O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Eleicoes 2014: a anti-politica de Reinaldo Azevedo (1): postando o postado (voltarei...)

Transcrevo abaixo postagem do conhecido jornalista e polemista político Reinaldo Azevedo, desta segunda-feira 25 de agosto (dia do soldado, e da renúncia de Jânio Quadros, para relembrar), dizendo que não votará em Marina Silva de jeito nenhum, se por acaso ela chegar ao segundo turno. Como ele também não vota de jeito nenhum nos petistas, a sua opção é pela: (a) abstenção; (b) voto nulo; (c) voto em branco.
Em qualquer das três hipóteses ele está se eximindo de uma escolha entre os candidatos possíveis no segundo turno, e recusando qualquer um dos dois, no caso provável das duas, presidentes. Ele não terá candidato e não se sentirá representado, portanto.
Como escrevi no título desta postagem, considero isso uma anti-política, e vou dedicar uma segunda postagem para explicar porque eu considero que esse jornalista está sendo contraditório com suas próprias posições, e está se colocando como um juiz de uma disputa, quando ele é apenas um eleitor a mais, dentre os 140 milhões que podem legalmente votar. Ele está se colocando como juiz moral de uma disputa, e como juiz diz que não pode decidir, o que seria virtualmente, ou totalmente impossível numa situação real de justiça: o juiz sempre tem de decidir por alguma solução: absolve, condena, ou no caso de um réu condenado por um juri, atribui a pena, segundo sua apreciação do caso, e SEGUNDO AS LEIS.
Reinaldo Azevedo está dizendo que as leis não lhe servem, e considero isso uma anti-política.
Mas, vou me explicar mais tarde, numa segunda postagem.
Por enquanto fiquem com a postura do jornalista.
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 25/08/2014

Por que jamais votaria em Marina Silva — nem que ela viesse a disputar o segundo turno com Dilma. Ou: Voo cego de um avião sem dono
// Reinaldo Azevedo | VEJA.com

Jamais votaria em Marina Silva. Já expus aqui alguns dos meus motivos. E também na minha coluna de sexta na Folha. Vou avançar. Desde que me ocupo da política, como jornalista, meu esforço é para tirá-la do terreno da mitologia e trazê-la para o da razão — inclusive o da razão pratica. “Poderia votar em Dilma contra Marina, Reinaldo?” Também é impossível. Os petistas me incluíram numa lista negra de jornalistas. Eles querem a minha cabeça e, se pudessem, pediriam a meus patrões que me botassem na rua. Desconfio até que já tenha pedido — não sei. Mas não levaram. Não sou suicida. Não me ofereço àqueles que se pretendem meus feitores. Mas, reitero, nem tudo o que não é PT me serve — e Marina não me serve. Mais: acho que alguns de seus ditos “conselheiros” estão perdendo o juízo e querendo se comportar como os Catões da República. Já chego lá.

Os cardeais da papisa
Marina Silva não é candidata a presidente da República, mas a papisa de uma seita herética — e suas heresias são praticadas contra a democracia representativa. Ela não concede entrevistas. Seus cardeais falam por ela. À Folha, quem garantiu a independência do Banco Central foi Maria Alice Setúbal. Já expliquei e insisto: se o sócio de um grande banco viesse a fazer tal promessa como porta-voz do tucano Aécio Neves ou da petista Dilma Rousseff, nós, da imprensa, não perdoaríamos o deslize. Como se trata de Marina, parece evidência de sabedoria. Tenham paciência! Banqueiros não podem fazer política? Podem e devem. Mas convém não misturar carne com leite nessas coisas. E ponto.

Na Folha desta segunda, mais um cardeal do “marinismo”, Eduardo Giannetti, fala em nome de Marina. Também ele acena para os mercados com a independência do Banco Central, mas o centro de sua entrevista é outro: quer a conciliação política “dos bons”, entendem? Marina, diz ele, pretende governar com o apoio de Lula e de FHC. Ninguém lhe perguntou — e não sei se vão perguntar — por que não se fez antes se é tão fácil. A rigor, em todos os conflitos do mundo, dos mais amenos aos mais sangrentos, sempre se poderia fazer esta indagação: “Por que não, então, juntar os opostos, juntar os litigantes?”

Giannetti teve uma ideia que poderia, enfim, ter evitado todas as guerras, até a de Troia, como num poema de Mário Faustino: “Estava lá Aquiles, que abraçava/ Enfim Heitor, secreto personagem/ Do sonho que na tenda o torturava”. No seu mundo, como no do poema, Saul não briga com Davi, os seteiros não matam Sebastião, e o “Deus crucificado” beija uma segunda vez o enforcado (Judas). Pode ser literatura. Pode ser religião. Uma coisa é certa: política não é.

Há mais: Giannetti resolveu, em sua entrevista, todas as dificuldades e só ficou com as facilidades. Imaginar que PT e PSDB possam estar juntos num governo implica ignorar, logo de cara, o fato de que esses partidos têm vocações e fundamentos que são inconciliáveis. Se o ideário, hoje, dos tucanos é um tanto nebuloso aqui e ali — especialmente na área de valores —, os do PT são muito claros. Ora, ora, ora… Então Marina Silva, a Puríssima, não aceita nem mesmo subir no palanque com Geraldo Alckmin ou com Beto Richa — acordos feitos por Eduardo Campos —, mas aquele que se candidata a ser seu orientador intelectual (já que diz não querer cargo caso ela se eleja) sonha com um governo que possa unir… Aquiles e Heitor. Giannetti é uma pessoa lida, que tem experiência com as palavras. Uma tolice dita por ele parece de qualidade superior à dita por um petista tosco qualquer. Mas é apenas isto: uma tolice dita com charme.

O PMDB
E o homem vai adiante. O sonho de Giannetti — que não me parece muito distante, mutatis mutandis, de todos aqueles que sonharam com um Rei Filósofo, com um Déspota Filósofo… — é juntar os bons de um lado para isolar os maus de outro. Ele pega carona na fácil demonização do PMDB. Dá a entender que essa é a força que tem de ficar do outro lado da trincheira. Marina, então, seria eleita pelo PSB, com o apoio de FHC e Lula e outras almas superiores do Congresso, uma conspiração dos éticos se formaria e pronto! Tudo estaria resolvido. Tao fácil que a gente lamenta que tantos estúpidos não tenham pensado nisso antes, né?

É mesmo? Será que o PMDB, ao longo da história, tem sido só um problema? Então vamos ver. Marina Silva apoia o Decreto 8.243, aquele que nem é exatamente de Dilma, mas de Gilberto Carvalho. No horizonte da turma que defende esse lixo autoritário, está, inclusive, o controle da imprensa, sim, senhores!, por conselhos populares. Marina não vê mal nenhum nisso porque, afinal, já deixou claro, não dá bola para partidos ou para instâncias formais de representação. O PMDB pode não ser exatamente um convento de freiras dos pés descalços, mas lembro que o partido, em seu congresso, apoiou uma das mais claras e fortes resoluções contra qualquer forma de censura à imprensa. Sugerir que o PMDB atrapalha a democracia ou a torna ingovernável é mais do que um erro; é uma mentira.

O avião
Hoje é dia 25 de agosto. Eduardo Campos morreu no dia 13. Até agora, ninguém sabe a quem pertence o avião. Marina, que voou muitas vezes naquele jatinho e que herda, pois, os instrumentos aos quais recorreu o PSB para fazer campanha, se nega a falar do assunto, como se ele não lhe dissesse respeito. Diz, sim!

Quem se pronunciou foi Beto Albuquerque, candidato a vice. Curiosamente, cobra explicações da Polícia Federal. Como? Aquele que era um dos homens mais próximos do presidenciável morto está exigindo respostas em vez de dá-las? O PSB, vejam vocês, inventou o avião sem dono.

Marina, a mais ética entre os éticos, não aceita doação, no caixa um — o oficial e registrado — de empresas disso e daquilo, mas faz ares de santa da floresta quando se questiona a quem pertencia um jatinho que custava alguns milhões. É essa a “nova política” de que tanto se fala? Vamos ver o que vem por aí: candidaturas e mandatos já foram cassados por muito menos. Que se apure tudo, mas há um cheiro fortíssimo de caixa dois na campanha, não é mesmo?

Messianismo
Marina carrega nas tintas de uma espécie de messianismo pós-moderno, assim, meio holístico-maluco-beleza. A VEJA desta semana a traz na capa. A reportagem, qualquer um pode constatar, não lhe é nada hostil. A figura desenhada nas páginas chega a ser simpática. Um trecho, no entanto, chamou especialmente a minha atenção.

No dia 18, 30 membros da Rede se reuniram em São Paulo para discutir a morte de Campos. Debate político? Claro que não! Isso é coisa superada. Era um papo de outra natureza. Depois de cada um dizer o que sentia, eles se dividiram em trios para escrever palavras para confortar… Marina!!! É, gente… Na Rede — que Giannetti quer ver no governo com o apoio de Lula e FHC —, não existem vitoriosos e derrotados quando se debate uma ideia. Há um troço chamado “consenso progressivo”. A exemplo do Cassino do Chacrinha, a reunião “só acaba quando termina” — e todos ganham. Em maio, para definir os dois porta-vozes da Rede, eles ficaram reunidos por 18 horas. Tinha de ser um homem e uma mulher para contemplar as diferenças de gênero… Tenham paciência!

