado até o momento foi apenas para concorrer ao “OSCAR DE EFEITOS ESPECIAIS”.

 

5 – Após aprovação final desse esqueleto será iniciado o exaustivo debate sobre a reforma tributária. 

 

6 – Reforma tributária sem reforma administrativa é o mesmo que fé sem obras: é morta.

 

7 - Reformas não corrigem imoralidades reinantes no poder público, conforme abaixo:

 

- No Brasil sabemos que 47,21% da carga tributária são destinadas para apenas 13,5 milhões de servidores públicos (união, estados, municípios, civis e militares, ativos e inativos). 


Carga Tributária Brasileira (CTB) - COMPARAÇÃO INTERNACIONAL – Fonte ME

Base: Ano de 2020

 

As comparações dos valores de carga tributária nacional com as de outros países devem ser feitas com cuidado, pois algumas espécies tributárias existentes em um país podem não existir em outros. Um exemplo é a previdência, que em alguns países é privada, não fazendo parte da carga tributária. O gráfico abaixo apresenta, a título ilustrativo, uma comparação da carga tributária nacional com a de alguns países da OCDE para o ano de 2020.

 

Em 2020, a Dinamarca possuía a maior carga tributária (46,5% do PIB); a menor foi do Chile (19,3% do PIB); a média da OCDE foi de (33,5% do PIB), e o Brasil ficou abaixo da média da OCDE (31,5% do PIB).

 

É óbvio e ululante que apenas a apuração nominal do percentual da carga tributária em relação ao PIB de uma nação, não traduz a realidade dessa nação, haja vista que, devemos aprofundar os estudos para cada nação, a fim de apurar o retorno dessa carga tributária para a sociedade. No Brasil sabemos que 47,21% dessa carga tributária são destinadas para apenas 13,5 milhões de servidores públicos (união, estados, municípios, civis e militares, ativos e inativos). 



quarta-feira, 18 de maio de 2022

terça-feira, 21 de julho de 2020

CPMF é um tributo injusto, imoral, criminoso e cretino - Ricardo Bergamini

Ricardo Bergamini não deixa pedra sobre pedra. Mas tem inteiramente razão.
Eu corrigiria o termo final da frase de Gudin (dos anos 1950, provavelmente) e colocaria, em lugar de homens, ESTADISTAS.
E tampouco falaria em "custo Brasil", o que é muito vago.
O que existe é um CUSTO DO ESTADO BRASILEIRO, com sua horda de sugadores oficiais e semioficiais, o estamento burocrático e os rentistas de todos os setores.
Paulo Roberto de Almeida

Prezados Senhores
A proposta indecorosa do picareta Paulo Guedes da volta do CPMF, indubitavelmente, é a confissão do fracasso da sua proposta econômica de vender a ilusão do sonho do futuro com reformas, sem saber o que fazer com o presente.
CPMF é um tributo injusto, imoral, criminoso e cretino, que se apresenta com uma alíquota baixa (no caso atual 0,20%, a mesma alíquota antiga, posteriormente migrou para 0,38%). 
Esse aparente insignificante tributo, devido ao seu efeito multiplicador de cobranças se transformou no período de sua existência, em um aumento de carga de tributária de 1,5% do PIB ao ano.
Concordo que o Brasil não vai sair desse atual atoleiro, sem aumento de arrecadação, conforme minhas sugestões de base de tributação abaixo:
Fontes de Recursos para bancar a crise do coronavirus, sem aumento da dívida.
Ricardo Bergamini
Sem entrar no mérito da doença, mas apenas nos prejuízos causados, usando como base as orientações do pensamento liberal que prega a liberdade, igualdade, fraternidade e soberania dos povos, da mesma forma que a pregação de Jesus Cristo, abaixo as minhas modestas contribuições de fontes de recursos para pagar os prejuízos causados pelo coronovirus, de uma forma cristã: 
Tirando dos 10% que detêm 42,9% da renda, o governo teria em torno de R$ 861,3 bilhões para bancar a crise do coronavirus, mas na realidade vai estourar na mão dos 10% que detêm 0,8% da massa salarial. Quem no Brasil está interessado nessas bobagens?
1 – A aberração do Contencioso do Tesouro Nacional a Receber – Fonte ME.

