O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 10 de setembro de 2023

Lula viaja pelo exterior com discursos entediantes enquanto Brasil afunda, diz Mangabeira Unger (Estadão)

Lula viaja pelo exterior com discursos entediantes enquanto Brasil afunda, diz Mangabeira Unger

O Estado de S. Paulo, 10/09/2023

O filósofo Roberto Mangabeira Unger, conselheiro e guru do ex-candidato à Presidência Ciro Gomes, pegou aliados de surpresa ao pedir a desfiliação do PDT. Em entrevista ao Estadão, Unger fez críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e afirmou que tomou a decisão por discordar do alinhamento “passivo” do partido com o governo diante dos rumos da gestão petista e da falta de um projeto para o Brasil. 

Unger está no PDT desde a redemocratização e foi conselheiro de Leonel Brizola, fundador da legenda e ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro. O filósofo é professor de Direito da Universidade Harvard nos Estados Unidos e foi ministro de Assuntos Estratégicos da Presidência da República durante o segundo mandato de Lula, em 2007, e no segundo mandato de Dilma Rousseff, em 2015. 

Ele está por trás de muitas ideias lançadas por Ciro Gomes nas últimas eleições presidenciais, principalmente daquelas relacionadas à necessidade de o Brasil ter um projeto nacional de desenvolvimento. Para Mangabeira Unger, Lula está repetindo um modelo que impede o avanço do País. É o que ele chama de casamento entre o “pobrismo” — distribuição de “esmolas” por meio de programas assistenciais — e o “rentismo” — o domínio dos interesses financeiros sobre a produção. 

O presidente Lula parece estar desinteressado do Brasil. Parece que é mais agradável ficar viajando pelo exterior, frequentando essas reuniões em que ele pronuncia discursos entediantes.” 

Confira os principais trechos da entrevista: 

Por que o senhor saiu do PDT? 

Eu tenho uma associação antiga com o PDT porque eu considerava o Leonel Brizola o meu grande aliado político. O PDT sempre serviu para representar uma alternativa ao País e agora não representa, mas faz parte de um governo que claramente não tem projeto. Qual é o projeto do governo Lula atual? É compor-se com o mercado financeiro, aceitando a ascendência do rentismo financeiro. Segundo, distribuir esmola aos pobres, o pobrismo. E, terceiro, vender soja, carne e minério de ferro. Esse é o projeto, ou o antiprojeto. 

O correto seria o PDT não participar do governo ou, mesmo dentro do governo, fazer um contraponto? 

Com realismo, o PDT não poderia participar do governo. O País está numa situação gravíssima, 100 milhões de pessoas não têm acesso a uma rede de esgoto, 35 milhões não têm acesso à agua potável, a maioria está endividada, a maioria da nossa força de trabalho está na informalidade ou na precarização. Não há qualquer indício de um projeto nacional produtivista e capacitador, e o presidente se refugia viajando no estrangeiro em projetos de vaidade pessoal. As forças que representariam uma alternativa, o PDT, o PSB, o PCdoB, todas estão se transformando em linhas auxiliares desse antiprojeto nacional. 

A decisão está alinhada com Ciro Gomes ou antecipa algum posicionamento dele? 

Não. A decisão é minha. Ciro Gomes não precisa de porta-vozes e ninguém precisa representá-lo. É uma decisão de consciência para lutar por uma alternativa nacional, produtivista e capacitadora. É o que nós não temos no Brasil. O que vemos é uma tendência de desviar a atenção do País desse quadro de marasmo, de mediocridade, para assuntos simbólicos, para a política identitária, que é o inverso das guerras culturais da direita, e declarações estapafúrdias do presidente da República, como esta de que os ministros do Supremo Tribunal Federal poderiam votar em segredo. 

"As forças que representariam uma alternativa, o PDT, o PSB, o PCdoB, todas estão se transformando em linhas auxiliares desse antiprojeto nacional.” 

Por que o senhor tinha se filiado ao PDT?

Foi lá quando começou a abertura do regime militar. Eu vi o PDT como uma força que se preocupava com a maioria desorganizada, e não com as minorias organizadas. No PT, eu via, em vez disso, uma tentativa de privilegiar as minorias organizadas e uma política de humanização das realidades brasileiras. A nossa tarefa não é humanizar o inevitável, a nossa tarefa é reconstruir as instituições. Agora, o PDT, aparentemente, quer fazer parte desse conjunto de linhas auxiliares do projeto petista. 

O PDT não é mais o mesmo de Leonel Brizola e Darcy Ribeiro? 

Claramente, não é o mesmo. E esta decisão de participar passivamente de um governo Lula que não tem projeto algum é a pedra de cal, é a abdicação de qualquer projeto que mantenha continuidade e coerência com o que foi o nosso projeto inicial. Mas eu não gostaria de ver esse gesto sobretudo sob o ângulo da ortodoxia partidária. O ponto central é a situação calamitosa em que estamos no Brasil e a necessidade agora de juntarmos todas as forças, sem preconceitos, para criar uma alternativa nacional. 

Quem pode representar essa alternativa nacional? 

Na última eleição, apoiei com entusiasmo a candidatura do Ciro Gomes, que eu via mais próxima dessa alternativa que eu defendo. O que será para o futuro eu não sei. A nação terá que encontrar ou criar suas lideranças nesse processo de resistência que agora precisa começar. 

Como o senhor avalia a declaração de Ciro Gomes de que não pretende mais concorrer à Presidência? 

O Ciro tem grande consciência cívica e compromisso com o destino do Brasil e de alguma forma ou de outra continuará participando da vida pública do País. Mas a minha ação agora não tem nada a ver com isso. É uma convicção minha de que eu não posso aceitar essa atitude de abdicação a que o PDT se entregou junto com tantos outros de quem nós esperávamos uma atitude de resistência e construção. 

Qual é papel do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na repetição desse modelo que o senhor critica? 

É meu amigo, foi meu amigo há muitos anos, mas agora ele está ativamente participando dessa política. Ele é um dos arquitetos dessa política, que afirma o casamento do financismo e do pobrismo em que as contas são pagas pela agricultura, pela pecuária e pela mineração. Se elas não estivessem pagando as contas, nós já estaríamos no chão, numa crise econômica decisiva. 

É possível governar o Brasil sem repetir esse modelo? 

É claro que um projeto produtivista e capacitador só se efetivará no Brasil tocando o chão das realidades regionais. Em cada região do Brasil, o caminho da qualificação produtiva e da capacitação está bloqueado. Esta tem que ser a agenda prioritária do País. Não é o presidente ficar viajando pelo exterior e lendo discursos que são escritos para ele enumerando platitudes açucaradas como se estivesse se candidatando ao Prêmio Nobel da Paz ou a mais diplomas honoris causa, enquanto isso o Brasil afundando no primitivismo produtivo e educacional

A entrada do Centrão no governo Lula agrava o problema? 

Eu não vejo a desorientação e a mediocridade dos partidos como a causa desse quadro, elas são a consequência. A explicação é não haver um projeto forte encampado por quem deveria ter o projeto, que é o presidente, o governo. Os partidos deveriam se posicionar em relação a isso, mas nós não podemos esperar agora da elite política. Se os políticos não resistirem a essa situação, nós, os cidadãos, temos que falar pelo Brasil. 