Conheço gente que já frequentou esse círculo de iniciados. A coisa parece ser mesmo do balacobaco. Marina é o Pablo Capilé da floresta, e sua Rede lembra, em muitos aspectos, o tal grupo Fora do Eixo. As pessoas lhe dedicam um silêncio reverente e estão certas de que ela mantém mesmo uma certa comunicação com entes que não estão exatamente entre nós.

Estou fora
Não caio nessa, sob pretexto nenhum — nem mesmo “para tirar o PT de lá”. Na democracia, voto útil é voto inútil. Se Deus me submetesse à provação — espero que não aconteça — de ter de escolher entre Dilma e Marina, escolheria gloriosamente “nenhuma”! Se a turma do coquetel Molotov estava sem candidata e agora encontrou a sua, eu, que sou um partidário da democracia representativa e das instituições democráticas, deixarei claro, nessa hipótese, que estarei sem candidato no segundo turno. Mas torço e até rezo para que o Brasil seja poupado.

De resto, vou insistir numa questão: Marina Silva é governo no Acre há 16 anos. Seu marido deixou um cargo no secretariado de Tião Viana na semana passada. Mas a sua turma está lá, aboletada na gestão petista. Digam-me cá: quando Viana, seu aliado, começou a despachar haitianos para São Paulo, de uma maneira indigna, escandalosa, Marina disse exatamente o quê, além de nada? Qualquer bagre teria merecido dela mais atenção! Pareceu-me uma reação muito pouco caridosa a sua.

E não tenho como esquecer o fato de que, há menos de dois anos, Marina estava lutando por um Código Florestal que iria reduzir a área plantada no país. Como alternativa para seu desatino, ela tirava das dobras de seus numerosos xales um certo “ganho de produtividade” que compensaria a perda. Propunha isso, com o desassombro e a retórica caudalosa de sempre, como se o Brasil não tivesse hoje uma agricultura e uma pecuária entre as mais produtivas do mundo. Do mesmo modo, incentivou a crítica verdolengo-obscurantista a Belo Monte, num país que enfrenta escassez de energia.

Marina Silva? Não! Muito obrigado! Não quero! “Ah, mas ela pode ser eleita e fazer um grande governo…” É, tudo pode acontecer. Não tenho bola de cristal. Quando voto, levo em conta o passado dos candidatos, suas utopias, suas prefigurações, sua visão de mundo, o apreço que têm pela democracia, a factibilidade de suas propostas.

Se eu tivesse alguma dúvida — já não tinha —, ela teria se dissipado com a entrevista concedida por Giannetti nesta segunda: Marina quer governar com o apoio de FHC e Lula… Então tá! É até possível que os dois, por elegância ou sei lá o quê, venham a dizer que, se isso acontecer, tudo bem. Ocorre que o Brasil não é um país comandado por aqueles líderes de clãs do Afeganistão. O Brasil sofreu um bocado para ter uma democracia gerida por partidos e por instituições. Ainda não chegou a hora de sermos um Brasilstão, governado por uma santa rodeada de conselheiros de fino trato. Isso nada tem a ver com democracia. Isso é só mais um delírio de intelectuais, ainda e sempre os mais suscetíveis às tentações autoritárias.

Os idiotas que acham que sou antipetista a ponto de votar até num sapo se o PT estiver do outro lado nunca entenderam direito o que penso. Em dilemas que são de natureza moral, não havendo o ótimo, a obrigação é escolher o caminho menos danoso. Na democracia, felizmente, temos a possibilidade de recusar o ruim e o pior.

De todo modo, espero que a onda passe e que o destino do país não seja definido pelo cadáver de alguém que não havia se explicado o suficiente em vida. É isso.

#prontofalei

Texto publicado originalmente às 4h30

Adidos agricolas aguardam designacao (ou melhor: dinheiro)

A revista Veja se engana: não são diplomatas e não serão exatamente adidos, e sim assistentes técnicos na área de promoção comercial. E o assunto não deveria ser Itamaraty e sim Agricultura.
Se engana também sobre o motivo do não envio: simplesmente é falta de dinheiro.
Para ser totalmente verdadeiro, a realidade é esta aqui: O GOVERNO FEDERAL JÁ ESTÁ COMPLETAMENTE QUEBRADO, BROKEN, FALIDO, A BOUT DE SOUFFLE...
Paulo Roberto de Almeida 

Itamaraty

Dilma retarda envio de diplomatas ao exterior e atrapalha o agronegócio

Adidos agrícolas, que trabalham em embaixadas na interlocução entre exportadores brasileiros e compradores estrangeiros, esperam há dois meses a assinatura da presidente para iniciar trabalhos em seus respectivos postos

Luís Lima
Ritmo de negociação para ampliar exportações de proteína para a Rússia é prejudicado pela ausência de adido
Ritmo de negociação para ampliar exportações para a Rússia é prejudicado pela ausência de adido (Liane Neves/VEJA)
Os exportadores do agronegócio brasileiro contam, desde 2010, com uma turma de diplomatas para representar seus interesses nos principais mercados importadores: trata-se dos adidos agrícolas. O primeiro grupo, que partiu ainda durante o governo Lula, voltou ao Brasil em junho deste ano. Desde então, a segunda turma está pronta para assumir. O problema é que a presidente Dilma Rousseff, por razão desconhecida, não assinou o decreto autorizando a partida do grupo. E, segundo a Casa Civil, não há previsão de que autorize tão cedo. Isso significa que, no caso do aumento das exportações de carne brasileira para a Rússia, por exemplo, não há um diplomata do setor no posto de Moscou apto a conduzir as negociações.
Os novos adidos foram escolhidos pelo Ministério da Agricultura para ocupar sete representações diplomáticas brasileiras no exterior: em Buenos Aires, Bruxelas, Genebra, Moscou, Pretória, Tóquio e Washington. Segundo a assessoria de imprensa da Casa Civil, o processo de nomeação ainda se encontra em tramitação e "não há previsão para a conclusão". A demora resultará na descontinuidade do trabalho dos primeiros adidos, segundo uma fonte do alto escalão da pasta. 
Um dos trabalhos mais importantes a ser executado por um adido no atual momento é a negociação com a Rússia sobre o aumento da exportação de carne brasileira. No início deste mês, Moscou impôs um embargo à importação de alimentos e produtos agrícolas da União Europeia e dos Estados Unidos, o que, segundo o ministro da Agricultura do país, Nicolai Fyodorov, poderia ser compensado, em partes, com um maior fornecimento de carne do Brasil. “Empresas como JBS e Marfrig estão de olho nesse mercado. E, num momento como este, não há um adido para facilitar a interlocução com o governo russo”, afirmou a fonte.
Para o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, o atraso pode prejudicar a costura de um acordo entre os dois países no âmbito do aumento das exportações. “Esta é uma oportunidade em que um adido deveria estar trabalhando 24 horas por dia na Rússia. O adido tem um papel fundamental na costura e no entendimento das negociações que envolvem o agronegócio. Eles recebem as demandas de empresas, do governo do Brasil e do país em que estão”, disse Rodrigues, que também é coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (GV Agro).
De acordo com outra fonte do Ministério da Agricultura, o progresso nas negociações com os Estados Unidos para a venda de carne suína e de abertura de mercado para a carne bovina in natura são outros pontos que já poderiam estar sendo trabalhados. “Além disso, temos a questão do acordo comercial entre o Mercosul e União Europeia. A falta de um adido que esteja na linha de frente na Europa prejudica a velocidade com que as decisões são tomadas”, disse.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) realizou um encontro, em Brasília, para reunir os adidos agrícolas selecionados em 2010 e 2014. Durante o evento, Tatiana Palermo, superintendente de Relações Internacionais da entidade, ressaltou que os adidos são responsáveis, dentre outras atribuições, pelo início das negociações de protocolos fitossanitários.Sem eles, nós não podemos vender para o exterior, pois esses documentos são como ‘passaportes’ de nossos produtos agropecuários, que atestam a qualidade do serviço sanitário brasileiro”, explicou. 
Leia também:


Socialismo venezuelano: a melhor licao de economia que voce poderia ter, gratuitamente...

Eu sempre achei o finado ditador Hugo Chávez um excelente professor de economia.
E sempre disse que o manual dele, um pouco diferente dos text-books americanos de iniciação aos estudos de economia, não deveria chamar-se Economics 101, mas Economics 010, para sinalizar que todas as aulas do "Profesor Chávez" deveriam ser aprendidas pelo seu exato oposto.
É o que este articulista está mais ou menos dizendo...
Paulo Roberto de Almeida

The Venezuela Case Study In How Not To Help The Poor

Tim Worstall
Forbes, August 24, 2014
Venezuela under Chavez and now Maduro is an interesting case study in how not to go about trying to aid the poor. What they’ve done is interfered with market signals in an attempt to make certain items cheaper for the poor to purchase. The net effect has been that these same items are now unavailable to anyone at all. Unless they’re actually trying to run a cult of enforced consumer denial, something I rather doubt, their policies are therefore not having the desired effect. The interesting question is why?
I don’t, many people, don’t worry quite as much about inequality as do many on the left. That’s OK, be a boring world if we all thought the same. However I’m entirely willing to agree that trying to make life better for the poor is not an ignoble goal: it’s one I share actually, however much I might be fairly dry in how we go about doing so. But can we agree that a policy which creates a nationwide shortage of toilet paper, a policy intended originally to make toilet paper more affordable to the poor, is not a policy that has worked?
In fact, can we agree that the basic policies being followed in Venezuela simply don’t work at all?
The President of Venezuela, Nicolas Maduro, has announced plans for a major mandatory fingerprinting system to combat the increasingly dire food shortages and rampant smuggling afflicting the Latin American state.
He said the fingerprinting system would be similar to the one the country uses for voting and was intended to stop Venezuelans buying too much of a single item. Venezuelan authorities report up to 40 per cent of the goods the country subsidises for its domestic market are smuggled to Colombia and sold at higher prices.

