O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Foreign Affairs some of the best books on international relations

 

The Economic Government of the World, 1933–2023


By Martin Daunton

Daunton’s sweeping narrative assesses the history of international economic cooperation and the institutions that organize and sustain it.

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Daunton has written a sweeping history of international economic cooperation and of the meetings and institutions through which it is organized. The author’s original design for this book, many years in the making, was evidently to begin his narrative with the London Economic Conference of 1933, which failed to preserve an open international order, and conclude with the more successful G-20 summit in London in 2009, which mobilized international efforts to contain the 2008 global financial crisis and stabilize the world economy. Whereas the first of these conferences was sunk by doctrinal disagreements and international political disputes, the second benefited from the intellectual and political convergence that followed the fall of communism and the end of the Cold War. Developments in the past decade, however, have thrown the author’s optimistic narrative a series of curve balls: the resurgence of populism, tensions between China and the United States, and Russia’s invasion of Ukraine, which put an end to political convergence and inaugurated what some call a “new Cold War.” Progress in strengthening global governance, it turns out, is not inevitable. Institutions such as the International Monetary Fund and the World Trade Organization retain a role in fostering international cooperation, but Daunton insists that they must not interfere too extensively in domestic policy choices lest they spark a backlash. To sustain international cooperation, governments must complement openness with policies that create good jobs, provide social insurance, tax footloose corporations, and avoid destabilizing capital flows.

From Amazon.com:

An epic history of the people and institutions that have built the global economy since the Great Depression.

In this vivid landmark history, the distinguished economic historian Martin Daunton pulls back the curtain on the institutions and individuals who have created and managed the global economy over the last ninety years, revealing how and why one economic order breaks down and another is built. During the Great Depression, trade and currency warfare led to the rise of economic nationalism―a retreat from globalization that culminated in war. From the Second World War came a new, liberal economic order. Squarely reflecting the interests of the West in the Cold War, liberalism faced collapse in the 1970s and was succeeded by neoliberalism, financialization, and hyper-globalization.

Now, as leading nations are tackling the fallout from COVID-19 and threats of inflation, food insecurity, and climate change, Daunton calls for a return to a more just and equitable form of globalization. Western imperial powers have overwhelmingly determined the structures of world economic government, often advancing their own self-interests and leading to ruinous resource extraction, debt, poverty, and political and social instability in the Global South. He argues that while our current economic system is built upon the politics of and between the world’s biggest economies, a future of global recovery―and the reduction of economic inequality―requires the development of multilateral institutions.

Dramatic and revelatory, 
The Economic Government of the World offers a powerful analysis of the origins of our current global crises and a path toward a fairer international order.”


Neal’s highly entertaining biography of the writer Carleton Beals, whose work on Latin America foreshadowed later anti-imperialist critiques, sheds light on the United States’ relationship with the ruling elites of Latin America throughout the twentieth century.

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Neal admires the fierce intellectual independence and penetrating, skeptical eye of Carleton Beals, who died in 1979 at the age of 85. Beals was a remarkably prolific freelance writer of some 40 books and innumerable magazine articles that skewered the ruling elites of Latin America and their U.S. sponsors. As recorded in Neal’s highly entertaining biography, Beals’s best books, enriched by his extensive travels, offered colorful, often acerbic portraits of the leading political and intellectual figures of the day. His biggest scoop, a 1928 exclusive interview with Augusto Sandino, pictured the Nicaraguan guerrilla fighter as a romantic patriot battling against a misguided U.S. military intervention. Something of a celebrity in progressive intellectual circles, Beals foreshadowed the later anti-imperialist critiques of William Appleman Williams and Noam Chomsky and the popularity in academic circles of dependency theory, the notion that globalization impoverishes poorer countries. Like many left-leaning, politically engaged writers, Beals wavered between demanding that the U.S. government keep its hands off Latin America and urging Washington to put its thumb on the scales for progressive democrats.

In this splendid, well-balanced history of an extraordinary but seldom studied period in inter-American relations, Herman argues that pragmatic accords between the United States and Latin American countries enabled a brilliant if brief chapter of solidarity in the Western Hemisphere throughout World War II.

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In this wide-ranging and shrewd analysis of the Chinese state, Huang predicts that the crackdown on freedom under Chinese leader Xi Jinping’s modernized version of imperial rule may bring an end to the country’s brief spurt of dynamism.

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domingo, 17 de dezembro de 2023

Alberto da Costa e Silva (1931-2023) - Celso Lafer (OESP)

Grande Alberto da Costa e Silva, homenageado por um outro grande.

 

Carmen Lícia

ESPAÇO ABERTO

Celso Lafer

Professor emérito da USP, ex-ministro das Relações Exteriores (1992 e 2001-2002) e presidente da Fapesp, Celso Lafer escreve mensalmente na seção Espaço Aberto


Alberto da Costa e Silva (1931-2023)

O diplomata alargou os horizontes da política externa brasileira ao elaborar na sua prática e na sua reflexão o papel de uma diplomacia de cultura e de conhecimento

Por Celso Lafer

17/12/2023 | 03h00

 

A perspectiva é um dos componentes organizadores da realidade, indicativa da circunstância do lugar em que estamos e nele nos localizamos para adquirir a mobilidade transformadora da razão e da sensibilidade.