"Nós não podemos esperar uma conversão do presidente Lula porque é sempre muito mais difícil mudar uma pessoa do que mudar um país.” 

Quais são as diferenças do Lula no primeiro e no segundo governo e do Lula agora no terceiro mandato? 

Havia ambiguidade nos mandatos anteriores de Lula, havia uma luta entre tendências produtivistas e tendências compensatórias. O presidente me convenceu a participar do governo em seu segundo mandato sob esse argumento de ajudá-lo a construir um projeto nacional e produtivista e eu fiz o que pude. Pelo menos, enquanto eram só propostas, o presidente Lula apoiava, até com entusiasmo. Quando eu percebi relutância em traduzir essas propostas em políticas públicas efetivas, eu comecei a me afastar do presidente e fui trabalhar com os governadores. 

O senhor costuma falar que fala com sotaque, mas não pensa com sotaque. O presidente Lula está pensando com sotaque, nessa perspectiva? 

O presidente Lula parece estar desinteressado do Brasil. Parece que é mais agradável ficar viajando pelo exterior, frequentando essas reuniões em que ele pronuncia discursos entediantes. Os outros chefes de Estado, que são homens sérios de poder, mal conseguem disfarçar o cansaço ao ouvi-lo. Eu não sei por que ele está fazendo isso. Eu posso afirmar ao presidente Lula que o Brasil é um país extremamente interessante e é muito mais interessante do que esses países que ele está visitando. Mas nós não podemos esperar uma conversão do presidente Lula porque é sempre muito mais difícil mudar uma pessoa do que mudar um país. Então, em vez de tentar abrir os olhos do presidente Lula, tratemos de abrir os nossos próprios olhos. 

Por onde começar um projeto de desenvolvimento para o Brasil? 

Teríamos a tarefa de construir uma forma includente da economia do conhecimento em todos os setores, em cada região do País, de acordo com as realidades de cada região. Não há como pretender voltar à velha indústria. O Brasil fervilha de criatividade, energia empreendedora, há uma multidão de emergentes que encarnam essa energia produtivista. Atrás deles estão milhões de trabalhadores ainda pobres, os batalhadores, mas que já assimilaram a cultura da autoajuda e da iniciativa. O nosso grande projeto é construir as estruturas que permitam transformar esse dinamismo desequipado e inculto em flexibilidade preparada. Esse é o projeto e há um mundo de possibilidades, mas estamos evadindo todas elas pelo discurso açucarado das compensações e pela submissão aos interesses financistas. 

Créditos: Estadão.



Fim de uma era, a do Barão do Rio Branco - Paulo Roberto de Almeida

Fim de uma era, a do Barão do Rio Branco

Paulo Roberto de Almeida 

A intenção de Lula de convidar ao G20 de 2024 o presidente Putin, buscado pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra na sua guerra de agressão contra a Ucrânia, enterra definitivamente a postura formalizada 120 anos atrás pelo Barão do Rio Branco quanto ao absoluto respeito ao Direito Internacional pela diplomacia brasileira. 

Acabou assim um padrão estabelecido pelo grande patrono do Itamaraty para a política externa brasileira. Sem dúvida alguma, uma tomada histórica de posição, embora indigna de figurar nos livros de história diplomática do Brasil. 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 10/09/2023

A Ignorância Letrada: ensaio sobre a mediocrização do ambiente acadêmico (2010) - Paulo Roberto de Almeida

Um texto já antigo, que talvez eu escrevesse de outra maneira, atualmente, mas que ainda apresenta alguma validade, em função de alguns desvarios observados nos ciclos ditos superiores de ensino. Pouco a pouco a qualidade da academia brasileira tem melhorado, mas outros modismos tem contaminado a velha e boa pesquisa científica baseada em evidências empíricas. Como sempre, importações feitas de modo imitativo deformam alguns trabalhos recentes, mas no geral, creio que o quadro que eu tracei treze anos atrás parece ter melhorado.

Em todo caso, coloco o texto novamente à disposição dos interessados, inclusive em minha página da plataforma Academia.edu, neste link:

https://www.academia.edu/44249737/2169_A_Ignorancia_Letrada_ensaio_sobre_a_mediocrizacao_do_ambiente_academico_2010_

2169. “A Ignorância Letrada: ensaio sobre a mediocrização do ambiente acadêmico”, Dubai-São Paulo, 17/07/2010; Shanghai, 30/07/2010, 10 p. Ensaio sobre a crescente deterioração da qualidade da produção acadêmica brasileira na área de humanas, examinando a natureza do problema, suas causas, suas consequências mais evidentes e as evidências disponíveis. Disponível no blog Diplomatizzando (1.08.2010; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/08/sobre-ignorancia-letrada-algumas.html). Revista Espaço Acadêmico (ano 10, n. 111, agosto 2010, p. 120-127; links: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/10774; pdf: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/download/10774/5859). Publicada na revista acadêmica Espaço da Sophia (ano 4, n. 41; janeiro-março 2011; ISSN: 1981-318X). Reproduzido na revista Aeronáutica (Rio de Janeiro: Clube da Aeronáutica, vol. X, n. 308, julho a setembro 2020, p. 20-25; ISSN: 0486-6274; link: http://www.caer.org.br/downloads/revistas/revista308.pdf); disponível na plataforma Academia.edu (7/10/2020; link: https://www.academia.edu/44249737/2169_A_Ignorancia_Letrada_ensaio_sobre_a_mediocrizacao_do_ambiente_academico_2010_). Publicados n. 985, 1016 e 1469. Nova postagem a respeito desse texto no blog Diplomatizzando (27/04/2023; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/04/a-ignorancia-letrada-uma-critica.html). 


sábado, 9 de setembro de 2023

Guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia: os invasores continuam a sofrer derrotas; ucranianos avançam lentamente, mas seguramente - CDS

 Operational situation

In the operational zone of the Ukrainian Operational-Strategic Group of Forces (OSG) "Khortytsia" on the Kupyansk, Lyman, and Bakhmut directions, the enemy persists in attempting to break through the defense of the Armed Forces of Ukraine in the areas of Synkivka, Novoyehorivka, Orikhovo-Vasylivka, and southeast of Dibrova. They seek to regain control over positions in the areas of Klishchiivka, Andriivka, and Kurdyumivka.

In the operational zone of the Ukrainian Operational-Strategic Group of Forces (OSG) "Tavriya" on the Avdiivka, Maryinka, and Shakhtarsk directions, the Ukrainian Defense Forces maintain the initiative. They persist in applying pressure on the enemy and conducting assault operations.

The Russian military carried out offensive actions on the Kupyansk - Svatove - Kreminna line, near Bakhmut, on the Avdiivka - Donetsk line, in the area of the administrative border between Donetsk and Zaporizhzhia Oblasts and the west of Zaporizhzhia Oblast and have advanced in some areas.

General conclusion: 

  • The operational situation on the Kupyansk and Lyman directions is getting increasingly acute. The enemy's offensive efforts on this section of the front have failed to achieve significant success and are aimed at drawing a portion of the Ukrainian Defense Forces' strategic reserves away from more vital areas of the front.

