Gostaria de escrever um texto sobre o Embaixador Lincoln Gordon, que acaba de morrer (vide meu post n. 1592) Morte do Embaixador Lincoln Gordon) e a quem conheci em Washington, cultivando uma amizade intelectual que foi infelizmente muito curta para que eu pudesse sorver um pouco de sua experiência de vida e conhecimento prático que ele adquiriu em suas andanças pelo mundo e estudos dirigidos.
Enquanto esse texto não vem, relaciono aqui os dois únicos textos que fiz em torno de um de seus livros (embora tenha consultado um ou dois mais). Se trata, simplesmente da resenha da edição original do livro que ele dedicou ao Brasil e, depois, a Introdução à edição brasileira desse mesmo livro (mas mais completo, como expliquei no post anterior) que se baseou na resenha.
Os interessados podem clicar em alguns dos links, e o que não funcionar ou faltar, podem me pedir (pelo número).
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Paulo Roberto de Almeida
788. “Mr. Gordon e o Brazil”, Washington, 3 mai. 2001, 5 p. Resenha do livro de Lincoln Gordon: Brazil’s Second Chance: En Route toward the First World (Washington, D.C.: Brookings Institution Press, 2001). Publicado na Revista Eletrônica de História do Brasil, Dep. de História e Arquivo Histórico da Universidade Federal de Juiz de Fora, v. 4, n. 2, jul/dez. 2000. (http://www.rehb.ufjf.br/anteriores/v4n2/v4n2.htm); na Via Mundi, Boletim de análise do estado da arte em relações internacionais (Brasília: Dept. de Relações Internacionais da UnB; n. 4, abr/jun. 2001, p. 20-21, ISSN 1518-1227; http://www.relnet.com.br/cgi-bin/WebObjects/RelNet.woa/1/wr?wodata=-2227215904368902003); na Conjuntura Política (Belo Horizonte: UFMG, boletim eletrônico do Dep. de Ciência Política, n. 26, jun. de 2001); em versão abreviada no O Estado de São Paulo (Domingo, 10.06.01, Caderno 2: Cultura); na Revista Brasileira de Política Internacional (a. 44, n. 1, 2001, pp. 179-181); e no site Parlata (22 de abr. de 2004; http://www.parlata.com.br/parlata_indica_interna.asp?seq=23). Relação de Publicados ns. 265, 270, 271, 272, 273 e 472.
894. “Mr. Gordon e o Brazil”, Washington, 22 abr. 2002, 8 p. Apresentação à edição brasileira do livro de Lincoln Gordon: Brazil’s Second Chance: En Route toward the First World (Washington, D.C.: Brookings Institution Press, 2001, xviii+243 p.; ISBN 0-8157-0032-6); A Segunda Chance do Brasil: a caminho do Primeiro Mundo (São Paulo: Editora Senac, 2002). Relação de Publicados n. 384.
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Gostaria de acrescentar este link para a entrevista que ele concedeu ao Programa Roda Viva, quando veio ao Brasil lançar o seu livro:
Lincoln Gordon
Programa Roda Viva, TV Cultura de São Paulo
02/12/2002
O embaixador americano, que viveu o golpe militar de 1964, fala sobre sua atuação no Brasil e sobre o envolvimento dos EUA com a política da América Latina
Paulo Markun: Boa noite! Ele representava o governo dos Estados Unidos no Brasil, na época do golpe militar de 1964. Viveu de perto a crise política brasileira daquele momento, bem como as turbulências que também ocorreram em outros países latino-americanos nos anos 1960. Quase quarenta anos depois está de volta com um livro onde reúne os seus estudos sobre a trajetória política, econômica e social do Brasil e as suas idéias sobre o nosso futuro. No centro do Roda Viva esta noite, o economista e escritor Lincoln Gordon, embaixador dos Estados Unidos no Brasil entre 1961 e 1966.
(ver no link acima)
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
1593) Preparando o balanco de final de ano (mas esperem um pouco)
Sim, como muitos de nós, também quero saber o que fiz de bom (ou de mal, e de mau) neste ano que se termina, uma espécie de balanço pessoal, que também deve incluir alguma programação para 2010. Mas, ainda não é o momento, inclusive porque o ano ainda não acabou e eu ainda tenho um ou dois trabalhos mais "sérios" para terminar.
Mas, já estou preparando o meu balanço, passavelmente crítico, sobretudo lamentando o fato de não ter podido terminar o livro que eu me tinha prometido escrever neste ano: um segundo volume à minha história da diplomacia econômica no Brasil (e que muitos colegas e pesquisadores já me vêm cobrando há alguns anos; calma, calma, ça viendra).
No momento preciso apenas colocar meus papéis em ordem (uma tarefa interminável), arrumar os livros que começam a cair nas três mesas do escritório (e que segundo Carmen Lícia estão atraindo traças, mas não sei se isso é verdade, ou se ela apenas diz para me aterrorizar), compatibilizar meus dois ou três computadores (vai lá saber quantos são), para colocar em ordem e organizar os arquivos eletrônicos, e, finalmente (aí sim), sentar e fazer o balanço de final de ano.
Como não sei exatamente onde vou estar no dia 31 de dezembro, e se vou ter, ou não, acesso a internet, já vou preparar este texto antecipadamente, para só numerá-lo, comme il faut, como o último do ano e fechar a lista dos trabalhos de 2009.
Por enquanto, curioso para saber o que eu escrevi nessa categoria um ano antes, fui buscar meu balanço de final de ano, e encontrei, claro, em dois blogs em posts de 31.12.2008. Para refrescar a memória (e também escrever algo de diferente) resolvi transcrever aqui meu balanço de um ano atrás.
OK, segue o texto de 31.12.2008, prometendo fazer melhor desta vez (promessas quase nunca são cumpridas, mas a gente pelo menos tenta, se não nada acontece, a não ser a compulsão moral). O objetivo de repostá-lo (ugh) é apenas para me lembrar de escrever um outro quando chegar a hora...
Paulo Roberto de Almeida (21.12.2009)
Quarta-feira, Dezembro 31, 2008
Blog DiplomataZ
11) Um balanço de final de ano, com alguma explicação para tal...
Pouco tenho freqüentado este blog, sei disso, que foi foi feito, digamos assim, para reflexões pessoais, algo que ocorre quando temos tempo e lazer de sentar e pensar no que foi feito e no que ainda resta a fazer.
