O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 21 de julho de 2013

O fracasso da "matriz economica" do governo - Editorial O Globo

ECONOMIA
Editorial O Globo, 20/07/2013

A prévia da inflação de julho, dada pelo IPCA-15, foi de 0,07% contra 0,38% em junho. Confirma-se, assim, a esperada diminuição da pressão inflacionária neste início de segundo semestre. Em bases anualizadas, o IPCA volta a ficar abaixo do teto da meta (6,5%) — o que não significa que ele esteja “dentro da meta”, na verdade, de 4,5%, com dois pontos percentuais a mais ou a menos.
Desanuvia-se um pouco o cenário econômico, dentro de sua mediocridade. O ministro Guido Mantega acha que a economia poderá crescer este ano entre 2,5% e 3%. Como ministro da Fazenda é um otimista profissional, chegar aos 2,5% será um resultado muito bom, depois do 0,9% de 2012.
O front inflacionário, por sua vez, continua insolúvel, até onde a vista alcança. Na melhor hipótese, fechará o ano nas redondezas dos 6%, talvez um pouco abaixo, se tudo der certo, e não será muito diferente em 2014, quando a presidente Dilma encerrará o mandato sem ter alcançado a meta de 4,5% — já elevada, até para os padrões de economias emergentes.
E há problemas pela frente, devido à contenção artificial de preços administrados — combustíveis, tarifas de transportes, por exemplo. Um dia, mostra a própria experiência brasileira, estes preços terão de ser descomprimidos, por razões fiscais. Com um óbvio efeito na inflação.
No plano das contas externas, há a ameaça de um déficit comercial, o primeiro desde 2000. Existem, por trás desta previsão — impensável há pouco tempo —, efeitos da queda de cotações de commodities, provocada pelo desaquecimento chinês, e da incapacidade brasileira de, por meio da redução consistente do “custo Brasil”, dotar a economia de capacidade de competição em outros segmentos, além das matérias-primas. Ao contrário, a reação tem sido o protecionismo defensivista. Não se irá a qualquer lugar por esta rota — como também mostra a história da economia brasileira, rica em experimentos heterodoxos fracassados.
Todo este quadro pouco animador deriva de um meticuloso projeto — hoje visivelmente fracassado — de desmontagem da política do “tripé” — câmbio flutuante, metas rígidas de inflação e de superávit primário —, substituído por uma “nova matriz econômica”. Sem que esta mudança fosse assumida formalmente.
A operação-desmonte do “tripé”, iniciada a partir do final do primeiro mandato de Lula, foi acelerada com Dilma na Presidência: queda de juros, sem maiores cuidados com a inflação e gastos públicos.
O BC foi hábil em aproveitar o agravamento da crise europeia e cortar a Selic. Os exageros nos gastos e o turbinamento excessivo no consumo, somados ao desestímulo ao investidor privado devido a um intervencionismo preocupante do governo, produziram a atual conjuntura de baixo crescimento, inflação alta, escassos investimentos e pouco dinamismo exportador.

O BC já começou a agir na luta contra a inflação. Falta o resto.

sábado, 20 de julho de 2013

Asilo diplomatico: algumas licoes de direito internacional e de observancia dos tratados

REYNALDO ROCHA
Blog de Augusto Nunes, 20/07/2013

O que vem a ser asilo diplomático? Mais que um “favor”, é um instrumento de defesa dos direitos individuais de caráter universal. É concedido para quem, em seu próprio país, se sinta ameaçado pelo estado, por divergências de ideologia ou qualquer escolha de fundo cultural ou de opinião. Serve para o perseguido pela opção sexual, pela cor, pelo credo ou por opiniões políticas. Não pode ser concedido a quem cometeu crimes capitulados pelas leis penais do país do solicitante. E não pode ser negado sem razões que não possam ser explicadas e abrigadas nos tratados.

Brasil e Bolívia são signatários da Convenção de Caracas, de 28 de março de 1954. O Brasil ratificou a Convenção em 1957! Em 1965, A Convenção sobre Asilo Territorial foi ratificada pelo Brasil. A Bolívia também, por livre escolha, se obriga a estes diplomas legais.
E o que diz o artigo V da Convenção? 
“O asilo só poderá ser concedido em casos de urgência e pelo tempo estritamente indispensável para que o asilado deixe o país com as garantias concedidas pelo governo do Estado territorial, a fim de não correrem perigo sua vida, sua liberdade ou sua integridade pessoal, ou para que de outra maneira o asilado seja posto em segurança.”
Tal norma se conjuga com o artigo III: 
“Não é lícito conceder asilo a pessoas que, na ocasião em que o solicitem, tenham sido acusadas de delitos comuns, processadas ou condenadas por esse motivo pelos tribunais ordinários competentes, sem haverem cumprido as penas respectivas; nem a desertores das forças de terra, mar e ar, salvo quando os fatos que motivarem o pedido de asilo, seja qual for o caso, apresentem claramente caráter político.”

O Brasil concedeu o asilo!
Quais dos artigos foram desrespeitados pelo Brasil nesta concessão? NENHUM! Seria uma ignomínia NEGAR o asilo solicitado. Pouco ─ ou nada ─ restava ao Brasil a não ser seguir o tratado do qual é signatário. Mesmo a contragosto. E note-se que o asilo é concedido em caráter de URGÊNCIA (art. V) quando a LIBERDADE do solicitante estiver em risco, e no tempo ESTRITAMENTE necessário para que o mesmo deixe o país. Um ano e meio de “prisão” na Embaixada do Brasil em La Paz é URGÊNCIA? Seria o tempo estritamente necessário?
E para que serve o salvo-conduto? “Salvo-conduto é um documento emitido por autoridades de um Estado que permite a seu portador transitar por um determinado território. O trânsito pode ocorrer de forma livre ou sob escolta policial ou militar.” Mais simples e claro, impossível.

Resumindo: o caso do senador boliviano Roger Pinto Molina é um DESRESPEITO ao Direito Internacional, aos tratados internacionais e ao Brasil. Só não é maior ao país concedente do asilo porque tudo leva a crer que o Brasil está de acordo com a tirania de Evo Morales.
Como sempre, o enfant terrible do bolivarianismo, o índio de boutique, o presidente que gosta de posar com colar de coca no pescoço, sabe afrontar o lulopetismo, com os megalonanicos ministros e os patriotas sem pátria, a mando de imperadores e rainhas. Não é possível ─ muito menos aceitável ─ que um país soberano conceda um asilo diplomático a um cidadão de outro país (nação amiga!) e o governo deste último ameace prender o asilado assim que puser os pés fora da embaixada. Este é o cenário real. O senador oposicionista Roger Pinto Molina ─ que denunciou o conluio do governo Morales com traficantes de cocaína, se dispondo a apresentar provas, cujas denúncias NUNCA foram minimamente investigadas ─ obteve o direito de ser asilado!
E o governo boliviano “aceitou” o asilo: na embaixada! (Nenhum país pode IGNORAR e DESRESPEITAR a concessão de asilo dado por um terceiro país! Até o chileno PINOCHET respeitou o asilo concedido a milhares de cidadãos que conseguiram entrar nas embaixadas em busca de socorro). Se ousar ir até o aeroporto, será preso.
E o governo brasileiro mantém o silêncio ensurdecedor! É vergonhoso para o Brasil decente. Humilhante para os brasileiros que acreditam na Justiça.