  • Russian troops aim to reach the Oskil River and seize positions near Borova by the beginning of winter 2023-2024.

  • On the Kupyansk and Lyman directions, Russian troops continue to form and train assault units from previously defeated motorized rifle brigades and airborne units.

  • The Russian military command is utilizing communication troops personnel to form assault groups due to recent significant losses. These losses are compelling the enemy's command to deploy available manpower for combat operations.

  • The number of [the enemy] checkpoints from Melitopol to Dniprorudne decreased from 18 to 3 due to attacks of the "Atesh" partisan movement. A similar situation is observed on other roads.

Change in the line of contact (LoC):  

  • 30 combat engagements took place in different directions.

  • On the Kupyansk direction, Russian forces conducted unsuccessful offensives near Synkivka, where they attempted to encircle the Ukrainian garrison from the east and west. They also futilely attacked near Petropavlivka and Novoyehorivka, employing units formed from prisoners and private military companies for assault operations. The enemy repelled units of the "Khortytsia" OSG from undefined heights near Novoyehorivka. However, they did not gain control over these positions and suffered losses in the area along the Zherebets River, near Kreminna, and in the Serebryansk Forest.

  • The "Khortytsia" OSG attacked near Novoyehorivka, Dibrova, Serebryansk forest, advanced deep into the defense line of the Russian 27th Separate Motorized Rifle Brigade of the 1st Tank Army and 252nd Motorized Rifle Regiment of the 3rd Motorized Rifle Division of the 20th Army.

  • On the Bakhmut direction, the "Khortytsia" OSG continued its offensive actions and achieved partial success, advancing north of Andriivka and Klishchiivka, took control of half of Andriivka, and reached the railway line. They completely liberated Klishchiivka, intensified the offensive along the Klishchiivka - Ozaryanivka line, and attacked near Bakhmut, Vesele, and Orikhovo-Vasylivka.

  • Russian troops conducted unsuccessful offensive actions near Orikhovo-Vasylivka and Andriivka. They also stormed Zaliznyanske and Kurdyumivka, but did not succeed in any of the directions. 

  • The Russian tactical group consisting of the 137th Air Assault Regiment, 106th Air Assault Division, 123rd Separate Motorized Rifle Brigade, 29th BARS detachment and the "Potok" PMC detachment halted the advance of the "Khortytsia" OSG in the direction of Soledar. A counterattack by the 61st Separate Marines Brigade of the Northern Fleet in the Klishchiivka area was not only repelled by the "Khortytsia" OSG, but the enemy also suffered significant losses and was pushed back beyond the railway.

  • On the Avdiivka direction, the Russian assault group of the 5th Separate Motorized Rifle Brigade of the 1st Army Corps of the 8th Army captured the positions of the "Khortytsia" OSG unit east of Krasnohorivka. The 150th Motorized Rifle Division unsuccessfully advanced in Maryinka. Russian forces unsuccessfully attacked on the southern approaches to Avdiivka, near Keramik and Novomykhailivka.

  • The "Khortytsia" OSG advanced in the area of Spartak and Opytne villages and partly returned control of the "Donetsk" international airport.

  • Zaporizhzhya direction:

    • Berdyansk direction (Velyka Novosilka): Forces of the "Tavriya" OSG repelled Russian attacks south of Prechystivka, and intensified their offensive actions on the Novodonetske-Novomayorske line. Over the course of three days, they conducted artillery preparation for an attack, cleared minefields, and engaged in combat on the northern outskirts of both villages. They captured enemy positions on the northwestern outskirts of Novomayorske and regained control over the industrial zone in Pavlivka.

    • Units of the Russian 36th Separate Motorized Rifle Brigade of the 36th Army repelled an attack by an assault group northeast of Mykilske. The enemy also thwarted attempts by units of the "Tavriya" OSG to cross the Shaitanka River. The situation of the 131st Rifle Regiment of Mobilization Reserve of the 1st Army Corps in Novodonetske is critical.

    • Tokmak direction (Robotyne): the forces of the "Tavriya" OSG achieved success south of Robotyne. Marine infantry units of the "Tavriya" OSG crossed the Mokri Yaly river, cleared the outskirts of Zavitne Bazhannia and forced units of the Russian 60th Separate Motorized Rifle Brigade to retreat to the center of the village. Combat continues on the northern and western outskirts of Novoprokopivka, where the Russian 71st and 210-1st Motorized Rifle Regiments are defending.

    • To support counterattacks in the Robotyne area, the enemy has deployed a significant number of S-300 anti-aircraft missile systems in ballistic mode. They have delivered up to 40 strikes with planning bombs FAB-500/UMPK from Su-34 aircraft. The strikes are primarily targeting a logistics route of the "Tavriya" OSG, extending up to 6 km in length.

  • Kherson direction: Russian forces are experiencing significant personnel and equipment losses due to counter-battery actions by the "Tavriya" OSG in Kherson Oblast. This limits their combat capability and forces them to deploy reserves, which are currently concentrated in Crimea. 

  • The enemy continues to respond to raids by units of the "Tavriya" OSG in the delta of the Dnieper River, pushing back their small group from Kozatsky Island. Battles are ongoing on the islands in the delta of the Dnieper River. The "Tavriya" OSG has already established four bridgeheads on the left bank of the Dnieper (2 on the northern outskirts of Oleshky, 1 near Kozachi Laheri, 1 near Antonivskyi Bridge), controls the Kinburn Spit under fire, and actively employs the Bayraktar TB-2 UAVs, exploiting the enemy's weak air defense capabilities in this direction.

  • In the Black Sea-Azov naval operational area, there were 9 Russian ships on combat duty in the Black Sea, including 1 cruise missile carrier; 1 in the Sea of Azov; there were 2 Russian ships on combat duty in the Mediterranean. The total salvo is up to 8 Kalibr cruise missiles. 

Change in the line of contact (LoC):  

  • The enemy is deploying forces from the 18th Army to free up the 49th Army for operations on the Zaporizhzhia direction.

Possible operation situation developments: 

  • Russian forces will attempt to seize the initiative amidst the Defense Forces' offensive operation by initiating their own offensive operation with the forces of 2-3 armies. Their aim is to advance westward to the Oskil River and establish a buffer zone around the occupied Luhansk Oblast over the next two months.

  • On the Berdyansk direction, the enemy has to hold the Pavlivka - Mykilske line as a precondition for disrupting the advance of the "Tavriya" OSG towards Volodymyrivka - Volnovakha.

  • The enemy's command has to reinforce its tactical group on the Nesteryanka-Kopani line (the 234th Air Assault Regiment of the 76th Air Assault Division) or replace them with the 503rd Motorized Rifle Regiment and the 104th Air Assault Regiment.

Russian operational losses from 24.02.22 to 09.09.23 

Personnel - almost 268,140 people (+600);

Tanks - 4,544 (+15);

Armored combat vehicles – 8,739 (+13);

Artillery systems – 5,789 (+36);

Multiple rocket launchers (MLRS) - 757 (+3);

Anti-aircraft warfare systems - 508 (+1);

Vehicles and fuel tanks –8,298 (+34);

Aircraft - 315 (0);

Helicopters – 316 (0);

UAV operational and tactical level – 4,588 (+18);

Intercepted cruise missiles - 1,455 (0);

Boats/ships – 19 (0).