Venezuela has been running short of basic goods like toilet paper, soap and cooking oil for over a year.
The basic goal was to reduce inequality in the country. Could be an admirable goal, certainly it’s not an ignoble one. It’s the method they used which was so catastrophic. They decided that the prices of certain goods should be fixed so that the poor could afford them. And price fixing has its problems.
If you fix the price below the market clearing price then immediately there will be a shortage of those goods. Simply because that market clearing price is, by definition, the one at which enough producers wish to produce and the same number of consumers wish to consume. So if you fix milk, toilet paper and cooking oil at lower than market prices demand for them rises, supply shrinks and you get shortages. This isn’t a conspiracy, it’s not greed and it’s not even the CIA: it’s just the basic effect of fixing prices below the market clearing ones. The same is true, in opposite, if you fix prices above market, as the European Union did with agricultural production. Fewer people want to eat the more expensive food and farmers everywhere squeeze the last calories possible out of their fields. You thus end up with lakes of milk and wine, mountains of butter and beef. As the EU did. Again this isn’t a conspiracy nor is it the CIA: it’s just that you’ve set prices above market clearing prices.
Of course, you can solve this by fixing prices at the market clearing prices: at which point why are you bothering?
All that followed inevitably followed from that first flawed decision. The smuggling over the border into Colombia (who wouldn’t smuggle petrol when it’s 10 cents a gallon in one country and $4 in the next?), the empty shelves, the refusal of producers to lose money at the newly mandated lower prices. They all stem from that first deluded decision to fix prices in the first place.
But say we still want to reduce inequality but now realise that price fixing isn’t the way to do it? What should we be doing?
That’s easy to answer: poverty is not having enough money. So, if you want to alleviate poverty give the poor some more money. Then they can go and buy that toilet paper, cooking oil, milk, at the price which someone is willing to produce it at.
The initial goal in Venezuela, let’s reduce inequality, was fair enough in itself if your political ideals run that way. It’s just that the methods they tried to use were nonsensically stupid. And it’s not as if they didn’t have fair warning. Food prices were low all over the Soviet bloc for most of the 20th century and Chavez’s best pal, Castro in Cuba, had used the same methods. And the Soviet bloc and Cuba were, were known to be and were visibly proven to be notably free of easily available food all the while they followed that policy.
If you want to make the poor less poor then give more money to the poor: don’t screw with the markets.

My latest book is “20 Economics Fallacies” At Amazon or Amazon UK.

A frase da semana: Mario Vargas Llosa sobre a liberdade

E, sobretudo, sobre a nossa responsabilidade, na terrível tragédia da Venezuela, que certos governos insistem em não ver, ou melhor, insistem em ficar do lado da ditadura...

Aqueles que chegaram à deprimente conclusão de que a política é uma atividade imunda, de medíocres e ladrões, e que é preciso, portanto, dar-lhe as costas, venham à Venezuela, onde ouvindo estes jovens, falando e aprendendo com eles, comprovarão que a ação política pode ser também nobre e altruísta, uma maneira de enfrentar a barbárie e derrotá-la, de trabalhar pela paz, convivência, justiça e liberdade, sem dar tiros nem detonar bombas, com razões e palavras, como fazem os filósofos e os poetas – criando a cada dia gestos, espetáculos, ideias, como fazem os artistas, que comovam e eduquem os outros e os embarquem num empreendimento libertário. Centenas de milhares, milhões de jovens venezuelanos estão dando nestes dias à América Latina e ao mundo inteiro um exemplo de que ninguém deve renunciar à esperança, de que um país, não importa quão profundo seja o abismo no qual a demagogia e a ideologia o precipitaram, sempre pode sair dessa armadilha e redimir-se.

Mario Vargas Llosa, em visita à Venezuela, em abril de 2014.

Grandes contribuicoes ao progresso da humanidade: uma serie em construcao...

 Creio que todos os candidatos devem ser respeitosos.
Seria uma pena se comentários maldosos interrompessem o gênio em pleno ato de criação, no processo de aperfeiçoamento de suas mais relevantes contribuições para o gênio da humanidade.
Não vamos cortar a criatividade e a inventividade tão natural, que seria difícil restabelecer depois: é preciso sobretudo respeitar os instintos básicos do personagem...
Paulo Roberto de Almeida

Se hoje é o dia das crianças, ontem eu disse que criança… o dia da criança é dia da mãe, do pai e das professoras, mas também é o dia  dos animais, sempre que você olha uma criança, há sempre uma figura oculta, que é um cachorro atrás.

Eu   ontem disse pro presidente Obama que era claro que   ele  sabia que depois que a pasta de dente sai do   dentifrício ela dificilmente  volta pra dentro do   dentifrício. Então que a gente tinha de levar isso   em  conta. E ele me disse, me respondeu que ele faria todo esforço político para que essa pasta de dente pelo menos   não ficasse solta por aí e voltasse uma  parte pra dentro do dentifrício.

A única área que eu acho, que vai exigir muita atenção  nossa, e aí   eu já aventei a hipótese de até criar um ministério, é na área  de… Na área… Eu diria assim, como uma espécie de   analogia com o que acontece na área agrícola.

A mulher abre o negócio, tem seus filhos, cria os filhos e se sustenta, tudo isso abrindo o negócio.”

Vamos dar prioridade a segregar a via de transporte. Segregar via de transportes significa o seguinte: ou você faz metrô, porque  o metrô… porque o metrô, segregar é o seguinte, não pode ninguém cruzar rua, ninguém pode cruzar a rua, não pode ter sinal de   trânsito, é essa a ideia do metrô. Ele vai por baixo, ou ele vai pela superfície, que é o VLT, que é um veículo leve sobre trilho. Ele vai por cima, ele para de estação em   estação,  não tem travessia e não tem sinal de trânsito, essa é a ideia do sistema de trilho.

A   Zona Franca de Manaus, ela está numa região. Ela é o centro dela porque ela é a capital da Amazônia.

Tudo o que as pessoas que estão pleiteando a Presidência da  República querem é ser presidente.

Eu vi. Você veja… Eu já vi, parei de ver. Voltei a ver e  acho que o Neymar e o Ganso têm essa capacidade de fazer a gente olhar.

Eu quero adentrar pela questão da inflação, e dizer a vocês que a inflação foi uma conquista desses 10 últimos anos do governo do presidente Lula e do meu governo.

Eu também vou falar… eu vou falar pouco. Vou explicar por quê: todo mundo, antes de mim, disse que ia falar pouco, não é? E aí, tinha uma senhora ali, na frente, que falou o que todos nós   estamos sentindo. Ela disse assim: “Eu estou com fome”. E   eu vou levar em consideração ela, que falou uma coisa que todo mundo está pensando, mas não está falando.

A autossuficiência do Brasil sempre foi insuficiente.

Em Portugal, o desemprego beira 20%. Ou seja, 1 em cada 4 portugueses estão desempregados.

 Primeiro, eu queria te dizer que eu tenho muito respeito pelo ET de Varginha. E eu sei que aqui, quem não viu conhece alguém que viu, ou tem alguém na família que viu, mas de qualquer jeito eu começo dizendo que esse respeito pelo ET de Varginha está garantido.

Em Vidas Secas está retratado todo problema da miséria, da pobreza, da saída das pessoas do Nordeste para o Brasil.

O meio ambiente é sem dúvida nenhuma uma ameaça ao desenvolvimento sustentável.

Eu quero, então, voltar aonde eu comecei. Eu vou falar agora que aqui tem 37 municípios. Eu vou ler os nomes dos municípios, porque eu acho importante que cada um de vocês possam (sic) se identificar aqui dentro e, por isso… Eu ia ler os nomes, não vou mais. Por que não vou mais? Eu não
 estou achando os nomes. Logo, não posso lê-los.


Eu sempre escuto os prefeitos. Por que é que eu escuto os prefeitos? Porque é lá que está a população do país, ninguém mora na União, ninguém mora… “Onde você mora?” “Ah, eu moro no Federal...

A seguir (certamente...)

Mafiosos em suas negociacoes mafiosas, como todas as boas quadrilhas do cinema...

Aparece prova dos R$ 6 milhões pagos por Marcos Valério ao empresário que chantageava Lula

Políbtio Braga, 23/08/2014
Ao lado, os fantasmas que assombram Lula. O maior deles é o que menos aparece na foto. 


