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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 13 de janeiro de 2024

Amazon.com: Author Central - Books by Paulo Roberto de Almeida

Um recurso que eu desconhecia na Amazon: tem um ou dois livros que devem ser de homônimos: 

https://author.amazon.com/claim/join?query=Paulo+Roberto+de+Almeida%2C+Brazil

 



Viés na diplomacia: Brasil erra ao deixar equidistância na guerra - Opinião da Folha de S. Paulo

 Viés na diplomacia Brasil erra ao deixar equidistância na guerra; saída de Netanyahu seria melhor Relatório recente da Human Rights Watch aponta a oscilação de líderes mundiais quando se trata de condenar violações dos direitos humanos


Eles tendem a fazer vista grossa quando os perpetradores são governos aliados e a carregar nas tintas contra adversários. Um dos criticados pela organização global, o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acaba de oferecer novo subsídio para a tese. Lula apoiou a denúncia da África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça da ONU por alegado genocídio. O documento em que o endosso foi anunciado não explica por que o Brasil considera estar havendo crime com essa caracterização na Faixa de Gaza. Genocídio é a ação deliberada para exterminar um grupo. Genocidas foram os nazistas contra judeus e outras minorias na 2ª Guerra Mundial, o Império Otomano contra armênios em 1915 e 1916 e hutus contra tutsis em Ruanda em 1994. A reação de Israel ao massacre, estupro e sequestro de civis cometido por terroristas do Hamas merece críticas, mas não justifica o abandono da equidistância tradicionalmente abraçada pelo Brasil. Guerrilheiros escondem-se por trás de alvos urbanos e nos tentaculares túneis do território. 

O exercício do direito de defesa por Israel nesse cenário causaria necessariamente danos a não combatentes. Uma avaliação isenta da contraofensiva israelense deveria dar-se à luz das leis de guerra e do objetivo da operação de derrotar o Hamas. Israel bloqueou a chegada de ajuda humanitária nos primeiros dias do contra-ataque. Agora, três meses depois, o grau e a extensão da destruição provocada pelos bombardeios e pela invasão israelense indicam que é hora de cessar fogo. Não é à toa que a opinião pública internacional, de início solidária à reação israelense, vai se tornando cada vez mais refratária à continuidade da operação militar. O premiê Binyamin Netanyahu talvez prefira adiar a decisão porque sabe que terá de prestar contas à sociedade israelense uma vez concluída a campanha militar. Além de ser o pivô da radicalização religiosa da política em seu país, ele chefia o gabinete humilhado pela penetração desimpedida de milhares de terroristas em Israel. 

 A condução da fase da política, que inevitavelmente sucederá a da guerra, será melhor sem Netanyahu no governo. Da mesma forma, os árabes terão de produzir uma alternativa de governança ao Hamas se quiserem construir uma saída promissora para a estabilização. A comunidade internacional e o Brasil ajudarão nessa transição se deixarem de lado a parcialidade e os termos e instrumentos impróprios para lidar com o problema. 


Opinião de um diplomata aposentado: 

Flavio Perri
Trata-se da falta de conhecimento do Presidente impondo posições sem fundamento seja no Direito Internacional seja em nossa história diplomática, em especial no Oriente Médio. Uma simples informação sobre a natureza jurídica da CIJ indicaria a Sua Excelência que os países NÃO são chamados a manifestar suas posições em causas a serem julgadas com base no Direito Internacional por 17 juízes independentes, eleitos para um mandato de 9 anos. O Presidente atirou sem conhecer o alvo, no vazio de sua influência, apenas para no final (ou desde logo) desgastar-se e desgastar o prestígio internacional do país que pretende governar.

Israel diz que Lula ignora definição de genocídio ao apoiar acusação em tribunal da ONU - Estadão

 Israel diz que Lula ignora definição de genocídio ao apoiar acusação em tribunal da ONU 

Processo foi movido por iniciativa da África do Sul e começou a ser julgado em Haia, na Holanda 


 BRASÍLIA - A Embaixada de Israel em Brasília rebateu a decisão do governo Luiz Inácio Lula da Silva de apoiar a acusação de “genocídio” apresentada contra o país na Corte Internacional de Justiça (CIJ), um tribunal das Nações Unidas. O processo foi movido por iniciativa da África do Sul e começou a ser julgado nesta quinta-feira, dia 11, em Haia, na Holanda. A embaixada israelense disse, em nota enviada ao Estadão, que o presidente Lula deveria levar em consideração as definições de genocídio e a “intenção” ou não de matar deliberadamente civis que não estavam envolvidos na guerra contra o grupo terrorista Hamas. 

 O governo do premiê israelense Benjamin Netanyahu declarou guerra e anunciou o objetivo de aniquilar o Hamas em reação aos ataques terroristas sem precedentes cometidos pela brigada de radicais palestinos ligados ao grupo, em 7 de outubro do ano passado. Cerca de 1,2 mil pessoas foram mortas no território israelense pelo Hamas. Os terroristas fizeram cerca de 250 reféns, dos quais 110 foram libertados, depois de terem sido levados para cativeiros em Gaza, escondidos em bunkers e uma rede de túneis entre instalações civis, próximos a escolas, hospitais, comércio e residências. Em 95 dias de guerra, 23.357 pessoas morreram em Gaza, 70% delas mulheres e crianças. Há 59.410 feridos e 1,9 milhão de pessoas precisaram se deslocar forçadamende, fugindo do confronto. 