A memória e o legado do Gulag: The Unquiet Ghost By Adam Hochschild - Book

A memória e o legado do Gulag:
The Unquiet Ghost
By Adam Hochschild

From the celebrated author of King Leopold’s Ghost: This New York Times Notable Book examines the legacy of Joseph Stalin through interviews with gulag survivors, retired concentration camp guards, human rights activists, and more. 



An in-depth exploration of the legacy of Joseph Stalin on the former Soviet Union, by the author of King Leopold’s Ghost.

Although some twenty million people died during Stalin’s reign of terror, only with the advent of glasnost did Russians begin to confront their memories of that time. In 1991, Adam Hochschild spent nearly six months in Russia talking to gulag survivors, retired concentration camp guards, and countless others. The result is a riveting evocation of a country still haunted by the ghost of Stalin.


From Publishers Weekly

Hochschild spent the first half of 1991 in the former Soviet Union interviewing gulag survivors, former camp guards and members of the secret police, writers, artists, human rights activists, neo-Stalinists and ordinary citizens about their opinions of Stalin. This haunting and powerful report reveals that the dictator's legacy persists in widespread denial, amnesia, numbness and pervasive fear among people whose lives were scarred by mass arrests, killings and Stalin's spy network. Hochschild ( The Mirror at Midnight ) traveled to Kolyma, site of the deadliest camps; he interviewed Valentin Berezhkov, who was Stalin's English-language interpreter and privy to the regime's inner circle; he visited Moscow's KGB archives and was given files of American victims of the gulag. Comparing Stalin's purges to the witch craze of early medieval Europe, Hochschild attributes this "self-inflicted genocide" partly to Russians' age-old habits of scapegoating and passive obedience. Photos not seen by PW. First serial to New York Times Magazine .
Copyright 1994 Reed Business Information, Inc.
 --This text refers to an out of print or unavailable edition of this title.

From Library Journal

Hochschild's search for survivors of Stalin's Terror results in a moving historical horror story. He spent half of 1991 in the disintegrating USSR, listening to former prisoners, guards, executioners, and families describe mass murder, imprisonments, interrupted lives, and hopes destroyed. Russian-speaking journalist Hochschild, a founder of Mother Jones , was among the first Americans to enter KGB archives, where he received records of executed Americans. He visited gulag sites and chapters of Memorial, an organization documenting the Terror. He traveled to Kolyma, the frozen final destination for many and a name that resonates among Russians with the power of Auschwitz. Hochschild's questions are disturbing and timeless: Why did the Revolution devour itself? What makes someone an executioner? Hochschild's people, as well as his honesty and passion, make this unforgettable book essential for everyone concerned about history and human rights. Strongly recommended. Previewed in Prepub Alert, LJ 11/1/93.
- Donna L. Cole, Leeds P.L., Ala.
Copyright 1994 Reed Business Information, Inc.
 --This text refers to an out of print or unavailable edition of this title.

From Kirkus Reviews

Although 20 million people died during Stalin's two-decade reign of terror, Russians have only recently, with the advent of glasnost, begun to confront their memories of that time. In 1991, journalist and memoirist Hochschild (Half the Way Home, 1986; The Mirror at Midnight, 1990) spent six months in Russia talking to prison camp survivors, retired concentration camp guards, and countless others: the result is a riveting and eloquent evocation of a country still haunted by the ghost of Stalin. Hochschild compares Russia to an adult survivor of childhood sexual abuse who has spent years denying ``the elephant in the living room.'' Many of Hochschild's subjects open up to him with the intensity of patients confessing long-repressed secrets to a therapist. In the Siberian town of Kolpashevo, Galina Nikiforova, the daughter of a school principal who was taken away one night in 1937 and executed, reveals her certainty that her father was among those buried in a secret mass grave ripped open by the flooding river Ob in 1979 and immediately destroyed by the KGB. Galina can forgive her country anything but its refusal to grant its dead a decent burial. Meanwhile, Galina's neighbor and childhood friend, Inna Sukhanova, daughter of the chief of Kolpashevo's secret police, struggles with her love for her father--a former doctor who spoke four languages--and the anguish she bears for his having ordered the execution of thousands, including Galina's father, for ``nothing.'' Vladimir Glebov, a philosophy teacher in his 60s and son of Party boss Lev Kamenev, who was shot in 1936, spent his childhood wandering through Siberian orphanages and was sentenced, in 1949, to ten years in the gulag for preferring Emily Dickinson to Mayakovsky--experiences that, miraculously, have not dulled his sense of humor or his passion for anti-Stalin jokes. As sensitive, subtle, and moving as Chekhov: journalism raised to the level of art. -- Copyright ©1994, Kirkus Associates, LP. All rights reserved. --This text refers to an out of print or unavailable edition of this title.

From Booklist

The decaying gulag isn't everyone's idea of a four-star itinerary, but Hochschild braved the discomfort to take a tour in 1991. Fluent in Russian, he made his way to dreadful places like Kolyma, the Auschwitz of the labor-camp system, but his real interest, and the value of this narrative, was in talking to people, both jailers and victims, who lived through the horrors. Nobody was exempt from an instant dispatch into hell, as his interview with Stalin's translator shows, but for some, those days weren't all bad. In the steppe town of Karaganda, Hochschild was entertained by a former camp commandant, who proudly showed pictures of himself speaking to an audience of convicts. He spoke with the daughter of a secret-police officer responsible for mass executions, a woman anguished by that knowledge but who, like millions at the time, figured the dead really were enemies of the people. The why of such supinity, and of complicity, is what pulls this acute observer across the vast archipelago. Hochschild attempts to convey some answers, but ultimately his contribution is to seek out witnesses of Stalinism and preserve their ruthlessly realistic testimony. Gilbert Taylor --This text refers to an out of print or unavailable edition of this title.

About the Author

ADAM HOCHSCHILD is the author of ten books. King Leopold’s Ghost was a finalist for the National Book Critics Circle Award, as was To End All Wars. His Bury the Chains was a finalist for the National Book Award and won the Los Angeles Times Book Prize and PEN USA Literary Award. He lives in Berkeley, California.

--This text refers to the paperback edition.

A corrupção do Petrolão NÃO EXISTIU, decretou monocraticamente um tiranete de toga - Carlo Alberto Sardenberg (O Globo)

 O que fazer com o dinheiro?

Carlos Alberto Sardenberg

O Globo (09/09/2023)

Aqueles computadores e programas da Odebrecht não existem? Foi tudo uma ilusão?

O que a Petrobras fará com os R$ 6,28 bilhões que recebeu de empresas e executivos, inclusive da própria estatal, a partir dos acordos de leniência firmados no âmbito da Operação Lava-Jato? Se foi tudo uma “armação”, se os pagamentos foram indevidos, a Petrobras tem de devolver esses bilhões.