Em 2019 o Tesouro Nacional tinha um contencioso a receber da ordem de R$ 2.436,1 bilhões (tributários não previdenciários - R$ 1.776,4 bilhões; tributários previdenciários – R$ 543,1 bilhões; não tributários – R$ 5,4 bilhões; FGTS – R$ 21,2 bilhões).

Fontes de Recursos: Fazer um esforço para receber, pelo menos, 10% do total que daria R$ 243,6 bilhões. 

2 - A aberração da renúncia fiscal – Fonte ME.
Em 2006 o governo federal renunciou a R$ 65,4 bilhões (2,80% do PIB) em tributos, e em 2020, segundo previsão orçamentária, vai renunciar a R$ 320,8 bilhões (4,25% do PIB). Crescimento de bondades e caridades aos amigos e aliados da ordem de 51,79% em relação ao PIB.
Fontes de Recursos: cortar 30% dessa aberração econômica, ou seja: R$ 96,2 bilhões.
3 - A aberração da concentração de renda entre os indivíduos – Fonte IBGE.

A massa de rendimento médio mensal real domiciliar per capita, que era de R$ 264,9 bilhões em 2017, alcançou R$ 277,7 bilhões em 2018. Os 10% da população com os menores rendimentos detinham 0,8% da massa, enquanto que os 10% com os maiores rendimentos concentravam 43,1%.

4 - CAPITAIS BRASILEIROS NO EXTERIOR (CBE) – FONTE BCB

Os dados coletados no CBE ano-base 2018 foram compilados e incorporados às estatísticas da PII. Em 2018, a posição total de ativos brasileiros no exterior atingiu US$ 493,2 bilhões. 
Em 2018 existiam 58.597 investidores pessoas físicas, representado investimentos de US$ 171,5 bilhões e 4.867 investidores pessoas jurídicas, representando investimentos de US$ 321,7 bilhões. 
Fontes de Recursos: taxar em uma única vez em 10% o montante acima, ou seja: US$ 49,3 bilhões = R$ 258,3 bilhões.
5 - A aberração da orgia de gastos com pessoal no Brasil - Fonte ME.
Um grupo de trabalhadores de primeira classe (servidores públicos) composto por 12,6 milhões de brasileiros (ativos, inativos, civis e militares) que representam apenas 6,35% da população brasileira, sendo 2,2 milhões federais, 4,0 milhões estaduais e 6,4 milhões de municipais gastaram R$ 1.129,0 bilhões em 2018 correspondentes a 16,53% do PIB. Esse percentual representou 49,70% da carga tributária que foi de 33,26% do PIB em 2018.

Fontes de Recursos: Taxar em uma única vez em 10% dos gastos com pessoal, ou seja: R$ 112,9 bilhões. Que poderia ser cobrado de forma progressiva, paga mais, quem ganha mais. Garanto que nenhum funcionário pediria demissão.

6 - Extinções imediatas dos cargos de assessores parlamentares (não concursados) – Fonte projeção pessoal.

São amigos, parentes e aliados dos políticos, não são concursados, não têm direitos adquiridos, não têm estabilidade de emprego, não é garantido pelas cláusulas pétreas da Constituição, além de representarem um contingente correspondente a três vezes o efetivo ativo das FFAA com 381.830 militares.   

Fontes de Recursos: extinção imediata desses parasitas, que considerando um salário médio de R$ 8.000,00 mensais, daria uma economia permanente em torno de R$ 113,3 bilhões ao ano.