CLIQUE AQUI para ler acusação de Marcos Valério ao MPF. O operador do Mensalão disse ter pago R$ 6 milhões ao empresário de ônibus Ronan Maria Pinto para que ele parasse de chantagear Lula. O contrato encontrato esta semana pela PF, comprova que Valério falou a verdade.
O jornal “O Estado de S. Paulo” deste sábado informa que agentes localizaram esta semana um contrato de empréstimo, no valor de R$ 6 milhões, entre a 2 S Participações Ltda, de Marcos Valério, o operador da quadrilha petista do Mensalão, e a Expresso Nova Santo André, de Ronan Maria Pinto, o empresário de ônibus de Santo André acusado de ter ajudado a mandar matar o ex-prefeito Celso Daniel. O contrato estava com a contadora do doleiro Alberto Youssef, sócio oculto do ex-diretor da Petrobrás, Paulo Costa, o Paulinho, amigo pessoal de Lula, preso no Paraná e neste momento fazendo delação premiada. 
. Os R$ 6 milhões são valor exato do total que Marcos Valério pagou a Ronan para cobrir chantagem que ele vinha fazendo contra Lula, ameaçando contar o que sabe sobre o assassinato de Celso Daniel. 
. O contrato foi assinado em outubro de 2004 e com as inscrições “Enivaldo” e “confidencial” feitas a mão. Enivaldo, supostamente, seria Enivaldo Quadrado, que trabalhava para o doleiro Alberto Youssef. 
 Em dezembro de 2012, Ronan Maria Pinto disse jamais ter se encontrado com Marcos Valério e que não conhecia pessoalmente o operador do esquema do mensalão, em resposta ao depoimento dado por Valério ao Ministério Público Federal na época. Na ocasião, ele afirmou que o PT lhe pediu R$ 6 milhões para que Ronan parasse de chantagear o ex-presidente Lula, o então chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, e o ex-ministro José Dirceu. As chantagens teriam relação com a morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002. (O Globo)

domingo, 24 de agosto de 2014

O Brasil como candidato a grande potencia? - Miguel Diaz e Paulo Roberto de Almeida

Em 2008 participei de um exercício intelectual convocado pela Stanley Foundation sobre os países emergentes, e acabei escrevendo um texto junto com um ex-especialista em assuntos latino-americanos do CSIS (Center for Strategic and International Studies, de Washington), cujo resultado acabei redescobrindo agora na internet, um pouco por acaso.
Devo dizer que não concordo com tudo o que figura no papel, e isso significa que não concordo com muita coisa, muita mesmo, mas esse é o preço de ter de fazer um paper já em colaboração, como estabelecido pela Fundação. Se eu tivesse escrito sozinho, o paper provavelmente seria bem mais crítico da situação do Brasil e bem menos otimista quanto às chances de ascensão ao primeiro time.
Conhecendo os companheiros, eu sabia (no começo de 2008), que eles meteriam os pés pelas mãos.
Alguma surpresa nisso?
Informo aqui o link, para os possíveis interssados:

Brazil’s Candidacy for Major Power Status
Miguel Diaz and Paulo Roberto Almeida
With a reaction by Georges Landau

O link para acesso é este: http://www.stanleyfoundation.org/powersandprinciples/BrazilCandidacyMPStatus.pdf

Getulio Vargas (3), o desenlace: resumo da biografia de Lira Neto

Terceiro e último volume da monumental biografia de Getúlio Vargas, por Lira Neto, sobre o atentado a Lacerda e o suicídio de Getúlio, um gesto calculado, destinado a, mesmo na derrota e no desenlace fatal, vencer seus inimigos, ganhando para si o povo, que ele manipulava como um mestre da política, mas que não gostava de fazer política, apenas de mandar.
Paulo Roberto de Almeida

Mil disfarces de Getúlio Vargas convergem num gesto de coerência
RESUMO O teatral suicídio de Getúlio, impelido pelas pressões políticas internas e externas sobre seu governo e ocorrido há 60 anos, fez com que o poder político do estadista perdurasse após sua morte. Últimos anos de sua vida são tema do terceiro e último tomo da biografia que lhe consagra Lira Neto, aqui resenhado.
OTAVIO FRIAS FILHO, 57, diretor de Redação da Folha

Os efeitos políticos do suicídio de Getúlio Vargas (1882-1954), que hoje completa 60 anos, já se dissiparam há muito tempo, mas o ato continua a reverberar pela singularidade.

Trágico, violento e irrecorrível, ele discrepa dos costumes conciliatórios vigentes desde pelo menos meados do século 19, quando se fixou o padrão das revoluções com pouco ou nenhum derramamento de sangue e das transições negociadas em que parte da velha ordem se transfere como por osmose à nova (1889, 1930, 1945, 1964, 1985). Discrepa também da personalidade do suicida, conciliador-mor que encarnou como ninguém o papel de sedutor matreiro capaz de se safar das piores encrencas. Como todo gesto extremo, terá sido preparado por uma complexa malha de causas.

É sabido que Getúlio sentia atração pelo suicídio honroso, destinado a prevenir alguma condição intolerável na eventualidade de uma derrota definitiva. Pelo menos duas vezes ele mencionou a possibilidade por escrito, quando era arrastado, em outubro de 1930, após muita hesitação, à ofensiva rumo ao Rio, sem saber que resistência encontraria pelo caminho, e em julho de 1932, quando foi surpreendido pelo ímpeto da contrarrevolução constitucionalista que irrompeu em São Paulo. Um de seus filhos viria a suicidar-se em 1977, o que parece sugerir alguma propensão inata.

Para que essa atração se convertesse em ato, porém, foi preciso que todas as portas se fechassem. Com os mandantes da tentativa de assassinar Carlos Lacerda (da qual resultou a morte de um oficial da Aeronáutica) alojados em seu palácio, com o "mar de lama" que as investigações subsequentes revelaram, Getúlio enfrentava uma avassaladora campanha pela renúncia, que logo se traduziu em ultimato militar transmitido pelo próprio ministro da Guerra (Exército). Naquela madrugada de 24 de agosto de 1954, ele ainda negociou uma licença que o manteria afastado do cargo até a conclusão das diligências. Os militares, contudo, foram irredutíveis.

Relatos da época indicam um presidente amargurado, aos 72 anos, com os desmandos na família cometidos às suas costas e, ao mesmo tempo, receoso de que ela passasse a objeto de execração pública: um irmão e um filho talvez estivessem a par da preparação do atentado; outro filho vendera uma propriedade a Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal do palácio e mentor do crime, pago com empréstimo bancário avalizado por João Goulart, ministro do Trabalho até a véspera e afilhado político do presidente.

Num homem tão racional e metódico, mesmo os lances da paixão foram comedidos pelo cálculo. Psicologia à parte, o extraordinário nesse suicídio é seu alcance político -num derradeiro passe de mágica o velho prestidigitador inverte a maré, derrota os inimigos quando mal haviam aberto o champanhe (conforme o relato de Lacerda sobre o fatídico amanhecer) e se consagra na memória popular, comandando seu vasto eleitorado por algumas décadas desde o além-túmulo (há indícios de que ele tencionava apoiar Juscelino e seguramente gostaria de ter visto Jango ou Leonel Brizola como sucessores).

ATENTADO
Ao contrário do suicídio, o atentado é quase inexplicável. De sua execução desastrada, Lacerda emergiu como mártir vivo (fora ferido no pé) conclamando os militares a fazer justiça ao colega de farda assassinado. Mesmo que o crime fosse bem-sucedido, porém, naquele ambiente exasperado as consequências seriam devastadoras para o governo, sobre o qual recairiam as suspeitas pela eliminação do principal inimigo de Getúlio na imprensa. Por rústicos que fossem, é estranho que os autores da trama não se dessem conta disso.

Atentado e suicídio formam o clímax do terceiro volume da biografia escrita por Lira Neto,"Getúlio - Da Volta pela Consagração Popular ao Suicídio (1945-1954)" [Companhia das Letras, R$ 49,50, 430 págs.], agora lançado, completando uma empreitada de 1.654 páginas. Ali, esse autor que gosta de explorar peripécias e lances pitorescos, mas trata seu material com exatidão escrupulosa, dá a versão dos condenados, apresentada anos depois do episódio.

As confissões teriam sido obtidas sob coação. Os dois acusados apenas seguiam Lacerda, em busca de algo que o comprometesse. Quando, na madrugada de 5 de agosto, o major Rubens Vaz estacionou na rua Tonelero e Lacerda desceu do carro para entrar no prédio onde morava, um dos réus teria se aproximado para anotar o número da placa, sendo interpelado pelo militar, que também saíra do carro. Seguiu-se uma luta entre ambos; Lacerda, que mal entrara no prédio, começou a atirar, atingindo por engano o major. Um segundo tiro, desferido pelo acusado com quem se atracava, matara o oficial. O inquérito teria sido uma fantástica farsa.

São mínimos os indícios em apoio dessa versão. Lira Neto os registra com gosto, contente por envolver acontecimento tão mítico nessas fumaças de mistério: a arma de Lacerda, que de fato disparou, não foi periciada; os boletins médicos do ferimento no pé desapareceram. Mas o biógrafo endossa a versão oficial, sustentada por todas as evidências disponíveis, entre elas o relato de três jornalistas do "Diário Carioca" que por acaso viram a cena a poucos metros de distância (um deles, o vizinho Armando Nogueira, foi o primeiro a reportá-la). É preciso uma sólida fé em teorias conspiratórias para acreditar que não houve atentado.

GUARNIÇÃO
A guarda pessoal, que na época tinha 83 integrantes, havia surgido em 1938. Numa noite de maio daquele ano, seis meses depois do golpe em que Getúlio se fez ditador, um destacamento integralista (espécie de fascismo católico-tropical) invadiu o Palácio Guanabara com o objetivo de assassiná-lo e tomar o poder. O assalto foi rechaçado pela guarnição e por auxiliares do autocrata, mas a fuzilaria se prolongou enquanto o Exército e a Polícia Especial demoravam, de forma suspeita, a enviar reforços.

Benjamin Vargas, irmão mais novo de Getúlio, teve papel crucial na defesa do palácio naquela madrugada e parece ter sido responsável pelo fuzilamento sumário, nos próprios jardins do Guanabara, de uma dezena de golpistas presos quando o ataque foi debelado ao amanhecer.