Parte do dinheiro pago pela Odebrecht foi para o Departamento de Estado dos Estados Unidos e a Procuradoria-Geral da Suíça. Colaboraram nas investigações que chegaram ao famoso sistema Drousys, usado pelo setor de Operações Estruturadas da empresa para controlar os pagamentos de propina a autoridades e políticos.

Mas, se não aconteceu nada disso, os acionistas da Odebrecht têm o direito de reclamar de volta esse dinheiro enviado para os gringos.

A Petrobras teve de pagar indenizações a acionistas que negociavam seus papéis na Bolsa de Wall Street. Foi um acordo por meio do qual a estatal brasileira reconheceu a má gestão — ou, mais exatamente, a corrupção, o petrolão —, circunstância que, obviamente, influiu negativamente no valor de suas ações.

Mas, se foi “armação”, todas essas indenizações foram indevidas. E então, que órgão do governo brasileiro organizará as cobranças aqui e lá fora?

Ou vai ficar tudo por isso mesmo?

Ocorre que o ministro Dias Toffoli encaminhou outras providências. Determinou que todos os órgãos envolvidos nos acordos de leniência sejam alvo de investigação para apurar eventuais danos à União. É uma longa lista. Vai da Lava-Jato de Curitiba até a Advocacia-Geral da União, Ministério Público e mais — centenas de gestores.

Um deles está ali mesmo, ao lado de Toffoli, numa cadeira do Supremo. Trata-se de André Mendonça, ex-chefe da AGU. O órgão foi parte ativa nos acordos de leniência, como o próprio Mendonça confirmou e elogiou numa entrevista em abril de 2019. Disse ainda que a AGU continuava patrocinando outros acordos.

No total, os acordos de leniência levaram a pagamentos de R$ 25 bilhões a diversas empresas estatais e instâncias de governos estaduais e federal. Também há complicação no âmbito do Judiciário. Em 23 de abril de 2019, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu por unanimidade manter a condenação de Lula no caso do tríplex do Guarujá. O mesmo STJ permitira a prisão de Lula, em abril de 2018, com base no entendimento de que o réu poderia começar a cumprir a pena depois da condenação em segunda instância. E o plenário do STF, em 4 de abril daquele ano, negara habeas corpus que livraria Lula da prisão. A decisão foi apertada, 6 a 5, mas tomada pelo plenário. “Armação”?

A recente decisão de Dias Toffoli foi monocrática, assim como fora a de Edson Fachin, quando, em 8 de março de 2021, anulou todas as condenações de Lula na Lava-Jato. Argumentou que o processo deveria ter sido aberto em Brasília, e não em Curitiba — “descoberta” feita cinco anos depois da abertura do caso. A decisão foi confirmada pelo plenário do Supremo — o que denota um tipo de corporativismo. Você não mexe na minha sentença, eu não mexo na sua.

Depois disso, o então ministro Ricardo Lewandowski tomou várias decisões monocráticas anulando as delações da Odebrecht nos processos de Lula. Toffoli completou o serviço, anulando toda a delação. Então ficamos assim: um erro processual, primeiro, e uma sequência de decisões monocráticas, depois, determinaram que as delações foram irregulares, o que dispensa, nessa grande “armação”, a verificação das provas. Quer dizer: aqueles computadores e programas da Odebrecht não existem, foi tudo uma ilusão.

Tudo considerado, há uma conclusão que se pode tirar para preservar a democracia e a segurança jurídica. Como já sugeriu o advogado, jurista e ex-ministro da Justiça José Paulo Cavalcanti Filho, as decisões monocráticas deveriam ser simplesmente vetadas. Abolidas. Do jeito como está, não temos uma Corte, mas 11 capitanias que decidem cerca de 90% dos casos. Dá nisso.

Agora, quem quiser saber a história real, está no livro de Malu Gaspar “A organização: a Odebrecht e o esquema de corrupção que chocou o mundo”.

Suas Excelências deveriam ler.

Augusto de Franco sobre os crimes e a corrupção petistas

DESMONTANDO 10 NARRATIVAS LULOPETISTAS PARA REESCREVER A HISTÓRIA

Augusto de Franco

9/09/2023

1 - O fato de sempre ter havido corrupção no Brasil não significa que a corrupção sistêmica coordenada pelo PT, com objetivos estratégicos de financiar um esquema de conquista de hegemonia sobre a sociedade a partir do Estado aparelhado pelo partido, tenha sido da mesma natureza do que a corrupção endêmica na política tradicionalmente praticada por representantes eleitos e mandatários nomeados de todos os matizes nos níveis nacional, regional e local.

2 - O fato do lavajatismo ter instrumentalizado politicamente a operação Lava Jato e que essa operação tenha cometido ileglidades ou erros jurídicos processuais, não significa que não houve corrupção nos governos do PT.

3 - O fato de Moro ter sido considerado suspeito em julgamento de Lula que presidiu não significa que todas as ações jurídicas que esse juiz comandou tenham sido ilegais ou ilegítimas (sobretudo aquelas em que houve confissão e devolução de dinheiro roubado por parte dos réus).

4 - O fato de terem sido condenados e presos os principais dirigentes do PT - como Dirceu, Genoíno, Delúbio, Vaccari, Ferreira, Palocci, João Paulo, Bernardo, Lacerda, Vaccarezza, Delcídio, Vargas e Silvinho Land Rover, entre tantos e tantos outros - não significa que houve uma conspiração da direita para destruir o Partido dos Trabalhadores inculpando pessoas inocentes e que o mensalão e o petrolão não tenham existido ou tenham sido uma farsa.

5 - O fato de o impeachment de Dilma poder ser avaliado como jogo duro constitucional não significa que foi golpe de Estado, que Dilma tenha sido absolvida pela justiça dos crimes de responsabilidade que cometeu e que tenha sido vítima de uma armação das elites com o apoio dos Estados Unidos para destruir a indústria nacional.

6 - O fato das condenações de Lula terem sido anuladas por tecnicalidades jurídicas, como erro de fórum ou que seus processos tenham prescrevido em razão da idade avançada do réu, não significa que ele não tenha cometido corrupção e outros crimes ou que tenha sido inocentado pela justiça e por um (imaginário) "tribunal da ONU" por ter sido vítima de um golpe das elites contra o povo com o apoio da CIA.

7 - O fato das provas contra Lula que levaram à sua condenação pelo triplex de Guarujá terem sido frágeis não significa que ele não tenha cometido outros crimes, como as acusações relativas à propinas pagas por empreiteiras amigas supostamente disfarçadas como (falsas) palestras, às reformas do sítio de Atibaia, ao uso gracioso do apartamento contiguo ao seu em São Bernardo, à "doação" do imóvel para a construção do Instituto Lula e tantos e tantos outros delitos (mesmo quando os bens eventualmente envolvidos nesses possíveis delitos não estivessem formalmente em seu nome).

8 - O fato de Bolsonaro ter sido um presidente populista (dito de extrema-direita) muito ruim para a democracia brasileira, não significa que Lula não seja também um populista (dito de esquerda) e que seja bom do ponto de vista da democracia liberal.

9 - O fato de que a remoção eleitoral de Bolsonaro era um imperativo democrático, independentemente de quem calhou de concorrer com ele no segundo turno, não é suficiente para avalizar seu sucessor como um democrata.