Recordo essa lição de Ortega y Gasset porque ela tem grande pertinência para pensar a política externa como um ponto de vista sobre o funcionamento do mundo e a sua incidência num país. Um país operacionaliza seu ponto de vista no trato oficial com outros países por meio de seu corpo diplomático.

Alberto da Costa e Silva, na sua condição de diplomata na operacionalização deste ponto de vista, foi um paradigma de tato, inteligência e zelo, que o tornaram um dos grandes quadros do Itamaraty.

Alberto observou que “o diplomata, como o poeta, trabalha com as palavras”. No seu caso, verificou-se uma dialética de fecunda complementaridade entre as duas palavras, pois a sua experiência diplomática alentou, sem cisões, a criatividade da sua grande obra de intelectual. Por isso, integrou com alta envergadura a Academia Brasileira de Letras.

Alberto organizou o volume O Itamaraty na Cultura Brasileira, publicado em 2001 na minha gestão no Ministério das Relações Exteriores. Como ele diz na apresentação do volume, na prática do ofício o diplomata “é o que se representa”.

A representação não se circunscreve à articulação e à negociação de interesses. Tem um componente de exprimir o potencial da vis atractiva do que um país pode significar para os demais numa dada conjuntura histórica. Por isso, um diplomata deve conhecer bem o seu país para poder bem representá-lo. Cabe, também, a um diplomata promover relações amistosas com o país no qual está acreditado e, assim, na medida do possível, transformar fronteiras-separação em fronteiras-cooperação.

O tato e a inteligência com que Alberto exerceu o ofício a que se dedicou acabaram sendo poderoso estímulo para a criatividade de sua obra de grande intelectual. Adensou, para o benefício de todos, o seu entendimento do nosso país. Alargou os horizontes da política externa brasileira ao elaborar na sua prática e na sua reflexão o papel de uma diplomacia de cultura e de conhecimento.

A dedicação à África foi um tema recorrente do seu percurso de diplomata.

Da experiência de embaixador na Nigéria e no Benin, não só guardou, como dizia, “gratidão enternecida”. Foi um estímulo para aprofundar o seu interesse pela África e a sua percepção de que era necessário conhecer os africanos para melhor entender o Brasil, nas palavras da historiadora Marina de Mello e Souza.

Do que ele chamou “o vício da África” resultou uma excepcional obra de historiador que descortinou com rigor e paixão a história da África, a África no Brasil, o Brasil na África e a dinâmica do circuito da escravidão. Alberto, com o impacto de sua obra, trouxe a África como campo próprio de estudo em nosso país.

A obra de Alberto abre a nossa sensibilidade às memórias provenientes da África, que se somam, como ele diz, a outros enredos da vida brasileira – aos europeus que sempre estiveram nos currículos de nossas escolas e aos ameríndios que nelas deveriam estar.

Alberto dominava igualmente o papel do enredo europeu na vida brasileira.

“Temos a Europa dentro de nós.” É nossa herança, mas, como ele diz, “somos livres para escolher dela o que se ajusta à nossa geografia e o que responde à nossa intuição de destino”.

Serviu em Portugal, país que “de certa forma e ao seu jeito inventou para a Europa os oceanos”. A sua diplomacia de cultura intensificou e ampliou o diálogo Portugal-Brasil. Nesta empreitada, esclareceu com larga visada as características da herança e da presença de Portugal no Brasil e do significado dos fluxos migratórios lusitanos para a construção da múltipla identidade do nosso país. Soube destacar a relevância do idioma comum e do papel da Língua Portuguesa em Portugal e no Brasil, que nos singulariza e aproxima.

Alargou este horizonte para alcançar cinco países africanos que vivem as realidades das suas especificidades para descortinar o potencial de concertação diplomático-cultural que amplia, com um toque próprio, o espaço do Brasil e de Portugal no mundo.

As limitações de espaço não me permitem aflorar a amplitude dos caminhos intelectuais de Alberto. Não posso, no entanto, finalizar sem realçar que as suas memórias são um dos pontos mais altos da memorialística brasileira que de maneira discreta revela a sua estatura humana.

Espelho do Príncipe, cujo subtítulo é ficções da memória, não é propriamente uma autobiografia. Refaz liricamente as vivas lembranças do seu passado de criança. É, como o qualificou Da. Gilda de Mello e Souza, “um solilóquio da infância” que ela toma como um ritual de passagem, uma travessia da infância à idade adulta na qual Alberto, com pequenos toques, de maneira única, vai “impondo uma visão nova das coisas, da sensibilidade da relação com as pessoas, do escoar do tempo”.

Corresponde ao que disse na abertura de seu poema Hoje: gaiola sem paisagem: “Nada quis ser, senão menino. Por dentro e por fora, menino”.

*

PROFESSOR EMÉRITO DA FACULDADE DE DIREITO DA USP, FOI MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES (1992; 2001-2002)

 

Ukraine: 2023 explained - Anton Gerashenko

 From Anton Geraschenko:

“ It is the end of the year and there are many articles, expert opinions, and simply personal conclusions about 2023, which is ending, as well as predictions for the next year, 2024, for Ukraine and the world. 


Here are some of my thoughts about 2023:

The year 2023 was not the year of Victory for Ukraine and our allies, as many believed. Nor did I hope it would be. But it was not a year of defeat either. It was the year of the hardest marathon. A year of dragging out the war. A year of realism and hard work. Another year that Ukraine endured and withstood.