7 – Extinções dos cartões corporativos – Fonte ME.
O escândalo dos cartões corporativos é uma crise política no governo do Brasil iniciada em 2008 após denúncias sobre gastos irregulares no uso de cartões corporativos. Os cartões foram instituídos em 2001, mas só entraram em funcionamento no ano seguinte para uma maior transparência e rapidez em gastos emergenciais. O problema dos cartões corporativos é estrutural, pois o sistema que deveria ser usado para despesas pequenas e urgentes vem sendo usando para dispensar licitações e dar mimos aos governistas.
Fonte de Recursos: muitas dificuldades em se apurar, mesmo após decisão do STF que obriga a liberdade de acesso à informação.
8 – Extinções imediatas das 157 estatais com controle indireto da União, já que não necessitam da aprovação do Congresso Nacional – Fonte ME.  
- São 203 empresas estatais federais, sendo 46 com controle direto da União (18 dependentes exclusivas do tesouro nacional, e 28 não dependentes do tesouro nacional), e 157 com controle indireto (112 subsidiárias no Brasil, e 45 subsidiárias no exterior.
Fontes de Recursos: Em 2019 o tesouro jogou nas lixeiras das estatais o montante de R$ 36,0 bilhões. Em período de economia de guerra compensaria doar essas lixeiras para os seus funcionários adminstrarem, sem nenhum socorro do goverrno. Duvido que eles aceitariam. 
 9 – Extinções imediatas das imoralidades de gastos com ex- presidentes da república – Fonte ME. 
Presidentes brasileiros que deixam o cargo não recebem pensão ou qualquer tipo de remuneração direta. Mas o que lhes é oferecido chega a custar o equivalente a R$ 12 mil por dia aos contribuintes.

Trata-se de gastos com até oito servidores comissionados (motoristas, seguranças, apoio pessoal e assessoramento) a que cada um tem direito. 

A União paga os salários, passagens e diárias em casos de viagens para acompanhar o ex-mandatário. Além disso, cada ex-presidente tem à disposição dois carros e o pagamento das despesas de combustível.

Essas garantias foram concedidas por meio da Lei 7.474/86 e pelo decreto 6.381/2008. 

Fontes de Recursos: fim dessa orgia com custo ano de R$ 4,6 milhões.

10 – Extinção imediata da orgia reinante no palácio do planalto cujo morador, guardião da moral e da ética da humanidade, ainda não conseguiu ver.

Fontes de Recursos: considerando que somente com pessoal se gaste R$ 160,0 milhões por ano, mais o custo de compra e manutenção de 102 automóveis, acredito em gastos em torno de R$ 1,0 bilhão ano.

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Estado no Brasil: grande demais, segundo estudo - Luan Sperandio (Gazeta do Povo)

Estudo defende que “Estado mínimo” é o ideal para o Brasil

Estudo aponta que carga tributária ideal para o Brasil seria cinco pontos percentuais menor do que a atual.
Luan Sperandio, especial para a Gazeta do Povo, 20/06/2019
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O tamanho ideal do Estado é algo subjetivo e que varia de acordo com a ideologia de cada indivíduo. Há, por exemplo, quem considere o Estado brasileiro já “mínimo”, no sentido de que ele é pouco eficiente na prestação de serviços básicos. Outros grupos e indivíduos defendem uma redução maior no escopo de atuação da administração pública. Eles entendem que a eficiência aumentará na medida em que houver maior espaço da iniciativa privada.
A maior parte dos teóricos políticos e econômicos defende a necessidade de alguma forma de governo para garantir a propriedade privada, o cumprimento dos contratos, a oferta de bens públicos e para a realização de algumas políticas públicas. Eles entendem que a ação do governo pode gerar externalidades positivas para a sociedade. Mas eles também reconhecem que existe uma enorme tendência de os governos serem ineficientes, corruptos e, em última análise, gerarem um impacto negativo na atividade econômica produtiva.
Fora do mundo político e ideológico, a literatura científica possui parâmetros objetivos para delimitar o tamanho do Estado e qual seria o ponto de maior equilíbrio entre carga tributária e o desenvolvimento econômico. Inicialmente, a métrica para analisar o tamanho estatal se dá a partir do nível de despesa governamental em relação ao PIB.
A chamada Curva de Armey reflete a relação entre gasto público e atividade econômica. A metodologia considera que há uma associação positiva entre gasto público e crescimento econômico até determinado nível de despesa pública. Nesse caso, um governo limitado e com uma carga tributária limitada é benéfico para o desenvolvimento econômico e o bem-estar. Dessa forma, no início, a existência de um governo pode ser positiva para o desenvolvimento econômico. É o que se convencionou chamar de “carga tributária ótima”.
A partir de determinado limite, contudo, com um gasto público mais elevado e, portanto, drenando mais recursos da sociedade por meio da tributação, a atuação do Estado passa a ser ineficiente, prejudicando o desenvolvimento econômico.

