terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O que alguns querem receber de presente de Natal: cartas secretas ao Papai Noel (NSA)

Cartinhas secretas ao Papai Noel (agora reveladas):
o que alguns querem receber em suas meias de Natal

Paulo Roberto de Almeida
Agente bibliográfico da NSA

Nossos poderosos meios de interceptação eletrônica, escondidos em algum canto do Império, detectaram algumas mensagens especiais, mandadas por e-mail para o Papai Noel, que se esconde em seu bunker em algum outro canto gelado acima do círculo polar. Segundo nossos computadores e tradutores automáticos, estes foram alguns dos mais estranhos pedidos encaminhados ao endereço do bom e simpático velhinho (santaclaus@rovaniemi.fi), que mesmo tendo códigos especiais só disponíveis aos verdadeiros crentes (menores de 10 anos), ainda assim não escaparam à nossa criptografia reversa, implacável com gregos e goianos.

1) De uma candidata reincidente:
Caro Papai Noel,
Eu acho uma coisa extraordinária ter chegado até aqui, mesmo que coisas ainda mais extraordinárias ainda possam acontecer, e isso eu só posso agradecer aos meus amigos, aos meus protetores, ao meu pessoal. Eu queria pedir ao Senhor, se não for pedir muito, uma taxa de crescimento um pouquinho maior, se der acima de 3%, pois as coisas aqui começam a ficar sem graça com essas coisinhas abaixo de 2%. De preferência já no primeiro semestre, que é para deixar o pessoal otimista para a Copa. Também peço menos manifestações este ano, pois as do ano que está acabando já deram o que falar; esse pessoal do Bad block, ou seja lá como se chamam, são uns chatos, para não dizer outra coisa. Espero, e o Senhor pode ajudar, que nenhum dos médicos importados faça alguma bobagem com algum paciente brasileiro, já que eles falam um dialeto que nem a Cristina entende. Sim, para mim eu quero um iPad-mini novo...

2) De um candidato inédito:
Salve São Nicolau,
Estamos aqui nos preparando para um gigantesco esforço de melhorias em nosso país, que merece mais, e melhor, apesar do muito que já foi feito. Não pretendo me indispor com ninguém, mas se não lhe for pedir muito, gostaria ter sua ajuda especial no sentido de tentar convencer nossa nova companheira a ser mais pelo desenvolvimento e menos sustentável, que isso anda deixando preocupados nossas classes produtoras. Não sei se o escritório do Papai Noel tem metodologia estatística, mas eu ando desconfiado dessas pesquisas de opinião: daria para ter uma pesquisa independente, feita aí no Polo Norte, só para tirar minhas dúvidas? Se ainda for possível, eu queria mais algum tempinho no horário gratuito, pois fica difícil com 3 minutos por dia. Eu mesmo vou querer só um desses celulares israelenses, que já vem com codificação de fábrica.

3) De um candidato esperado:
Meu bom parceiro de longas caminhadas,
Estamos no mesmo diapasão de valores e princípios, e por isso me julgo merecedor da sua atenção. Desejo empreender um sério esforço de recuperação deste nosso país tão sofrido, tão enganado em suas legítimas aspirações, e por isso carente de um novo caminho. Quero lhe propor um pacto: empreender a retomada do projeto cristão que sempre foi o desta Nação abençoada por Deus desde sua descoberta. Não lhe peço que prejudique meus competidores, mas que convença alguns dos meus aliados a de verdade se engajar no meu projeto. Sua ajuda vai ser inestimável, pois sem unidade, dificilmente conseguiremos ir muito longe, ao Polo Norte nem pensar. Eu também quero lhe pedir, para mim mesmo, lucidez e fortaleza da alma, pois vou precisar de confiança em mim mesmo. Sim, aguardo sugestão de nome para o meu herdeiro...

4) De um candidato possível:
Ô companheiro vermelho,
 Eu já tive muito na vida, e acho que sou eu quem pode fazer a felicidade de alguns, por isso não peço nada de especial. Só gostaria que a imprensa me deixasse em paz com essas velhas histórias que só servem para ajudar meus adversários. Dá para dar um jeito nesses chatos? Não precisa fulminar os caras com um raio, mas vocês não têm aí na sua oficina aqueles escudos protetores que a gente vê nos filmes?