10 - O fato de haver uma oposição (bolsonarista) antidemocrática não significa que a situação (lulopetista) seja democrática, que qualquer oposição, inclusive uma oposição democrática, seja neofascista e que a existência de oposição não seja necessária para o bom funcionamento da democracia.

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

O que esperar de aliança por etanol que o Brasil, Índia e EUA devem lançar amanhã no G20 - Felipe Frazão (O Estado de S. Paulo)

 O que esperar de aliança por etanol que o Brasil, Índia e EUA devem lançar amanhã no G20

Por Felipe Frazão


ENVIADO ESPECIAL A NOVA DÉLHI - 
Brasil, Índia e Estados Unidos planejam lançar neste sábado, 9, uma aliança global de biocombustíveis, como forma de fomentar, sobretudo, a produção e o consumo do etanol no mundo. Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Joe Biden, e o anfitrião, o primeiro-ministro Narendra Modi, lideram a iniciativa e participam do evento de lançamento, em paralelo à 18ª Cúpula do G-20, em Nova Délhi. A iniciativa conta com o apoio do setor produtor de etanol no Brasil, e o governo vê na Índia um mercado potencialmente interessante para o biocombustível brasileiro. Analistas alertam, no entanto, que a demanda mundial pelo produto ainda é muito baixa. A aliança de biocombustíveis reúne três dos cinco principais produtores de etanol do mundo. Os EUA, com seu etanol de milho, respondem por 55% da produção mundial, segundo a RFA (Associação de Combustíveis Renováveis). Na vice-liderança do ranking, o Brasil produz o equivalente a 27% desse total. A Índia é a quinta colocada, com 3%, atrás da UE, com 4,8% e da China, com 3,1%. De olho em mercados emergentes 

A ideia da aliança, batizada de Global Biofuels Alliance – GBA (em inglês) surgiu de uma demanda da indústria de produção de etanol, que começou a se articular em janeiro com representantes do setor nos demais países. Participam as associações do setor privado de cada país: a brasileira Única, a indiana Isma - Indian Sugar Mills Association -, a norte-americana US Grains Council e a europeia ePure. Elas acabaram adiando o projeto, para inserir o setor público. Em julho, os ministros de Energia dos três países que encabeçam a estratégia lançaram a iniciativa em Goa, em reunião preparatória do G-20. O plano é vender biocombustível a nações em desenvolvimento, que podem ter no uso do etanol uma forma de redução da pegada de carbono no setor de transporte, seja terrestre, aéreo ou marítimo. 

 Nesse cenário, governo e setor privado apostam que a expansão do mercado global de etanol vai abrir caminho ainda para maior inserção no mundo da engenharia automotiva brasileira, que poderá virar uma referência por já ter consolidado o desenvolvimento de veículos a etanol, bi-combustíveis e autopeças. Biocombustíveis e descarbonizaçao Evandro Gussi, presidente da principal associação brasileira do setor, a Única (União da Indústria de Cana de Açúcar e Bionergia), afirma que o futuro é da coexistência de alternativas aos combustíveis fósseis. Segundo ele, o mercado vai se expandir globalmente nos próximos 25 anos com demanda crescente pelos biocombustíveis – até três vezes maior no transporte terrestre - e o desafio é convencer as indústrias a considerarem o etanol como alternativa em diversos mercados, para adaptação de automóveis, de aviões e embarcações. O argumento da Única é que nem sempre a solução da eletrificação basta. A Índia é considerada um caso que exemplifica o problema. Cerca de 76% da energia elétrica do país vem de combustíveis fósseis, sobretudo a queima de carvão mineral, um grande emissor de poluentes, que responde por cerca de 70%. Portanto, eletrificar a frota nacional não bastaria. É daí que vem a aposta no etanol. 

A África do Sul é outro exemplo de mercado potencial. “Temos que descarbonizar. Como vamos fazer depende da melhor solução, do que é mais apto para a situação econômica, social e ambiental de cada país e região”, afirma Gussi. “Eletrificação não é sinônimo de descarbonização. Se a energia elétrica é mais suja, o carro a etanol pode ser melhor do que o elétrico. Vamos ter espaço para os dois. " “Desde segurança para motores, sistema de injeção dos veículos, até controle da pegada de carbono, o Brasil produziu muita informação. A troca com indianos em larga escala fez com que entendêssemos mais e criamos um centro de excelência virtual onde tem um repositório desse material. A ideia agora é que isso se expanda numa aliança global de modo a acelerar esses processos nos demais países com vocação na Ásia, na África e na América Latina.” Índia como mercado estratégico 

Além do setor privado, o Itamaraty também vê o mercado indiano é estratégico. O governo de Narendra Modi anunciou recentemente um plano para aumentar a mistura do etanol na gasolina para 20%, até 2025. O primeiro-ministro passou a considerar o etanol como uma das prioridades estratégicas do país. Em 2019, a mistura era de 1,4% na gasolina, e agora está no patamar de 10%. “Não vamos exportar etanol para a Índia, mas garantir que possa ser parte da solução de descarbonização. Já existe na Índia a definição política de que o etanol é parte da solução, medida de segurança energética e de criação de empregos”, diz o embaixador do Brasil em Nova Délhi, Kenneth Nóbrega. “Vamos consolidar o etanol como rota tecnológica. Vamos exportar conhecimento, A oportunidade de ganharmos dinheiro é com o motor flexfuel, na cadeia de produção industrial, com propriedade intelectual, know-how, melhoria de processos na indústria do açúcar, máquinas e tecnologia de autopeças”, acrescenta. Baixa demanda internacional Na avaliação de João Victor Marques, pesquisador da FGV Energia,no entanto, um dos desafios da aliança será lidar com um mercado global que ainda tem uma baixa demanda pelo biocombustível. “Precisa criar uma demanda que muitos países não têm”, diz Marques. Hoje, a participação do biocombustível na matriz de consumo energético nos transportes é de 21% no Brasil, mas, na média global, é de apenas 4%. “Não tenho clareza de quais serão os instrumentos dessa cooperação que vai surgir entre os países, mas deve trazer algum tipo de geração de fomento de negócios”, afirma o pesquisador. Ainda de acordo com o especialista da FGV, a nova aposta no etanol precisa alcançar mais países para funcionar. “Esforços foram feitos no passado, no governo Bush e nos primeiros governos Lula, para tornar o etanol uma commodity internacional. Era uma iniciativa mais bilateral e que acabou sem um alcance global”, lembra. A Única também reconhece a necessidade de expansão do etanol para outros países. “Temos uma solução tecnológica que entrega a descarbonização que o mundo precisa, mas ela está muito concentrada no Brasil. 