Os dados são repostados pelas Nações Unidas e citados pelo governo brasileiro ao justificar a decisão de Lula. No entanto, carecem de verificação independente, no terreno, e foram reportados pelo Ministério da Saúde e pelo Escritório de Mídia de Gaza, ambos controlados pelo Hamas. Crimes do Hamas Tel-Aviv argumenta que respeita o direito internacional e que o Palácio do Planalto deveria considerar também que o Hamas ameaça realizar novos ataques em massa, como o de 7 de outubro, além de pregar o extermínio de judeus. “Segundo a definição da ONU para o termo genocídio, definições que o Brasil aprecia e trabalha à luz, o principal é a intenção. 

Israel não tem intenção de matar palestinos não envolvidos e evita isso tanto quanto possível, apesar das dificuldades apresentadas pelo Hamas na sua forma de operar, usando cidadãos não envolvidos como escudos humanos”, afirmou a embaixada israelense. “O Hamas, no entanto, declarou abertamente as suas intenções genocidas. A sua carta de fundação apela ao assassinato de judeus e os seus líderes declaram abertamente que o seu objetivo é perpetrar as atrocidades de 7 de Outubro ‘repetidamente’. Ao tomar uma decisão sobre o pedido feito ao presidente Lula, é de excepcional importância que o Brasil leve esses fatos em consideração.” Relação abalada Desde o ano passado, Lula vinha classificando verbalmente, reiteradas vezes, como “genocídio” a operação militar das Forças de Defesa de Israel, seja a incursão terrestre em Gaza ou os bombardeios aéreos. 

As declarações geraram desgaste diplomático com Israel e com outros parceiros do Brasil no Ocidente, como os Estados Unidos. O presidente passou a ser criticado também em algumas das principais democracias da Europa. O governo Lula irritou-se com uma reunião do embaixador israelense em Brasília, Daniel Zonshine, com a oposição e seu principal líder político, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Também reclamou nos bastidores da demora de Israel em autorizar a saída de grupos de brasileiros e seus familiares de Gaza. 

 Ao receber o primeiro grupo de 32 brasileiros repatriados de Gaza, Lula foi além e afirmou que o governo israelense também respondia ao Hamas com atos de “terrorismo”. Passo além Agora, Lula deu um passo além da tradicional busca por uma posição de equilíbrio do Brasil no conflito entre judeus e palestinos e atendeu ao pleito da diplomacia dos territórios palestinos por apoio à iniciativa sul-africana. Em nota, o governo brasileiro anunciou nesta quarta-feira, dia 10, que respaldava a denúncia contra Israel na Corte Internacional. 

 A denúncia recebeu apoio de países como a Bolívia, Malásia, Turquia, Jordânia, Maldivas, Namíbia, Paquistão, Colômbia, a Liga Árabe e a Organização para a Cooperação Islâmica, bloco de 57 países que conta com Arábia Saudita e Irã. “Israel rejeita categoricamente a difamação da África do Sul, que acusou Israel de cometer ‘genocídio’ em Gaza no seu processo na Corte Internacional de Justiça (CIJ) em Haia. Israel está empenhado e opera de acordo com o direito internacional e dirige as suas operações militares em Gaza exclusivamente contra o Hamas e outras organizações terroristas. 

Tanto em palavras como em atos, Israel deixou claro que os civis de Gaza não são seus inimigos”, afirmou a embaixada israelense. A Confederação Israelita do Brasil (Conib) condenou o apoio brasileiro ao que chamou de ação “cínica e perversa, que visa impedir Israel de se defender dos seus inimigos genocidas”. A nota afirma que a decisão “diverge da posição de equilíbrio e moderação da política externa brasileira”. O texto segue dizendo que a África do Sul “inverte a realidade” e lembra que o conflitou foi desencadeado pelo ataque do Hamas. 

 Passo além Agora, Lula deu um passo além da tradicional busca por uma posição de equilíbrio do Brasil no conflito entre judeus e palestinos e atendeu ao pleito da diplomacia dos territórios palestinos por apoio à iniciativa sul-africana. Em nota, o governo brasileiro anunciou nesta quarta-feira, dia 10, que respaldava a denúncia contra Israel na Corte Internacional. A denúncia recebeu apoio de países como a Bolívia, Malásia, Turquia, Jordânia, Maldivas, Namíbia, Paquistão, Colômbia, a Liga Árabe e a Organização para a Cooperação Islâmica, bloco de 57 países que conta com Arábia Saudita e Irã. “Israel rejeita categoricamente a difamação da África do Sul, que acusou Israel de cometer ‘genocídio’ em Gaza no seu processo na Corte Internacional de Justiça (CIJ) em Haia. Israel está empenhado e opera de acordo com o direito internacional e dirige as suas operações militares em Gaza exclusivamente contra o Hamas e outras organizações terroristas. 

Tanto em palavras como em atos, Israel deixou claro que os civis de Gaza não são seus inimigos”, afirmou a embaixada israelense. A Confederação Israelita do Brasil (Conib) condenou o apoio brasileiro ao que chamou de ação “cínica e perversa, que visa impedir Israel de se defender dos seus inimigos genocidas”. A nota afirma que a decisão “diverge da posição de equilíbrio e moderação da política externa brasileira”. O texto segue dizendo que a África do Sul “inverte a realidade” e lembra que o conflitou foi desencadeado pelo ataque do Hamas. 