Temos no Brasil um terrorista assassino italiano que agora foi condenado por falsificação de documentos nacionais. E demos asilo de “mentirinha” a alguém que, desafiando o bolivarianismo-cocaleiro, se dispõe a PROVAR que Evo e quadrilha estão envolvidos com o tráfico internacional de drogas.
O primeiro está livre, passeando pelas nossas praias. O segundo vê a rua pelas frestas das persianas da embaixada da Bolívia.
Este é o retrato FIEL do que o lulopetismo entende como diplomacia, política internacional, direito internacional e Justiça.

E a prova de que Evo, a lhama indócil, tem sobre o governo brasileiro o poder que sempre demonstra ter.
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Justificativa boliviana: (ah bom!)

Jornal Opinión (Bolívia), 19/07/2013

Gobierno dice que resolución del Mercosur no obliga a Bolivia a viabilizar asilo de Pinto

 

La ministra de Comunicación, Amanda Dávila, aclaró el jueves que la declaración que aprobaron los Estados integrantes del Mercado Común del Sur (Mercosur), la semana pasada en Montevideo, no obliga al Gobierno boliviano a viabilizar el asilo de personas implicadas en delitos comunes, como el caso del senador opositor Roger Pinto, refugiado hace más de 13 meses en la Embajada de Brasil en La Paz.

 

Ese acuerdo estipula que los países del Mercosur no pueden negarse a otorgar asilo político o bloquear el cumplimiento de ese beneficio y “nosotros también vamos a respetar esa resolución”, afirmó.

 

No obstante, Dávila dejó en claro que la normativa internacional vigente, también en el Mercosur, establece que no se puede conceder asilo a aquellas personas que han cometido delitos comunes y de lesa humanidad.

 

“El caso del señor Pinto, lamentablemente, entra dentro de este tema de delitos y procesos en justicia ordinaria, esa es la situación y el Brasil también sabe de esto”, argumentó.

 

“Esperamos, como Gobierno, que el señor Pinto pueda presentar todos sus descargos en los estrados judiciales, pese a que tiene ya una sentencia, tiene la posibilidad de apelar, de defenderse para que pueda salir de este proceso en el cual está involucrado y que impide a las autoridades firmar el salvoconducto que necesitaría para asilarse en el Brasil”, dijo.

 

Roger Pinto enfrenta procesos ante la justicia boliviana acusado por supuesta corrupción pública.

 

El expresidente de la República, Jorge "Tuto" Quiroga reclamó al Gobierno de Morales por no dar pleno cumplimiento a la resolución que se aprobó en el Mercosur, en relación al asilo que Bolivia y otros países latinoamericanos dieron al exagente de la CIA Edward Snowden, documento, que en su criterio, también debe amparar al senador de oposición Roger Pinto.

Amorim: oposição brasileira à Alca mudou agenda da América do Sul

Mudou, sim, claro que mudou. Imediatamente após a implosão da Alca pelos companheiros -- with a little help from their friends, Chávez and Nestor -- os países interessados fecharam negociações bilaterais ou plurilaterais com os Estados Unidos e grande parte deles assinou acordos de livre comércio.
Com isso mudou completamente a tal de "geografia comercial" da América do Sul: os países interessados em livre comércio, em integração à economia mundial, seguiram em frente, assinaram acordos com os EUA, com a UE, com parceiros asiáticos e aumentam seu acesso a mercados desenvolvidos e seu volume de exportação mundial.
Os países que preferiram ficar protegendo o mercado interno contemplam mercados diminuídos, concorrência "desleal" de parceiros asiáticos (logo eles, que deveriam ser aliados na luta contra os hegemônicos) e possuem hoje uma margem de manobra muito mais reduzida em termos de política comercial e de acesso a mercados, provavelmente caminhando para a marginalização e o velho protecionismo de décadas passadas.
Essa é a mudança da agenda na América do Sul que ocorreu.
Atualmente, a agenda está assim: de um lado o Mercosul, desejando se expandir de qualquer maneira, sem qualquer critério de política comercial coerente com os propósitos do Tratado de Assunção; de outro os bolivarianos, que acham que vão fazer a Alba, o Sucre e outras maravilhas da integração protegida, mercantilista, estatizante; e por fim os países da Aliança do Pacífico, que avançam no comercio livre entre si (mas isto é o menos relevante no esquema) e se preparam para integrar os esquemas comerciais, de investimentos e de cooperação econômica da grande bacia do Pacífico.
Esta é a nova agenda, esta é a nova geografia do comércio internacional.
O Brasil deve agradecer aos companheiros que pelo menos se preocupam em proteger o emprego interno. Por enquanto...
Paulo Roberto de Almeida

Para Amorim, oposição brasileira à Alca mudou agenda da América do Sul
Da Rede Brasil Atual, 20/07/2017

Amorim definiu os novos ares da chancelaria brasileira como o início de uma política externa “altiva e ativa” 

“Em minha experiência de 50 anos em relações exteriores, posso dizer que derrubar um projeto prioritário dos Estados Unidos não é uma coisa fácil”, disse o embaixador Celso Amorim, ao falar dos esforços empenhados pelo Itamaraty junto aos países da região para barrar o avanço da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), enterrada em 2005 durante a Cúpula das Américas, na Argentina. 
Hoje ministro da Defesa, Amorim liderou a chancelaria brasileira por oito anos, durante os dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva. “A Alca já estava morta quando os presidentes se posicionaram fortemente contra a iniciativa, em Mar del Plata. Mudamos a agenda da América do Sul.”

A Alca foi um dos principais exemplos elencados por Amorim para demonstrar a mudança de rumos da diplomacia brasileira a partir da eleição de Lula, em 2003, e de sua posse como ministro de Relações Exteriores. 
O grande significado da vitória de Lula era a consciência do povo de que era possível mudar seu próprio destino, a ideia de que, sim, era possível mudar o Brasil”, lembrou, durante discurso na terça-feira (16) na Conferência Nacional “2003-2013: Uma Nova Política Externa”, promovida em São Bernardo do Campo (SP) pela Universidade Federal do ABC e pelo Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais, que reúne entidades sociais, políticas e sindicais interessadas no tema. 
“Para isso, era preciso também mudar de atitude na política externa.”

Em poucas palavras, Amorim definiu os novos ares da chancelaria brasileira como o início de uma política externa “altiva e ativa”. Esta definiu-se basicamente, explica, pela adoção de um protagonismo internacional até então inédito no Itamaraty. E que muitas vezes acabou colocando o país em rota de colisão com os interesses dos Estados Unidos, como no caso da Alca, principal projeto de Washington para a América Latina no final do século 20 e início do 21. “A oposição e os meios de comunicação diziam que o Brasil e o Mercosul ficariam isolados se não fechassem o acordo”, lembra. “Mas como é que isso seria possível se a Alca queria mesmo era obter concessões do Brasil e do Mercosul? Os negociadores norte-americanos sabiam disso e fizeram de tudo para chegar a um entendimento conosco.”