Ficar com uma solução isolada, ilhada, em energia, não é inteligente. Ninguém quer um novo gás russo, ninguém quer um novo Oriente Médio da década de 1970″, cita Evandro Gussi. Como funcionará a aliança A aliança deve ser lançada com 19 países participantes, segundo estimativas de fontes envolvidas no projeto. Os países já deixaram prontos os protocolos de adesão e participação, com minutas de textos negociadas por diplomatas e os respectivos órgãos governamentais de energia. Eles vão criar uma organização interna da GBA. Brasil, Índia e Estados Unidos querem criar um “cinturão de bioenergia”, na zona tropical, para irradiar conhecimento, disseminar o consumo e estimular a produção etanol pelo mundo. A aliança vai fomentar ainda o biodiesel, o biometano e os SAF (Sustainable Aviation Fuels), cujo desenvolvimento também pode incluir o uso do etanol, por meio do processo conhecido como ATJ (Alcohol‐to‐Jet), para obtenção de bioquerosene de aviação. Entre os membros confirmados estão Argentina, Canadá, Paraguai, Bangladesh, Ilhas Seychelles, Ilhas Maurício, Quênia, Uganda e Emirados Árabes Unidos. Há interesse do setor de abrigar mais países em desenvolvimento na Ásia e na África. Na Europa, a Itália foi um dos únicos a manifestar interesse em ingressar, de acordo com embaixadores a par das negociações. 

Países da América Central também são vistos como potenciais integrantes. Além do Brasil, Índia e Estados Unidos, estarão representados no lançamento a África do Sul, a Argentina, os Emirados Árabes Unidos, a Itália e as Ilhas Maurício, dentre os membros da aliança; e Bangladesh, Canadá e Singapura, como observadores, segundo o governo federal. Entre os países vistos como potenciais produtores em grande escala, mapeados pelo setor privado, estão Indonésia, Tailândia, Vietnã, Paquistão, Filipinas, África do Sul, Moçambique, Angola, Quênia, Etiópia, Colômbia, Panamá e El Salvador. 
COLABOROU LUIZ GUILHERME GERBELLI 

Todos os filmes recomendados por Martim Vasques da Cunha: duvido que alguém tenha visto todos...

Lamento confessar que assisti muito poucos destes filmes relacionados abaixo. Sempre fui uma pessoa de livros, menos de salas de cinema... 

"Os Filmes da Minha Vida" - como diria François Truffaut.

Por favor, faça uma lista de filmes que não podemos deixar de assistir. Fui buscar suas indicações soltas que você fez no twitter e gostei de todas. - GUILHERME ANDRADE

Caro Guilherme, seu desejo é uma ordem. Aqui vai:

(1) LAWRENCE DA ARÁBIA (David Lean, 1962): Podem colocar à vontade “Cidadão Kane”, de Orson Welles, como o melhor filme já feito, mas, para o meu coração, este posto vai para o épico de Lean, que já tinha feito obras-primas como “Desencanto” (1945) e “A Ponte do Rio Kwai”(1957), mas somente aqui conseguiria atingir a perfeição, com uma ajuda de uma interpretação em estado de graça de Peter O’Toole.

EYES WIDE SHUT (Stanley Kubrick, 1999): Sim, Kubrick fez trabalhos mais perfeitos, como “2001 – Uma odisseia no espaço” (1968) ou “Barry Lyndon” (1975), porém é no seu último filme que ele mostra que, por trás de todo o seu pessimismo sobre o ser humano, ainda batia um coração.

(2) A ÉPOCA DA INOCÊNCIA (Martin Scorsese, 1995): Scorsese sempre é lembrado por seus impecáveis e divertidos filmes de gangster, por suas reflexões angustiadas sobre a fé, mas, na verdade, é neste filme que ele se revela tal como deve ser no seu dia-a-dia: um romântico incurável, mas implacável ao perceber que as emoções não têm mais chance em um mundo como nosso.

O PODEROSO CHEFÃO PARTE III (Francis Ford Coppola, 1991): Os dois primeiros Chefões são sublimes, sem dúvida, mas o terceiro exemplar tem algo que eles não possuem: os 40 minutos finais mais devastadores da História do Cinema e que terminam com um dos retratos mais impressionantes da dor de perder um ente querido.

A ÁRVORE DA VIDA (Terrence Malick, 2011): Ainda chegará o dia em que nós perceberemos o surgimento deste filme nas nossas vidas com o mesmo impacto que o mundo recebeu, em 1922, a publicação de “The Waste Land”, de T.S. Eliot.

(3) PICKPOCKET (Robert Bresson, 1959): Bresson fez para o cinema o mesmo que Picasso fez para a pintura, com a diferença que, no longo prazo, Bresson é melhor do que Picasso.

THE NIGHT OF THE HUNTER (Charles Laughton, 1951): Nosso Senhor, se algum dia me deres a chance de dirigir um único filme na vida, que seja com a mesma qualidade desta obra-prima única de Charles Laughton, que depois não precisou fazer mais nada na vida como diretor, tamanha a perfeição alcançada.

(4) AURORA (F.W. Murnau, 1927): Murnau foi o único diretor de cinema que conseguiu dominar a natureza – algo que só encontraria equivalente na filmografia de Terrence Malick.

CONTOS MORAIS (Eric Rohmer, 1959-1975): De todos, o meu favorito é “Minha noite com ela” (1969), brilhante meditação sobre as nossas tentações, mas todos os outros são impecáveis, com especial menção a “O Joelho de Claire” (1971) e “O Amor à Tarde” (1975).

DUAS INGLESAS E O AMOR (François Truffaut, 1975): Truffaut faria uma série de obras-primas do cinema, mas esta é, como “A Época da Inocência”, de Scorsese, aquela em que se mostra no seu íntimo.

LA DOLCE VITA (Frederico Fellini, 1961): A cena final deste filme ainda me perturba em alguns sonhos e pesadelos que tenho.

IL GATTOPARDO (Luchino Visconti, 1962): Visconti adaptando a obra-prima de Lampedusa e criando uma segunda obra-prima, desta vez com uma ajudinha de Burt Lancaster, Claudia Cardinale e Alain Delon.

(5) O SACRIFÍCIO (Andrei Tarkovski, 1988): A melhor utilização de Bach na história do cinema.

FAUSTO (Aleksandr Sokurov, 2012): Sokurov resume para nós, em duas horas e meia, a história da nossa servidão voluntária.

TRINTA ANOS ESTA NOITE (Louis Malle, 1962): Malle é o único sucessor de Robert Bresson e, neste filme, alcança uma pureza de imagem e de ritmo que jamais conseguiria recuperar nas películas seguintes, mesmo tendo uma obra rigorosa e impecável (como prova o subestimado e sublime “Perdas e Danos”, de 1992).

UM CORPO QUE CAI (Alfred Hitchcock, 1958): A obra-prima de um homem obcecado em fazer obras-primas.

(6) OS VIVOS E OS MORTOS (John Huston, 1989): Em seu último filme, Huston prova que é capaz de adaptar qualquer grande obra literária para o cinema. O monólogo final, declamado por Donal McCann, faz qualquer um chorar e pedir misericórdia.

A MARCA DA MALDADE (Orson Welles, 1957): O melhor filme do gênio, com o maior plano-sequência já feito.

OS INTOCÁVEIS (Brian De Palma, 1988): Toda vez que eu revejo este longa é como se fosse voltar a falar com um velho e querido amigo.

SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS (Peter Weir, 1990): Não há como você resistir àquela cena final.