Apoio de Lula à investigação de Israel em Haia diverge de tradição brasileira - Estadão

  Apoio de Lula à investigação de Israel em Haia diverge de tradição brasileira, dizem analistas Respaldo do presidente reforça visão do petista sobre o conflito e pressão por cessar-fogo na Faixa de Gaza  


Israel enfrentou nesta quinta-feira, 11, o início do que deve ser um longo processo: a ação por genocídio na Corte Internacional de Justiça, que foi movida pela África do Sul e que recebeu apoio do Brasil. A decisão do governo Luiz Inácio Lula da Silva, duramente criticada pela comunidade judaica, se afasta da posição tradicional da diplomacia brasileira no conflito árabe-israelense, disseram analistas ouvidos pelo Estadão. 

 O respaldo à acusação sul-africana também reforça a visão de Lula sobre a guerra, que já provocou críticas da comunidade judaica. Analistas ponderam ainda que o apoio serve também para ampliar a pressão por um cessar-fogo, defendido pelo Brasil desde o início do conflito. Israel rejeita um cessar-fogo no momento e diz que uma trégua ajudaria o Hamas, que, segundo Tel-Aviv, pretende realizar novos ataques contra o país. Israel diz também que o objetivo da ofensiva é a destruição completa do Hamas. “Me parece que o governo está procurando marcar uma posição que não é muito tradicional da diplomacia brasileira com essa decisão”, afirma o professor de Relações Internacionais da ESPM Leonardo Trevisan. “Afasta o Brasil da condição de um interlocutor válido para as duas partes”, acrescenta. 

 A divergência entre o apoio ao processo movido pela África do Sul e a tradição de “equilíbrio e moderação da política externa brasileira” foi citada também pela Confederação Israelita do Brasil (Conib), que emitiu uma dura nota de condenação ao apoio logo após o anúncio do Itamaraty. O texto chamava a ação sul-africana de “cínica e perversa”, alegando que o objetivo seria “impedir Israel de se defender dos seus inimigos genocidas”. A acusação toca em um ponto extremante sensível para Israel. Isso porque o termo genocídio foi cunhado pela primeira para descrever o Holocausto - um trauma que está na raiz do apoio internacional à criação do próprio Estado israelense. Tel-Aviv tem dito que acusação sul-africana deturpa o sentido de genocídio já que esse é um crime que prevê a intenção de destruir, total ou parcialmente, um grupo.

 O argumento é de que o Hamas seria o genocida por pregar em seu estatuto de fundação a destruição de Israel, enquanto as suas tropas estariam se esforçando para conter o impacto sobre os civis em Gaza. Segundo a definição da ONU para o termo genocídio, que o Brasil aprecia e trabalha à luz, o principal é a intenção. Israel não tem intenção de matar palestinos não envolvidos e evita isso tanto quanto possível”, disse a embaixada de Israel no Brasil acrescentando que o Hamas usa civis como “escudos humanos”. O texto termina dizendo que o Brasil deveria “levar esses fatos em consideração” ao decidir apoiar o processo movido pela África do Sul. 

 O diplomata e ex-embaixador Rubens Barbosa, no entanto, avalia que o apoio do governo brasileiro foi “coerente” com as suas posições públicas. Embora tenha condenado o ataque terrorista do Hamas, Lula já chamou a resposta israelense de “insana” e falou em genocídio e terrorismo ao se referir à guerra me Gaza. “Na nota do Itamaraty fala-se da desproporcionalidade do ataque e da crise humanitária com o corte da energia, de alimentos e medicamentos”, afirma Barbosa. “É importante lembrar que o pedido da África do Sul apoiado pelo Brasil não discute o mérito da questão, mas pede apenas medidas preventivas para limitar a crise humanitária (como cessar fogo)”. A resposta israelense ao ataque terrorista do Hamas deixou mais de 23 mil mortos em Gaza, segundo o ministério da Saúde local que é controlado pelo Hamas. 

O número não pode ser verificado por fontes independentes, mas elevou a pressão internacional para que Israel reduzisse a intensidade dos bombardeios no enclave palestino. Essa pressão veio inclusive dos Estados Unidos. O principal aliado de Israel afirma que a acusação por genocídio é “infundada”, mas já expressou publicamente a preocupação com o drama humanitário na Faixa de Gaza. Mais de 80% dos habitantes do enclave foram descolados pelo conflito, segundo levantamento da ONU. Muitos, vivem em abrigos improvisados, onde as doenças e a fome também são ameaça em meio à guerra, alertam organizações humanitárias. Nesse sentido, tanto a ação da África do Sul como o apoio do Brasil podem ser entendidos como uma forma de pressão sobre Israel por uma redução dos bombardeios. 

As audiências públicas que ocorrem esta semana discutem no primeiro momento o pedido de Pretória por uma medida provisória que ordene a interrupção dos bombardeios em Gaza. Só depois, a Corte Internacional de Justiça deve entrar no mérito da acusação por genocídio, discussão que deve se arrastar por anos. “Eu vejo a atitude brasileira mais como gesto político”, resume o diplomata e ex-embaixador Rubens Ricupero. “Se compreende que o Brasil tenha decidido pesar mais porque a verdade é que, até agora, as tentativas dos americanos para persuadir Israel a moderar em relação à morte de civis não deram resultado. Então se compreende que haja um aumento da pressão internacional. Faço uma interpretação mais política que jurídica”, explica. Uma ordem preliminar da Corte seria de cumprimento obrigatório, pelo menos, em tese. 