Ukraine didn't get enough aid for a counter-offensive and the war became positional, protracted, and of a trench type. 

Then the conflict in the Middle East erupted. The focus of attention shifted and Ukraine practically disappeared from the agenda of global media. Ukraine started to receive not only less attention but also less aid. 

Russia has made many conclusions this year, changed its tactics and its goals. Russia is learning. If earlier, in February 2022, they were counting on a blitzkrieg, in 2023 Russia has set itself up for a long war: it has completely put its economy on a wartime footing, pushed the military-industrial complex to the maximum, agreed on massive arms deliveries with its allied dictators, and these agreements are not hampered by bureaucracy and deliveries are taking place quickly and regularly.

Putin finally "cleaned up" his entourage after surviving Prigozhin's mutiny. He eliminated Prigozhin, as well as Wagner PMC leadership, and dealt with the generals involved in the mutiny. 

Putin has become more aggressive, confident, and active. He is now permanently bound to the war and his power is directly tied to the war.

Russia openly states that this war is the beginning of the re-division of the world. It is a war not only with Ukraine but with the West and the US. Putin is building an empire. 

Russia has not had any significant victories this year, but it has mobilized, regrouped, and is becoming increasingly dangerous. 

This year Russia has waged the war on many frontlines: cyber wars, wars against civilian infrastructure, information wars (huge bot factories on all social networks), corrupting politicians, journalists, espionage, desecration, interfering in elections, attempting to disunite, sowing panic, sowing discord among allies. Russian propaganda may seem crude and primitive at first glance, but it is not. It has its audience not only in Russia and forms certain moods. The theses of Russian propaganda can be seen in many Western sources. Fighting the propaganda must continue!

Personally for me, this year was a year of heavy losses. My close friends died. 

I shut down my emotions and became much less public. 

In 2022, my main focus was to draw the world's attention to Russia's war crimes in Ukraine. I gave a huge number of interviews and spoke to diplomats, journalists, and philanthropists. 

This year, I focused on improving Ukraine's defense capabilities and on charity projects.

I didn't believe the war would be over quickly. But I am not among those who think that this horror will last forever. All wars end and it is important for us that the conditions for Ukraine are the best possible. 

This year, I've been focused on specific actions and specific things. Without inflated expectations. It's been a year of constant work. For the sake of all who are gone and for the sake of all who will live.

A little later I will write what I expect from 2024 and what we want to achieve. Thank you to everyone who is by our side, who is our friend, who supports Ukraine! I appreciate you all immensely and I am deeply grateful to you all!”

December 17, 2023

Azerbaijão ganha com a guerra Rússia contra a Ucrânia - Adam Tooze

 Someone benefits from Russia’s war

Over at Bloomberg, Marc Champion writes:

Russia’s invasion of Ukraine didn’t play out the way Vladimir Putin hoped, but it’s proving an unimagined boon for his fellow authoritarian leader in neighboring Azerbaijan. President Ilham Aliyev has never been as politically secure as he is today. Aliyev has won big from Russia’s invasion on multiple fronts. In July last year he signed a deal with the European Union to double natural gas exports to the bloc, as it scrambled for new energy sources to fill the void left by Russian supplies lost to sanctions. New infrastructure has to be built to make that possible, but increased sales and prices together raised revenue from the ex-Soviet nation’s oil and gas sectors from $19.5 billion in 2021, to $35 billion in 2022. Those fossil fuels accounted for more than 92% of Azerbaijan’s exports and over half the state budget.

A distracted Russia, the traditional security provider for Azerbaijan’s arch-rival Armenia, also gave Aliyev the space to overrun the ethnic-Armenian controlled enclave of Nagorno-Karabakh, ending 30 years of war and humiliation with precisely the kind of short and glorious military victory Putin aimed to achieve in Ukraine. From this already high base, things are looking up for Aliyev. Azerbaijan just locked up the right to hold the next global summit on climate change, COP-29.

Conflito Venezuela-Guiana: encontro de presidentes no Caribe (Estadão, FSP)

 Venezuela e Guiana se comprometem a evitar medidas militares na disputa do Essequibo 


 Os países também aceitaram promover um novo encontro dentro de três meses no Brasil para buscar solução ao conflito O encontro cara a cara entre os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana, Irfaan Ali, encerrou-se com um acordo no qual ambos os países descartam o uso da força na controvérsia sobre o Essequibo, um território rico em petróleo disputado há mais de um século. 

 Guiana e Venezuela “concordaram que direta ou indiretamente não se ameaçarão, nem usarão a força mutuamente em nenhuma circunstância, incluindo aquelas decorrentes de qualquer controvérsia existente entre ambos os Estados”, indicou parte de uma declaração conjunta lida por Ralph Gonsalves, primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, sede do encontro. Também “acordaram que qualquer controvérsia entre os dois Estados será resolvida de acordo com o direito internacional, incluindo o Acordo de Genebra”, acrescentou o documento. 

 Venezuela e Guiana também aceitaram promover um novo encontro entre aspartes dentro de três meses no Brasil. Os presidentes encerraram a reunião com um aperto de mãos após cerca de duas horas de discussão em São Vicente e Granadinas, promovida pela Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac) e pela Comunidade do Caribe (Caricom), com o apoio do Brasil. 