Como tenho estado envolvido, talvez demais, com trabalhos "práticos", acabo deixando esse tipo de atividade intelectual de lado.
Bem, fim de ano é o tempo dos balanços e das reflexões. Portanto, cabe agora este trabalho que segue abaixo.
Um balanço de final de ano, com alguma explicação para tal...
Paulo Roberto de Almeida
Em 31 de dezembro de 2008
A cada final, ou começo, de ano, somos todos tentados a empreender uma espécie de balanço do ano que se passou e a estabelecer algum tipo de planejamento, ou agenda de trabalho, para o ano que se inicia. Isto é próprio desta época, pois a maior parte das pessoas e empresas segue o calendário anual, gregoriano no caso de nossas sociedades ocidentais, para fins de balanço periódico, para contabilidade (e eventual distribuição de lucros), para estoque patrimonial, levantamento de ativos em caixa, ou seja lá o que for.
No que me concerne, não tenho dividendos a distribuir, nem saldos a contabilizar, ou dívidas a pagar – a não ser a rotação normal dos cartões de crédito – e muito menos teria contas a prestar a alguém, a não ser à minha família e minha própria consciência. Sou um ser livre, tanto quanto permitido pela minha condição de funcionário público, de professor universitário e de colaborador voluntário, regular ou ocasional, para uns tantos pasquins eletrônicos que insistem em me ter como escritor anarco-literário. Mas, essa “prestação de contas” eu posso fazer se desejar, pois ninguém irá me cobrar nada se não o fizer. Esta condição que exibimos, de pessoas livres em sociedades livres, é algo relativamente novo na história da humanidade, tendo se consolidado apenas a partir do Iluminismo europeu e do constitucionalismo contemporâneo, sendo ainda desconhecida em determinadas sociedades (felizmente, cada vez em menor número).
A rigor, só posso empreender um balanço de meus trabalhos escritos, pois esta é, talvez, a parte mais visível de minha atividade pessoal, a que mais me engaja, me cativa e me atrai, em sua simplicidade aparente. Toda a minha vida consciente – não sei bem quando começou – tenho sido um observador da realidade, como qualquer outro ser humano, aliás. Toda a minha vida “literária” – que começa na tardia idade de sete anos – tenho sido um leitor compulsivo, um devorador de todo e qualquer papel manuscrito ou impresso, de todo e qualquer livro ou periódico, assim como um espectador menos fiel dos meios de comunicação audiovisuais. Toda a minha vida de “escrevinhador” – creio que a condição se aplica, mas não sei bem quando ela começou – tenho sido um gastador intensivo de lápis, caneta, papel e, desde alguns anos, um produtor compulsivo de bits and bytes, que é como todo mundo, agora – com exceção dos “conservadores” – se manifesta e se expressa para o mundo e para si mesmo.
Pois bem, e o que diria este balanço da minha produção intelectual em 2008? OK, vejamos as contas, agora. Estou fechando este ano de 2008 justamente com este texto, que leva o número 1969. Constatando que comecei este ano que agora termina com o trabalho 1848, isto perfaz, segundo uma aritmética elementar, exatamente 121 trabalhos – em todas as categorias, isto é, ensaios, resenhas, capítulos de livros, ou livros inteiros – o que pode ser visto de diversas formas. Isto representa um trabalho a cada três dias, aproximadamente, não considerando o volume, ou seja, o número de páginas de cada um dos textos (pode ser uma única página, para algum esquema de trabalho, a várias dezenas, ou mesmo mais de uma centena, para outros trabalhos) e o total. Esse tipo de contabilidade “produtivista” eu posso fazer depois, quando tiver tempo e disposição para tanto. Por enquanto, fiquemos num balanço qualitativo, ou em uma explicação.
O que importa mais, neste momento, seria a questão de saber para que serve tudo isto, ou seja, qual o sentido da minha produção aparentemente exagerada? Não sei dizer, sinceramente, apenas confirmo que tenho especial prazer em ler e escrever. Ainda hoje terminei a leitura de um livro – A Splendid Exchange: How Trade Shaped the World, de William J. Bernstein – e, por essas maravilhas dos meios de comunicação modernos, troquei quatro ou cinco mensagens eletrônicas com o autor, um financial theorist and historian (segundo a informação da orelha), que vive em North Bend, estado do Oregon (USA). Escrevi-lhe a propósito de uma simples nota de rodapé que me pareceu bizarra, e daí tive que buscar o meu Marx na prateleira para confirmar aquilo que eu imaginava: a citação do Miséria da Filosofia só se aplicava por causa de uma exigência de Engels para a edição alemã do livro, sendo que a referência original era um simples discurso de Marx na Associação Democrática de Bruxelas, em janeiro de 1848 (acho que o meu marxismo ainda anda afiado, se me permitem os saudosistas...).
Sim, mas qual é o sentido de tudo isto, volto a questionar? Continuo sem saber responder adequadamente, apenas sugerindo que se trata de uma “segunda natureza”, um vício incurável – mas não transmissível, imagino – que me leva a passar a maior parte do meu tempo livre – variável segundo as circunstâncias e obrigações outras – nos atos da leitura, da reflexão e da escrita. And what for?, para qual objetivo, pergunto?
Em primeiro lugar, para minha própria ilustração e satisfação intelectual, suponho, ainda que tal vício possa ser doentio, alerto os possíveis incautos. Quem possui esta gentle madness, esta loucura benigna da leitura e da escrita não pode ser totalmente normal, imagino, mas tampouco é o caso de internação e tratamento compulsório, pois se supõe que pessoas assim não venham a causar grandes males à humanidade, ao contrário. No meu caso, sou totalmente inofensivo, pois costumo ficar no meu canto, aliás vários cantos – o que compreende livrarias, bibliotecas, bares, restaurantes, carro, cama e outros ambientes –, quando estou lendo alguma coisa, o que quer dizer o tempo todo. Quando não estou lendo, estou anotando, ou escrevendo, a mão ou no computador, invariavelmente. Ou seja, trata-se de uma insanidade leve, não nociva aos demais, a não ser aos que se irritam com este meu alheamento temporário, o que pode compreender colegas de trabalho, família, cachorro e até o trânsito, circunstancialmente (sim, de vez em quando leio enquanto estou dirigindo, mas tomando o devido cuidado, claro).