No passado, tanto Israel como a própria África do Sul já ignoraram decisões do tribunal, que não dispõe de mecanismos de coerção ou punição para os Estados. Ainda assim, analistas afirmam que uma decisão teria o peso para pressionar Israel a rever ações em Gaza. “Se o tribunal toma uma decisão, como se espera, para que Israel interrompa operações, o peso político é muito alto”, afirma Ricupero. “A intenção é aumentar a pressão sobre Israel para que algum cessar-fogo seja alcançado ou que pelo menos haja uma redução de bombardeios”, corrobora Trevisan. “É preciso observar que Israel está resistindo à pressão norte-americana nesse sentido”, reforça. Apoio internacional a ação sul-africana Além do Brasil, outros governos sul-americanos de esquerda também subscreveram a ação. É o caso, por exemplo, de Colômbia, Bolívia e Venezuela. 

Bogotá ameaçou romper os laços com Israel diante da guerra e La Paz efetivamente rompeu, assim como já havia feito Caracas anos antes. O apoio também veio de países como Turquia e Jordânia, próximos à causa palestina. Na Europa, a vice-primeira-ministra da Bélgica, Petra De Sutter, defendeu que o país se tornasse o primeiro da União Europeia a dar apoio ao caso. “A Bélgica não pode ficar parada a assistir ao imenso sofrimento humano em Gaza. Devemos diante da ameaça de genocídio”, disse em publicação no X (antigo Twitter). “Quero que a Bélgica tome medidas na Corte Internacional de Justiça, seguindo a liderança da África do Sul. Vou propor isso ao governo”, disse ela. Pelo menos até agora, no entanto, essa não é a posição oficial de Bruxelas. 

 Audiência na Corte internacional de Justiça Nesta quinta-feira, o primeiro dia de audiências, a África do Sul destacou o número de vítimas na guerra em Gaza e as falas de autoridades israelenses que, segundo a acusação de Petrória, provariam a intensão necessária para caracterizar o crime de genocídio. O advogado sul-africano Tembeka Ngcukaitobi argumentou que o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, usou referências bíblicas violentas para desumanizar os palestinos. Ngcukaitobi cita também frases do ministro da Defesa, Yoav Gallant, que se referiu aos palestinos como ‘animais humanos’. 

De acordo com o advogado, a retórica israelense normaliza o suposto genocídio. Israel nega categoricamente às acusações e acusou a África do Sul de atuar como “braço jurídico” do Hamas referindo-se aos advogados sul-africanos como “representantes” do grupo terrorista no Tribunal. Amanhã, Tel-Aviv terá a sua argumentação ouvida pela Corte Internacional de Justiça.  


Sobre determinadas ações impensadas na frente externa - Paulo Roberto de Almeida

 Sobre determinadas ações impensadas na frente externa

Paulo Roberto de Almeida
Algumas pessoas não inteiradas sobre os procedimentos formais de ação diplomática indagam se o Itamaraty pode desobedecer a uma "ordem legal" do Presidente. Não é assim.

Em qualquer questão posta na agenda internacional que exige, requer ou sugere uma tomada de posição do Brasil, a prática tradicional do Itamaraty é a seguinte: faz-se uma "informação ao PR", com a devida fundamentação jurídica, e se sugere uma determinada linha de ação, uma vez que o PR não é especialista e não é obrigado a saber de tudo (tratados, quadro jurídico, tradição da diplomacia brasileira, memória histórica, etc.).
O Itamaraty sempre agiu assim.
Agora o que parece vigorar é muita improvisação política presidencial, que não é necessariamente legal, pois ignora as implicações profundas da questão: essa é a pior forma possível de política externa, e a diplomacia presidencial exagerada, o personalismo extremo, podem levar a erros monumentais que diminuem a credibilidade da diplomacia brasileira.
Aparentemente, os chefes do Itamaraty têm medo de instruir o PR sobre a correta postura a ser assumida pelo Brasil.
Hierarquia e disciplina não podem representar submissão à ignorância ou burrice.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 13/01/2024

Treze ideias fora do lugar nas relações internacionais do Brasil: argumentos contrarianistas sobre a política externa e a diplomacia - Paulo Roberto de Almeida (Kindle)


Treze ideias fora do lugar nas relações internacionais do Brasil: argumentos contrarianistas sobre a política externa e a diplomacia

Brasília: Diplomatizzando, 2024. 126 p.; ISBN: 978-65-00-91081-0; ASIN: B0CS5PTJRLKindle). Relação de Originais n. 4561; Relação de Publicados n. 1542.

 

Índice 


Prefácio: Como ser contrarianista com algum senso de humor

 

1. Desigualdade e injustiças mundiais: progresso e poder

O mundo é injusto e desigual, está baseado nas relações de força e na prepotência dos poderosos. 

Correto, mas menos do que antes e menos do que se pensa.