Celso Amorim afirma que os Estados Unidos começaram a falar sobre a Alca quando era ministro de Relações Exteriores do presidente Itamar Franco, entre 1993 e 1995. O chanceler já via o projeto com desconfiança desde então, mas explica que, na época, não havia condições geopolíticas para opor-se logo de cara à iniciativa. 
“Se tivéssemos feito isso, o Mercosul possivelmente teria acabado”, conta. 
“Com Carlos Menem na Presidência e Domingo Cavallo como ministro da Economia, a Argentina era favorável ao tratado de livre comércio com Washington. Então insistimos em retomar a negociação dali a dez anos, alegando que precisávamos de tempo. Tempo é importante em diplomacia: quando você não pode enfrentar determinadas situações, você tenta ganhar tempo para que as coisas possam mudar.”

E o quadro realmente mudou. Amorim reconhece que, em meados dos anos 1990, não havia qualquer indício de que Lula poderia ser eleito em 2003. Mas, com o petista no Planalto, além de presidentes de esquerda em vias de eleição ou já no poder na América do Sul, houve condições para mudar o patamar de negociação. “O que estava colocado para nós era muito negativo para o Brasil. Os assuntos que nos interessavam estavam sempre em segundo plano, como o fim dos subsídios agrícolas e as medidas antidumping. Por outro lado, questões ligadas aos interesses dos Estados Unidos iam assumindo prioridade: serviços, investimentos, propriedade intelectual, que para nós eram muito prejudiciais”, lembra. “A própria negociação da Alca nos desfavorecia.”

O ex-chanceler conta que, para frear as pretensões dos Estados Unidos, o Itamaraty foi buscar apoio dos países da região, principalmente do Mercosul. Com Menem fora do governo argentino, que em 2003 era liderado pelo neoliberalismo mais moderado de Eduardo Duhalde, Amorim afirma que foi paulatinamente costurando acordos de atuação conjunta entre os vizinhos para se contrapor às pressões de Washington. E se apressou para revelar a disposição do Brasil em não assinar o acordo da Alca, como estava colocado até então, já na primeira reunião com empresários argentinos de que participou como ministro. “A Argentina tinha algumas reclamações em relação ao Brasil no Mercosul, algumas legítimas, e por isso a essência da nossa posição era a seguinte: seríamos flexíveis dentro do Mercosul, mas queríamos atuar conjuntamente, unidos, em relação à Alca.”

Amorim afirma que a mesma proposta foi feita a empresários e autoridades uruguaias e paraguaias logo em seguida. O resultado foi que, na reunião seguinte do Mercosul, o Brasil aceitou “na prática” o conceito de assimetria regional – uma velha bandeira dos governos de Paraguai e Uruguai dentro do bloco por terem uma economia menos pujante que as economias brasileira e argentina. “Sacrificamos alguns interesses imediatos nossos, mas em benefício de um interesse muito maior, que era uma posição comum na Alca”, reconheceu. “Progressivamente, os países do Mercosul foram assumindo posição mais próxima à nossa, até que pudemos chegar a Miami, na reunião que finalizaria as negociações da Alca, com um projeto de acordo razoável.”
Isso não significa que o ministro tenha se arrependido por não tê-lo assinado.
 “De qualquer maneira, havia um elemento hegemônico na Alca que iria predominar”, afirma, em referência aos Estados Unidos. “Mas transformamos a Alca num acordo menos torto.” 


Aqui radica a razão pela qual, segundo Amorim, o projeto já estava morto quando foi repelido em uníssono por vários presidentes sul-americanos na Cúpula de Mar del Plata. “Na medida em que conseguimos desentortá-lo, o acordo deixou de ser interessante para uma grande parte dos Estados Unidos. E, num processo que ainda durou mais um ano e meio ou dois, a Alca acabou sendo abandonada.

Concurso da Unesp, 2: Bibliografia (?) para a Vulgata Marquissista Esclerosada, I e II

Já postei aqui uma chamada de concurso para professor de "Ciência Política Contemporânea I e II" junto ao Departamento de Ciências Políticas e  Econômicas, da Faculdade de Filosofia e Ciências do Campus de Marília,
neste post:

sábado, 20 de julho de 2013

Quem quiser saber detalhes burocráticos, leia o Edital:
http://www.marilia.unesp.br/Modulos/Editais/pdfs/Edital-151-2013.pdf

Eu aqui só me ocupo do conteúdo, e fico imaginando como foi a reunião dos professores do Departamento que debateu o programa e a bibliografia (comento mais abaixo).
Um departamento desses, de faculdades de humanidades das ditas universidades públicas, costuma ter entre 10 e 12 professores, metade dos quais não comparece nas reuniões porque está tirando férias acadêmicas no exterior (vulgo pós-doc), um terço tem mais o que fazer e não tem mais saco para comparecer nessas reuniões dominadas pela minoria ativista (que se converte em maioria militante), e mais alguns apresentam algumas desculpas esfarrapadas, e, com metade do corpo "docente", assim se passam as coisas, na minha imaginação claro:

Abre a reunião o encarregado do "concurso".

-- Caros colegas, meus companheiros de Departamento, aqui está o programa do nosso próximo concurso preparado pelo professor Carlos Frederico Marques da Silva. Vejam o que vocês acham:

PROGRAMA:
1. O movimento operário e a democratização liberal
2. A sociedade de massas e a democracia como seleção de dirigentes
3. Intelectuais e planejamento democrático
4. A teoria do totalitarismo
5. A democracia como expressão de conflito de interesses
6. As teorias neo-contratualistas da democracia
7. O marxismo da Internacional Comunista
8. O marxismo da Escola de Frankfurt
9. Teorias do Estado capitalista
10. Teorias da democracia e do Direito no marxismo
11. Marxismo, crise e transição socialista

Todo mundo se concentra um pouco naquele papel ali na frente, ninguém se , o autor e os companheiros do autor da dita peça fixam de maneira intimidante os poucos colegas que poderiam discordar desse conteúdo tão elevado de "Ciência Política Contemporânea, I e II", e para encerrar logo aquela chatice, que deveria ser meramente homologatória, um deles proclama:

-- E aí, todo mundo de acordo? Podemos considerar aprovado?

Um dos dois ou três que tinham ficado de olhos concentrados no papel ousa levantar o dedo e expressar sua opinião:

-- Bem, eu acho que está bem, mas vocês não acham que está um pouco forçado demais no marxismo, no socialismo, com pouca coisa de outras escolas, de outros teóricos, coisa mais contemporânea?

Um da claque marquissista, que já tinha arranjado um companheiro para o concurso, e prometido uma bibliografia e uma banca conforme, ataca logo de cara:

-- Mas o que é que você queria? Que fôssemos ensinar ciência política burguesa aqui? Você gostaria de ter um desses representantes da direita neoliberal no nosso Departamento? Um inimigo de classe?