5) De um interno:
Eu só queria movimentar meu blog livremente, pois estou cada vez mais convencido da minha inocência...

Hartford, 24 de Dezembro de 2013


A esquizofrenia economia da Constituicao brasileira - artigos de Paulo Roberto de Almeida

O Instituto Millenium colocou em sua página minha série de artigos sobre a esquizofrenia econômica da Constituição, na verdade um longo artigo sobre a análise econômica da Constituição de 1988, já reduzido a proporções razoáveis para publicação no Digesto Econômico, e agora dividido em sete partes para divulgação pelo blog do Instituto Millenium:

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Paulo Roberto de Almeida escreve sobre a “esquizofrenia da Constituição”

Relembre o artigo “A Constituição brasileira: Um caso especial de esquizofrenia econômica”, de Paulo Roberto de Almeida. Nele o diplomata comenta detalhadamente as distorções econômicas da Carta Magna 25 anos após sua criação. Almeida explica que “o contexto que presidiu à elaboração da Constituição de 1988 foi o da crise dos regimes socialistas na Europa oriental, mas os processos não tinham sido consumados no momento dos debates constituintes”. O diplomata afirma que a falta de partidos comprometidos com os princípios da liberdade dos mercados e da redução da presença do Estado na economia prejudicaram a formação da Constituição. Leia o artigo divido em sete partes:

Feliz 2014 Uruguai, agora com maconha estatal - Carlos Alberto Di Franco

Bem, o Uruguai foi escolhido pela revista Economist, como o "país do ano", no final de 2013.
Espero apenas que no final de 2014 a revista não tenha de fazer um mea culpa pelo seu entusiástico apoio à maconha estatizada...
Paulo Roberto de Almeida