Em 1932, esse mesmo irmão se pusera à frente de um batalhão de voluntários, recrutado entre capangas e apaniguados da família Vargas em São Borja para combater os paulistas. Nesse batalhão, que numa arruaça de fronteira chegou a invadir território argentino, figurava Gregório Fortunato, o futuro Anjo Negro, a quem foi confiada, depois do assalto integralista, a missão de chefiar o bando convertido em guarda permanente dedicada à proteção do ditador.

Lira Neto narra incidentes espantosos durante a ditadura do Estado Novo em que Bejo -como o irmão atrabiliário e alcoólatra era chamado em família- provoca desafetos em boates, dá tiros a esmo, chega a ferir terceiros e continua impávido. Certa vez mandou sequestrar e espancar um jornalista; o assecla encarregado da tarefa seria mais tarde um dos dois condenados pela execução do atentado contra Lacerda. Nesse submundo provinciano em que se cruzavam compadrio e delinquência, em que o hábito caudilhesco da violência se ampliara na impunidade garantida pela ditadura, formou-se o "mar de lama" que tragou o mandato democrático de Getúlio.

CARTA-TESTAMENTO
Mas, como no movimento entre tese/antítese/síntese, atentado e suicídio somente se resolvem no terceiro elemento mítico dessa narrativa, a carta-testamento, também ela objeto de controvérsia duradoura. Existem duas versões desse texto.

A primeira, manuscrita certamente pelo próprio Getúlio, é mais curta. Seu tom é apressado, algo prosaico, e certas passagens exalam ressentimento. O autor reclama da "fraqueza de amigos que não me defenderam" e da "felonia de hipócritas e traidores a quem beneficiei". O fecho é pedestre e anticlimático: "A resposta do povo virá mais tarde...".

A segunda versão, datilografada, logo distribuída e replicada à exaustão nas rádios e jornais, foi a que passou à história. É uma magnífica exortação política, escrita com simplicidade intensa e solene. Sua qualidade literária quase faz esquecer o quanto ressoa de demagogia nacionalista e de culto à personalidade em seu teor.

"Não me acusam, me insultam, não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa." Feitas as negativas desse introito, que valem por uma refutação, o texto relembra que, depois de "decênios de espoliação", o autor se fez chefe da Revolução de 1930, instaurou "um regime de liberdade social", foi deposto e retornou ao governo "nos braços do povo".

Passa a enfrentar a resistência de grupos "nacionais e internacionais" ao aumento do salário mínimo, à restrição nas remessas de lucros para o exterior, à criação da Eletrobras. Vinha lutando "mês a mês, dia a dia, hora a hora" -o tempo da narrativa só se acelera- até concluir: "Nada mais vos posso dar, a não ser o meu sangue", o que confere uma ressonância cristã ao sacrifício feito em nome do povo e que sela sua aliança ("uma chama imortal") com o líder imolado.

Segue-se uma saraivada desconcertante de antíteses: "Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram respondo com minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém". No último parágrafo, uma série de frases curtas, sincopadas, prepara o crescendo de suspense que se desata no majestoso traslado da sentença final: "Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história".

Parece haver algum consenso entre os historiadores quanto à sequência de eventos. Getúlio faz anotações para uma carta que deixaria caso as circunstâncias o forçassem ao suicídio. Lira Neto conta que Alzira, sua filha e secretária, diz ter visto essas anotações uma semana antes entre os papéis do presidente que, interpelado por ela, desconversou, atribuindo-as a um momento de "desabafo". Essa versão já dizia que "velho e cansado, preferi ir prestar contas ao Senhor".

Em algum momento daqueles dias, Getúlio discute o assunto com o jornalista José Soares Maciel Filho, amigo e redator de seus principais discursos, a quem pede que redija uma segunda versão, como haviam feito em outras ocasiões. Maciel, que na juventude fora aluno do filósofo Benedetto Croce na Itália e depois criara um jornal no Rio para sustentar a Revolução de 30, era um ideólogo nacionalista que ocupou cargos altos na burocracia getuliana. Para tranquilizar o assessor, é plausível que o presidente tenha alegado reservar o texto para uma situação extrema que provavelmente nunca ocorreria.

CENÁRIO
Claro que todo esse cenário é apenas a condensação teatral de um drama muito maior. O raio de manobra do governo vinha se estreitando, conforme era tracionado por uma dinâmica de polarização entre forças econômicas e interesses sociais contraditórios, que Getúlio (como Jango 20 anos mais tarde) tentou conciliar enquanto conseguiu.

Como sempre, o cobertor era curto. O país precisava de recursos externos para investimentos em infraestrutura, mas a prodigalidade que os americanos haviam mostrado na Segunda Guerra e no começo da Guerra Fria, quando era prioritário manter boas relações com o Brasil, cedera lugar, a partir de 1952, a uma atitude mais dura e à exigência de que os empréstimos tramitassem menos via governos e mais via instituições privadas, o que reclamava um "ambiente de negócios", como se diria hoje, mais amigável.

O foco das tensões era o regime de câmbio, que sofreu idas e vindas no período, conforme o governo cedia às pressões estrangeiras, aos exportadores de café ou aos importadores nacionais. Programas de estabilização financeira (encetados pelos sucessivos ministros da Fazenda, Horácio Lafer e Oswaldo Aranha) eram solapados pela necessidade política do governo de ceder às demandas crescentes. A economia crescia a uma taxa média anual próxima a 6%, mas a inflação, que estivera em 8% no quadriênio anterior, chegou a cerca de 20% anuais no mandato de Getúlio.

Pelo flanco sindical, o governo era acossado por greves e pela radicalização do semiclandestino Partido Comunista, que, em mais uma reviravolta determinada por Moscou, rompera com Getúlio e adotava uma política de agitação operária. Em maio de 1954, o presidente concedeu o controvertido reajuste de 100% no salário mínimo, elevando-o a valor real próximo ao de hoje, quando a renda per capita é quase cinco vezes maior que a da época.

O governo, entretanto, mantinha controle sobre o Parlamento, onde a Câmara dos Deputados votou, em junho de 1954, um pedido de impeachment do presidente, derrotado pelo placar de 136 votos contrários e apenas 35 a favor.

A oficialidade militar, impregnada pelas divisões que cindiam a opinião pública e alvoroçada pela perda de poder aquisitivo dos soldos, ainda abrigava um setor "progressista", simpático ao nacionalismo do presidente ou ao menos apegado ao regime constitucional de 1946. O assassinato do major Vaz gerou uma catarse corporativa que fez a balança de forças pender pelo afastamento, via renúncia ou deposição.

Getúlio fora um oportunista por excelência, adotando os disfarces ideológicos que mais lhe convinham a cada conjuntura, mas seria um equívoco ignorar a linha de continuidade a estruturar essa trajetória cujas aparências parecem tão mutáveis.

Sua aversão à democracia parlamentar, sua concepção do Estado centralizado como indutor do desenvolvimento e do equilíbrio entre classes e regiões, até mesmo sua prudência em matéria fiscal e a inclinação por um regime plebiscitário que mantivesse o líder por tempo indefinido no poder - tais aspectos integram uma doutrina à qual permaneceu constante, emanada do pensamento positivista do francês Auguste Comte (1798-1857).

No final do século 19, essa doutrina, adaptada por discípulos brasileiros, desempenhou forte influência na mentalidade republicana, especialmente a gaúcha. Naquele Estado, facções positivistas e liberais chegaram a se enfrentar em duas guerras civis (1893-5 e 1923). Influência parecida aconteceu na mesma época em outros países latino-americanos, e diga-se de passagem que o recente "bolivarianismo" tem suas raízes nesse mesmo substrato.

Em linguagem marxista, as teorias de Comte refletiam na França uma parcela do pensamento burguês engajada na universalização de direitos que a Revolução de 1789 apregoou, mas intimidada pela ameaça à propriedade representada pelas insurreições operárias de 1848 e 1870. Era preciso patrocinar mudanças dentro de um curso dirigido, "racional" (a doutrina exercia peculiar fascinação sobre engenheiros e militares). Tais ideias vinham a calhar quando transplantadas ao contexto de uma elite hostil ao bacharelismo, dissidente e autoritária, reformista e conservadora, como aquela que produziu o estadista Getúlio Dornelles Vargas.

ENFOQUE
Panorama tão amplo escapa, como não poderia deixar de ser, aos propósitos do biógrafo; seu enfoque sempre minucioso está concentrado no círculo íntimo do presidente. Neste terceiro volume, o narrador utilizou os rascunhos que Alzira Vargas preparou para seu segundo livro de memórias, nunca publicado, assim como as numerosas cartas que trocou com o pai, entre 1945 e 1950, quando ele cumpria seu ostracismo como estancieiro na fazenda de São Borja e ela atuava, no Rio de Janeiro, como sua articuladora.

Além de filha devotada e secretária diligente que lhe providenciava roupas, remédios e charutos, Alzira parecia possuída, como o pai e ao contrário de certos parentes, pela paixão da política enquanto responsabilidade pública. Era também uma mulher corajosa, arguta e dotada de tino maquiavélico, o que torna a leitura da correspondência muito instrutiva.