Responde o colega, já intimidado:

-- Não, não. Eu só estava querendo algo mais diversificado, e também uma mudança de linguagem, para não ficar muito marcado com uma corrente teórica só. Afinal de contas, estamos pedindo um professor de Ciência Política Contemporânea, não de marxismo aplicado. Também acho que a bibliografia...

No que é imediatamente interrompido pelo chefe da tribo dos marquissistas:

-- A bibliografia a gente vê depois. Só estamos querendo aprovar o programa, primeiro.

-- Bom, mas então coloca um pouco de teóricos contemporâneos, gente da escola inglesa, os comparativistas americanos, sei lá...

-- Oh, companheiro: você não viu que já tem esse ponto aqui: Teorias neo-contratualistas da democracia? Isso já permite abrigar alguns teóricos burgueses. Eu acho que está muito bom, o que acham os demais colegas?

Os que compartilham da conspiração se apressam a confirmar:

-- Sim, sim, eu acho que está muito bom. Isso corresponde inteiramente ao que o Departamento vem fazendo nos últimos dez anos. Por que mudar agora? Os alunos gostam...

Vencida a pequena resistência, envergonhada, quanto ao programa, a tribo ali reunida passa para a bibliografia:
O mesmo "dissidente burguês" se limita a contestar alguns títulos inscritos na folha:

-- Vocês não acham que o Althusser já está um pouco ultrapassado? Esse livro nem é de 1999 e sim dos anos 60:
ALTHUSSER, Louis. Sobre a reprodução. Rio de Janeiro: Vozes,1999.

-- Esse aqui, também, me parece um pouco velhinho não é? Esse cara era da linha stalinista do PCF nos anos 1960:
BOCCARA, Paul. Estudos sobre o capitalismo monopolista de Estado: sua crise e solução. Lisboa: Editorial Estampa, 1973.

-- E aqui dois trabalhos do nosso colega que está se aposentando: não seria demais? 
DEL ROIO, Marcos. O império universal e seus antípodas: a ocidentalização do mundo. São Paulo: Ícone, 1998.
______. Gramsci e a emancipação do subalterno. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, n. 29, p. 63-78, nov. 2007.

-- E seis volumes do Gramsci? Não estamos pedindo demais aos candidatos?
GRAMSCI, Antonio. Os cadernos do carcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999- 2002. 6 v.

-- Peraí; essa monumental coleção do Hobsbawm já tem em Português; por que uma edição italiana, língua que poucos dominam na nossa área? O pessoal está mais acostumado com o Português mesmo!
HOBSBAWM, Eric et alli. Storia del marxismo. Torino: Einaudi, 1978-1983. 4 t.

-- E mais, Lucaks em italiano, também?! Não tinha uma edição brasileira, ou em espanhol?
LUKACS, Georg. Ontologia dell’essere sociale. Roma: Riuniti, 1972.

-- Opa! Vocês estão brincando: quatro volumes do Mao??!! Quem é que lê Mao hoje em dia?
 MAO-TSE-TUNG. Obras escolhidas em 4 volumes. São Paulo: Alfa-Ômega, 2002.

-- Esse cara aqui já foi um grande marxista alemão dos anos 1960, mas depois se reconverteu. Não tinha algo mais recente dele?
OFFE, Claus. Problemas estruturais do Estado capitalista. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.

-- Poulantzas? Eu já li o Poulantzas, mas sinceramente, acho que está um pouco ultrapassado, como o Althusser. Essa bibliografia tem títulos muito antigos, de mais de 40 anos atrás, não tinha coisa mais recente?
POULANTZAS, Nicos. O Estado, o poder, o socialismo. Rio de Janeiro: Graal, 1985.
______. Poder político e classes sociais. São Paulo: Martins Fontes 1977.
POULANTZAS, Nicolas; MILIBAND, Ralph; MELO, Lúcia Maria. Debate sobre o Estado capitalista. Porto: Afrontamento, 1975.

O líder da máfia, já começou a perder a paciência:

-- Oh companheiro, se você tiver coisa mais recente pode propor, mas essa lista já foi feita e circulou no mês passado, e você vem contestar agora? Já devia ter feito antes. Viemos aqui para aprovar o concurso, não para debater coisas que já deveriam ter sido encaminhadas ao Departamento.

E imediatamente engrena:

-- Meus caros, podemos votar? Quem está de acordo com o programa e a bibliografia?

Resultado:

-- Bem: 5 a 2 pelo programa, aprovado, podemos sair de férias...

Não sei se foi assim, mas deve ter sido algo próximo disso, e acho que nem deve ter tido discussão sobre a bibliografia, pois os "gajos dissidentes" já tinha percebido que seria inútil debater com os companheiros.

E fica por isso mesmo?
A Unesp-Marília não tem nada a comentar sobre a farsa?

Paulo Roberto de Almeida
20/07/2013)

Educacao: falta de gestao compromete 40pc das verbas alocadas

Demetrio Weber
O Globo, 19/07/2013

Recursos destinados por prefeituras ao ensino fundamental também são desperdiçados com corrupção

Um estudo elaborado por analistas de finanças e controle da Secretaria do Tesouro Nacional, vinculada ao Ministério da Fazenda, estima que pelo menos 40% dos recursos gastos pelas prefeituras brasileiras no ensino fundamental são desperdiçados, seja por corrupção ou ineficiência da máquina pública.

Publicado na página do Tesouro na internet, com a ressalva de que expressa a opinião dos autores e não necessariamente a do órgão, o texto diz que os recursos disponíveis são mais do que suficientes para o cumprimento das metas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Logo, o problema dos municípios seria a má gestão e não a falta de dinheiro.

De acordo com o levantamento, 4,9 mil municípios destinaram R$ 54 bilhões por ano ao ensino fundamental, no período de 2007 a 2009, sendo que R$ 21,9 bilhões teriam sido desperdiçados, na estimativa mais modesta.

A conclusão atiça o debate sobre a necessidade de mais investimentos no ensino. O Senado está para votar projeto de lei do novo Plano Nacional de Educação (PNE) que propõe aumentar o gasto público com ensino para 10% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país, num ano), ao longo dos próximos dez anos. Em 2011, o gasto estava em 5,3% do PIB. A briga em torno do aumento do percentual trava o projeto, que chegou à Câmara dos Deputados em dezembro de 2010.

As 4,9 mil prefeituras analisadas no estudo correspondem a 88% do total de cidades no país. De um lado, o estudo olhou o Ideb municipal, indicador do Ministério da Educação que sintetiza o nível de aprendizagem e aprovação dos estudantes brasileiros. De outro, verificou o tamanho do gasto de cada prefeitura com o ensino fundamental.

Ao comparar as duas colunas, os autores identificaram cidades que conseguem fazer mais com menos, isto é, onde Ideb atinge níveis proporcionalmente altos em relação ao montante investido.