Legalização da maconha

23 de dezembro de 2013 | 2h 06
CARLOS ALBERTO DI FRANCO - O Estado de S.Paulo
O Uruguai, que já permitia o consumo de maconha, legalizou a produção e a venda da droga. A nova lei foi aprovada no Senado por 16 votos a 13 e deverá entrar em vigor no primeiro semestre de 2014. Pela nova legislação, os uruguaios e estrangeiros que residem no país e têm mais de 18 anos poderão comprar até 40 gramas da erva por mês em farmácias credenciadas pelo governo. Os defensores da liberação, armados de uma ingenuidade cortante, acreditam que a legalização reduzirá a ação dos traficantes. Mas ocultam uma premissa essencial no terrível silogismo da dependência química: a compulsividade. O usuário, por óbvio, não ficará no limite legal. O tráfico, infelizmente, não vai desaparecer.
A psiquiatra mexicana Nora Volkow é uma referência na pesquisa da dependência química no mundo. Foi quem primeiro usou a tomografia para comprovar as consequências do uso de drogas no cérebro. Desde 2003 na direção do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas, nos Estados Unidos, Volkow é uma voz respeitada. No momento em que recrudesce a campanha para a descriminalização das drogas, suas palavras são uma forte estocada nos argumentos politicamente corretos.
A cientista foi entrevistada pela revista Veja, em março de 2010. A revista trouxe à baila um crime que chocou a sociedade. O cartunista Glauco Villas Boas e seu filho foram mortos por um jovem com sintomas de esquizofrenia e que usava constantemente maconha e dimetiltriptamina (DMT), na forma de um chá conhecido como Santo Daime. "Que efeito essas drogas têm sobre um cérebro esquizofrênico?" A resposta foi clara e direta: "Portadores de esquizofrenia têm propensão à paranoia, e tanto a maconha quanto a DMT (presente no chá do Santo Daime) agravam esse sintoma, além de aumentarem a profundidade e a frequência das alucinações. Drogas que produzem psicoses por si próprias, como metanfetamina, maconha e LSD, podem piorar a doença mental de uma forma abrupta e veloz", sublinhou a pesquisadora.
Quer dizer, a descriminalização das drogas facilitaria o consumo das substâncias. Aplainado o caminho de acesso às drogas, os portadores de esquizofrenia teriam, em princípio, maior probabilidade de surtar e, consequentemente, de praticar crimes e ações antissociais. Ao que tudo indica, foi o que aconteceu com o jovem assassino do cartunista. A suposição, muito razoável, é um tiro de morte no discurso da ingenuidade.
Além disso, a maconha, droga glamourizada pelos defensores da descriminalização, é frequentemente a porta de entrada para outras drogas. "Há quem veja a maconha como uma droga inofensiva", diz Nora Volkow. "Trata-se de um erro. Comprovadamente, a maconha tem efeitos bastante danosos. Ela pode bloquear receptores neurais muito importantes." Pode, efetivamente, causar ansiedade, perda de memória, depressão e surtos psicóticos. Não dá para entender, portanto, o recorrente empenho de descriminalização. Também não serve o falso argumento de que é preciso evitar a punição do usuário. Nenhum juiz, hoje em dia, determina a prisão de um jovem por usar maconha. A prisão, quando ocorre, está ligada à prática de delitos que derivam da dependência química: roubo, furto, pequeno tráfico, etc. Na maioria dos casos, de acordo com a Lei n.º 9.099/95, há aplicação de penas alternativas, tais como prestação de serviços à comunidade e eventuais multas no caso de réu primário.
Caso adotássemos os princípios defendidos pelos lobistas da liberação, o Brasil estaria entrando, com o costumeiro atraso, na canoa furada da experiência europeia. Todos, menos os ingênuos, sabem que, assim como não existe meia gravidez, também não há meia dependência. É raro encontrar um consumidor ocasional. Existe, sim, usuário iniciante, mas que muito cedo se transforma em dependente crônico. Afinal, a compulsão é a principal característica do adicto. Um cigarro da "inofensiva" maconha preconizada pelos arautos da liberação pode ser o passaporte para uma overdose de cocaína. Não estou falando de teorias, mas da realidade cotidiana e dramática de muitos dependentes. Transcrevo, caro leitor, o depoimento de um dependente químico. Ele fala com a experiência de quem esteve no fundo do poço.
"Sou filho único. Talvez porque meus pais não pudessem ter outros filhos, me cercavam de mimos e realizavam todas as minhas vontades. Aos 12 anos comecei a fumar maconha, aos 17 comecei a cheirar cocaína. E perdi o controle. Fiz um tratamento psiquiátrico, fiquei nove meses tomando medicamentos e voltei a fumar maconha. Nessa época, já cursava medicina e convenci os meus pais de que a maconha fazia menos mal que o cigarro comum. Meus argumentos estavam alicerçados em literatura e publicações científicas. Eles mal sabiam que estavam sendo enganados, pois, além de cheirar, também passei a injetar cocaína e dolantina, que é um opiáceo. Sofri uma overdose e só não morri porque estava dentro de um hospital, que é o meu local de trabalho. Após essa fatalidade, decidi me internar numa comunidade terapêutica e, hoje, graças a Deus, estou sóbrio. O uso moderado de maconha sempre acabava nas drogas injetáveis. Somente a sobriedade total, inclusive do álcool, me devolveu a qualidade de vida que não pretendo trocar nem por uma simples cerveja ou uma dose de uísque." A.S.N., médico de Ribeirão Preto (SP), é ex-interno da Comunidade Terapêutica Horto de Deus (www.hortodedeus.org.br).
As drogas estão matando a juventude. A dependência química não admite discursos ingênuos, mas ações firmes e investimentos na prevenção e na recuperação de dependentes. A todos, um feliz Natal
!
DOUTOR EM COMUNICAÇÃO PELA UNIVERSIDADE DE NAVARRA, É DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO DO INSTITUTO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS SOCIAIS E-MAIL: DIFRANCO@IICS.ORG.BR

O Brics nao existe, mas ainda assim o Brasil consegue ter o dobro da carga tributaria do bloco

Qual é o significado de juntar indicadores diversos dos países do assim chamado grupo dos Brics e compará-los entre si? Nenhum, pois nenhum desses países guarda relação, na parte tributária, com qualquer outra política que eles possam manter, inclusive  no comércio recíproco. Cada um deles mantém suas políticas e as toma de forma totalmente independente, sem qualquer coordenação conjunta.
Da mesma forma, essa matéria abaixo apenas confirma uma deformação integralmente brasileira, completamente nacional, e que vale na comparação do Brasil com qualquer outro país, inclusive naqueles que possuem cargas tributárias iguais ou mais elevadas (basta comparar serviços prestados pelos respectivos Estados).
Ou seja, fiquemos nos países de forma independente, ou por acaso eles pretendem unificar políticas fiscais?
Bobagens monumentais são difíceis de desmantelar...
Paulo Roberto de Almeida