A MOÇA COM A VALISE (1959) & A PRIMEIRA NOITE DE IMORTALIDADE (1971), ambos de Valério Zurlini: O cinema italiano teve gigantes como Visconti, Fellini e Rossellini, mas talvez o melhor de todos seja Zurlini, que fez obras primas em segredo e que só agora começam a ser redescobertas.

(7) THE RED SHOES (Michael Powell & Emeric Pressburger, 1959): O melhor filme já feito sobre o que é o desejo mimético.

A FRATERNIDADE É VERMELHA (Krystof Kieslowski, 1997): Junto com “Cortina de Fumaça” (1997), de Wayne Wang e Paul Auster, é o maior longa já feito sobre coincidência, acaso e os pequenos milagres que acontecem nas nossas vidas.

MAGNOLIA (Paul Thomas Anderson, 1999): Este filme fala sobre todos os temas anteriores na obra de Kieslowski, mas há algo mais que o torna especial: raras vezes o cinema mostrou o fenômeno da sincronicidade – uma das minhas obsessões –, com uma perícia cinematográfica que ainda impressiona.

ERA UMA VEZ NA AMÉRICA (Sérgio Leone, 1982): Coppola e Scorsese que me perdoem, mas Leone fez o definitivo filme de gangster, desta vez disfarçado em uma triste história do fim de uma amizade.

THE SEARCHERS (John Ford, 1959): A obra-prima de um gigante que tem mais obras-primas do que qualquer diretor de cinema.

RED RIVER (1948) & RIO BRAVO (1959), ambos de Howard Hawks: Hawks era o único diretor que John Ford respeitava. Precisa dizer mais alguma coisa?

(8) SUNSET BOULEVARD (1951), SOME LIKE IT HOT (1959) & THE APARTMENT (1961), todos de Billy Wilder: Há alguns anos, o diretor espanhol Fernando Trueba declamou, em plena cerimônia do Oscar, que Billy Wilder era Deus. Não é para tanto, mas, ao ver estes três filmes, ninguém pode negar que ele tinha um talento infinito para descobrir o ridículo e o insólito no comportamento humano.

A MALVADA (Joseph L. Mankiewicz, 1951): Talvez o roteiro mais perfeito já filmado em Hollywood, com uma direção sofisticada e uma Betty Davis em estado de graça.

THE INSIDER (Michael Mann, 1999): Billy Wilder fez uma obra-prima sobre o jornalismo, “A Montanha dos Sete Abutres” (1953), mas Michael Mann injeta uma dose a mais de emoção e nobreza neste filme que exibe um Al Pacino em toda a sua glória.

RAN (Akira Kurosawa, 1984): Kurosawa chega perto de melhorar a peça de William Shakespeare. Poucos conseguem fazer isso.

(9) MANHATTAN (Woody Allen, 1977): Allen faria outros filmes impecáveis e adoráveis, mas este é único porque tem Gershwin e uma Mariel Hemingway que nos faz imaginar como seria a sua versão de Lolita.

CANTANDO NA CHUVA (Stanley Donen & Gene Kelly, 1955): O filme perfeito para você renovar a sua vida na noite de Réveillon.

INVENTION OF LIFE (Douglas Sirk, 1958): Uma aula de melodrama, tão perfeito que seu título virou inspiração indireta para uma canção do R.E.M.

HARRY & SALLY (Rob Reiner, 1988): O único filme romântico que chega aos pés de qualquer comédia romântica de Woody Allen.

A PLACE IN THE SUN (George Stevens, 1951): Stevens dirigiu três pérolas da cinematografia de Hollywood – esta, “Shane” e “Assim caminha a humanidade” -, mas este é o filme em que raras vezes a mão do destino se mostrou tão lírica e cruel.

THE IMMIGRANT (James Gray, 2013): Gray cita Coppola e Leone nos primeiros minutos do seu filme, mas depois parte para o Visconti e o Dostoievski que moram no seu coração e faz uma das películas mais arrasadoras sobre os tormentos de se alcançar a redenção da sua alma.

O ASSASSINATO DE JESSE JAMES PELO COVARDE ROBERT FORD (Andrew Dominik, 2008): Talvez o melhor filme da década passada, junto com “There will be blood”, de Paul Thomas Anderson, e também uma meditação melancólica sobre como uma amizade pode terminar na pior das traições.

A REGRA DO JOGO (Jean Renoir, 1939): Uma aula de como movimentar uma câmera no meio de uma caçada e no meio de uma festa que termina em tiroteio.

MYSTIC RIVER (Clint Eastwood, 2003): Clint faria inúmeros filmes impecáveis em sua longa carreira como diretor, mas poucos atingiram essa densidade em que estamos assistindo uma tragédia grega diante dos nossos olhos.

PHANTOM THREAD (Paul Thomas Anderson, 2018): Você nunca mais comerá uma omelete da mesma maneira.

OPPENHEIMER (Christopher Nolan, 2023): O mundo assombrado pelas visões de um universo oculto e por um poder que permanece nas sombras.

(10) SUPERMAN, O FILME (Richard Donner, 1977): Por mais que Christopher Nolan queira, este ainda é o maior filme de super-herói já feito.

TRILOGIA INDIANA JONES (Steven Spielberg, 1981-1989): Sim, você leu direito: eu não considero os péssimos quarto e quinto filmes da série como partes integrantes desse ciclo fantástico de aventuras que nos faz redescobrir, a cada revisão, a criança que existe dentro de nós.

O ENIGMA DA PIRÂMIDE (Barry Levinson, 1986): Sherlock Holmes antes da cocaína.

CASSINO ROYALE (Martin Campbell, 2007): Como um todo, a série 007 faz parte do meu imaginário sentimental, mas este filme é o início de uma fase que privilegia uma fidelidade aos livros de Ian Fleming que não havia nas versões de Roger Moore e Timothy Dalton.

O FUGITIVO (Andrew Davies, 1998): O filme de aventura como uma travessia para a redescoberta da verdadeira identidade.

PULP FICTION (Quentin Tarantino, 1994): O virtuosismo técnico do nerd de videolocadora.

I’M NOT THERE (Todd Haynes, 2008): Bob Dylan versão 8 1/2 de Fellini.

L.A. CONFIDENTIAL (Curtis Hanson, 2002): O filme que finalmente mostrou ao mundo (e me apresentou) o universo maravilhoso de James Ellroy.

O EXORCISTA (William Friedkin, 1971): O maior filme católico já feito.

BLACK HAWK DOWN (Ridley Scott, 2001): Scott mostra o que é a guerra com uma crueza que só é comparável aos filmes de Kubrick e Samuel Fuller.

THE FLY (David Cronenberg, 1988): O corpo como um veículo para a doença que é a vida. Parece niilismo, mas é só realismo – e dos bons.

SEVEN (David Fincher, 1999): Um dos finais mais perturbadores e mais belos já filmados no cinema americano.

MULHOLLAND DRIVE (David Lynch, 2002): Lynch levando Luis Buñuel às últimas consequências. 

INSÔNIA (Christopher Nolan, 2003): A ultima cena resume o que seria o cinema de Christopher Nolan e mostra a ultima grande interpretação de Al Pacino (adendo: superada depois por o que ele fez em “O Irlandês” [2019], de Martin Scorsese).