Em segundo lugar, para ilustração dos outros, de colegas, amigos, alunos, curiosos e até desconhecidos, suponho, posto que meus trabalhos são todos divulgados em meios públicos (bem, nem todos). Ao lado desta loucura da leitura e da escrita, tenho o hábito reincidente de ensinar, ainda que esta não seja a minha principal condição profissional. Acontece que, voluntariamente ou expressamente a convite, tenho assumido atividades docentes, à margem ou simultaneamente à minha profissão oficial, atualmente – devo dizer, desde 30 anos – de diplomata. Assim, leio para mim e para os outros, o que quer dizer que coloco no papel o que aprendo nos livros e outros textos publicados. Mas o que explica essa mania de ler e publicar um pouco de tudo, volto a perguntar?
A razão é muito simples: venho de uma família muito modesta, de pais que sequer chegaram a terminar o ensino primário; se tratava, portanto, de um lar onde os livros não abundavam, ao contrário. Meu primeiro contato com os livros se deu numa biblioteca infantil, que por uma dessas felicidades infinitas ocorria de existir próximo à casa de minha infância. Freqüentei-a antes de aprender a ler e continuei freqüentando-a enquanto pude, até meus anos de curso médio, em São Paulo. Devo, provavelmente, a esta biblioteca – Biblioteca Pública Infantil Anne Frank, do bairro do Itaim-Bibi, que se registre – tudo o que sou atualmente, ou quase tudo. Talvez nem tanto a ela, pois outro poderia ser o instrumento desta minha loucura pela palavra impressa, mas certamente à minha própria compulsão (que não considero inata) pela leitura e pela escrita. Sou capaz de lembrar títulos e capas de vários livros que li na Anne Frank, inclusive um chamado, justamente, A Palavra Escrita, do crítico literário Wilson Martins. Tenho de passar lá um dia, para ver se consigo fazer uma lista completa de minhas leituras de infância.
Depois de adquirido esse vício incurável (pelo menos para mim), passei a ler em toda e qualquer circunstância, adquirindo também o hábito de fazer anotações dessas minhas leituras. Mais tarde, quando se fixou em mim a consciência absolutamente fiel e verdadeira de que tudo o que sou devo à leitura e à reflexão crítica – pois poucos eram os outros meios para minha elevação social, a partir do meio em que vivia – passei a ter também o desejo, não tão secreto, de interessar outros por essa mesma loucura gentil. Sempre recomendei livros e sempre presenteei pessoas com livros. Sim, me arrependo amargamente de também ter emprestado livros a quem não merecia, pois sou capaz de lembrar, ocasionalmente, de um ou outro livro perdido com esses depositários infiéis. (Curioso que, tendo feito tantos cadernos de anotações de livros, eu nunca tenha feito um para anotar meus empréstimos a terceiros, o que sempre lamento quando vou buscar um livro que não encontro em minhas estantes abarrotadas.)
Bem, continuando nossa história de balanço. Em terceiro lugar, minhas leituras e meus escritos servem, sobretudo, a dois objetivos maiores. Por um lado, me permitem fixar uma espécie de síntese do que vou aprendendo e consolidando como conhecimento útil. Por outro, os escritos me permitem transmitir a outros aquilo que aprendi, não por exibicionismo pueril, mas por imaginar – talvez ingenuamente – que os outros também estejam interessados em se enriquecer intelectualmente e em ampliar seu domínio sobre o mundo. Sempre estou supondo que os homens (e as mulheres, obviamente) sejam seres racionais, e que eles estejam motivados em dar um significado maior a suas vidas, que não o simples ato de trabalhar, satisfazer necessidades básicas e depois se aplastar frente à TV para repousar. Provavelmente não é bem assim, mas nunca desisto de meus intentos sorrateiros de – sem qualquer pretensão megalomaníaca – contribuir para a “elevação espiritual da humanidade” (com perdão pelo chavão já gasto). Como eu me fiz dessa forma, fico imaginando que as outras pessoas também aspirem aos mesmos nobres objetivos (aqui, sem qualquer pieguice).
Em todo caso, tenho para mim que sempre devemos trabalhar para deixar um mundo melhor do que aquele que encontramos ao nascer. O mundo hoje é certamente melhor do que aquele que meus pais conheceram e o que eu mesmo encontrei em minha infância. Lamento, sinceramente, que os jovens da minha condição, atualmente, não disponham mais da mesma escola de qualidade que foi a minha, no sistema público do final dos anos 1950 e início dos 60. Com todas as suas deficiências, essa escola pública me permitiu, com o complemento de minhas leituras em biblioteca – e certamente muito esforço individual, no estudo auto-assumido –, ingressar, exclusivamente pelo mérito, em uma universidade de qualidade, o que imagino seja virtualmente impossível a um jovem de condição modesta, em nossos dias. Outro de meus objetivos, através dos meus escritos e aulas, é, portanto, tentar devolver à sociedade aquilo que dela recebi, em meu tempo, através dos meios públicos de ensino e formação literária. Tento fazer a minha parte, justamente por meio da divulgação pública de meus trabalhos e leituras.
Voilà: creio que meu balanço e a minha explicação agora estão feitos, e posso, assim, encerrar o ano com este trabalho de avaliação pessoal e de “prestação de contas”, em primeiro lugar para mim mesmo. Não precisava, mas é também uma forma de olhar para trás e constatar o muito que já foi feito, e o muito que ainda resta a fazer.
Sim, pelo lado do planejamento, vejamos o que eu poderia me fixar como agenda auto-assumida de trabalhos. Bem, no pipeline imediato de trabalhos prometidos e até agora inconclusos – e que passam, assim, para a lista de working files de 2009 – estão um ensaio sobre o regionalismo sul-americano (em francês) e algumas resenhas curtas para o boletim da Associação dos Diplomatas (onde assumi a seção “Prata da Casa”), além de uma ou outra resenha prometida a amigos e conhecidos (editores graciosos). Depois disso, vou me fechar um pouco, pois pretendo terminar o segundo volume de minha história da diplomacia econômica no e do Brasil, que deveria estar concluído há muito tempo (mas sempre vamos postergando “grandes obras”, e assumido “pequenas”, ou mais fáceis). Depois? Bem, ainda tem o terceiro volume, mas isto pode ficar para depois, bem depois (ainda planejo mais uns vinte livros nos próximos vinte anos...).