Carga tributária brasileira é quase o dobro da média do Brics

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De acordo com estudo do IBPT, Brasil deverá encerrar 2013 com carga tributária de 36,42% do PIB, pouco superior a 2012
 
Com a previsão de fechar este ano com carga tributária de 36,42% do seu Produto Interno Bruto - PIB, o Brasil ocupa a última posição entre os BRICS, com relação à carga tributária, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de  Planejamento e Tributação – IBPT. Os demais países do bloco possuem as seguintes cargas tributárias: Rússia, 23%; Índia, 13%; China, 20% e África do Sul, 18%. A média desse percentual entre os BRICS é de 22%, mas, ao excluir o Brasil, cai para 18,5%. Sozinho, o Brasil apresenta quase o dobro da média de carga tributária dos demais países que fazem parte do bloco. O estudo"Evolução da Carga Tributária brasileira e previsão para 2013", divulgado pelo IBPT nesta quarta-feira, 18, está disponível no site www.ibpt.org.br.
 
Para o presidente do Conselho Superior e coordenador de estudos do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral, “os constantes aumentos da carga tributária brasileira deixam bem clara a dificuldade que o Brasil tem de expandir o seu comércio exterior e também de incentivar a produção nacional. Competir no mundo globalizado com uma carga tributária tão alta é o mesmo que colocar um lutador de sumô para disputar uma prova de 100 metros rasos numa olimpíada”, compara o tributarista.
 
Para concluir o estudo, o IBPT levou em consideração a arrecadação até o mês de novembro de 2013 e o PIB do 3º trimestre do mesmo ano. O Instituto estima um leve aumento da carga tributária em relação a 2012, quando o percentual foi de 36,37% do PIB. O estudo evidencia, ainda, o crescimento da carga tributária ao longo dos governos nos últimos 27 anos, desde o primeiro ano da gestão de José Sarney, em 1986, quando este percentual equivalia a 22% do PIB nacional, até o terceiro ano da administração de Dilma Rousseff.
 
Gilberto Luiz do Amaral está à disposição para comentar as informações do estudo. Para agendar um horário, entre em contato com a De León Comunicações, nos telefones (11)5017-4090//7604 ou e-mail pal...@deleon.com.br. 
 
O IBPT -  Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação, fundado em 1992, atua na área de inteligência tributária e realiza auditorias, consultorias e implementa sistemas de governança tributária. No âmbito de mercado, o Instituto orienta estratégias de negócios a partir da análise de informações econômicas e fiscais.

Revisando as previsoes imprevisiveis para 2013, e preparando as de 2014

Todo final de ano, como muitos já sabem, eu, atrevendo-me a competir com os astrólogos, videntes e outros seres preparados para o que der e vier, costumo fazer as minhas previsões imprevidentes.
Elas têm essa peculiaridade, e bizarrice, de serem concebidas para justamente não se realizar. Fico totalmente realizado quando todas elas falham, pois isso significa que eu acertei pelo contrário, ou al revés, como diria o finado presidente Hugo Chávez, que também praticava, à sua maneira, a economia política ao contrário, de que é mostra o brilhante estado da economia venezuelana.
Mas, o mundo, o Brasil em especial, sempre nos prega surpresas, e algumas previsões imprevidentes acabam se realizando, contra qualquer racionalidade.
Que seja, nem todo astrólogo acerta e este "previsor" por vezes acerta sem querer, ou seja, algumas coisas boas acabam acontecendo sem que as intenções iniciais fossem essas.
Mas, como todo cidadão honesto, também tenho de prestar contas do que acertei, e do que errei.
Nada melhor, neste sentido, do que colocar aqui as previsões feitas no final de 2012, válidas para 2013, para que todos e cada um possam verificar como eu me desempenhei e qual seria, exatamente, minha "taxa de sucesso".
Pelo que ouso chutar, acho que acertei (no caso, desacertei) 70% das previsões, o que me parece uma taxa razoável de desacertos, maior, em todo caso, do que a maioria dos videntes e astrólogos.
Quero, neste momento, agradecer ao governo dos companheiros e todos os seus aliados aloprados, que muito fizeram para aumentar a minha taxa de desacertos, sobretudo nos terrenos da corrupção, da economia, das políticas setoriais improvisadas, que continuam tão confusas quanto sempre foram.
Só faltou acertar que o pequeno Uruguai seria o país do ano, por tentar legalizar a maconha de todos os dias. Vai dar certo em 2014, ou seja, o programa vai ser um fracasso monumental. Acrescento, portanto, o experimento da maconha estatal, na lista das previsões imprevidentes de 2014.
Boa sorte, podem conferir o que escrevi no ano passado, e aguardem mais previsões imprevidentes que elas estão sempre se manifestando espontaneamente, com a ajuda do governo companheiro.
Paulo Roberto de Almeida