Esses municípios serviram de referência para os demais. Assim, prefeituras que gastaram proporcionalmente mais para cada ponto do Ideb receberam o carimbo de ineficientes. E a parcela de gasto a mais de cada prefeitura, na comparação com os municípios mais eficientes, foi classificada como desperdício de dinheiro.

Valendo-se de fórmulas econométricas, os autores concluíram que pelo menos 40,1% dos recursos foram desperdiçados, percentual que pode chegar a 47,3%, conforme a metodologia.

Para compensar diferenças socioeconômicas entre os municípios, uma outra variável foi levada em conta: a escolaridade das mães de estudantes. A premissa é de que cidades onde as mães têm menor escolaridade precisam de maiores investimentos. E vice-versa.

Naercio Menezes Filho, economista especializado em Educação e professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), afirma que mais dinheiro para a Educação não significa necessariamente melhoria da qualidade do ensino. Ele elogiou a rede pública de Sobral, no Ceará, que conseguiu avançar no Ideb com um ligeiro acréscimo de recursos:

- A gestão é tão importante quanto o volume de recursos - disse Naercio.

Sobral é uma cidade cujo modelo educacional inspira programas do MEC, como o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.

O Texto para Discussão número 15, de 2013, é assinado pelos analistas Janete Duarte, Sérgio Ricardo de Brito Gadelha, Plínio Portela de Oliveira e Luis Felipe Vital Nunes Pereira, além da professora da Universidade de São Paulo (USP) Fabiana Rocha, que prestou consultoria ao Tesouro.

"Os resultados indicam que o desperdício de recursos é expressivo para qualquer agrupamento de municípios definido pelo tamanho da população", escreveram eles. "O gasto efetivamente realizado é muito maior do que o gasto mínimo necessário para atingir as metas. Mesmo quando são feitas simulações a partir do estabelecimento de metas mais duras, fica claro que a restrição não é a escassez de recursos."

Tesouro critica o estudo
Procurado anteontem pelo GLOBO, o Tesouro informou, inicialmente, que não se pronunciaria sobre o estudo, já que o texto expressa a opinião dos autores e não necessariamente a do órgão, como consta na própria publicação. De acordo com o Tesouro, os autores também não se manifestariam, porque tudo o que teriam a dizer já estava publicado.

Ontem, porém, o Tesouro mudou de ideia e se posicionou sobre o tema, criticando o estudo: "(...) A STN discorda dos resultados obtidos que apontam excesso de recursos. A política do governo federal, em parceria com estados e municípios, e focada na ampliação e na melhoria da qualidade do ensino básico do país, leva em consideração um complexo sistema de variáveis que o estudo apresentado não considera. Qualquer simplificação sobre a qualidade do gasto nessa área pode levar a conclusões equivocadas e não amparadas pelos resultados aferidos pelo Ministério da Educação", diz o Tesouro por e-mail.

A STN informou também que uma portaria do governo que regulamenta a série de Textos para Discussão proíbe os autores de falarem diretamente à imprensa, sem a intermediação da assessoria do Ministério da Fazenda.

Revista Brasileira de Politica Internacional - novo numero disponivel (1-2013)




O Instituto Brasileiro de Relações Internacionais - IBRI anuncia o lançamento do número 1 do Volume 56 (1/2013) da Revista Brasileira de Política Internacional – RBPI, cujo sumário se vê abaixo. Este número e também assinaturas da RBPI podem ser adquiridos diretamente na Loja do IBRI.

Sumário da 

  • Parcerias Intra-Europeias: 50 anos do Tratado do Eliseu, por Estevão Martins;
  • The formative platorm of the Congreess of Panama (1810-1825): the Pan-American conjecture revisited, por Germán de la Reza;
  • Análise de Política Externa e Política Externa Brasileira: trajetória, desafios e possibilidades de um campo de estudos, por Mónica Salomón e Letícia Pinheiro;
  • A Network Society Communicative Model for Optimising the Regugee Status Determination, por Andréa Pacífico;
  • A Política Externa Brasileira em relação ao Fundo Monetário Internacional durante o Governo Lula, por Carlos Milani e João Tude;
  • Vietnam's Strategic Hedging vis-à-vis China: the roles of the European Union and Russia, por Alena Guedes Vieira, Phuc Thi Tran e Laura Ferreira Pereira;
  • Direitos Humanos e Refúgio: uma análise sobre o momento pós-determinação do status de refugiado, por Thais Silva Menezes e Rossana Rocha Reis;
  • Five Generations of Peace Operations: from the "thin blue line" to "painting a country blue", por Kai Michael Kenkel;
  • O Novo Pleito Brasileiro no Mar: a plataforma continental estendida e o projeto "Amazônia Azul", por Alexandre da Silva.


 RBPI 

Ciencia Politica I e II, na Unesp-Marilia = Marxismo I e II: um concurso pre-fraudado para os companheiros

O que poderiam aprender alunos de Ciência Política com professores que ministrassem aulas apenas a partir do conteúdo abaixo descrito?
Obviamente nada, além de marquissismo vulgar, daqueles bem rastaqueras, dado por um companheiro que sequer leu Marx (que fez tese sobre Filosofia grega), apenas as apostilas do companheiro anterior que também só dava aulas de marquissismo vulgar.
O que tem a dizer sobre isso a chefia do Departamento? A coordenação da Faculdade, a pró-reitoria acadêmica?
Vão permitir a fraude, a deformação completa de qualquer currículo acadêmico?
Vão deixar passar esse tipo de prática mafiosa?
Vão formar alunos ineptos para qualquer ramo da Ciência Política?
Vão permitir que a fraude e a mistificação prosperem?
Com a palavra a Unesp-Marília...

Consultem o link para o edital de concurso para prof. de Ciência Política I e II na UNESP/Marília:


Em destaque, apenas o conteúdo programático:

PROGRAMA: 
1. O movimento operário e a democratização liberal 
2. A sociedade de massas e a democracia como seleção de dirigentes 
3. Intelectuais e planejamento democrático 
4. A teoria do totalitarismo 
5. A democracia como expressão de conflito de interesses 
6. As teorias neo-contratualistas da democracia 
7. O marxismo da Internacional Comunista 
8. O marxismo da Escola de Frankfurt 
9. Teorias do Estado capitalista 
10. Teorias da democracia e do Direito no marxismo 
11. Marxismo, crise e transição socialista


Acho que já escolheram o marquissista vulgar que vai continuar a tarefa de embrutecimento intelectual dos alunos. Posso publicar o nome do gajo aqui, para que todo mundo saiba o que esperar de suas aulas.
O que suas futuras vítimas teriam a dizer sobre isso?
Estarão contentes com o "conteúdo", com o profeçor?
Paulo Roberto de Almeida

Sem agenda economica, sem agenda, simplesmente - Editorial economico Estadao

Um governo atolado vai desemperrar a economia?