Estado no Brasil é grande demais, segundo estudo

Com base nesses pressupostos, um estudo publicado na Economic Analysis of Law Review — principal revista de análise econômica do direito do país — analisou qual seria a carga tributária ótima brasileira. Os pesquisadores Cláudio Shikida, Andre Carraro, Rodrigo Nobre Fernandez, Ari Francisco de Araujo Jr. buscaram verificar a relação entre gasto governamental e crescimento econômico no Brasil.
A análise econométrica indicou que a carga tributária ótima seria de 28,38%. no equilíbrio de longo prazo. Nesse caso, a servidão ao Estado seria de 104 dias (do réveillon até 14 de abril de cada ano). O valor destoa em muito da carga tributária brasileira verificada em 2013, calculada em 33,74% (um cenário em que a servidão se arrasta até o dia 3 de maio).
Assim, o “tamanho ótimo do governo” brasileiro seria alcançado com uma redução arrecadatória de aproximadamente R$ 260 bilhões de reais naquele ano.
Para efeito de comparação, em 2018, o brasileiro só começou a trabalhar para si depois de 153 dias, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação. Isto é, o tamanho do Estado aumentou desde o ano em que o estudo foi feito. Segundo estudo da OCDE de 2016, apenas Cuba, com 41,7% de impostos sobre o PIB, supera a carga tributária brasileira na América Latina.
Ainda segundo o estudo, a carga tributária observada no início dos anos 1990 seria mais próxima do valor de carga tributária ótima. Ocorre que, a partir da segunda metade dos anos 1990, a sanha arrecadatória do fisco ultrapassou o nível ótimo e gradualmente se aproximou de um terço de toda a produção nacional.

O que daria para fazer com o “Estado Ótimo brasileiro”?

Os 28% de gastos em relação ao PIB corresponderiam, segundo os pesquisadores, a uma estrutura que comportaria basicamente os ministérios da Saúde, Educação, Justiça, Previdência Social, Defesa, Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Dessa forma, o Estado Ótimo brasileiro se aproximaria das ideias do intelectual escocês Adam Smith, mas acrescido de um aparato de Estado de bem-estar social enxuto. O “pai da Ciência Econômica” defendia uma atuação estatal restrita ao provimento de educação, defesa e segurança e de um sistema de justiça.

Apesar de grande, Estado brasileiro não prioriza mais pobres

A despeito de os 10% mais pobres pagarem proporcionalmente 44,5% mais impostos do que os 10% mais ricos, grande parte das políticas sociais financiadas com esse dinheiro não beneficia os brasileiros de menor renda. Um levantamento do Banco Mundial estimou que o Brasil gasta apenas 12,1% do PIB com os 40% mais pobres. Ou seja, há um benefício desproporcional aos mais ricos.
Há, portanto, diversas ações patrocinadas pelo Estado brasileiro que, embora vendidas por burocratas como “sociais”, resultam em aumento da concentração de renda. Segundo um estudo do Ipea, um terço da desigualdade nacional se dá em virtude da atuação da administração pública.