 Antes da leitura da declaração conjunta, o presidente Ali enfatizou o direito de seu país explorar seu “espaço soberano”. ”A Guiana não é o agressor, a Guiana não está buscando a guerra, a Guiana se reserva o direito de trabalhar com nossos aliados para garantir a defesa do nosso país”, afirmou Ali, durante coletiva de imprensa posterior, sem ceder em sua posição sobre a disputa. ”A Guiana tem todo o direito (...) de facilitar qualquer investimento, qualquer sociedade (...), a expedição de qualquer licença e a outorga de qualquer concessão em nosso espaço soberano”. A reunião foi realizada em meio a uma preocupação crescente pelas trocas de declarações cada vez mais ásperas entre os dois presidentes sobre o Essequibo, um território de 160 mil km² rico em petróleo e outros recursos naturais, administrado por Georgetown e reivindicado por Caracas.

 Maduro, que ainda não deu nenhuma declaração ao final do encontro - disse que iria à reunião em busca de uma “via de diálogo e negociação” para obter “soluções efetivas”. ”Os intermediários provavelmente terão que buscar algo para que Maduro não saia do encontro “sem nada”, disse à AFP Sadio Garavini di Turno, ex-embaixador da Venezuela na Guiana, que considera “factível” uma declaração “na qual se diga que vão baixar a escalada, que vão continuar conversando para baixar as tensões”. Maduro considerou o encontro como “um grande feito” para ”abordar de forma direta a controvérsia territorial”, mas 
Ali negou que a disputa estivesse na agenda e insistiu em sua posição de que esta deve ser decidida na Corte Internacional de Justiça (CIJ), cuja jurisdição Caracas não reconhece. Petróleo, o pomo da discórdia A disputa é centenária, mas o litígio escalou em 2015, depois que a empresa petrolífera americana ExxonMobil descobriu grandes reservas de petróleo bruto na área reivindicada. A Venezuela acusa a Guiana de dar concessões em águas marítimas ainda a delimitar, e depois de um referendo sobre o território reivindicado, em 3 de dezembro, iniciou um processo para outorgar licenças da estatal PDVSA nas águas disputadas. 

 A consulta aprovou, ainda, criar uma região, uma província da Venezuela e dará cidadania venezuelana a seus habitantes. Maduro levou um mapa que já inclui o Essequibo como um estado. A Guiana, que viu a consulta como uma “ameaça”, levou o caso ao Conselho de Segurança da ONU e anunciou contatos com “parceiros” militares, como os Estados Unidos, que realizaram exercícios militares no Essequibo. 

 O Brasil reforçou sua presença militar na fronteira norte. A habitual retórica anti-imperialista do governo venezuelano acusa Ali de ser “um escravo” da ExxonMobil. Garavini di Turno destacou que a Venezuela “curiosamente” evita mencionar as outras grandes empresas com participação na maior concessão outorgada pelo governo guianense na região, a do bloco Stabroek, caso da China National Petroleum Corporation e da também americana Chevron, duas empresas que operam no país, alvo de sanções de Washington. Na segunda-feira, o chanceler venezuelano, Yván Gil, aventou, em encontro com a imprensa internacional em Caracas, a possibilidade de que se possa falar de uma “cooperação em petróleo e gás”, sem entrar em detalhes./AFP  


4) Reunião afasta risco de ruptura entre Venezuela e Guiana, diz governo Lula Líderes não recuam, mas concordam em manter diálogo; Amorim rechaça ameaças à integridade territorial e intervenção estrangeira 

 SÃO PAULO O governo brasileiro afirma considerar que a reunião entre o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, e o presidente da Guiana, Irfaan Ali, nesta quinta-feira (14), afastou a possibilidade de uma ruptura. Ao menos no curto prazo. Nenhum dos dois líderes recuou de suas posições, principalmente no que diz respeito à legitimidade da Corte Internacional de Justiça de decidir a disputa pelo território de Essequibo –Ali, por óbvio, defende a decisão e a competência do tribunal, e Maduro as rechaça. 

 Dois dias antes do plebiscito em que Caracas diz ter obtido apoio de 96% dos venezuelanos para anexar Essequibo, a Corte exortou o regime de Maduro a não "modificar a situação" do território. SÃO PAULO O governo brasileiro afirma considerar que a reunião entre o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, e o presidente da Guiana, Irfaan Ali, nesta quinta-feira (14), afastou a possibilidade de uma ruptura. Ao menos no curto prazo. Nenhum dos dois líderes recuou de suas posições, principalmente no que diz respeito à legitimidade da Corte Internacional de Justiça de decidir a disputa pelo território de Essequibo –Ali, por óbvio, defende a decisão e a competência do tribunal, e Maduro as rechaça. Dois dias antes do plebiscito em que Caracas diz ter obtido apoio de 96% dos venezuelanos para anexar Essequibo, a Corte exortou o regime de Maduro a não "modificar a situação" do território. Mas ambos concordaram em continuar com o diálogo e marcar uma data para novas reuniões, que serão periódicas, a cada três meses. 

O próximo encontro deve ocorrer no Brasil. Na visão do governo brasileiro, que propôs a negociação e se coloca como fiador do processo entre Guiana e Venezuela, a reunião desinflou a guerra verbal e reduziu o risco de a escalada retórica sair do controle e levar ao conflito. Na reunião, além de Maduro e Ali, só falaram o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, que está na presidência de turno da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), e Celso Amorim, assessor internacional do presidente Lula. 