Rolf Kuntz
O Estado de S.Paulo, 20/07/2013

Tiririca estava errado. No Brasil, sempre dá para piorar, como têm provado com notável diligência a impropriamente chamada classe política e o governo da presidente Dilma Rousseff. Qual a distância, hoje, entre otimismo e pessimismo nas previsões econômicas? A economia brasileira crescerá em média 3,2% ao ano entre 2014 e 2018, segundo a nova bola de cristal operada em parceria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pela instituição de pesquisas The Conference Board, o indicador antecedente composto. No discurso oficial, um crescimento inferior a 4% ou 5% ao ano jamais foi admitido, até há pouco tempo, como padrão normal para o Brasil. Poderia ocorrer como consequência de choques externos ou em fases de ajuste muito forte, mas sempre como situação excepcional. Hoje, até uma expansão pouco superior a 3% por vários anos pode parecer improvável, quando se considera a crise de produtividade da economia nacional.
Não há cálculo seguro do potencial de crescimento do País, mas os números estimados vêm caindo nos últimos anos - da faixa de 3,5% a 4% até há pouco tempo para algo entre 2,5% e 3% nas últimas avaliações. O número de 2,5% foi indicado esta semana pela economista Alessandra Ribeiro, da consultoria Tendências, segundo o jornal Valor.
Calcular o produto potencial pode ser muito complicado, mas, apesar disso, economistas e formuladores de políticas têm excelentes motivos para levar em conta esse conceito. A existência de limites tem sido mostrada amplamente pela experiência. Pode-se ultrapassá-los de vez em quando, mas insistir na aventura acaba normalmente em desastre. Inflação e desequilíbrio externo são consequências bem conhecidas e muito frequentes na História do Brasil.
Inflação e desajuste crescente no balanço de pagamentos já estão presentes no cenário brasileiro, apesar do crescimento pífio dos últimos dois anos e meio. Ninguém deveria iludir-se com o recuo de alguns índices desde o mês passado. A redução dos preços dos alimentos tem efeito passageiro na formação dos indicadores, assim como a redução das tarifas de transporte coletivo. Grandes fatores inflacionários, como o desarranjo fiscal, a expansão do crédito e os aumentos salariais acima dos ganhos de produtividade, foram apontados, mais uma vez, na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na quinta-feira, A ata destoou claramente do discurso presidencial do dia anterior.
Os autores do texto, no entanto, apontaram a possibilidade de um arrefecimento da demanda se nada for feito para reverter a tempo a crise de confiança do setor empresarial e das famílias. Por enquanto, "a demanda doméstica tende a se apresentar relativamente robusta, especialmente o consumo das famílias", segundo a ata. Mas os sinais de alerta já estão acesos. O texto contém o suficiente para indicar o risco de uma estagnação mais ampla, mas seus autores poderiam ter ido mais longe. Se o consumo cair, o investimento continuar insuficiente e a indústria continuar em marcha lenta, como ficarão as já estropiadas finanças públicas?
Não há resposta para o problema do crescimento, no Brasil, sem a ação do governo, mas o governo está atolado na própria incompetência gerencial, na indigência de ideias de seus formuladores de políticas e num esquema pegajoso e sufocante de alianças políticas.
No Brasil, dizem especialistas, nenhum presidente pode governar sem acordos, às vezes com parceiros da pior espécie. Pode ser. Em muitos países coalizões são indispensáveis à operação do governo. Alianças, no entanto, são em geral precedidas de algum entendimento a respeito de objetivos e métodos. É o caso, em países da Europa, da formação de gabinetes para enfrentar a crise fiscal e financeira.
A peculiaridade brasileira é outra: programas são secundários e o fundamento das alianças é a partilha dos benefícios do poder. Não se divide o governo como responsabilidade, mas como butim. Esse padrão se fortaleceu com a disposição petista de aparelhar e lotear a máquina federal. Nada mais natural, quando um partido chega ao Palácio do Planalto com um projeto de poder e nenhum projeto real de governo.
Sem alianças em torno de um programa, o governo é forçado a negociar com a base a votação de cada projeto, como se nenhuma ideia geral desse um sentido comum às várias propostas. Não se pode sequer confiar na aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias, condicionada pelos companheiros à adoção de um impropriamente chamado orçamento impositivo - na prática, uma simples manobra para tornar obrigatória a liberação de verbas para emendas.
A um governo com essas condições de funcionamento - e comandado por uma presidente cada vez mais isolada - cabe a missão de promover a mudanças necessárias para destravar a economia, aumentar seu potencial de crescimento e impor ao País um ritmo de expansão mais parecido com o dos emergentes mais dinâmicos.
Nenhuma tarefa importante será cumprida se a presidente Dilma Rousseff e sua equipe forem incapazes de começar a arrumação das próprias contas. Para isso será necessário desfazer a confusão de incentivos temporários e permanentes, trocar as ações pontuais pelas chamadas políticas horizontais e cortar o vínculo incestuoso entre o Tesouro e os bancos controlados pela União.
Tudo isso deverá ser apenas o começo de uma lista enorme de mudanças. Elevar a eficiência na elaboração e na condução de projetos de infraestrutura será outro desafio tão duro quanto urgente. Sem isso, até como exportador de matérias-primas o País será cada vez menos competitivo.
Que dirão dessa agenda os marqueteiros eleitorais da presidente?