Finalmente, gostaria de agradecer, formal e expressamente, a todos os amigos, colegas de trabalho, familiares, conhecidos e correspondentes desconhecidos, com quem tenho interagido utilmente (por vezes até inutilmente) no período recente, e que me têm abastecido de livros, notícias, informações úteis ou bizarras, que me alimentam no esforço de reflexão e na preparação de meus trabalhos. Espero, da mesma forma, ter sido útil a tantos colegas e amigos, e aproveito para desejar a todos um ótimo 2009. Até o próximo encontro, neste mesmo local e momento do ano.
Felicidades a todos!
Brasília, 1969: 31 de dezembro de 2008.
Postado por Paulo R. de Almeida às Quarta-feira, Dezembro 31, 2008
Mas, já estou preparando o meu balanço, passavelmente crítico, sobretudo lamentando o fato de não ter podido terminar o livro que eu me tinha prometido escrever neste ano: um segundo volume à minha história da diplomacia econômica no Brasil (e que muitos colegas e pesquisadores já me vêm cobrando há alguns anos; calma, calma, ça viendra).
No momento preciso apenas colocar meus papéis em ordem (uma tarefa interminável), arrumar os livros que começam a cair nas três mesas do escritório (e que segundo Carmen Lícia estão atraindo traças, mas não sei se isso é verdade, ou se ela apenas diz para me aterrorizar), compatibilizar meus dois ou três computadores (vai lá saber quantos são), para colocar em ordem e organizar os arquivos eletrônicos, e, finalmente (aí sim), sentar e fazer o balanço de final de ano.
Como não sei exatamente onde vou estar no dia 31 de dezembro, e se vou ter, ou não, acesso a internet, já vou preparar este texto antecipadamente, para só numerá-lo, comme il faut, como o último do ano e fechar a lista dos trabalhos de 2009.
Por enquanto, curioso para saber o que eu escrevi nessa categoria um ano antes, fui buscar meu balanço de final de ano, e encontrei, claro, em dois blogs em posts de 31.12.2008. Para refrescar a memória (e também escrever algo de diferente) resolvi transcrever aqui meu balanço de um ano atrás.
OK, segue o texto de 31.12.2008, prometendo fazer melhor desta vez (promessas quase nunca são cumpridas, mas a gente pelo menos tenta, se não nada acontece, a não ser a compulsão moral). O objetivo de repostá-lo (ugh) é apenas para me lembrar de escrever um outro quando chegar a hora...
Paulo Roberto de Almeida (21.12.2009)
Quarta-feira, Dezembro 31, 2008
Blog DiplomataZ
11) Um balanço de final de ano, com alguma explicação para tal...
Pouco tenho freqüentado este blog, sei disso, que foi foi feito, digamos assim, para reflexões pessoais, algo que ocorre quando temos tempo e lazer de sentar e pensar no que foi feito e no que ainda resta a fazer.
Como tenho estado envolvido, talvez demais, com trabalhos "práticos", acabo deixando esse tipo de atividade intelectual de lado.
Bem, fim de ano é o tempo dos balanços e das reflexões. Portanto, cabe agora este trabalho que segue abaixo.
Um balanço de final de ano, com alguma explicação para tal...
Paulo Roberto de Almeida
Em 31 de dezembro de 2008
A cada final, ou começo, de ano, somos todos tentados a empreender uma espécie de balanço do ano que se passou e a estabelecer algum tipo de planejamento, ou agenda de trabalho, para o ano que se inicia. Isto é próprio desta época, pois a maior parte das pessoas e empresas segue o calendário anual, gregoriano no caso de nossas sociedades ocidentais, para fins de balanço periódico, para contabilidade (e eventual distribuição de lucros), para estoque patrimonial, levantamento de ativos em caixa, ou seja lá o que for.
No que me concerne, não tenho dividendos a distribuir, nem saldos a contabilizar, ou dívidas a pagar – a não ser a rotação normal dos cartões de crédito – e muito menos teria contas a prestar a alguém, a não ser à minha família e minha própria consciência. Sou um ser livre, tanto quanto permitido pela minha condição de funcionário público, de professor universitário e de colaborador voluntário, regular ou ocasional, para uns tantos pasquins eletrônicos que insistem em me ter como escritor anarco-literário. Mas, essa “prestação de contas” eu posso fazer se desejar, pois ninguém irá me cobrar nada se não o fizer. Esta condição que exibimos, de pessoas livres em sociedades livres, é algo relativamente novo na história da humanidade, tendo se consolidado apenas a partir do Iluminismo europeu e do constitucionalismo contemporâneo, sendo ainda desconhecida em determinadas sociedades (felizmente, cada vez em menor número).
A rigor, só posso empreender um balanço de meus trabalhos escritos, pois esta é, talvez, a parte mais visível de minha atividade pessoal, a que mais me engaja, me cativa e me atrai, em sua simplicidade aparente. Toda a minha vida consciente – não sei bem quando começou – tenho sido um observador da realidade, como qualquer outro ser humano, aliás. Toda a minha vida “literária” – que começa na tardia idade de sete anos – tenho sido um leitor compulsivo, um devorador de todo e qualquer papel manuscrito ou impresso, de todo e qualquer livro ou periódico, assim como um espectador menos fiel dos meios de comunicação audiovisuais. Toda a minha vida de “escrevinhador” – creio que a condição se aplica, mas não sei bem quando ela começou – tenho sido um gastador intensivo de lápis, caneta, papel e, desde alguns anos, um produtor compulsivo de bits and bytes, que é como todo mundo, agora – com exceção dos “conservadores” – se manifesta e se expressa para o mundo e para si mesmo.
Pois bem, e o que diria este balanço da minha produção intelectual em 2008? OK, vejamos as contas, agora. Estou fechando este ano de 2008 justamente com este texto, que leva o número 1969. Constatando que comecei este ano que agora termina com o trabalho 1848, isto perfaz, segundo uma aritmética elementar, exatamente 121 trabalhos – em todas as categorias, isto é, ensaios, resenhas, capítulos de livros, ou livros inteiros – o que pode ser visto de diversas formas. Isto representa um trabalho a cada três dias, aproximadamente, não considerando o volume, ou seja, o número de páginas de cada um dos textos (pode ser uma única página, para algum esquema de trabalho, a várias dezenas, ou mesmo mais de uma centena, para outros trabalhos) e o total. Esse tipo de contabilidade “produtivista” eu posso fazer depois, quando tiver tempo e disposição para tanto. Por enquanto, fiquemos num balanço qualitativo, ou em uma explicação.