 De acordo com informações obtidas pela Folha, Amorim passou recados aos dois países. O ex-chanceler disse que "não interessa à região o uso da força ou a ameaça de uso da força" —um recado claro para Maduro— e tampouco interessa à região que "forças estrangeiras intervenham" –mensagem para Ali, que não descartou a possibilidade de hospedar uma base americana. Após as ameaças de Maduro de anexar Essequibo, os EUA fizeram exercícios militares aéreos na região. Ainda que a temperatura tenha baixado, a diplomacia brasileira ainda tem preocupações no curto prazo. Na segunda-feira (18), está prevista negociação de uma declaração na Organização dos Estados Americanos (OEA), para ser votada na terça-feira (19). O Brasil não apoia o texto que está circulando, que é de autoria da Guiana e tem forte endosso dos Estados Unidos e de Luis Almagro, secretário-geral da OEA. 

 O texto, segundo informações a que a Folha teve acesso, afirma que houve violação da integridade territorial da Guiana, antecipando algo que não se concretizou. Além disso, reflete todas as visões da Guiana sobre os direitos do país a Essequibo e é bastante agressivo em sua condenação a Caracas. Na visão do governo brasileiro, uma declaração com esse teor seria contraproducente e comprometeria a interlocução com Maduro. Brasília defende a linha da declaração divulgada pelo Mercosul na semana passada, que alerta para "ações unilaterais que devem ser evitadas", mas não entra em pormenores sobre a quem pertence Essequibo. 

 Ao Brasil não interessa que seja divulgada uma declaração nem que o assunto seja tratado na OEA, que tem enorme influência dos EUA. Brasília quer manter a mediação no âmbito da América Latina, em instâncias como a Celac, que promoveu a reunião desta quinta. Ainda assim, os governos de Lula e de Joe Biden têm mantido interlocução frequente durante a crise. Amorim teve conversas com o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan. O chanceler Mauro Vieira conversou na quarta-feira (13) com o secretário de Estado americano, Antony Blinken, e com o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, nesta quinta. Com o chefe da diplomacia dos EUA não foi abordada a possibilidade de uma declaração da OEA.

 Blinken teria falado sobre a percepção de que Maduro estaria fazendo apenas uma bravata eleitoral, mas que a situação poderia sair do controle e se agravar.  

UNCTAD / Handbook of Statistics 2023

 UNCTAD / Handbook of Statistics 2023

 

December 2023

96 p.

 

UNCTAD released on 14 December its Handbook of Statistics 2023 – the global reference for trade and development trends published each year.

It provides official statistics on how the global economy has evolved across regions, countries and sectors. An online version allows people to interact with the data, charts and graphs.

By using “nowcasts”, the handbook provides data-driven real-time estimates of current developments. These can assist governments in anticipating shifts in trade and the economy before final official statistics are available.

“Timely and quality data are critical now more than ever in an era of multiple global crises,” says Anu Peltola, head of UNCTAD Statistics. “These statistics will help countries take evidence-based decisions to tackle today’s challenges rather than yesterday’s.”

Below are some of the key trends for 2022 and 2023 highlighted in the report.

International trade dynamics

  • Trade in goods falls: Following a strong recovery from COVID-19 in 2021, goods exports increased by 11.4% in 2022, reaching $29 trillion. But statistics show a 4.6% decrease in merchandise trade in the first half of 2023, and UNCTAD nowcasts a continued year-on-year decline for the third and fourth quarters.
  • Trade in services continues to rise: Trade in services rebounded by 14.8% in 2022, surpassing pre-pandemic levels. Services trade grew more in developing countries, which in 2022 reached their highest global market share to date at 30%. Globally, UNCTAD nowcasts around 7% growth for trade in services in 2023.
  • Global trade imbalances increase: Developed economies recorded a growing merchandise trade deficit, reaching $1.6 trillion in 2022.
  • Commodity exports increase: All major commodity groups saw significant trade increases in 2022. Fuel exports grew by nearly 62% due to higher prices. Food exports grew by 10%.

 


Leitores de meus papers no Academia.edu - Paulo Roberto de Almeida

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Poland 202
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Viet Nam 131
Colombia 457
Hong Kong 150
Cape Verde 497
New Zealand 52
Côte D'Ivoire 194
Hungary 166
Israel 144
Timor-Leste 94
Japan 648
Mexico 826
Austria 169
Sao Tome and Principe 244
South Africa 264
Singapore 156
Pakistan 133
Albania 15
Guinea-Bissau 136

sábado, 16 de dezembro de 2023

Putin’s peace and the destruction of Ukraine - Illia Ponomarenko

 From Illia Ponomarenko:

“ So, now even Vladimir Putin himself said it loud and clear that there can't be any "peace" until his 'special military operation' against Ukraine, which is about to enter the third year, finally meets its 'initial goals.'

Yes, it's the same vague 'de-Nazification,' 'demilitarization,' and 'the 'neutral status' of Ukraine.

Let me translate this from the Kremlin newspeak into the language of human beings for you:

- An unconditional surrender of Ukraine. Complete cessation of all forms of armed resistance to Russia's occupational forces.

- Complete disarmament dismissal of Ukrainian armed forces as 'illegal formations.' Termination of all Western defense and economic aid. The removal of all Western-provided weapons (or even their acquisition by Russia as a sort of 'contribution' for the 'Western aggression against Russia in Ukraine,' along with Ukraine's Soviet-made weaponry.