A chanchada do Mercosul - Editorial Estadao

A chanchada do Mercosul 
Editorial O Estado de S.Paulo, 20/07/2013

Caudatários de uma ideologia em que a farsa substitui a história, os dirigentes de Brasil, Argentina, Venezuela e Uruguai acreditaram que fosse possível, na base do caradurismo, adulterar a narrativa dos acontecimentos para legitimar a entrada dos venezuelanos no Mercosul. Tal como na Rússia stalinista, em que personagens inconvenientes para a história oficial eram apagados das fotos, o Paraguai, que se opunha ao ingresso da Venezuela, foi "apagado" do bloco sul-americano, como se suas objeções nunca tivessem existido. Agora que o objetivo foi plenamente atingido - a Venezuela não apenas é membro do grupo, como o preside -, o Paraguai foi convidado a reaparecer na foto do Mercosul, para completar o roteiro burlesco costurado pela vanguarda bolivariana. Mas os paraguaios, teimosos, se recusam a participar dessa chanchada.
O Paraguai, sócio-fundador do Mercosul, foi suspenso do bloco em 29 de junho de 2012, como punição por ter afastado o presidente Fernando Lugo do cargo, num julgamento político que, embora relâmpago, não contrariou nenhum item da Constituição do país. Uma missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) enviada ao Paraguai logo após o episódio constatou a normalidade democrática. Em seguida, o Conselho da OEA avaliou o assunto e a maioria dos embaixadores corroborou o relatório da missão, descartando, portanto, que tenha havido um "golpe".
Mas nada disso serenou o discurso inflamado da presidente Dilma Rousseff e de sua colega argentina, Cristina Kirchner. Ambas acusaram o Congresso paraguaio de ter promovido uma "ruptura da ordem democrática". Ao insistir nesse ponto, sem dúvida falacioso, Dilma e Cristina estavam construindo o argumento para afastar o Paraguai do Mercosul e, assim, permitir a entrada da Venezuela.
Trocando em miúdos, Brasil e Argentina, em nome da defesa da democracia, patrocinaram um atentado contra as instituições do Mercosul para favorecer um regime cujo autoritarismo é a principal marca. O tratado do bloco exige o voto unânime de seus fundadores para aceitar novos sócios. Como o Congresso paraguaio dava todas as indicações de que não aprovaria o ingresso da Venezuela chavista, Dilma e Cristina aproveitaram a oportunidade da crise política paraguaia para, num passe de mágica, eliminar o voto do país. Enquanto os paraguaios estavam suspensos, Brasil, Argentina e Uruguai abriram as portas do Mercosul para os venezuelanos, numa decisão cuja legalidade é obviamente contestável.
A situação esdrúxula criada pelos compromissos ideológicos de Dilma e Cristina com o bolivarianismo tende a paralisar um Mercosul já claudicante. A suspensão do Paraguai termina no próximo dia 15 de agosto, data da posse do presidente eleito Horacio Cartes, conforme ficou acertado em recente cúpula dos integrantes da união aduaneira. Mas o Senado do Paraguai já decidiu oficialmente que não reconhece o ingresso da Venezuela. Desse modo, o Mercosul - cujas decisões muitas vezes dependem de unanimidade - fará reuniões em que o presidente paraguaio não está autorizado, por seu Congresso, a nem sequer admitir a presença do colega venezuelano.
Não bastasse isso, enquanto o Paraguai cumpria a suspensão, a Venezuela assumiu a presidência do Mercosul - justamente na vez dos paraguaios. Os demais sócios argumentaram que, por estar de castigo, o Paraguai não poderia ocupar o posto. Atropelado, restou ao país exercer seu direito de espernear. "As últimas decisões do Mercosul não se ajustam ao direito internacional", declarou o chanceler paraguaio, José Félix Fernández, recorrendo a uma obviedade para dizer que seu país não aceitará, nas atuais circunstâncias, retornar ao bloco. Cartes, o presidente eleito, também já avisou que será difícil retomar a normalidade do Mercosul enquanto a Venezuela estiver nele. Pode ser que tudo afinal se ajeite, já que o poder do Paraguai é muito limitado, mas o fato é que a atual crise escancarou de vez a mediocridade do Mercosul.

A longa marcha da China para o capitalismo internacional - book review


Ben Wiseman

WEALTH AND POWER

China’s Long March to the Twenty-First Century
By Orville Schell and John Delury
Illustrated. 478 pp. Random House. $30.

In “Wealth and Power,” their engaging narrative of the intellectual and cultural origins of China’s modern rise, Orville Schell and John Delury note that the story of Goujian was a favorite of Generalissimo Chiang Kai-shek, who united China under his rule before being forced into exile in Taiwan. They might have called it the defining theme of contemporary China. From Wei Yuan in the early 19th century, the first major intellectual to insist that the mighty Chinese Empire had fundamental flaws, to Xi Jinping, who became China’s top leader last year, the humiliations China has suffered at the hands of foreigners over the past century and a half are the glue that keeps the country together.
Many nations revel in their victories. America has its War of Independence. The British still churn out documentaries about World War II. But even $3 trillion in foreign exchange reserves has not healed the psychological trauma of 1842, the year of China’s defeat at the hands of the British in the first Opium War. After that conflict, China was dismembered, first by the European powers, then, more devastatingly, by Japan. Chinese troops expelled the Japanese, and the country was reunified more than 60 years ago. But it is determined to keep the memory of the abuses it suffered from fading into history.
Shame often acts as a depressant. But through the 11 biographical sketches that constitute their book, Schell and Delury argue that for generations of influential Chinese, shame has been a stimulant. In one sense, the evidence is not hard to find. The inaugural exhibition at the National Museum of China in Tiananmen Square, splashily reopened in 2011, was called “The Road to Rejuvenation,” which treated the Opium War as the founding event of modern China. And it then told a Disneyesque version of how the Communist Party restored the country’s greatness. At the museum of the Temple of Tranquil Seas in Nanjing, the site of the signing of one of the most unequal of China’s treaties with foreign powers, is inscribed this phrase: “To feel shame is to approach courage.” Humiliation has been a staple of Communist Party propaganda.
Schell, a prolific chronicler of China’s reform-era politics and society, and Delury, an expert on Chinese and North Korean politics, acknowledge the cynicism behind the party’s use of shame as a nationalist rallying cry. But their book makes the case that such feelings represent a deep strain in the Chinese psyche, which the country’s current leaders have inherited as part of their cultural DNA. To love China means to share a passionate commitment to overcoming the loss of face suffered in the 19th century, to ensure that the defeats of the past will never be suffered again.
This is not the first book to explore the legacy of the Opium Wars or the origins of Chinese nationalism. But what it offers readers is the idea that the most important Chinese intellectuals and political leaders, from the Empress Dowager Cixi to Deng Xiaoping, were united in the national quest to avenge humiliation. They all felt shame, and used it as the path to “wealth and power.”
Many of the steps they took were disastrous. Over a century and a half China has stumbled through imperial rule, warlordism, republicanism and Communism. Its leaders have reigned through feudalism, fascism, totalitarianism and capitalism. But for Schell and Delury, none of those conflicting systems or ideologies in the end defined China, or even the leaders who imposed them. Instead, the constant through China’s recent history is the persistent search for something — anything — that would bring restoration.
The reformers of the early 19th century were the first to declare that China was “big and weak,” and though the statement was true, at the time it bordered on heresy. The solution the early reformers proposed was “to self-strengthen,” which would be achieved by adopting selective Western technologies and methods. By the turn of the 20th century, after a series of even more severe setbacks, prescriptions from scholars and advisers grew bolder. Liang Qichao, who founded the Sense of Shame Study Society, felt Chinese culture bred timidity. He wanted to destroy China’s Confucian “core” and rebuild the country from scratch with imported Western ideas.
That was the template China’s Nationalist leaders, Sun Yat-sen and Chiang Kai-shek, followed for years as they struggled to figure out which Western political, cultural and economic formulas could reinvigorate their country. Schell and Delury are more provocative in arguing that Liang’s ideas of “creative destruction” also led, in a more or less straight line, to Mao Zedong.
Much of Mao’s brutally destructive legacy — the mass killings of class enemies, the famine-inducing Great Leap Forward, the catastrophic Cultural Revolution — should be viewed, they suggest, less through the prism of radical Marxism than as an attempt to exorcise Confucian passivity. Mao especially wanted to eliminate the traditional ideal of “harmony” and replace it with a mandate to pursue “permanent revolution,” an inversion of Chinese cultural traditions he believed essential to unleashing the country’s productive forces.
Schell and Delury do not say that Mao intended to pave the way for Deng and his acolytes, including Zhu Rongji, whom they present as the most successful implementer of Deng’s ideas. But they do seek to show that Deng’s pursuit of market-oriented reforms might well have met far more resistance if Mao had not bequeathed him a blank slate — that is, a ruling party exhausted by bloody campaigns and a people purged of their ancient notions of order. Deng’s tactics may have been the polar opposite of Mao’s, but their goals, realized partly under Deng and rather spectacularly by his successors, were precisely the same.
Despite the book’s title, this is not a definitive guide to China’s rise. Schell and Delury devote only a few pages to economics, the core of most other big works on China’s emergence as a great power. But their examination of how an unusual trait in Chinese culture worked its way through politics and intellectual life is a fascinating attempt to reconcile China’s current success with its past suffering. It also sets the stage for perhaps the biggest challenge facing a much wealthier and more powerful China today, since it cannot go on fighting its vanquished ghosts forever.
Joseph Kahn is the foreign editor and a former Beijing bureau chief of The Times.