 

2. Periferia histórica e dependência estrutural: mitos diplomáticos

O Brasil está situado na periferia, por razões históricas e estruturais e, portanto, forçado a uma situação de dependência em relação às poderosas nações centrais.

Certo relativamente, mas errado absolutamente; válido num passado distante, não muito válido depois de 200 anos de independência e cem anos de ideologia do desenvolvimento.

 

3. Empresas multinacionais e dependência tecnológica

A dominação econômica de empresas multinacionais atua como obstáculo para nossa independência tecnológica e se reflete em relações desiguais na balança tecnológica.

Totalmente errado. Os efeitos são exatamente no sentido contrário, mas o trabalho principal tem de ser feito em casa.

 

4. Protecionismo dos ricos: responder na mesma moeda?

O Brasil não consegue exportar devido ao protecionismo dos países ricos que protegem seus setores estratégicos ou sensíveis. O Brasil deveria fazer o mesmo.

Muito relativo: o protecionismo talvez tenha uma incidência marginal nos fluxos globais e não seria ele um obstáculo absoluto ao dinamismo das exportações brasileiras, que dependem de outros fatores vinculados à produtividade geral e competitividade da economia nacional. Imitar práticas protecionistas não é necessariamente receita para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

 

5. Multilateralismo e política de blocos

O multilateralismo e os blocos regionais representam nossa melhor defesa no plano mundial, por isso precisamos atuar mediante grupos de países.

Correto no plano multilateral, mas eventualmente duvidoso no plano regional; em todo caso, vantagens relativas. A coordenação a partir de posições de “mínimo denominador comum” podem ser fatores enfraquecedores, não reforçadores, de nossas posições.

 

6. Alianças preferenciais no Sul Global

Devemos reforçar os laços com grandes países (China, Rússia), com outros países em desenvolvimento (Índia, África do Sul) e, com os da América do Sul, com os quais dispomos de vantagens comparativas. 

Talvez, mas vejamos os custos e benefícios desse tipo de política de aliança com o chamado Sul Global.

 

7. Abertura econômica só com plena reciprocidade

Só podemos abrir nossa economia e liberalizar o comércio na base da estrita barganha recíproca e com o oferecimento de concessões equivalentes e substantivas. 

Trata-se de um dos maiores absurdos econômicos já ouvidos, só justificável politicamente pelo dito “não se dá nada de graça, sem algo em troca”.

 

8. Capitais voláteis e desafios nas contas externas

Os capitais voláteis são responsáveis pela desestabilização de nossas contas externas e devem ser estritamente controlados.

Pura bobagem, que não resiste à menor análise empírica. A volatilidade está implícita nas políticas econômicas dos países emergentes e medidas de controle teriam como resultado fuga de capitais e ágio cambial.

 

9. Tratados internacionais devem ser sempre recíprocos

Os tratados devem ser sempre recíprocos e respeitadores de nossa soberania e autonomia nacional.

Retórica vazia: soberania se defende com desenvolvimento, não com boas intenções e tratados bonitos. 

 

10. Globalização desigual e suas ameaças

A globalização acentua as desigualdades dentro e entre as nações. Por isso o Brasil deve evitar uma abertura excessiva à economia mundial.

Errado. O contrário é verdadeiro, mas a inserção internacional não exime a capacitação endógena.

 

11. Assimetrias estruturais devem ser corrigidas prioritariamente

Processos de liberalização entre parceiros muito desiguais beneficiam principalmente os mais poderosos, por isso devemos primeiro corrigir assimetrias estruturais.

Não necessariamente, uma vez que todos os processos de interdependência – a fortiori de integração – sempre se dão entre parceiros relativa ou absolutamente desiguais e os mais exitosos são justamente aqueles que mobilizam países em estágios diversos de desenvolvimento.

 

12. Uma diplomacia voltada prioritariamente para o desenvolvimento

A ação diplomática brasileira deve servir ao processo de desenvolvimento nacional.

Sem dúvida, mas não se deve fazê-la cumprir objetivos que não são os seus.

 

13. Uma diplomacia reconhecida como de alta qualidade

Nossa diplomacia é altamente capacitada e profissional, reconhecida pelos seus dotes de excelência.

Talvez, ou certamente, mas atitudes autocongratulatórias raramente são benéficas do ponto de vista da manutenção da qualidade do serviço.

 

Nota sobre o autor

Livros do autor


Disponível na Amazon.com.br, neste link.


Professor e ex-chanceler Celso Lafer questiona os fundamentos jurídicos da associação do Brasil à iniciativa da África do Sul de acusar Israel de genocídio

Ao tomar conhecimento da associação do Brasil à iniciativa da África do Sul de iniciar uma denúncia de Israel, junto à Corte Internacional de Justiça, como praticante de ações similares a genocídio no caso da guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza, primeiro por uma declaração política improvisada do presidente Lula, depois por meio de uma nota oficial do Itamaraty, logo percebi que a finalidade tinha pouco a ver, ou praticamente nada, com o Direito Internacional, e tudo a ver com política das mais desprovidas de correta fundamentação diplomática. Lamento que o Itamaraty se tenha dobrado a esse tipo de ação.