Brasileiros preferem estado intervencionista

O tamanho do governo é definido basicamente por três aspectos: econômico, político e ideológico. A depender de cada sociedade e de seus fatores de influência, eles podem fazer com que a arrecadação tributária fique distante do que a literatura considera ser um nível ótimo em termos de bem-estar.
De acordo com uma pesquisa de 2018, realizada pelo Instituto da Democracia e da Democratização da Comunicação, para o brasileiro a economia deve ser regulada mais pelo Estado do que pelo mercado. Os entrevistados disseram ainda que as principais empresas devem pertencer ao Estado, considerado o principal agente de redução de desigualdades e de provimento de serviços básicos.

terça-feira, 29 de março de 2016

Carga fiscal e estrutura tributaria na America Latina - blog do Jose Roberto Afonso

Todo um boletim dedicado à questão da tributação na América Latina, onde se pode ver que o Brasil é um país claramente disfuncional na região, com uma carga fiscal equivalente à dos países ricos (OCDE), com uma renda per capita cinco ou seis vezes menor.
Paulo Roberto de Almeida

Carga Tributária Brasil (Afonso & Castro)
Carga tributária en Brasil: Redimensionar y repensada por José R. Afonso y Kleber P. de Castro publicado por CIAT (3/2016). "...El propósito de este artículo es revisar la evolución y la composición de la carga tributaria en el país, incluyendo la re-lectura de sus nuevos indicadores...La estructura de recaudación permaneció marcada por la mala calidad, con impuestos regresivos e ineficientes." La versión original se encuentra en el siguiente enlace y adjunta la versión en portugués.
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Estadísticas Tributarias (CIAT et al.)
Estadísticas Tributarias en América Latina y el Caribe publicación elaborada conjuntamente por CIAT, la CEPAL, el BID y la OCDE (2016). "Una sólida serie de datos comparativos es crucial para facilitar el diálogo de política fiscal y la evaluación de reformas fiscales alternativas. El trabajo estadístico presentado en este sitio web tiene como objetivo proporcionar datos comparables a nivel internacional..."
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Fiscal Policy & Income Redistribution (Lustig)
Fiscal policy and income redistribution in Latin America: Argentina, Bolivia, Brazil, Chile, Colombia, Costa Rica, Ecuador, El Salvador, Guatemala, Honduras, Mexico, Peru and Uruguay by Nora Lusting, CEPAL (3/2016). "Education spending per person tends to decline with income ("pro-poor") or be the same across the income distribution. Middle-classes opting out? Tertiary education spending is equalizing except for El Salvador and Guatemala..."
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Receita Tributária ALC (CEPAL)
América Latina e o Caribe: A receita tributária tem ligeiro crescimento, mas permanece bem abaixo dos níveis da OCDE publicado por CEPAL (3/2016). "Embora a carga tributária esteja aumentando em toda a região da ALC, o relatório destaca que a média de 21,7% ainda está bem abaixo na média correspondente da OECD, de 34,4% em 2014."
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Tributação da Renda (Almeida)
Tributação internacional da renda: A competitividade brasileira à luz das ordens tributária e econômica do autor Carlos Otávio Ferreira de Almeida indicado por Aloísio Almeida."Sistemas tributários complexos ou contraditórios certamente não contribuem para a atratividade do capital. Incentivos fiscais podem ser pífios, caso não venham acompanhados por alguma coerência do sistema tributário na mesma direção. Assim é que no Capítulo IV, o leitor encontra método original para a análise de coerência e legitimidade de mecanismos de que se utiliza o Imposto sobre a Renda no Brasil, em que Carlos Otávio traz alerta precioso para falhas que estes apresentam..."
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terça-feira, 12 de agosto de 2014

Tributacao extorsiva: nao querem reduzir, apenas retirar o bode burocratico

Assim é facil: junta tudo em dois super-impostos e só reduz o número de operações e de contadores, mas o tamanho da facada permanece igual.
E ainda chamam isso de reforma tributária?
Paulo Roberto de Almeida 