- Russian occupation of at least most of Ukraine's territory (possibly except for western oblasts, but not necessarily - Putin's appetite may be fully encouraged to seize Lviv as well). And in light of the laughable sham 'referendums' of 2022 and the formal Anschluss of Ukrainian regions that the Kremlin does not even fully control - nothing stops Putin from not only demanding that Ukraine gives up to "the new territorial reality" but simply annexing the entire the rest of Ukraine via new 'referendums' with 99% of 'yes' votes. Who needs just a 'pro-Russian puppet regime' in Kyiv when the insanity has gone beyond all limits imaginable?

- Sweeping 'filtration procedures' regarding the entire Ukrainian population (yes, just like what happened at Russian filtration camps in occupied Donbas). The manhunt for all pro-Ukrainian citizens (a.k.a. 'Nazis'), including activists, civilian volunteers, those who ever sent or collected donations for the Ukrainian military, non-defecting officials, just ordinary people who want to be a Ukrainian in an independent free Ukrainian country, non-surrendering Ukrainan soldiers and officers (a.k.a. 'Nazi war criminals') etc etc etc. Naturally, also a widespread crackdown on the Ukrainian identity and civil liberties (a.k.a 're-education'), concentration camps, a harsh occupational regime, anti-guerilla warfare, etc etc etc.

- All sanctions and limitations lifted immediately (of course).

Russia getting full access to Ukraine's resources (especially food production), its geographic position in Europe, infrastructure etc.

- In case of no formal annexation taking place, a puppet 'Ukraine' joining 'the union state' of Russia & Belarus, as well as the 'customs union' and, in the long run, also the CSTO ('Russia's NATO') if it manages to create a form of a collaborationist 'military' on the model of 'people's militias' of the 'DNR' and the 'LNR'.

How do you like such 'peace'? Would you accept that for your loved ones behind your back who have already seen Russian-made mass graves and cities leveled to ashes?

In the shorter run, Putin might demand that Ukraine 'accept the status quo' (i.e., recognize the annexation of Kherson, Crimea, Zaporizhia, and Donbas) and then leave itself totally defenseless and broke without Western aid - in exchange for Putin giving Jack's shit.

Guess what happens next if today's masters of escalation management force Ukraine into such a 'peace for our time' under Putin's terms.

It's a complete mystery why those silly Ukrainians just don't see that as a possible option.

It's not a fucking soccer championship ('well, you will lose, but it's not the end of the word, really...'). 

It's about a 40-million European nation and a democracy that does not deserve to die in a pit with a bullet in the back of its head because the wealthiest and the most powerful community of nations in the history of mankind was too obsessed with petty politics and phobias.

The elimination and subjugation of Ukraine is Vladimir Putin's lifetime project, which he has pursued in various forms since the very beginning of his rule in the early 2000s.

It is especially personal now that Putin's easy-cheezy triumphal march to Kyiv turned into a  2-year-long bloodbath with a long list of insanely humiliating defeats and blows upon Russia's imperial pride.

He will not leave Ukraine be unless he is made to. Or unless he loses power or dies.

Oh, by the way, do I have to say that the fall of Ukraine means the Russian military being empowered with Ukrainian resources and standing at the gates of Central Europe?

Putin can formally stay in power until at least 2036. And before and after that, he and his successors in the Kremlin will be knowing that war, territorial grabs, and nuclear intimidation do work.

That the West will do little to nothing in response. And that war works perfectly well to keep their power over Russia consolidated as long as the 'besieged fortress' combats 'the entire NATO' in a new 'global confrontation of superpowers.'

THEY NEED WARS. AGAIN and AGAIN.

So, really, the ONLY way to put this to an end in Ukraine is to provide Ukraine with everything it needs to defeat the biggest European war of aggression since Adolf Hitler.

To render the Russian war in Ukraine so critically costly and failing that it will make Putin seek a way out of it, with Ukraine & the West speaking from the position of power in negotiations.

And (which is also extremely important) to keep Ukraine, its eastern European allies, and NATO itself strong and resilient enough to keep Russia deterred and contained.

Putin will stop where and when he's made to. Not by begging, not by giving him a chance to save face, or by appealing to his common sense or ethics, or by trying to please him into not siding with China in a future confrontation with the United States.

The free world's obsession with escalation management, lack of leadership, half-hearted measures, and reluctance to go beyond its comfort zone do not work. Giving Ukraine a handful of missiles and tanks for such a large-scale war against Russia and then hoping for a miracle to happen at a low price also doesn't work.

The free world has already given Putin TWO YEARS to unfold Russia's military production and adapt itself to sanctions.

We all know how many tens of thousands of Ukrainian soldiers have died as the West keeps waiting for heaven knows what, making the solution increasingly costly.”

Brasil se esquiva sobre legitimidade da CIJ em conflito entre Venezuela e Guiana (O Globo)

Objetivamente em favor da Venezuela agressora:

Brasil se esquiva sobre legitimidade da CIJ em conflito entre Venezuela e Guiana

Assunto foi colocado em segundo plano pelo governo Lula

Desde que Nicolás Maduro passou a fazer ameaças contra a soberania da Guiana e tentou forçar a anexação de Essequibo por decreto, a diplomacia brasileira, com objetivo de serenar os ânimos, se esquiva de tomar uma posição sobre a legitimidade da Corte Internacional de Justiça (CIJ), sediada em Haia, para resolver a controvérsia territorial. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em declarações recentes, disse que a América do Sul não precisava de "confusão", pediu "bom senso", mas em nenhuma oportunidade mencionou o papel do organismo internacional.