Suas metáforas, extraídas do léxico feminino, são quase sempre tiradas divertidas nas quais ela informa o pai sobre o que se passa na corte do presidente Dutra - a famosa "copa e cozinha" - para então abrir o leque das opções a seu ver disponíveis e declarar-se à espera de ordens. Lira Neto revela que Samuel Wainer foi enviado para a famosa entrevista com Getúlio ("voltarei como líder de massas") ao que tudo indica numa manobra engendrada pela filha no Rio.

Anos mais tarde, na última reunião ministerial que Getúlio presidiu, às primeiras horas do 24 de agosto, seriam dela e de Tancredo Neves as vozes categóricas a favor de retomar pela força o mandato prestes a ser usurpado, prendendo imediatamente os generais insubordinados.

PROTAGONISTAS
Se há muito de cinematográfico no andamento dos livros de Lira Neto, não resta dúvida sobre quem são os protagonistas dessa história, que vai sendo ocupada do meio para o fim pela preciosa relação entre um pai declinante e sua filha dileta -até que o delicado fio que prende esse Lear a sua Cordélia se rompa na torrente final da tragédia.

No entanto, parece que foi faltando tempo ao autor (o trabalho inteiro consumiu cinco anos), de modo que o terceiro e o segundo volume, embora admiráveis, talvez não alcancem o nível primoroso do primeiro nem tenham sua originalidade, favorecida por tratar da fase inicial, menos divulgada, da vida do personagem.

Ele foi assunto de diversas abordagens biográficas, em geral oficiosas (a própria Alzira escreveu a sua, "Getúlio Vargas, Meu Pai", publicada em 1960). Em 1974, o criterioso historiador John W. Foster Dulles, biógrafo de Lacerda e filho do secretário de Estado norte-americano entre 1953 e 1959, publicou "Getúlio Vargas: Biografia Política". Mais recentemente, o historiador Boris Fausto lançou seu excelente e conciso "Getúlio Vargas - O Poder e o Sorriso" (2006).

Apesar desses antecessores ilustres, é provável - devido às ambições narrativas, ao rigor documental da imensa pesquisa e ao desengajamento do ponto de vista - que a biografia de Lira Neto assuma a posição de obra definitiva sobre o personagem por longo tempo, moldando a visão das próximas gerações de estudiosos, leitores e espectadores.

PRESENTE
Quanto ao leitor atual, não será ele tentado a ver analogias inquietantes entre aquele passado nem tão remoto e o presente? O PT em vez do PTB, Lula em vez de Getúlio (Dilma em vez de Dutra?), o PSDB no lugar da UDN, o PMDB no do PSD - a demagogia, a corrupção, a direita golpista -; será que estamos presos ao mesmo círculo que se repete? Mas basta ressaltar as diferenças mais importantes para concluir que essa identidade é aparente.

Em 1954, o capitalismo estava enraizado no país de modo ainda mais precário do que hoje, quando uma proporção maior da sociedade e do território foi incorporada a sua dinâmica e absorveu parte de seus benefícios. Em última análise, o sentido histórico da ditadura militar (1964-85) foi exatamente forçar pela violência uma trégua nas lutas sociais, que permitisse a acumulação destinada a completar a tarefa iniciada desde os anos 1930, a modernização capitalista.

Lamentamos as metrópoles atulhadas e a depredação da natureza, mas foi esse processo vertiginoso que trouxe a mortalidade infantil de 128 óbitos por mil nascimentos (1955), por exemplo, aos atuais 14, e a expectativa de vida dos 45 anos (1950) aos atuais 75, ambos índices objetivos de melhora nas condições coletivas de vida.

Por motivos que extrapolam esta resenha, mas que decorrem em parte do amadurecimento institucional após tantas aventuras frustradas, o Exército deixou de ser o fio desencapado da política, que potencializava os impasses até conduzi-los a soluções de força. A estrutura constitucional passou a funcionar porque a trama de interesses na economia e na sociedade se tornou mais forte e complexa. Por falta de respaldo suficiente, direita e esquerda exaltadas tiveram de abandonar há 40 anos qualquer tentativa séria de golpismo.

As relações com os Estados Unidos também evoluíram, conforme nossa dependência daquela economia se tornou menor, de maneira que uma posição nacionalista se traduziria, hoje, mais em termos de competição por mercados e tecnologias do que nos moldes tradicionais de uma resistência anti-imperialista.

O maniqueísmo ideológico dos anos 1950 se dissolveu numa espécie de centrismo tecnocrático, administrativista, no qual as alternativas, por mais encarniçada que continue sendo a luta de suas falanges pelo poder, não passam de versões um pouco mais à esquerda ou à direita - precisamente como PT e PSDB na atualidade, separados por divergências mais de grau e estilo do que de essência.

Getulio Vargas (2), o ditador: resumo da biografia de Lira Neto

O lado escuro de Getúlio Vargas
OTAVIO FRIAS FILHO, 18/08/2013

RESUMO Segunda parte da biografia de Getúlio Vargas aborda seu lado "ruim", concentrando-se nos anos que levaram à ditadura do Estado Novo. Apesar de certo tom oficialesco, livro se destaca pela narrativa da Revolução de 32 e da Intentona Comunista e ajuda a desfazer maniqueísmo ingênuo em torno da figura do líder.

Assim como o colesterol, pode-se dizer que existe um Getúlio Vargas "bom" e outro "ruim". O primeiro é o líder de uma revolução democrática, o campeão dos direitos sociais, o governante nacionalista. O segundo é o chefe da única ditadura pessoal que o Brasil conheceu e o político inescrupuloso aferrado ao exercício do poder.

Claro que esse maniqueísmo ingênuo se desfaz conforme conhecemos mais sobre personalidade tão ambígua e sua complexa inserção numa época conflagrada como os meados do século passado. Fomentar essa compreensão isenta é o maior mérito da biografia em três volumes empreendida pelo jornalista e pesquisador Lira Neto, da qual se publica agora a segunda parte, "Getúlio - Do Governo Provisório à Ditadura do Estado Novo (1930-1945)" [Companhia das Letras, 632 págs., R$ 52,50].

Nela se concentra o Getúlio "ruim", o equilibrista ardiloso que sobrenada em meio às tormentas ideológicas da década de 1930, jogando uns contra outros, sempre aliado ao adversário da véspera - chefe do governo provisório (1930), presidente eleito pela Constituinte (1934) e enfim ditador a partir de 1937.

É natural que o protagonista comande o espetáculo numa biografia; mesmo no caso de figura decisiva como Vargas, porém, é fascinante o grau em que sua trajetória foi antes comandada pelas circunstâncias. Mestre da paciência e do silêncio, ele esperava que se consolidassem à medida que tratava de se amoldar a elas.

Não eram apenas circunstâncias locais, pois os anos 1930 ilustram com nítida evidência que não existe o "nacional", no sentido de que ele é sempre uma variante particular de fenômenos mais amplos, de dimensão internacional.

Impulsionada pela catástrofe da crise econômica de 1929, por toda parte a revolução social parecia iminente. Sua ponta de lança eram os partidos comunistas, organizados sob disciplina militar e obedientes à União Soviética.

O fascismo foi, como se sabe, uma defecção nacionalista e racista desse movimento revolucionário, logo apropriada pelos setores interessados em preservar a propriedade e a hierarquia ameaçadas. Desde os anos 1920, hordas de fanáticos das duas seitas -opostas nos propósitos, iguais em método e estética- se enfrentavam em arruaças nas principais cidades do mundo.

Quando duas forças políticas se empenham num confronto violento e prolongado sem que nenhuma submeta a outra, torna-se provável um desenlace cesarista (também chamado bonapartista). Incapaz de um compromisso estável, exaurida pelas lutas intermináveis, a sociedade vê um ditador enfeixar o poder absoluto para restabelecer a ordem periclitante, ainda que sob uma retórica revolucionária.

Nada muito diverso ocorreu no Brasil da época. Mas a comparação é instrutiva porque permite isolar, quase como num experimento químico, as peculiaridades que distinguem o cesarismo tupiniquim, getuliano, do padrão mais geral.



Divulgação/CPDOC/FGV
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Getúlio Vargas após assumir a presidência do Brasil, em 1930
A mais notável, talvez, é seu caráter camaleônico. Embora formado no positivismo autoritário e reformista que fez longa escola na política gaúcha, Getúlio nunca aderiu a qualquer doutrina ideológica. Conforme as conveniências, manipulava este ou aquele aspecto de todas elas, reivindicando para si o centro de gravidade da política, afastado de ambos os extremos.

Característica psicológica da personagem? Certamente. Mas também sintoma de uma sociedade onde ideologias têm função decorativa, na qual as ideias não são levadas ao pé da letra nem sequer a sério, em que programas e compromissos são "para inglês ver".

Esse traço cultural do país responde por mazelas (sucessivas constituições, leis e orçamentos que não se respeitam, partidos de araque, política inautêntica) e também por subprodutos benfazejos (ausência de racismo politicamente articulado, tolerância religiosa e sexual, descrença em relação a dogmas).

Tortura e assassinatos políticos faziam parte da rotina da repressão policial, sobretudo após o golpe do Estado Novo, em 1937. Não podem ser quantificados porque os registros foram destruídos a tempo, mas as revoltas armadas do período deixaram um saldo reduzido de baixas.

Foram 22 mortos na Intentona Comunista (1935); ainda menos na tentativa de golpe integralista (patética versão nativa do fascismo) em 1938. Mesmo a Revolução Constitucionalista de 1932, o maior conflito armado na história republicana depois das sangrentas campanhas de Canudos e do Contestado, deixou menos de mil mortos.