O que importa mais, neste momento, seria a questão de saber para que serve tudo isto, ou seja, qual o sentido da minha produção aparentemente exagerada? Não sei dizer, sinceramente, apenas confirmo que tenho especial prazer em ler e escrever. Ainda hoje terminei a leitura de um livro – A Splendid Exchange: How Trade Shaped the World, de William J. Bernstein – e, por essas maravilhas dos meios de comunicação modernos, troquei quatro ou cinco mensagens eletrônicas com o autor, um financial theorist and historian (segundo a informação da orelha), que vive em North Bend, estado do Oregon (USA). Escrevi-lhe a propósito de uma simples nota de rodapé que me pareceu bizarra, e daí tive que buscar o meu Marx na prateleira para confirmar aquilo que eu imaginava: a citação do Miséria da Filosofia só se aplicava por causa de uma exigência de Engels para a edição alemã do livro, sendo que a referência original era um simples discurso de Marx na Associação Democrática de Bruxelas, em janeiro de 1848 (acho que o meu marxismo ainda anda afiado, se me permitem os saudosistas...).
Sim, mas qual é o sentido de tudo isto, volto a questionar? Continuo sem saber responder adequadamente, apenas sugerindo que se trata de uma “segunda natureza”, um vício incurável – mas não transmissível, imagino – que me leva a passar a maior parte do meu tempo livre – variável segundo as circunstâncias e obrigações outras – nos atos da leitura, da reflexão e da escrita. And what for?, para qual objetivo, pergunto?
Em primeiro lugar, para minha própria ilustração e satisfação intelectual, suponho, ainda que tal vício possa ser doentio, alerto os possíveis incautos. Quem possui esta gentle madness, esta loucura benigna da leitura e da escrita não pode ser totalmente normal, imagino, mas tampouco é o caso de internação e tratamento compulsório, pois se supõe que pessoas assim não venham a causar grandes males à humanidade, ao contrário. No meu caso, sou totalmente inofensivo, pois costumo ficar no meu canto, aliás vários cantos – o que compreende livrarias, bibliotecas, bares, restaurantes, carro, cama e outros ambientes –, quando estou lendo alguma coisa, o que quer dizer o tempo todo. Quando não estou lendo, estou anotando, ou escrevendo, a mão ou no computador, invariavelmente. Ou seja, trata-se de uma insanidade leve, não nociva aos demais, a não ser aos que se irritam com este meu alheamento temporário, o que pode compreender colegas de trabalho, família, cachorro e até o trânsito, circunstancialmente (sim, de vez em quando leio enquanto estou dirigindo, mas tomando o devido cuidado, claro).
Em segundo lugar, para ilustração dos outros, de colegas, amigos, alunos, curiosos e até desconhecidos, suponho, posto que meus trabalhos são todos divulgados em meios públicos (bem, nem todos). Ao lado desta loucura da leitura e da escrita, tenho o hábito reincidente de ensinar, ainda que esta não seja a minha principal condição profissional. Acontece que, voluntariamente ou expressamente a convite, tenho assumido atividades docentes, à margem ou simultaneamente à minha profissão oficial, atualmente – devo dizer, desde 30 anos – de diplomata. Assim, leio para mim e para os outros, o que quer dizer que coloco no papel o que aprendo nos livros e outros textos publicados. Mas o que explica essa mania de ler e publicar um pouco de tudo, volto a perguntar?
A razão é muito simples: venho de uma família muito modesta, de pais que sequer chegaram a terminar o ensino primário; se tratava, portanto, de um lar onde os livros não abundavam, ao contrário. Meu primeiro contato com os livros se deu numa biblioteca infantil, que por uma dessas felicidades infinitas ocorria de existir próximo à casa de minha infância. Freqüentei-a antes de aprender a ler e continuei freqüentando-a enquanto pude, até meus anos de curso médio, em São Paulo. Devo, provavelmente, a esta biblioteca – Biblioteca Pública Infantil Anne Frank, do bairro do Itaim-Bibi, que se registre – tudo o que sou atualmente, ou quase tudo. Talvez nem tanto a ela, pois outro poderia ser o instrumento desta minha loucura pela palavra impressa, mas certamente à minha própria compulsão (que não considero inata) pela leitura e pela escrita. Sou capaz de lembrar títulos e capas de vários livros que li na Anne Frank, inclusive um chamado, justamente, A Palavra Escrita, do crítico literário Wilson Martins. Tenho de passar lá um dia, para ver se consigo fazer uma lista completa de minhas leituras de infância.
Depois de adquirido esse vício incurável (pelo menos para mim), passei a ler em toda e qualquer circunstância, adquirindo também o hábito de fazer anotações dessas minhas leituras. Mais tarde, quando se fixou em mim a consciência absolutamente fiel e verdadeira de que tudo o que sou devo à leitura e à reflexão crítica – pois poucos eram os outros meios para minha elevação social, a partir do meio em que vivia – passei a ter também o desejo, não tão secreto, de interessar outros por essa mesma loucura gentil. Sempre recomendei livros e sempre presenteei pessoas com livros. Sim, me arrependo amargamente de também ter emprestado livros a quem não merecia, pois sou capaz de lembrar, ocasionalmente, de um ou outro livro perdido com esses depositários infiéis. (Curioso que, tendo feito tantos cadernos de anotações de livros, eu nunca tenha feito um para anotar meus empréstimos a terceiros, o que sempre lamento quando vou buscar um livro que não encontro em minhas estantes abarrotadas.)
Bem, continuando nossa história de balanço. Em terceiro lugar, minhas leituras e meus escritos servem, sobretudo, a dois objetivos maiores. Por um lado, me permitem fixar uma espécie de síntese do que vou aprendendo e consolidando como conhecimento útil. Por outro, os escritos me permitem transmitir a outros aquilo que aprendi, não por exibicionismo pueril, mas por imaginar – talvez ingenuamente – que os outros também estejam interessados em se enriquecer intelectualmente e em ampliar seu domínio sobre o mundo. Sempre estou supondo que os homens (e as mulheres, obviamente) sejam seres racionais, e que eles estejam motivados em dar um significado maior a suas vidas, que não o simples ato de trabalhar, satisfazer necessidades básicas e depois se aplastar frente à TV para repousar. Provavelmente não é bem assim, mas nunca desisto de meus intentos sorrateiros de – sem qualquer pretensão megalomaníaca – contribuir para a “elevação espiritual da humanidade” (com perdão pelo chavão já gasto). Como eu me fiz dessa forma, fico imaginando que as outras pessoas também aspirem aos mesmos nobres objetivos (aqui, sem qualquer pieguice).