Até o momento, o Brasil conseguiu, junto a outros países do continente e do Caribe, levar os presidentes de ambos os países à mesa de negociação. Mas o respeito à atuação da corte, ponto central da reivindicação do governo de Georgetown, de Irfaan Ali, foi colocado em segundo plano.

Desde 2017, a CIJ analisa, com participação da Venezuela e Guiana em audiências, as reivindicações sobre Essequibo, região rica em petróleo. O regime chavista, contudo, não reconhece a legitimidade do órgão para tratar do assunto. E isso dificulta o papel do órgão vinculado às Nações Unidas como árbitro do tema.

Dois dias antes do referendo venezuelano que visou à anexação do território da Guiana, o tribunal emitiu uma ordem para que Maduro não tomasse qualquer medida preparatória para a invasão, o que foi desrespeitado pelo regime chavista. Após a consulta popular, em anúncio de um conjunto de medidas, o presidente venezuelano chegou a nomear um general como "única autoridade" sobre Essequibo.

Na cúpula do Mercosul, realizada no Rio de Janeiro logo em seguida, o Brasil articulou o texto de uma declaração conjunta que não citava a Corte Internacional de Justiça. A nota trouxe a preocupação dos países do bloco com a "elevação das tensões" e pediu que ações "unilaterais" fossem evitadas. 

No mesmo dia, coube aos Estados Unidos defender um encaminhamento pacífico pela corte internacional. A posição foi externada pela embaixada de Washington em Brasília.

Em sentido diferente, o Brasil empenhou todos os seus esforços para que a questão fosse mediada pela Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e pela Comunidade do Caribe (Caricom), com a liderança de Lula. A primeira reunião ocorreu em São Vicente e Granadinas. E a segundo irá ocorrer em Brasília, em alguma data a ser marcada nos próximos três meses.

O único momento em que o assunto foi citado de forma pública pelo Brasil foi antes do referendo. No dia 22 do mês passado, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que, "se possível", o caso fosse resolvido em tribunal internacional. Mas a posição não chegou a ser reiterada em outras ocasiões para a resolução do conflito.

"O Brasil, assim como os outros países, fez uma exortação para o entendimento, a discussão diplomática e a solução pacífica das controvérsias, que devem ser dirimidas por arbitragem e tribunais internacionais, sempre que possível" disse o chancelar, após reunião com autoridades de países da América do Sul.

A alternativa da mediação pelo tribunal perdeu força após o referendo da Venezuela, realizado no dia 3 de dezembro. Uma das cinco perguntas da consulta era se eleitor concordava com a posição da Venezuela de "não reconhecer a jurisdição da Corte Internacional de Justiça". Neste caso, o "sim" venceu por um patamar superior a 90%.

Em declaração conjunta assinada na reunião de São Vicente e Granadinas, há o registro de que a Guiana está comprometida com o "processo e os procedimentos" da CIJ para a resolução da controvérsia. Do outro lado, há menção de que a Venezuela não reconhece e tampouco consente a jurisdição da corte para chegar um veredito sobre o assunto.

A função primordial da Corte é resolver conflitos entre Estados. Também em Haia, na Holanda, funciona outro tribunal internacional destinado a julgar pessoas, em casos como crime de guerra: o Tribunal Penal Internacional (TPI). Sobre este segundo órgão, Lula já deixou evidente a sua insatisfação, antes de tomar posse, e chegou a ameaçar a retirada do Brasil do TPI.

Isso ocorreu porque o presidente Rússia, Vladimir Putin, poderia ser preso se fosse ao Brasil. Lula gostaria de recebê-lo no G20 e na conferência do clima que será realizada na Amazônia.

O líder russo é acusado pelo tribunal de violações na guerra contra a Ucrânia.

"Quero estudar muito essa questão desse Tribunal Penal, porque os EUA não são signatários dele. A Rússia não é signatária dele. Então eu quero saber por que o Brasil virou signatário de um tribunal que os EUA não aceitam. Por que nós somos inferiores e temos que aceitar uma coisa, sabe?" questionou Lula.

Como o caso da Guiana foi parar no CIJ?
Ao defender a integridade do território, a Guiana cita a arbitragem de Paris, em 1899, que delimitou as fronteiras atuais, como salvaguarda para manter a legitimidade internacional. Já a Venezuela cita o Acordo de Genebra, em 1966, para dar prosseguimento ao plano de incorporar a região. Na segunda ocasião, os dois países assinaram um documento em que se comprometiam a reabrir a discussão sobre Essequibo.

No Acordo de Genebra, ambos os países se comprometeram e, posteriormente, de fato criaram um grupo de trabalho, com representantes de ambos os lados, para debater as reivindicações sobre a região.

Essa comissão, porém, não chegou a nenhuma conclusão. Caso isso ocorresse, o tratado dizia que a ONU iria indicar o local adequado para a resolução do conflito. E esse local indicado foi o CIJ.