A carta do professor e ex-chanceler Celso Lafer explicita claramente o que está em jogo na questão: não é nem a condenação de Israel. É simplesmente a PERDA DE CREDIBILIDADE DA DIPLOMACIA BRASILEIRA.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 12/01/2024


  


sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

O que aguarda o Brasil em 2024? - Paulo Roberto de Almeida (revista Crusoé)

 Artigo mais recente publicado: 

1543. “O que aguarda o Brasil em 2024?”, revista Crusoé (n. 297, 12/01/2024, link: https://crusoe.com.br/edicoes/297/o-que-aguarda-o-brasil-em-2024/). Relação de Originais n. 4531. 

Alguns trechos: 

O que aguarda o Brasil em 2024?

  

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Prognósticos para o novo ano.

1543. “O que aguarda o Brasil em 2024?”, revista Crusoé (n. 297, 12/01/2024, link: https://crusoe.com.br/edicoes/297/o-que-aguarda-o-brasil-em-2024/). Relação de Originais n. 4531. 

  

Os prognósticos eram quase todos promissores ao início de 2023, quando Lula iniciou seu terceiro mandato. Logo em seguida ocorreu o 8 de janeiro, a tentativa golpista dos adeptos do ex-presidente fugido, o que chocou o Brasil e o mundo, inclusive vários dirigentes estrangeiros que tinham vindo para a posse. Os economistas, por sua vez, faziam estimativas sombrias para o crescimento econômico, menos de 1% do PIB, com inflação e juros ainda nas alturas. A maioria conservadora do Congresso, do seu lado, se encarregou de reduzir as expectativas do governo quanto às grandes mudanças propostas pelo presidente eleito. A grande revelação foi o ministro da Fazenda, que conseguiu arrancar, a trancos e barrancos, algumas das medidas econômicas mais relevantes para o futuro do Brasil. 

(...)

Alguns dos principais desafios do terceiro mandato de Lula se situam no âmbito da política externa, uma vez que o Brasil estará, em 2004, no comando do G20, com propostas até bem-vindas no campo social e ambiental, mas também com a ilusória pretensão de uma grande reforma na estrutura da governança global, o que parece impossível, dado o aumento das tensões mundiais já identificadas a uma nova “Guerra Fria”. Nesse terreno, as opções de Lula se chocam com o seu tratamento leniente dos grandes violadores da paz e da segurança internacionais, por acaso proponentes de uma “ordem global não ocidental”, pela qual o presidente já manifestou diversas vezes sua predileção. Mais adiante virá a organização da conferência sobre aquecimento global na própria Amazônia, onde estarão em curso os novos projetos da Petrobras de exploração dos recursos eventualmente detectados in e off shore. No intervalo, continuarão as discussões com os parceiros do Mercosul e da União Europeia em torno dos projetos de reforma do bloco – no qual o Brasil estará relativamente isolado, em face de governos bem mais liberais – e da possibilidade de concluir um acordo que se arrasta penosamente em face dos protecionistas dos dois lados há mais de duas décadas. 

Surpresas certamente advirão no decorrer de 2024, tanto no plano interno, quando no cenário externo, para as quais o presidente e seu governo precisam estar preparados, pois sucessos e insucessos de alternarão ao longo dos próximos meses. Ainda não se tem um documento de governo claramente definido em função dos seus grandes objetivos, inclusive porque, tanto na arena da política doméstica quanto no teatro da política externa, o Executivo não dispõe de comandos suficientes para controlar a marcha e o conteúdo de suas propostas e reações aos desafios que inevitavelmente surgirão. O personalismo no ambiente interno e a diplomacia excessivamente presidencial no cenário internacional podem não ser as alavancas adequadas para uma governança efetiva em face da complexidade dos problemas que marcam o Brasil e o mundo na presente conjuntura histórica de transformação geopolítica. 

Os paradoxos de uma globalização fragmentada – crescimento, crise e concentração ao mesmo tempo – afetaram o funcionamento do multilateralismo contemporâneo e os grandes Estados (com a possível exceção da União Europeia) apresentam visível tendência a atuar unilateralmente, inclusive porque suas políticas internas também se encontram divididas em grupos ou lideranças mais radicais que disputam o poder. A atmosfera política e econômica do mundo é mais de névoa e de sombras do que de céu claro e caminhos desimpedidos. Lula terá algumas difíceis escolhas a fazer, num e noutro ambiente, daí a importância de se cercar de boas assessorias: econômicas, políticas e diplomáticas.

 

Paulo Roberto de Almeida

 

Brasília, 4531, 26 dezembro 2023, 3 p.

Publicado na revista Crusoé (n. 297; 12/01/2024; link: https://crusoe.com.br/edicoes/297/o-que-aguarda-o-brasil-em-2024/). Relação de Publicados n. 1543.

 


BRICS+: Direito Sem Fronteiras: BRICS reforça projeto por nova ordem financeira internacional - Paulo Roberto de Almeida (TV Justiça)

BRICS MAIOR, mas não necessariamente mais relevante

Direito Sem Fronteiras

Paulo Roberto de Almeida 

Priscila Caneparo

Peter Christian Sester

O BRICS está maior desde o dia 1o de janeiro. Agora, o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul tem a adesão formal de Irã, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Etiópia. Portanto, no total, são 10 integrantes. Além do peso econômico e geopolítico dos que já faziam parte, o bloco ganhou a participação de outros países com importância regional, e três deles são grandes produtores de petróleo.