Minhas Previsões Imprevisíveis para 2013
(não custa continuar tentando, para ver se em algum ano dá certo...)

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 20 de dezembro de 2012.

Como faço a cada ano (salvo nos bissextos), vou continuar meu tresloucado exercício de fazer previsões ao contrário, isto é, minhas expectativas para o que não tem nenhuma chance de acontecer no ano que pronto se iniciará. É claro que, dada a múltipla natureza bizarra, sempre inovadora, criadora, simpática e decepcionante, e até mesmo surpreendente deste país surrealista que se chama Brasil, corremos o sério risco de sermos desmentidos, e sairmos humilhados, pela absolutamente inacreditável realização de algumas dessas previsões malucas. As surpresas podem ocorrer, especialmente as vindas de certas esferas da alta política, previsíveis na sua imprevisibilidade, e que costumam confirmar aquela máxima do Barão de Itararé: de onde menos se espera é que não sai nada mesmo. Mas isso fica pela conta do seguro contra acidentes não previstos, que renovo a cada ano nessa época, para evitar, justamente, ser processado por algum leitor, e aí cair naquela previsão ainda mais imprevisível de ter o caso julgado por um “auto” tribunal em menos de 20 anos, o que atrapalharia sobremaneira minha aposentadoria.
Sem mais delongas e tergiversações, vamos pois à lista atualizada das previsões imprevisíveis para 2013. Se algumas delas se realizar, os leitores podem me cobrar a conta, mas apenas em 2014, quando terei um estoque inteiramente novo de ofertas do impossível.
Começo pelo mais comum, frequente e corriqueiro: corrupção. Se não sobreviver o fim do mundo antes, vamos ficar inteiramente livres de qualquer novo caso de “malfeitos” em 2013. Tendo aprendido com sua própria experiência, na carne, por assim dizer, os companheiros vão inaugurar uma tecnologia inteiramente nova de combate à corrupção, pela simples razão de que – como a nova nota fiscal que já declara os impostos – a corrupção já virá integrada a todos os negócios públicos. O Partido dos Companheiros está criando uma Secretaria Especial de Negócios Não-Contabilizados, aqui se antecipando ao financiamento público das campanhas eleitorais, o que vai facilitar tremendamente as coisas. Transpondo a tecnologia para o nível estatal, vai ser possível nos livrarmos inteiramente da corrupção, em virtude do expediente já referido de sua integração oficial, formal e carimbada, em todas as transações que envolvem instituições e agentes públicos. Vai ser assim uma espécie de CPMF destinada inteiramente ao caixa 2, mas de forma explícita. Resolvido o problema, não é mesmo?
Fim do Mundo: parece que não deu certo desta vez, mas não custa apostar mais um pouco, inclusive porque esta catástrofe natural – ou dos deuses? – vai resolver todos os outros problemas, inclusive a obrigação deste escriba ficar perdendo tempo neste tipo de besteirol. As apostas ficaram um pouco mais caras, dada a frustração com as últimas cinco previsões e meia. Também: os maias têm aquela escrita complicada, impossível de ler, e números que não são em base decimal. Mais passons...
 Economia: depois do insucesso dos quinze últimos pacotes de estímulo à economia, o governo promete que não vai mais fazer pacotinhos de estímulo à economia; pode ser um pacotão, de tempos em tempos, mas essa coisa de a presidente e o ministro da Fazenda anunciarem, a cada semana, que “estão tomando medidas para estimular a economia” vai finalmente sair de moda. E não tem mais essa coisa de improvisações setoriais; doravante só terão direito a pacotes de estímulos, pacotões, na verdade, os setores minoritários, que já gozam de várias cotas de favor. Isso muda! Os afrodescendentes, por exemplo: com base na auto-declaração, eles já são mais de 55% da população brasileira. Todos os pacotes de favor serão agora para setores minoritários e prejudicados nas políticas dos últimos anos, como os loiros de olhos azuis, coitados.
 Política: o Congresso proclama sua independência, enfim! Só vai trabalhar para o governo nas quartas-feiras, quando o expediente é total. Nas terças e quintas, e só em regime de meio expediente, trabalhará para ele mesmo, que ninguém é de ferro. Estão abolindo o 14o. e o 15o. salários, mas vão criar a semana de expediente ainda mais reduzido. E já avisaram; só vão cassar companheiros legisladores em anos bissextos. O Stalin Sem Gulag, aliás, aproveita para mandar dizer que a luta continua, agora dentro da cadeia, com o apoio do PCC, que é um partido quase alinhado com suas teses.