Projeto prevê simplificação tributária em quatro anos

Proposta do Movimento Brasil Eficiente, apresentada aos candidatos, pretende transformar 7 tributos em 2
Ninguém duvida que o sistema de cobrança de impostos no Brasil é confuso e oneroso, mas as propostas para destravá-lo pareciam tão complexas quanto o problema e nunca avançaram. O Movimento Brasil Eficiente (MBE), que reúne entidades empresariais e especialistas em contas públicas, formulou um plano de simplificação tributária para ser cumprido em quatro anos. A proposta já foi entregue aos candidatos à presidência, que têm demonstrado interesse em enfrentar o problema a partir de 2015.
Nas palavras de Paulo Rabello de Castro, coordenador do MBE, as medidas são simples e objetivas: “Mas são tão transformadoras que podem ser consideradas um Plano Real dos Impostos”, diz. A meta é unificar 7 impostos e contribuições que formam a espinha dorsal da arrecadação brasileira e reagrupá-los em apenas 2 tributos.
Um deles foi batizado de Novo Imposto de Renda. Ele seria formado pela união de seis contribuições e impostos: o próprio IR, mais o IPI, a contribuição sobre folha de pagamento, a Cofins, o PIS e a CSLL (entenda cada tributo no quadro acima).
O segundo tributo seria o ICMS Nacional. Ele teria uma única alíquota, uma única regra e a sua arrecadação seria dividida entre União, Estados e municípios. Hoje, a cobrança do ICMS varia de Estado para Estado e ele não é compartilhado com a União.
Solução – O ICMS sempre foi um complicador. Sozinho, já emperrou muitas tentativas de reforma. Governadores e prefeitos, que partilham de seus ganhos, temem que qualquer mudança leve à perda na arrecadação. “O grande diferencial da proposta atual é que nenhum ente da federação – União, Estados ou municípios – ganharia ou perderia arrecadação”, diz Rabello. “A arrecadação se manteria, sem que houvesse sequer a necessidade de se criar um fundo para compensar eventuais perdas.”
A “mágica”, explica Rabello, estaria em redistribuir os atuais tributos. Cada Estado e município adotaria uma Unidade Real de Valor – uma espécie de URV Fiscal – para fazer transição de um modelo para outro. Ela indicaria o porcentual de participação no total da arrecadação – e a participação seria mantida com o redirecionamento dos impostos. Exemplo: as contribuições sociais, que hoje são exclusivas do caixa da União, passariam a ser compartilhadas.
Redução de custos - Segundo Rabello, ao final dos quatro anos, não haveria alteração na carga tributária – o contribuinte continuaria pagando o mesmo volume de impostos. No entanto, haveria aumento na eficiência e queda nos custos com o pessoal e a gestão da burocracia exigida pelo fisco. Estima-se que, ao final, a economia para setor privado equivaleria a 2% do PIB. No longo prazo, porém, a simplificação abriria espaço para que, efetivamente, se cobrasse menos impostos. A carga tributária, hoje acima de 36% do PIB, poderia cair a 30% do PIB até 2022, diz Rabello.
Fonte: O Estado de S. Paulo

sábado, 12 de abril de 2014

Por que a Europa esta' em crise? Por isto mesmo: impostos muito elevados...

Off the Charts: Total Taxes on Wages Are Rising
The Organization for Economic Cooperation and Development reports that the average tax on wage income is climbing in many countries.