Essa nova equação do BRICS é um dos fatores que podem induzir mudanças na governança financeira e econômica mundial. O sistema montado logo após a Segunda Grande Guerra, a partir da Conferência de Bretton Woods, inclui instituições como o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio. Todos os três sofrem críticas e são apontados como instrumentos dos interesses dos países mais ricos do Ocidente. Agora, podem ser forçados a cumprir um papel mais amplo e multilateral.

As propostas de reformas nos organismos internacionais que lidam com questões financeiras e econômicas serão debatidas em duas edições do Direito Sem Fronteiras. A primeira parte será no programa desta semana e a segunda parte irá ao ar na semana que vem. O jornalista Guilherme Menezes conversa com Priscila Caneparo, doutora em Direito das Relações Econômicas Internacionais, com Paulo Roberto de Almeida, doutor em Ciências Sociais, e com Peter Christian Sester, doutor em Direito Comercial e Economia.

Direito sem Fronteiras - BRICS reforça projeto por nova ordem financeira internacional | Parte 1, 10/01/2024:

https://www.youtube.com/watch?v=ZN9B7NR2yT0

Direito sem Fronteiras - BRICS reforça projeto por nova ordem financeira internacional | Parte 2, 15/01/2024:

https://www.youtube.com/watch?v=Zo7UGWQyPhA


A guerra que ninguém quer, mas alguns desejam: Israel-Hezbollah (Foreign Policy)

 How a War No One Wants Could Break Out

Foreign Policy, Jan 12, 2024

As Israel wages its war against Hamas in the Gaza Strip, there are prospects of a new war brewing on Israel’s northern border against the Iran-backed Hezbollah militant group based in Lebanon. The United States and other Western powers are scrambling to try to prevent it, but diplomatic efforts to keep the war in Gaza from igniting conflicts in Lebanon and elsewhere in the region have already failed in some respects.

Militant groups that act as proxies for Iran—Israel and the United States’ arch regional rival—have ramped up attacks as Israel continues its military campaign in Gaza, from Houthi rebels in Yemen targeting commercial maritime traffic in the Red Sea to salvos of missiles targeting U.S. military bases in Iraq and Syria.

A failure to contain Israel-Hezbollah tensions could be much deadlier, however.

The bigger war that everyone fears. Hezbollah, backed by Iran, is considered one of the most powerful and heavily armed nonstate groups in the world. All sides agree that an Israel-Hezbollah war would be devastating.

But history is rife with examples of wars breaking out even when no side wants one. Given how tensions in the region are already at a boiling point, all it would take is one ill-placed or ill-timed spark to alight a major new front.

“The longer this goes on, the greater the possibility of some mass casualty event which pushes both sides over the edge,” said Aaron David Miller, a former longtime U.S. diplomat and Middle East peace negotiator who now works at the Carnegie Endowment for International Peace think tank.

Upping the ante is the fact that U.S. officials now assess that the risk is rising that Hezbollah could begin targeting U.S. troops or diplomatic personnel in the Middle East, or even plan attacks in the U.S. homeland, according to Politico.

The deadliest “what if?” From the first days of the Israel-Hamas war, the Hezbollah question—whether the group would join Hamas’s war effort by launching a full-scale assault on Israel from Lebanon—has hung over the heads of U.S. and regional powers engaged in crisis response. Hezbollah’s military capabilities, with an estimated 100,000 to 150,000 missiles and rockets aimed at Israel and tens of thousands of fighters in its ranks, far outstrip those of Hamas. Experts warn that an Israel-Hezbollah war could be far deadlier and more drawn out than Israel’s operations against Hamas in Gaza, which have killed an estimated 22,000 Palestinians so far, according to health authorities in the Hamas-controlled territory.

Blinken’s warning. During his most recent trip to the Middle East this week—his fourth since the war began on Oct. 7, 2023—U.S. Secretary of State Antony Blinken warned that the conflict could spill beyond its current contours. Behind the scenes, Blinken’s team has focused much of its efforts on both crafting a postwar plan for Gaza and heading off a major Israeli conflict with Hezbollah. “This is a moment of profound tension in the region. This is a conflict that could easily metastasize, causing even more insecurity and even more suffering,” Blinken said while visiting Qatar on Sunday.

Meanwhile, another top Biden administration envoy, Amos Hochstein, is in Lebanon this week following meetings in Israel to see if there’s room to negotiate on border disputes between the two countries in a bid to dial down the tensions. He has his work cut out for him, to say the least, as Robbie reports this week.

100,000 tons of diplomacy. The threat from Hezbollah is a key reason why the Biden administration deployed a U.S. aircraft carrier strike group and other warships to the Eastern Mediterranean in the months after the Israel-Hamas war started as a deterrent signal to head off any major Hezbollah offensive against Israel.

Ultimately, however, officials and experts widely agree that Iran has the deciding vote on whether Hezbollah should dive into the conflict. “Hezbollah does have a seat at the table, but the Iranians, at the end of the day … they make the decisions, and what they say goes,” said Phillip Smyth, an expert on Middle East terrorist groups.

Iran’s calculus. For now, Iran seems content with the status quo of dragging Israel through a grueling war in Gaza that has alienated much of its support on the world stage, as well as upending maritime trade routes through the strategic Red Sea chokepoint with Houthi attacks. In short, Tehran is already getting a lot for a relatively low cost—keeping thousands of Israeli soldiers occupied near Lebanon’s borders with the threat of a war there, while saving its biggest asset, Hezbollah, in reserve and skirting any direct role in the fight itself.