Justiça: o Supremo diz vai parar de se meter na vida dos demais poderes; mas já avisou que não quer nenhum parlamentar se metendo na fixação dos seus próprios salários, que devem ser proporcionais aos quatro milhões de casos “a julgar”, parados há mais de oito anos nos escaninhos dessas varas que já viraram palácios de papel. Também vão modernizar o figurino: aquelas togas incomodas ficam sempre caindo e atrapalhando o movimento dos braços; vão adotar um simples avental, com os dizeres mais do que atuais: A justiça é cega...
Esporte: a Seleção de futebol da França se exila por completo na Bélgica, por razões fiscais. Os integrantes da seleção da Bélgica, por sua vez, fazem greve para não ter de pagar imposto de renda e ameaçam se exilar no vizinho Luxemburgo. A seleção brasileira adota um uniforme mais largo e mais comprido, daqueles antigos, para acomodar todas as mensagens publicitárias que a CBF negociou com importantes empresas multinacionais e várias estatais tupiniquins. Alguns jogadores vão negociar tatuagens publicitárias na barriga e no bum-bum (este mais caro). Mas, na copa das confederações, a seleção brasileira perde da seleção do Burundi por 1 a 0. Pano...
Economia mundial: a gangorra continua. Depois que o Brasil perdeu a condição de sexta economia mundial, para se converter na oitava economia, o governo reagiu e, via flutuação cambial do Banco Central, conseguiu trazê-la de volta para a sétima posição; os mercados reagem, fazem dois ataques especulativos e levam o Brasil à nona posição, mas o governo faz novo pacote e consegue trazer a economia para a oitava posição outra vez; os mercados, só de birra, provocam fuga de capitais e arrastam o Brasil para a décima-segunda posição; governo, emburrado e amuado desiste de brincar de gangorra cambial. Enquanto isso, a China e os Estados Unidos criam um programa conjunto de manipulações cambiais: pronto, era o que faltava para o governo brasileiro se enfurecer de vez; mas o seu tsunami financeiro não passa de uma marolinha...
Economia doméstica: o Ministério do Planejamento cria o PAC-III, com taxa de realização pré-programada em 35,7% dos recursos empenhados (incluídos restos a pagar...); o TCU também criou um software novo, de embargo preventivo das obras suspeitas de irregularidades: ele também vem pré-programado para embargar metade das obras, inclusive retroativamente, do PAC-I e do PAC-II, mas aí se descobre que as obras paradas são mais do que 75% do total dos volumes empenhados;
Economia sentimental: o governo cria o plano Brasil Amoroso, para distribuir beijos e abraços a quem vive sem companhia; Senadores mais sentimentais que outros, como Suplicy e Buarque, pensam instituir uma Bolsa Carinho, de meio salário de senador, para os contemplados no programa; executivo reage e cria o vale-beijo.
Cultura: as editoras brasileiras pedem proteção contra a Amazon, e querem taxa especial sobre o livro eletrônico, para compensar os custos que tem de estocar um monte de papel impresso que não vende; a Amazon resolve diversificar suas operações nacionais e começa a vender tapioca express-delivery. Deputado Aldo Rebelo reage, e diz que só pode se estiver escrito em língua nacional.
Política Externa: Cuba decide ingressar no Mercosul, antes do Paraguai voltar, e diz que tem direito a receber metade das verbas do Fundo de Recuperação e Apoio à Correção das Assimetrias Sociais Socialistas (FRACASSO), criado na cúpula do meio do ano. Guiana e Suriname reagem e dizem que também querem entrar no Mercosul para se beneficiar do maná brasileiro, à razão de 70% do total. Ministros decidem então criar uma Casa da Moeda do Mercosul (CMM), o mais novo órgão do vasto empreendimento integracionista, que não cessa de se ampliar no continente e surpreender o mundo pela sua criatividade e versatilidade. Obama diz que EUA consideram se tornar membro associado do Mercosul. É a apoteose...
Fim do Mundo, outra vez: guru de Cabrobó da Serra diz que ele descobriu um erro de cálculo no calendário maia, e atrasa do fim do mundo para meados de 2014, o que permite passar o fim de ano sem maiores preocupações com seguro de vida.
Bom ano a todos...