Em todo caso, tenho para mim que sempre devemos trabalhar para deixar um mundo melhor do que aquele que encontramos ao nascer. O mundo hoje é certamente melhor do que aquele que meus pais conheceram e o que eu mesmo encontrei em minha infância. Lamento, sinceramente, que os jovens da minha condição, atualmente, não disponham mais da mesma escola de qualidade que foi a minha, no sistema público do final dos anos 1950 e início dos 60. Com todas as suas deficiências, essa escola pública me permitiu, com o complemento de minhas leituras em biblioteca – e certamente muito esforço individual, no estudo auto-assumido –, ingressar, exclusivamente pelo mérito, em uma universidade de qualidade, o que imagino seja virtualmente impossível a um jovem de condição modesta, em nossos dias. Outro de meus objetivos, através dos meus escritos e aulas, é, portanto, tentar devolver à sociedade aquilo que dela recebi, em meu tempo, através dos meios públicos de ensino e formação literária. Tento fazer a minha parte, justamente por meio da divulgação pública de meus trabalhos e leituras.
Voilà: creio que meu balanço e a minha explicação agora estão feitos, e posso, assim, encerrar o ano com este trabalho de avaliação pessoal e de “prestação de contas”, em primeiro lugar para mim mesmo. Não precisava, mas é também uma forma de olhar para trás e constatar o muito que já foi feito, e o muito que ainda resta a fazer.
Sim, pelo lado do planejamento, vejamos o que eu poderia me fixar como agenda auto-assumida de trabalhos. Bem, no pipeline imediato de trabalhos prometidos e até agora inconclusos – e que passam, assim, para a lista de working files de 2009 – estão um ensaio sobre o regionalismo sul-americano (em francês) e algumas resenhas curtas para o boletim da Associação dos Diplomatas (onde assumi a seção “Prata da Casa”), além de uma ou outra resenha prometida a amigos e conhecidos (editores graciosos). Depois disso, vou me fechar um pouco, pois pretendo terminar o segundo volume de minha história da diplomacia econômica no e do Brasil, que deveria estar concluído há muito tempo (mas sempre vamos postergando “grandes obras”, e assumido “pequenas”, ou mais fáceis). Depois? Bem, ainda tem o terceiro volume, mas isto pode ficar para depois, bem depois (ainda planejo mais uns vinte livros nos próximos vinte anos...).
Finalmente, gostaria de agradecer, formal e expressamente, a todos os amigos, colegas de trabalho, familiares, conhecidos e correspondentes desconhecidos, com quem tenho interagido utilmente (por vezes até inutilmente) no período recente, e que me têm abastecido de livros, notícias, informações úteis ou bizarras, que me alimentam no esforço de reflexão e na preparação de meus trabalhos. Espero, da mesma forma, ter sido útil a tantos colegas e amigos, e aproveito para desejar a todos um ótimo 2009. Até o próximo encontro, neste mesmo local e momento do ano.
Felicidades a todos!
Brasília, 1969: 31 de dezembro de 2008.
Postado por Paulo R. de Almeida às Quarta-feira, Dezembro 31, 2008
1592) Morte do embaixador Lincoln Gordon
Lincoln Gordon Dies at 96; Educator and Ambassador to Brazil
The New York Times, 21 December 2009
Lincoln Gordon, a diplomat, educator and political economist who was the American ambassador to Brazil in the Kennedy and Johnson administrations and the president of Johns Hopkins University in the late 1960s, died on Saturday at an assisted-living home near Washington. He was 96.
Dr. Gordon died at Collington Episcopal Life Care in Mitchellville, Md., where he had lived for the past two years, his son Robert said. He had been a Washington resident for many years and was still an active associate of the Brookings Institution there.
A scholarly, pipe-smoking economist who earned a doctorate at Oxford and was a Harvard professor for many years, Dr. Gordon was posted to Paris and London as an administrator of the Marshall Plan for European recovery after World War II. He served as the United States envoy to Brazil from 1961 to 1966 and was the president of Johns Hopkins from 1967 to 1971.
He was the author of books on government, the economy, energy and national security, foreign policy in Europe and Latin America, and Brazil's emergence from military dictatorships to partnership with the nations of North and South America. He also wrote many articles on North Atlantic Treaty Organization strategies, the integration of Europe and the Alliance for Progress in Latin America.
In a career split between academic appointments and government service, Dr. Gordon, a Democrat, taught business and international affairs at Harvard, served on the War Production Board during World War II and was later a consultant to the United Nations Atomic Energy Commission, a White House economics adviser and the assistant secretary of state for inter-American affairs.
Abraham Lincoln Gordon, who never used his first name, was born on Sept. 10, 1913, in New York to Bernard and Dorothy Lerner Gordon. His father was a lawyer and his mother moderated youth forums broadcast by NBC and for The New York Times on WQXR. He attended Ethical Culture schools, graduated with high honors from Harvard in 1933 and earned his doctorate as a Rhodes scholar in 1936.
In 1937, he married the former Allison Wright. She died in 1987. Besides his son Robert, of New Haven, he is survived by two daughters, Sally Gordon of Los Angeles and Amy Gordon of Gill, Mass.; another son, Hugh, of Ardmore, Pa.; seven grandchildren; and two great-grandchildren.
After the election of President John F. Kennedy in 1960, Dr. Gordon served on a task force that developed the Alliance for Progress, the program that provided aid intended to dissuade Latin America from revolution and socialism. Dr. Gordon took up the ambassadorship in Brazil in 1961 at a time of high inflation and just as a left-wing president, Joao Goulart, took office.
President Goulart was deposed in a right-wing military coup in 1964. Accusations that Dr. Gordon, his staff and the Central Intelligence Agency had been involved in the coup were repeatedly denied.