“Iranians are notorious for fighting to the last Lebanese, to the last Yemeni, to the last Syrian, to the Palestinian, to the last Iraqi, without implicating themselves, and this time is no different,” said Bilal Saab, a regional security expert at the Middle East Institute think tank.

Thus far, Hezbollah has limited its role in the war to cross-border fire targeting northern Israel, a clear sign in the eyes of U.S. officials and regional experts that Hezbollah’s patrons in Tehran don’t want a full-fledged war. Israel, meanwhile, has issued public warnings that it could launch a major military offensive against Hezbollah but has so far held off from doing so, as the bulk of its forces is bogged down in fighting in Gaza.

A powder keg waiting for a spark. The risk of miscalculation is high. On Tuesday, Hezbollah attacked an Israeli army base in Safed, located in northern Israel near the Lebanese border. This attack came just a day after a senior Hezbollah military commander, Wissam al-Tawil, was killed by an Israeli drone strike. A senior Hamas official, Saleh al-Arouri, was also killed in a strike in Beirut, though the Israeli government has not acknowledged its likely role in that killing.

Then there’s the political climate in Israel, where Prime Minister Benjamin Netanyahu appears to be bowing to the far-right members of his governing coalition in how he carries out the war as he scrambles to stop hemorrhaging political support.

Red lines. One major lingering problem is that both sides don’t have a clear idea of what the other’s red lines are. Israel may perceive the targeting of Hezbollah commanders as fair game in the so-far limited skirmishes along the Lebanese border, but Hezbollah may not. Similarly, Hezbollah could launch what it sees as skirmish attacks against Israeli bases, but Israel could perceive those as a major attack.

“There’s no mutually agreed-upon definition of what escalation is for both sides,” Saab said. “I’m not sure that intentions on their own to prevent a major war … [are] sufficient for actually preventing one.”

Novo livro chegando: Treze ideias fora do lugar nas relações internacionais do Brasil: argumentos contrarianistas sobre a política externa e a diplomacia - Paulo Roberto de Almeida




Índice

  

Prefácio: Como ser contrarianista com algum senso de humor 

 

1. Desigualdade e injustiças mundiais: progresso e poder  

 

2. Periferia histórica e dependência estrutural: mitos diplomáticos  

 

3. Empresas multinacionais e dependência tecnológica            

 

4. Protecionismo dos ricos: responder na mesma moeda?              

 

5. Multilateralismo e política de blocos           

 

6. Alianças preferenciais no Sul Global                                                   

 

7. Abertura econômica só com plena reciprocidade                                     

 

8. Capitais voláteis e desafios nas contas externas                                            

 

9. Tratados internacionais devem ser sempre recíprocos                               

 

10. Globalização desigual e suas ameaças                                    

 

11. Assimetrias estruturais devem ser corrigidas prioritariamente                              

 

12. Uma diplomacia voltada prioritariamente para o desenvolvimento  

 

13. Uma diplomacia reconhecida como de alta qualidade                                 

 

Nota sobre o autor                                                    

Livros do autor                                                    

 

Kindle Book já publicado:



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O mundo vai acabar? O horror que seria Trump novamente na presidência dos EUA (CNN)

'NATO is dead'

Stephen CollinsonCaitlin Hu and Shelby Rose

CNN Meanwhile in America, January 11, 2024

 

If Donald Trump wins the Iowa caucuses Monday, it will come as a rude wake-up call for US allies hoping they’d not have to think about him returning to power. 

 

A victory for Trump in the first official voting of the 2024 campaign would be a huge step toward his third-straight Republican nomination and a toss-up White House race with President Joe Biden in November.

 

If he wins a second term, Trump would surely be even more of a force of global instability than he was the first time around – and America's allies would be in his sights. Just how rough things could get is borne out in new revelations about a meeting Trump had while still president with senior European Union officials four years ago.

 

Thierry Breton, EU commissioner for internal market, recalled the former president’s remarks anecdotally at an event on Tuesday at the European Parliament.

 

"You need to understand that if Europe is under attack, we will never come to help you and to support you," Trump told European Commission President Ursula von der Leyen in 2020, according to Breton, who was also present at the meeting at the World Economic Forum in Davos, his office confirmed. 

 

Breton's office also confirmed he recalled at the Tuesday event Trump saying, "NATO is dead,” and “we will quit NATO" at the 2020 meeting. “And by the way, you owe me $400 billion, because you didn’t pay, you Germans, what you had to pay for defense,” Trump also allegedly said, according to Breton.

 

A Trump spokesperson did not immediately respond to CNN’s request for comment. 

 

But Biden campaign spokesperson Ammar Moussa jumped on the remarks, saying, “Donald Trump's threats to weaken NATO and side with Vladimir Putin undermine America’s strength on the global stage and threaten our national security. As president, Donald Trump spent four years cozying up to dictators and making our country less safe.”

 

NATO Secretary General Jens Stoltenberg brushed off anxiety about Trump. "No other major power has as many friends and allies as the US does in NATO," Stoltenberg said. "It makes the US safer and stronger to have more than 30 allies in NATO, and therefore I'm confident US will continue to support NATO."

 

We’ll see. But Europe should probably start making a Plan B.