Brasília, 20 de dezembro de 2012.

Argentina-America Latina: por que dirigentes fracassados sempre colocam as culpas nos outros?

Bode expiatório, é o nome do subterfúgio a que recorrem usualmente os incompetentes...
Paulo Roberto de Almeida 

Mercosul

Argentina culpa elétricas por apagão e ameaça estatizá-las

Governo argentino afirma que empresas executaram estratégia para responsabilizar o governo pelos problemas na rede

Jorge Capitanich, ministro argentino

Jorge Capitanich, chefe do gabrinete de ministros da Argentina (Reuters)

O chefe do gabinete de ministro da Argentina, Jorge Capitanich, tentou desvincular do governo a culpa pelos apagões que têm ocorrido no país e afirmou que a população deve responsabilizar as empresa elétricas Edenor e Edesur. "Estamos preocupados e irritados porque não é possível que os usuários não tenham uma resposta para os problemas que emergem", afirmou Capitanich, segundo o jornal argentino Clarín.

Segundo o ministro, novo 'cão-de-guarda' do protecionismo argentino, houve uma "estratégia" das empresas elétricas de transferir a culpa para o governo Kirchner. "A mídia deve saber que, em vez de criticar o governo, deve colocar a responsabilidade onde ela deve estar, que é na qualidade da prestação de serviço por parte das empresas", disse o ministro, que afirmou ainda que haverá multas pelos apagões, além do ressarcimento aos usuários prejudicados.

Capitanich finalizou seu discurso à imprensa com uma ameaça: "Se não são capazes de prestar o serviço, então o estado está disposto a prestar o serviço de forma direta. Vamos agir com todo o rigor", afirmou.

Leia também:
Ao retomar trabalho, Cristina muda dirigentes econômicos do país

Racionamento - O governo argentino anunciou na quarta-feira que não descartaria implementar "cortes programados e rotativos" de energia elétrica para evitar um colapso devido a uma onda de calor que já produziu apagões em áreas urbanas do país.

Na quarta, o governo havia informado que trabalhava com as empresas elétricas para antecipar-se ao aumento excessivo da demanda.

Os prolongados cortes de energia dos últimos dias motivaram protestos em vários pontos da capital e sua área metropolitana, onde desde o fim de semana passado se registraram temperaturas superiores aos 35ºC.


Os meus livros, e os do Embaixador Seixas da Costa: terriveis dilemas sobre o que fazer