Esse cômputo integra um padrão reiterado na formação brasileira, uma sociedade mais violenta do que a maioria das demais, desde logo pela extensa deformação da escravatura, mas onde a violência encontra escassa expressão política.

Cada um é livre para especular sobre esse enigma nacional. Resultado da profunda desarticulação social que é própria do legado escravocrata? Hábito adquirido da conciliação, dos acertos "pelo alto", a fim de não despertar o vulcão adormecido da desigualdade? Anemia da sociedade civil, o que deixa as forças políticas quase sempre à mercê do bloco que controla o hipertrofiado poder central? Porosidade à ascensão individual, que impede a pressão coletiva de atingir um ponto crítico?

PROTESTOS
Na opinião deste resenhista, dois episódios se destacam na narrativa de Lira Neto. O primeiro é a Revolução de 1932, a começar pela extraordinária descrição do incidente -os protestos de 23 de maio nas ruas em São Paulo- que a prenunciou. Ainda que o livro nunca abandone a perspectiva da personagem incrustada no Palácio do Catete, seu relato transmite a sensação de que a revolta se desenrola diante de nossos olhos.

Fica patente o quanto havia de reacionário no movimento, que mobilizava um sentimentalismo nostálgico da supremacia política paulista. Ao mesmo tempo, deflagrada pela elite econômica e cultural, a insurreição teve substancial apoio popular e conduziu à breve democratização de 1934, que adiou a ditadura.

Esta seria inevitável em decorrência do outro episódio proeminente, o infausto levante militar organizado no ano seguinte pelo Partido Comunista. Por volta de julho de 1935, Josef Stálin, o ditador soviético, finalmente atinou que o nazifascismo era a ameaça prioritária. Os partidos comunistas, até então instruídos a incitar a revolução armada, passaram a adotar uma política defensiva de frente ampla com as demais forças antifascistas. No Brasil, o golpe em preparação não foi abortado, em parte por causa das estimativas delirantes sobre a chance de vitória que seu líder, Luís Carlos Prestes, repassava a Moscou.

Detonada em novembro no Recife e em Natal, e dias depois no Rio, a intentona foi facilmente estrangulada pelo governo. Concebida por uma potência estrangeira, converteu-se no fantasma a ser invocado como eterno pretexto pelas duas ditaduras do século, a de 1937 e a de 1964. Foi o maior dos muitos erros de Prestes, tido por militar capaz, mas politicamente obtuso.

Seu fracasso aproximou perigosamente o Brasil do Eixo, tendência revertida para um tardio realinhamento com os Estados Unidos que só seria consumado em 1942, quando aquele país compeliu o nosso a ceder bases aéreas no Nordeste como apoio logístico para a campanha no Atlântico. Na barganha, Getúlio obteve dos americanos financiamento para a primeira siderúrgica, Volta Redonda.

Premido por manifestações populares, provocadas pelo afundamento de navios brasileiros que violavam o bloqueio naval imposto pela Alemanha à Inglaterra, o governo enviou uma força expedicionária à guerra na Itália. O engajamento com as potências democráticas desencadeou a dinâmica que levaria os militares à primeira deposição de Getúlio Vargas (1945).

Como saldo, o Estado Novo deixava um aparelho federal modernizado, uma legislação trabalhista que renderia ao getulismo dividendos eleitorais por muitos anos e incipientes processos de industrialização e urbanização que se fariam avassaladores nas décadas seguintes.

Não faltam amenidades ao livro. Desde o apreço de Getúlio Vargas por pontualidade, churrasco, cavalos, charutos, golfe e pingue-pongue até detalhes de sua estreita relação com a filha Alzira, confidente e secretária particular que organizou os arquivos do pai, esta biografia não perde o fio do pitoresco, do íntimo e do prosaico. O antiquado romance com a mulher de um hierarca do regime -a "bem-amada" que aparece nos diários secretos do presidente- é contado em tom picante.

Duas ressalvas num livro de resto admirável. A pouca familiaridade do biógrafo com temas econômicos deixa lacunosa essa importante faceta na atuação do ditador.

E as principais fontes do livro - as recordações filtradas pela devoção de Alzira Vargas e os diários mantidos pelo pai (1930-42), que mesmo ali ostenta a compostura protocolar de quem calcula sua revelação póstera- às vezes conferem uma tonalidade oficialesca ao conjunto, que não deixa de refletir, entretanto, o pesado clima cartorial da época.

Impostos coloniais: extorsivos, pois nao?

Coitado do contribuinte do Brasil colonial: tinha de pagar 10pc do que fazia pessoalmente e 20pc do que obtinha da natureza. Ocorreram muitos progressos desde então, não é mesmo?
Copio aqui uma postagem do meu amigo economista Claudio Shikida, no se excelente blog De Gustibus Non Est Disputandum. 
Paulo Roberto de Almeida 

História econômica da selva brasileira: tributos, taxas e afins

Blog Gustibus Nos Est Disputandum, 24/08/2014


Na colônia brasileira – semelhantemente ao que se fizera em ilhas ultramarinas colonizadas por portuguêses – os tributos exigíveis foram estipulados nos forais dos donatários e se constituíam essencialmente da dízima e do quinto: a dízima, sôbre os gêneros produzidos pela indústria do homem; o quinto, sôbre os produtos da natureza colhidos pelo homem. Dízima e quianto que, sendo expressões de valores porcentuais fixos, constituíam um sistema insusceptível de qualquer alteração, quer para diminuir, quer para elevar o ‘quantum’ dos impostos, o que representava o máximo de garantia contra a ‘fome’ tributária do Estado. Fora disso, havia, como em tôda parte, os impostos sôbre transações, os quais nenhum govêrno podia elevar à sua vontade. E no caso de certas taxas (de valor variável) que, o donatário podia cobrar, por si ou por concessionário, pela prestação de serviços de utilidade pública – como por exemplo o de barcas para passagem de rios – êle sòmente cobraria ‘aquêle direito ou tributo que lá em câmara fôr taxado’, como se prescrevia nos forais. O seja, com a aprovação dos contribuintes, dos usuários, representados na câmara pelos vereadores escolhidos pleos mesmos contribuintes. 
Apud: Neme, M. Fórmulas Políticas no Brasil Holandês, Editora da Universidade de São Paulo, 1971, p.136-7. 
Eis aí a vida do contribuinte lá no século XVI. Não era fácil, né?

Eleicoes 2014: o poste cai, a Bolsa sobe...; E agora? Os companheiros vao censurar todos os investidores?

Na verdade, os companheiros gostariam de poder eliminar todas as matérias, notícias, informações desse tipo: basta que uma pesquisa qualquer aponte a possibilidade da derrota da candidata-poste (como já foi dito pelo próprio chefe da máfia), para que os investidores fiquem eufóricos, sobretudo os estrangeiros.
Os companheiros censórios conseguiram bloquear temporariamente o site "O Fim do Brasil", ação totalitária depois inviabilizada pelo TSE (não sei como votou o seu presidente, notório menino de recados do PT), mas eles não desistirão, nunca, pois sua natureza totalitária os obriga a isso.
Não sei quando vão pretender censurar ou perturbar este blog, mas continuarei colocando todas as matérias relevantes para informação de todos, investidores ou não.
Aliás, acho esse movimento de sobre e desce em função das pesquisas eleitorais tão especulativos, e idiotas, quanto todos os demais. Bolsa, ninguém controla, pois os humores do mercado são sempre imprevisíveis, embora todos eles apontem na mesma direção: dá para ganhar dinheiro?, lá vamos nós; ameaça perder?, retirada rápida, o que obviamente faz a festa dos verdadeiros especuladores.
Uma coisa é certa: a continuidade da política econômica atual é garantia de deterioração da situação econômica. Normal, assim, que investidores, especuladores, simples curiosos, procurem se adequar a essa perspectiva.
Se dependesse do mercado, os companheiros já estariam na lata de lixo da história, e da economia.
O mercado eleitoral, no entanto, é um pouco, ou muito, diferente: eleitores ingênuos, ou simplesmente oportunistas, ficam com quem lhe promete (e dá) mais: os petistas, controlando o imenso curral eleitoral do Bolsa Família, partem com uma grande vantagem nessa disputa.
São os novos coronéis da política brasileira, aqueles que vão garantir a continuidade do atraso.
E a beata da floresta? Ainda mais atraso, apenas que por vias diferentes, mais confusas.
Mas como tenho, dito, o essencial agora é retirar a máfia do poder, depois se vê o resto.
Paulo Roberto de Almeida

Investidores estrangeiros despejam dólares na Bovespa e apostam contra Dilma  
Até a quarta-feira, o saldo de agosto dos investimentos externos em ações estava positivo em US$ 537 milhões

Paulo Silva Pinto
Correio Braziliense, 23/08/2014

Depois de seis dias seguidos de alta, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) encerrou o pregão de ontem em queda de 0,99%. Na semana, a alta acumulada foi de 2,50%. Desde 14 de março, quando as ações das empresas começaram a se valorizar, a bolsa subiu 29,9%. Papéis de estatais se destacaram no período, com o avanço de 68,8% da ação ordinária da Petrobras. Neste mês, boa parte da ajuda está vindo de fora. Até a quarta-feira, o saldo de agosto dos investimentos externos em ações estava positivo em US$ 537 milhões, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC). No mês passado, foi negativo em US$ 62 milhões, mas os estrangeiros representaram 47% dos negócios.