But in 1976, nearly a decade after stepping down as ambassador, Dr. Gordon acknowledged that the Johnson administration had been prepared to intervene militarily to prevent a leftist takeover of the government.
After returning from Brazil in 1967, Dr. Gordon, in addition to his State Department role, coordinated aid to Latin America through the Alliance for Progress. When he stepped down a year later to accept the Johns Hopkins presidency, President Lyndon B. Johnson praised his service as ''a rare combination of experience and scholarship, idealism and practical judgment.''
Dr. Gordon's four years at Johns Hopkins were dogged by deteriorating finances, faculty complaints over pay and academic priorities, and students rebellious over the ''relevance'' of their educations. He resigned in 1971.
From 1972 to 1975, Dr. Gordon was a fellow of the Woodrow Wilson International Center for Scholars at the Smithsonian Institution.
Later in the 1970s, he was associated with Resources for the Future, a research and policy organization in Washington, and since 1984 had been an economist with Brookings, which studies domestic and foreign policy issues.
His books include ''A New Deal for Latin America'' (1963), ''Growth Policies and the International Order'' (1979), ''Energy Strategies for Developing Nations'' (1981), ''Eroding Empire: Western Relations with Eastern Europe'' (1987) and ''Brazil's Second Chance'' (2001).
======================
Nota pessoal PRA:
Convivi com o Embaixador Lincoln Gordon durante todo o meu período em Washington, o "embaixador do golpe militar", como muitos o chamavam.
Independentemente dessa caracterização, que na verdade expressa apenas nossas próprias divisões políticas -- ainda não colmatadas, quase 50 anos após as crises políticas que desembocaram no movimento militar de 1964 --, eu o achava especialmente lúcido, ativo e muito simpático, sempre presente em todo e qualquer seminário que tratasse do Brasil.
Almoçamos muitas vezes juntos e aprendi a conhecê-lo.
Insisti muitas vezes para que ele terminasse suas memórias e ainda possuo em meu computador o esquema dessas memórias, quase seculares, como seria de se esperar. Ele me prometia terminar, mas acho que nunca o fez. Esperou demais.
Encaminhei-lhe mais de um pesquisador brasileiro, interessado nos eventos de 1961-64, quando sua vida profissional e a vida política do Brasil de então se cruzaram irremediavelmente. Muitos historiadores brasileiros o consideravam (e ainda o consideram) o principal "complotador" do golpe militar de 1964, o que é absolutamente ridículo. Não cabe negar que os EUA se interessavam ativamente pela política brasileira, e certamente não permitiriam, com sua habitual arrogância imperial, que aqui surgisse não uma nova Cuba, mas uma nova China comunista (pelas dimensões e importância do Brasil).
Gordon, que era um reformista sincero, um progressista do New Deal, quase um tecnocrata estatizante (como foi em grande medida toda aquela geração intervencionista, passavelmente keynesiana, e crente nas virtudes das políticas públicas para corrigir "erros de mercado"), ficou conhecido, assim, como um "embaixador do golpe", quando o golpe foi dado pelos militares brasileiros, sob o olhar vigilante do grande irmão americano. Era natural, nas circunstâncias da época.
Quando ele terminou seu livro "Brazil's Second Chance", eu lhe disse, sinceramemte, que achava o livro incompleto, que ele precisava tratar de sua participação, dos EUA queria dizer, no golpe de 1964 com maior grau de detalhe.
Ele então voltou à pesquisa, recolheu mais documentos confidenciais liberados pelo DOS e CIA na Biblioteca Benson da Universidade do Texas, tratando especificamente do envolvimento americano com o golpe, e publicou uma separata, um capítulo complementar ao seu livro editado.
Esse capítulo suplementar fez parte integral do livro em sua edição barsileira, que eu fiz traduzir e editar pela Senac.
Na introdução eu comparava Mr. Gordon ao personagem Mister Slang, de um dos livros de Monteiro Lobato. A capa da edição brasileira pode ser vista em meu site, neste link: http://www.pralmeida.org/01Livros/2FramesBooks/55GordonBook.html
Quem quiser ler a introdução basta me pedir que eu mando.
Eu teria gostado muito de ter lido as memórias de Mister Gordon. Infelizmente, creio que isso não será possível, mas ele deve ter deixado muitos papéis, que provavelmente serão encaminhados aos National Archives, e lá ficarão à disposição dos pesquisadores.
Good bye, Mister Gordon, vou escrever um pequeno texto em sua homenagem: um americano honesto, honrado, grande scholar, que defendeu os interesses de seu país e soube ser simpático à causa reformista e progressista no Brasil, infelizmente envolvido no turbilhão de nossas crises políticas e incompreendido como verdadeiro amigo do Brasil. A história lhe fará justiça...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 21.12.2009
The New York Times, 21 December 2009
Lincoln Gordon, a diplomat, educator and political economist who was the American ambassador to Brazil in the Kennedy and Johnson administrations and the president of Johns Hopkins University in the late 1960s, died on Saturday at an assisted-living home near Washington. He was 96.
Dr. Gordon died at Collington Episcopal Life Care in Mitchellville, Md., where he had lived for the past two years, his son Robert said. He had been a Washington resident for many years and was still an active associate of the Brookings Institution there.
A scholarly, pipe-smoking economist who earned a doctorate at Oxford and was a Harvard professor for many years, Dr. Gordon was posted to Paris and London as an administrator of the Marshall Plan for European recovery after World War II. He served as the United States envoy to Brazil from 1961 to 1966 and was the president of Johns Hopkins from 1967 to 1971.
He was the author of books on government, the economy, energy and national security, foreign policy in Europe and Latin America, and Brazil's emergence from military dictatorships to partnership with the nations of North and South America. He also wrote many articles on North Atlantic Treaty Organization strategies, the integration of Europe and the Alliance for Progress in Latin America.
In a career split between academic appointments and government service, Dr. Gordon, a Democrat, taught business and international affairs at Harvard, served on the War Production Board during World War II and was later a consultant to the United Nations Atomic Energy Commission, a White House economics adviser and the assistant secretary of state for inter-American affairs.
Abraham Lincoln Gordon, who never used his first name, was born on Sept. 10, 1913, in New York to Bernard and Dorothy Lerner Gordon. His father was a lawyer and his mother moderated youth forums broadcast by NBC and for The New York Times on WQXR. He attended Ethical Culture schools, graduated with high honors from Harvard in 1933 and earned his doctorate as a Rhodes scholar in 1936.