Mutatis mutandis, minha situação é bastante parecida com a do meu amigo bibliófilo ( não para colecionar, simplesmente para ler, um dia), Embaixador Francisco Seixas da Costa, cujo blog é um dos mais saborosos que jamais encontrei na blogosfera, acreditem.
Paulo Roberto de Almeida 
Os meus livros
Há uns anos, dei por mim a olhar para umas estantes onde tinha grande parte dos meus livros e a interrogar-me sobre o que fazer-lhes. Nunca fui um bibliófilo no sentido clássico. Não tenho raridades bibliográficas, embora possa ser proprietário de alguns livros que, não sendo caros, é difícil encontrar, mesmo nos alfarrabistas. Não tenho uma "biblioteca" no sentido clássico, organizada por secções. Fui comprando livros ao sabor dos tempos, às vezes ao ritmo de algumas modas intelectuais, outras por via de escolhas políticas, muitas mais porque a atualização profissional ou os gostos do momento me levaram a aquiri-los. Comprei livros que não li de todo, alguns completamente desnecessários, outros que só folheei, outros ainda porque achava que um dia ia ter tempo para os ler e não tive, para além dos que eram tão baratos tão baratos, numa feira do livro ou num saldo, que achei pena não ficar com eles. Com escassas exceções, sei onde e por que razão comprei cada livro. Gosto muito de oferecer livros, mas nunca dei um único livro dos meus. A minha biblioteca é hoje, assim, uma mescla imensa, onde se pode encontrar um pouco de tudo, desde ficção avulsa a muitas biografias e memórias, bastante história contemporânea, uma imensidão de dicionários, enciclopédias e obras de referência, muita coisa sobre a Europa e relações internacionais, montanhas de "current issues" e o que restou de tempos "esquerdalhos" - Marx & companhia. Mas há também publicações periódicas encadernadas, folhetos vários, literatura clandestina, etc. O único setor com alguma coerência e bastante completo são centenas de volumes relativos às lutas contra o Estado Novo e à política portuguesa contemporânea (onde me deve faltar muito pouco do essencial).

Quando saí para o meu primeiro posto diplomático, no final dos anos 70, levei comigo quase todos os meus livros de então, umas largas centenas. (Curiosamente, eram, de forma esmagadora, em língua portuguesa e francesa; o inglês viria mais tarde). A partir daí, fui circulando pelo mundo levando só com alguns desses livros, mandando os restantes para Portugal, espalhados entre a casa em Lisboa e a dos meus pais, em Vila Real. E comprando outros, claro. Passei, a partir de então e para sempre, a ter livros espalhados por vários locais. Às vezes, chegou a acontecer-me comprar o mesmo livro duas vezes. Depois dos últimos doze anos passados ininterruptamente no estrangeiro, a situação tornou-se fisicamente insustentável. Assim, no início deste ano, cheguei a Portugal com mais alguns milhares de livros "às costas". Nas estantes que tinha por cá já não cabia mais nenhum! Havia deixado em Paris quase quatro centenas, mas alguns milhares que me acompanhavam (e que cresceram dia a dia, em Paris) tiveram de ir diretamente para Vila Real. Para estantes? Não, em muitas dezenas de caixotes que jazem na maior divisão de uma casa vazia. Se somar os que tenho por Lisboa, juntos com algumas centenas que o meu pai me deixou, estaremos a falar de cerca de dez mil livros.

Que fazer? Decidi começar a doar esse espólio bibliográfico à moderna Biblioteca Municipal de Vila Real. Não foi uma decisão fácil de tomar. Tive a sorte de encontrar na pessoa do diretor da biblioteca, Vitor Nogueira, uma figura pouco comum na cultura de Vila Real, o interlocutor que me sossegou. Com ele combinei o "modus faciendi" desta operação progressiva. A biblioteca apõe em cada livro o carimbo que a imagem mostra, é feita uma recensão de cada volume, que segue depois para a secção respetiva. Por via informática, posso ir seguindo (tal como qualquer outro utente) o curso deste trabalho de integração dos livros na Biblioteca, inseridos num "fundo" próprio. E vou ficando com a certeza de que há quem trata os meus livros com o cuidado que (eu acho que) eles merecem. Tenho vindo a enviar para a Biblioteca tudo aquilo que entendo já não me fazer falta, o que naturalmente significa que as coisas que considero mais interessantes vão manter-se, por ora, em minha posse. Estão já por lá cerca de oito centenas de livros. Outros se seguirão no início de janeiro. Esta é uma "operação" necessariamente lenta, porque acarreta o desligar psicológico de objetos com que fomos habituados a viver. E isso, como se sabe, está longe de ser uma coisa fácil. Só ficaria preocupado, e as pessoas próximas de mim o deveriam ficar também, se um dia eu decidisse, de repente, dar todos os meus livros. Isso significaria que havia desistido de uma parte da vida. Porque os livros foram e são uma das partes mais importantes dessa vida.

Bom, e agora só espero que ninguém me ofereça livros logo à noite... 

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