Total Taxes on Wages Are Rising


AFTER the financial crisis, many countries cut taxes to stimulate their economies. But since 2010, with concerns about government debt rising, the trend has gone the other way.
The Organization for Economic Cooperation and Development, a group of 34 countries that includes all major developed nations, on Friday released its annual Taxing Wages report, looking at how its member countries tax wage income. It found that average tax rates, which fell from 2007 through 2010, have since rebounded almost to 2007 levels.
The rates shown in the accompanying chart are the O.E.C.D. estimates for the taxes that would be levied on an unmarried person who earned the average 2013 wage in the private sector in the country. You should note that the percentage figures are not based on the salary, but on the total cost of the employee to the employer, including corporate payments of payroll taxes, like Social Security taxes in the United States.
The United States has a total 2013 tax burden — called a tax wedge by the O.E.C.D. — of 31.3 percent of total compensation, the study estimated. That was up from 30.4 percent in 2012, an increase largely caused by the end of the American government’s temporary reduction in Social Security tax rates. That left the United States with total wage taxes well below most of the other countries. The O.E.C.D. average was 36 percent.
Other nations with substantial increases last year were Portugal, where tax rates rose as the government followed a European-mandated austerity policy aimed at cutting budget deficits, and the Slovak Republic, which raised employer payroll taxes.
The O.E.C.D. said it thought countries should be changing their tax laws to encourage economic growth. “More needs to be done to shift the burden from labor to other types of taxes,” said Bert Brys, a senior tax economist at the organization’s Center for Tax Policy and Administration. He said environmental taxes and national sales taxes could be raised while taxes on wages were reduced, and he suggested that higher taxes on housing might be called for, partly to ward off new property price bubbles.

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Taxes Creep Higher

As Americans face the deadline for income tax payments next week, the Organization for Economic Cooperation and Development released its estimate of the total tax “wedge,” as they call it, for a single person earning the average salary in the private sector in each country. The percentages are of the total cost of employment, including both wages and payroll taxes paid by employers.

All O.E.C.D. countries
(Percentage of total labor costs to the employer)
TOTAL TAX “WEDGE”
CHANGE IN
TOTAL TAX
“WEDGE”
2010-13
TOTAL
2013 TAX
“WEDGE”
INCOME TAX
PAYROLL TAXES
EMPLOYEE
EMPLOYEE
EMPLOYER
Belgium
55.8

%
0.1
%
22.0

%
10.8

%
23.0

%
Germany
49.3

+
0.3

16.0

17.1

16.2

Austria
49.1

+
0.9

12.6

14.0

22.6

Hungary
49.0

+
2.4

12.5

14.4

22.2

France
48.9

1.0
10.4

9.8

28.7

Italy
47.8

+
0.6

16.3

7.2

24.3

Finland
43.1

+
0.8

18.4

6.2

18.6

Sweden
42.9

+
0.2

13.7

5.3

23.9

Czech Rep.
42.4

+
0.2

8.8

8.2

25.4

Slovenia
42.3

0.2
9.4

19.0

13.9

Greece
41.6

+
1.5

7.1

12.9

21.5

Portugal
41.1

+
4.0

13.1

8.9

19.2

Slovak Rep.
41.1

+
3.2

7.1

10.2

23.8

Spain
40.7

+
0.9

12.8

4.9

23.0

Estonia
39.9

0.2
13.0

1.5

25.4

Turkey
38.6

+
0.8

11.6

12.9

14.2

Denmark
38.2

0.1
35.8

2.7

Norway
37.3

+
0.0

18.9

6.9

11.5

Luxembourg
37.0

+
2.7

15.1

11.0

11.0

Netherlands
36.9

1.2
14.3

14.2

8.4

36.0

+
0.9

13.2

8.3

14.5

O.E.C.D. AVERAGE
Poland
35.6

+
1.4

5.9

15.3

14.4

Iceland
33.4

+
0.1

25.9

0.4

7.1

Japan
31.6

+
1.4

6.7

12.2

12.8

Britain
31.5

1.1
13.3

8.5

9.8

United States
31.3

+
0.9

15.4

7.0

8.9

Canada
31.1

+
0.6

13.7

6.6

10.8

Australia
27.4

+
0.6

21.8

5.6

Ireland
26.6

+
0.8

13.3

3.6

9.7

Switzerland
22.0

0.1
10.2

5.9

5.9

South Korea
21.4

+
1.3

4.6

7.5

9.3

Israel
20.7

0.1
8.4

7.5

4.8

Mexico
19.2

+
3.7

7.5

1.2

10.5

New Zealand
16.9

0.1
16.9

Chile
7.0
+
0.0
7.0