A version of this review appeared in print on July 21, 2013, on page BR18 of the Sunday Book Review with the headline: Losing Face, Leaping Forward.

Banco de Compensacoes, da Basileia: uma entidade secreta? - book review

They’ve Got a Secret

‘Tower of Basel,’ by Adam LeBor


Erik T. Johnson


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Adam LeBor’s history of the Bank for International Settlements, “Tower of Basel,” reads a little like a financial version of “Rosencrantz and Guildenstern Are Dead,” the Tom Stoppard play that places two minor characters in “Hamlet” in the forefront of the action while the drama’s major events unfold incomprehensibly in the background. In LeBor’s telling, the B.I.S., an obscure “bank for central banks” set up in Basel, Switzerland, in 1930 to facilitate World War I reparations payments from Germany, has been a critical, if secretive, actor in the global economy for more than 80 years. Today, he writes, it is “the most important bank in the world,” an institution with virtually no accountability, and yet “for decades it has stood at the center of a global network of money, power and covert global influence.”

TOWER OF BASEL

The Shadowy History of the Secret Bank That Runs the World
By Adam LeBor
Illustrated. 323 pp. PublicAffairs. $28.99.
The B.I.S. has indeed had a fascinating and sometimes shady history on the front lines of major events, including the Great Depression, World War II and the formation of the European Monetary Union. But in reality it has been more of a witness to history than a maker of it, more Forrest Gump than Superman. Today the B.I.S. is less “the secret bank that runs the world,” as LeBor’s conspiratorial-sounding subtitle has it, than a clubby meeting place for central bankers. International finance is now largely dictated by global banking corporations, the Federal Reserve, the European Central Bank and the other major central banks that make up the membership of the B.I.S. More often than not, they base their policy on national or regional interest.
Even so, there are good reasons to tell the full story of the bank, and LeBor, a journalist based in Budapest, does a creditable job in this well-researched account. The B.I.S. offers up a lesson in the amorality of finance and the need for greater accountability in international capital flows — a lesson that surely resonates in an era when Wall Street executives have avoided culpability for their role in the subprime securitization scam.
Born in secrecy in 1930, the B.I.S. came of age in sin. It was partly the brainchild of Montagu Norman, the Depression-era governor of the Bank of England, who cut a somewhat Mephistophelian figure with his cape and Van Dyke beard, and who also played a starring (if disastrous) role in Liaquat Ahamed’s Pulitzer Prize-winning 2009 book “Lords of Finance.” Norman wanted a new bank that would serve as the “world’s first international financial institution,” LeBor writes. “It would be a meeting place for central bankers. Away from the demands of politicians and the prying eyes of nosy journalists, the bankers would bring some much needed order and coordination to the world financial system.”
Norman’s proposal gained an eager advocate in Hjalmar Schacht, another great Faustian figure of 20th-century finance. Schacht, the Reichsbank president, saw the new bank as a way of easing Germany’s reparations burden and later took part in junking the whole apparatus as the Nazis seized power, brilliantly outmaneuvering the Allied governments. In the 1930s, Schacht’s financial wizardry in helping to build Adolf Hitler’s war economy on the sly delighted the Führer, who remarked that his chief banker had showed that “even in the field of sharp finance a really intelligent Aryan is more than a match for his Jewish counterparts.”
The start of World War II ushered in the B.I.S.’s darkest period, and one of the most shameful episodes in the history of finance. Like Switzerland itself, neutral Basel became an “international oasis,” but one that served the Nazis far more than the Allies. As detailed in previous books, like Charles Higham’s “Trading With the Enemy: An Exposé of the Nazi-American Money Plot, 1933-1949”(1983)the B.I.S.’s directors helped to sell gold seized by the Nazis from occupied nations and culled from the teeth of death camp victims, and they acted as a conduit of hard currency that allowed the Third Reich to buy raw materials throughout the war — to the point where Emil Puhl, the Reichsbank vice president, described the B.I.S. as the “only real foreign branch” of the Reichsbank. Puhl’s friend Thomas McKittrick, the bank’s American president through the war, “repeatedly passed economic and financial intelligence to the Reichsbank leadership,” LeBor writes. McKittrick, seemingly untroubled by his role as “Hitler’s American banker,” as LeBor describes him, moved on to become vice president of Chase National Bank after the war.
The B.I.S.’s morally tainted wartime experience almost sank it at the 1944 conference at Bretton Woods, N.H., when Treasury Secretary Henry Morgenthau and Harry Dexter White, the lead American delegate to the conference, sought to liquidate it while setting up the postwar international system dominated by the World Bank and International Monetary Fund. But the B.I.S.’s powerful friends, including John Maynard Keynes, intervened to save it.
Designed to buy and sell gold and foreign exchange for its clients and provide short-term credit and asset management to central banks (though it is no longer needed for that), the B.I.S. has somehow managed to survive its own checkered history as well as the disappearance of the other two main reasons for its existence: war reparations and the maintenance of the gold standard imposed at Bretton Woods. From the 1960s on, it helped to lay the groundwork for the European Monetary Union, although it was quickly eclipsed in importance by the European Monetary Institute and then the European Central Bank.
Today the B.I.S. has reached a kind of enlightened old age as a venue for the Basel Committee on Banking Supervision, which seeks to set voluntary global capital standards, and as a repository of financial expertise. The B.I.S.’s economic research staff has often been a prescient prognosticator of the debt overleveraging that has plagued banking from the Asia crisis of the late 1990s to the subprime mortgage disaster a decade later. The B.I.S. was one of the few financial institutions to warn repeatedly of runaway growth in the years leading up to the crash of 2008. Yet as LeBor concedes, “knowing there was a problem, however, did not mean the bank could always persuade policy makers to take preventative or remedial measures.” In fact, it has had little sway, and it is only as the host bank for the Basel committee, which is run by the heads of the national central banks, that the B.I.S. can lay claim to any influence.
Even now, the B.I.S. operates with less disclosure than the 18 central banks that make up its executive committee. Its assets are protected against seizure. Its process of establishing capital requirements for banks remains opaque and, many critics say, too mild in its prescriptions. Yet the B.I.S. lives on as enduring proof that while it’s often easy to create international institutions, it’s very hard to get rid of them. “The B.I.S. progresses through the 21st century with ever more confidence,” LeBor concludes, “even though there is no need for it to exist.”
Michael Hirsh is the chief correspondent for National Journal and the author of “Capital Offense: How Washington’s Wise Men Turned America’s Future Over to Wall Street.”

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