Segundo analistas, os investidores do Brasil e do exterior estão apostando no aumento das chances de uma vitória da oposição na eleição presidencial. “Quando a percepção do mercado de que a presidente Dilma Rousseff (PT) não será reeleita cresce, as ações se valorizam”, notou o economista Bruno Lavieri, da consultoria Tendências.

Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, a expectativa do mercado não reflete ganhos da oposição em geral. “A candidatura de Marina Silva (PSB) ampliou as chances de haver segundo turno. Mas, se ficar configurado que as chances de ela vencer são muito maiores do que as de Aécio Neves (PSDB), a reação não será boa. Há muitas restrições dos investidores a Marina”, disse. Ele explicou que, embora o quadro eleitoral venha influenciando a bolsa, ainda há outros fatores. “As bolsas de todos mercados emergentes têm subido. Há um fluxo de investimentos para esses países, que, como o Brasil, estão baratos”, explicou.

Eleicoes 2014: comunistas anacronicos acham Marina Silva neoliberal

Está no site do Portal Vermelho, e deve-se descontar as deformações próprias a um pessoalzinho que ainda acha que o melhor modelo era o da China de Mao.
Não é verdade que a candidata seja neoliberal, longe disso. Ela é apenas uma política e agora quer atrair votos de todas as tendências, descontentes com o poste do partido totalitário e não dispostos a aceitar a modesta social-democracia do candidato tucano.
Mas fica o recado: será a próxima ladainha dos mafiosos contra a nova desafiante da soberana, que, ela mesma (o poste) é muito mais pior, como diria o chefe dos mafiosos, do que se imagina.
Paulo Roberto de Almeida 
Portal Vermelho, 21 de agosto de 2014 - 11h32 

Marina abre o jogo e se afirma como candidata neoliberal



Em sua primeira entrevista depois da oficialização de sua candidatura à Presidência da República, nesta quarta-feira (20), em substituição ao candidato Eduardo Campos (PSB), Marina Silva (Rede Sustentabilidade) fez jus à empolgação do sistema financeiro e da direita neoliberal, mostrando a metamorfose de seu ideário político que se adapta aos interesses antinacionais.



Agência Brasil
Candidata do PSB-Rede-PPS prometeu "vantangens competitivas" ao agronegócio.Candidata do PSB-Rede-PPS prometeu "vantangens competitivas" ao agronegócio.
Durante toda a entrevista, a candidata repetiu a cartilha de medidas estabelecidas pelos economistas do sistema financeiro, inclusive para o agronegócio. Marina, que antes fazia críticas ferrenhas ao modo de produção do setor, afirma agora que este será também um “polo da sua campanha”.

Distante do combate ao latifúndio e seus laços com o capital estrangeiro, Marina revelou a sua real bandeira quando assume o compromisso com o setor de “avançar nas vantagens comparativas que temos, transformando-as em vantagens competitivas”. Questionada se faria mudanças no novo Código Florestal, contra o qual se posicionou na época da votação no Congresso, Marina agora defende a sua “implementação”.

Aliás, a aproximação com o agronegócio, tão criticado por Marina e a sua Rede de Sustentabilidade, é nítida com a escolha de seu vice, o deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS) que tem trânsito entre as empresas do setor, que são os principais doadores de sua campanha.

Copiar base econômica de FHC

Marina reafirmou o compromisso com o receituário econômico de ajustes com o sistema de metas de inflação, câmbio flutuante e autonomia do Banco Central, fazendo questão de elogiar a política econômica do governo de FHC. Por outro lado, criticou a presidenta Dilma Rousseff dizendo que o governo precisa ter uma “base política que dê credibilidade para os investimentos”.

As afirmações de Marina mostram a quem o seu plano de governo serve e confirmam que a euforia dos especuladores internacionais (além de tucanos) com a sua candidatura não foi à toa. Na terça-feira (19), o banco americano Brown Brothers Harriman (BBH) divulgou “relatório” em que afirma que a eventual eleição de Marina é muita positiva “para os mercados”. Gurus econômicos de Aécio também manifestaram sua alegria com a entrada de Marina na disputa por conta da identidade dos tucanos com sua a política econômica.

Aliás, para acompanhar o coro alarmista, seguindo o exemplo da campanha do tucano Aécio Neves na questão inflacionária, Marina lançou a “ameaça do apagão” dizendo que é uma ameaça existente desde 2002. No entanto, a candidata tratou logo de dizer que irá resolver o problema, mas não é algo “que se faça da noite para o dia”.

Da Redação do Portal Vermelho, Dayane Santos

Eleicoes 2014: os descaminhos da politica brasileira - Leonardo Correa



Fábrica de divindades messiânicas


Mais uma vez estamos diante de uma campanha política calcada em divindades messiânicas. Como sempre, o candidato que se apodera dessa fantasia – ou personagem – se apresenta como o símbolo máximo da mudança. Mas, ora bolas, de que mudança se está falando? Mudança para melhor, para pior? Mudança ética? Mudança de regime político? Enfim, essa palavrinha ganhou um poder mágico e move nações.
Aliás, é bom dizer que os marqueteiros políticos estão sem criatividade. Mudança foi o mote das campanhas de Lula no Brasil e de Obama nos Estados Unidos. Será que não há nada de novo? Não seria possível fazer uma campanha em cima de valores, princípios e projetos? Cansa muito ver um povo decidir seu destino com base em palavrinhas de ordem.
No momento, após o falecimento de Eduardo Campos, a candidata Marina Silva vem se apropriando dessa imagem messiânica. Todavia, essa nova “divindade” política já está botando “as asinhas de fora”. Aproveitando o momento, com frieza e intransigência, ela tomou as rédeas do PSB na marra. Fez todas as imposições e já se afastou de todo o projeto que vinha sendo conduzido pelo seu “viúvo político”. Mais um em sua trajetória. Aos que não se lembram, Marina sempre foi a eterna “viúva” de Chico Mendes.
É importante destacar que Marina cercou-se de ex-petistas, afastando, por exemplo, Carlos Siqueira, Secretário-Geral do PSB e coordenador da campanha de Eduardo Campos. Ao que tudo indica, Marina fez uma verdadeira “tomada de controle hostil” no PSB. Agora, meus caros, o partido é dela com poderes absolutos.
Nossa Maria Antonieta às avessas não tem nada de frágil, como quer fazer crer. Ela é dura, intransigente e deseja o poder com o mesmo furor que o PT. Nenhuma surpresa. Afinal de contas, ela foi criada no seio do PT e ganhou força com a CUT do Acre. Noutros termos, ela foi moldada por um partido que exibe uma grande afinidade com o totalitarismo (ou bolivarianismo), tendo crescido pelas mãos do sindicalismo. A mistura, como se vê, é explosiva.
Não há, portanto, qualquer mudança na figura de Marina Silva. A candidata representa o pior do Brasil, que nos levou a perder diversas oportunidades de crescimento. É evidente que seu “modus operandi” será intervencionista e antidemocrático. Ora, se ela foi capaz de “colocar a faca no pescoço” do PSB logo após o trágico acidente que ceifou a vida de Eduardo Campos, o que não fará se alcançar a Presidência da República?
Na realidade, nenhum dos candidatos representa a mudança. Todos têm um passado comum. Nenhum veio de fora do meio político. Isso deve ficar claro. O único candidato que personifica uma alteração no quadro atual é o Tucano Aécio Neves.
Bem ou mal, ele representa a luta pela estabilidade econômica e pelo respeito às instituições republicanas, dois pontos que o são sumariamente desprezados pelo partido que está no poder há três mandatos, e, claramente, não tem o menor intuito de “largar o osso”. Além disso, Aécio teve a influência do avô, que, sem sombra de duvidas, foi um grande democrata e articulador político. Por fim, o Tucano representa uma ala mais moderna do PSDB, próximo à nova socialdemocracia europeia que deixou de lado o modelo excessivamente intervencionista, estatizante e protecionista.
Durante o último Fórum da Liberdade, realizado em Porto Alegre, Aécio Neves foi enfático ao afirmar que “se o Estado não atrapalhar já ajuda muito”. É disso que precisamos, mais liberdade para perseguir os nossos sonhos. Viver sob o manto do Estado protecionista nos amarra, nos limita e nos mortifica. Precisamos, novamente, por a casa em ordem, cuidar da inflação e estimular o relacionamento comercial com outros países. Sem isso, nada mais é possível pois o país estará condenado – certamente – a uma calamitosa recessão.
Esse artigo não é terrorismo eleitoral, a crise já bate nossas portas. A farra de crédito criou estímulos sem sustentabilidade, gerando inflação e estagnação econômica. O capital produtivo externo está fugindo do Brasil, as montadoras de veículos estão parando, e, o próximo passo, será o desemprego – que, aliás, vem sendo mascarado pelo Bolsa Família, posto que os seus beneficiários não entram nas estatísticas como desempregados.
Quem está mais preparado e possui a melhor equipe para lidar com essa situação? Deixo a resposta ao leitor, que, certamente, terá o olhar crítico para compreender que “divindades messiânicas” não têm condições de adotar as medidas necessárias para colocar a nossa economia nos eixos, e, sem isso, o país para.
Como todos sabem, o Estado vive dos recursos criados pelo setor privado. É evidente, portanto, que a asfixia deste setor implica em menos recursos para as funções essenciais do Estado, dentre elas: saúde, educação, segurança e justiça. Vamos deixar que congelem o Brasil, ou vamos fazer o que está ao nosso alcance para viabilizar o crescimento? Esta, acredito, é a pergunta essencial que os eleitores devem fazer.
Leonardo Corrêa
Advogado