A Venezuela, porém, tem uma interpretação própria do acordo, segundo a qual o procedimento tornou "nulo e vazio" a arbitragem de 1899. Também argumenta que a jurisdição da Corte não pode ser levada em conta pois violaria o princípio do "consentimento mútuo" entre os países selado no documento de Genebra.

A Guiana, por sua vez, refuta essas argumentações. Alega tratar-se apenas de uma distorção do processo de mediação que se arrasta por décadas.

Sobre este assunto, a oposição venezuelana, que também é a favor da incorporação de Essequibo, concorda com a Guiana. A líder María Corina Machado, por exemplo, entende o processo deve ser inteiramente respaldado pela Corte Internacional de Justiça.

Além disso, defende que os esforços da Venezuela devem estar concentrados em uma defesa "robusta" da "causa de Essequibo" no organismo internacional.


sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

A toponímia brasileira é predominantemente indígena

 


Mais da metade dos nomes dos estados brasileiros é diretamente derivada da toponímia de algumas das línguas indígenas presentes originalmente em suas respectivas regiões. O resto adquiriu nomes dados pelos colonizadores às respectivas capitanias, depois provincias.


quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Dilma, o COFECON, e o ultraje às ‘mulheres sapiens’ - Elena Landau (Brazil Journal)

Dilma, o COFECON, e o ultraje às ‘mulheres sapiens’ 

Elena Landau

Brazil Journal (13/12/2023)

Existe uma lei no Brasil que regulamenta a profissão de economista. A data de sua promulgação já era um prenúncio dos perrengues futuros: em 1951 o presidente era Getúlio Vargas e a data, 13 de agosto. Não poderia sair boa coisa. 

No artigo 6º vem o erro fatal. Ele cria o Conselho Federal de Economia (COFECON) e os Conselhos Regionais de Economia (CORECON).

Na prática, esses conselhos funcionam como verdadeiros caça-níqueis, só para fazer política com nosso dinheiro. Exigem uma contribuição anual tanto para a pessoa física quanto para atuação como pessoa jurídica. Pagamos duas vezes por um único diploma. 

A atuação dos conselhos é puramente panfletária. Por anos, vêm atuando como braço político dos governos PT e fazendo oposição a todo governo e a qualquer reforma que leve a uma maior racionalização da economia. 

Foi assim com a reforma da Previdência e a trabalhista. Seus jornaizinhos também são meio de divulgação da “Auditoria da Dívida Pública”, cujos autores não sabem sequer distinguir o principal do pagamento de juros.  

Entre as suas atribuições estão: “contribuir para a formação de sadia mentalidade econômica e promover estudos e campanhas em prol da racionalização econômica do País.”

Mas quem vai decidir o que é sadio e racional? Não vem dando muito certo isso. 

Esse ano, o COFECON abusou. Escolheu como economista do ano ninguém menos que Dilma Rousseff. Um ato ofensivo às inúmeras ‘mulheres sapiens’ (termo cunhado pela própria), às economistas de excelente formação deste País, e um tapa na cara dos brasileiros que sofreram as consequências de sua administração desastrosa. 

Sua intervenção no setor elétrico gerou um tarifaço de 50% em dois anos; a política fiscal irresponsável legou inflação, juros elevados, dívida e recessão; em seu governo, a contratação de funcionários públicos bateu recorde; a desigualdade se agravou e o desmatamento cresceu. São muitos os seus feitos. 

Uma década perdida em apenas dois anos não foi consequência da Lava Jato. O combate à corrupção em estatais é fundamental. Ajuda a atrair investimentos e não o contrário.

Fui contra seu impeachment. Para mim era importante que Dilma encerrasse seu ciclo desastroso na esperança de que ideias tão ruins fossem para sempre abandonadas – mas principalmente, para que não aparecesse depois quem a eximisse de responsabilidade e atribuísse a herança maldita a fatores externos.

Tivemos a sorte de Michel Temer ter escolhido uma equipe excelente para ajustar a economia. Tinha uma mulher no comando da Secretaria do Tesouro, Ana Paula Vescovi. A ela falta um prêmio de reconhecimento pelo que fez pela economia brasileira. 

A lista de mulheres economistas que pesquisam, publicam e contribuem com boas políticas públicas é longa, seja liberal ou desenvolvimentista. Dilma certamente não é uma delas.

A indicação da ex-presidente segue somente a tradição do COFECON de escolher mulheres economistas ligadas ao PT. Não há sequer uma votação online. Nossa contribuição não serve nem para isso.

Faço parte de um grupo que já pensou em algumas alternativas para acabar com esses conselhos: o pagamento em juízo da contribuição; apoiar um Projeto de Lei que revogue o artigo 6º ou até mesmo montar uma chapa de oposição para assumir o conselho, mas isto seria reconhecer a legitimidade de algo inútil. 

Não faz sentido um conselho quando a atividade não coloca em risco a vida humana. O pior que pode acontecer é um péssimo profissional gerar uma recessão histórica. Uma queda de 7,7% do PIB per capita em dois anos ou 3 milhões de desempregados a mais em uma gestão, são alguns exemplos.

Ano passado encerrei minhas décadas de contribuição a esses conselhos que, se fossem só inúteis, já seriam um avanço. Aposentei-me, mas continuo olhando com muito carinho e orgulho aquele diploma na parede.

Elena Landau é advogada, mas se disser que também é economista, o CORECON-RJ vem atrás cobrar a anuidade.