In 1937, he married the former Allison Wright. She died in 1987. Besides his son Robert, of New Haven, he is survived by two daughters, Sally Gordon of Los Angeles and Amy Gordon of Gill, Mass.; another son, Hugh, of Ardmore, Pa.; seven grandchildren; and two great-grandchildren.
After the election of President John F. Kennedy in 1960, Dr. Gordon served on a task force that developed the Alliance for Progress, the program that provided aid intended to dissuade Latin America from revolution and socialism. Dr. Gordon took up the ambassadorship in Brazil in 1961 at a time of high inflation and just as a left-wing president, Joao Goulart, took office.
President Goulart was deposed in a right-wing military coup in 1964. Accusations that Dr. Gordon, his staff and the Central Intelligence Agency had been involved in the coup were repeatedly denied.
But in 1976, nearly a decade after stepping down as ambassador, Dr. Gordon acknowledged that the Johnson administration had been prepared to intervene militarily to prevent a leftist takeover of the government.
After returning from Brazil in 1967, Dr. Gordon, in addition to his State Department role, coordinated aid to Latin America through the Alliance for Progress. When he stepped down a year later to accept the Johns Hopkins presidency, President Lyndon B. Johnson praised his service as ''a rare combination of experience and scholarship, idealism and practical judgment.''
Dr. Gordon's four years at Johns Hopkins were dogged by deteriorating finances, faculty complaints over pay and academic priorities, and students rebellious over the ''relevance'' of their educations. He resigned in 1971.
From 1972 to 1975, Dr. Gordon was a fellow of the Woodrow Wilson International Center for Scholars at the Smithsonian Institution.
Later in the 1970s, he was associated with Resources for the Future, a research and policy organization in Washington, and since 1984 had been an economist with Brookings, which studies domestic and foreign policy issues.
His books include ''A New Deal for Latin America'' (1963), ''Growth Policies and the International Order'' (1979), ''Energy Strategies for Developing Nations'' (1981), ''Eroding Empire: Western Relations with Eastern Europe'' (1987) and ''Brazil's Second Chance'' (2001).
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Nota pessoal PRA:
Convivi com o Embaixador Lincoln Gordon durante todo o meu período em Washington, o "embaixador do golpe militar", como muitos o chamavam.
Independentemente dessa caracterização, que na verdade expressa apenas nossas próprias divisões políticas -- ainda não colmatadas, quase 50 anos após as crises políticas que desembocaram no movimento militar de 1964 --, eu o achava especialmente lúcido, ativo e muito simpático, sempre presente em todo e qualquer seminário que tratasse do Brasil.
Almoçamos muitas vezes juntos e aprendi a conhecê-lo.
Insisti muitas vezes para que ele terminasse suas memórias e ainda possuo em meu computador o esquema dessas memórias, quase seculares, como seria de se esperar. Ele me prometia terminar, mas acho que nunca o fez. Esperou demais.
Encaminhei-lhe mais de um pesquisador brasileiro, interessado nos eventos de 1961-64, quando sua vida profissional e a vida política do Brasil de então se cruzaram irremediavelmente. Muitos historiadores brasileiros o consideravam (e ainda o consideram) o principal "complotador" do golpe militar de 1964, o que é absolutamente ridículo. Não cabe negar que os EUA se interessavam ativamente pela política brasileira, e certamente não permitiriam, com sua habitual arrogância imperial, que aqui surgisse não uma nova Cuba, mas uma nova China comunista (pelas dimensões e importância do Brasil).
Gordon, que era um reformista sincero, um progressista do New Deal, quase um tecnocrata estatizante (como foi em grande medida toda aquela geração intervencionista, passavelmente keynesiana, e crente nas virtudes das políticas públicas para corrigir "erros de mercado"), ficou conhecido, assim, como um "embaixador do golpe", quando o golpe foi dado pelos militares brasileiros, sob o olhar vigilante do grande irmão americano. Era natural, nas circunstâncias da época.
Quando ele terminou seu livro "Brazil's Second Chance", eu lhe disse, sinceramemte, que achava o livro incompleto, que ele precisava tratar de sua participação, dos EUA queria dizer, no golpe de 1964 com maior grau de detalhe.
Ele então voltou à pesquisa, recolheu mais documentos confidenciais liberados pelo DOS e CIA na Biblioteca Benson da Universidade do Texas, tratando especificamente do envolvimento americano com o golpe, e publicou uma separata, um capítulo complementar ao seu livro editado.
Esse capítulo suplementar fez parte integral do livro em sua edição barsileira, que eu fiz traduzir e editar pela Senac.
Na introdução eu comparava Mr. Gordon ao personagem Mister Slang, de um dos livros de Monteiro Lobato. A capa da edição brasileira pode ser vista em meu site, neste link: http://www.pralmeida.org/01Livros/2FramesBooks/55GordonBook.html
Quem quiser ler a introdução basta me pedir que eu mando.
Eu teria gostado muito de ter lido as memórias de Mister Gordon. Infelizmente, creio que isso não será possível, mas ele deve ter deixado muitos papéis, que provavelmente serão encaminhados aos National Archives, e lá ficarão à disposição dos pesquisadores.
Good bye, Mister Gordon, vou escrever um pequeno texto em sua homenagem: um americano honesto, honrado, grande scholar, que defendeu os interesses de seu país e soube ser simpático à causa reformista e progressista no Brasil, infelizmente envolvido no turbilhão de nossas crises políticas e incompreendido como verdadeiro amigo do Brasil. A história lhe fará justiça...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 21.12.2009
1591) Novo Livro PRA: O Moderno Principe (Maquiavel revisitado)

Capa sobre tela de de Santi di Tito (ca. 1560-1600); © Archivo Iconografico, Corbis.
Tenho o prazer de informar sobre a publicação de meu mais recente livro:
O Moderno Príncipe
Maquiavel revisitado
Paulo Roberto de Almeida
Doutor em ciências sociais. Mestre em economia internacional. Diplomata.
(Rio de Janeiro: Freitas Bastos, edição eletrônica, 2009, 191 p.; ISBN: 978-85-99960-99-8)
Link para aquisição online: http://freitasbas.lojatemporaria.com/o-moderno-principe.html
R$ 12,00
Apresentação:
Se, por alguma fortuna histórica, Maquiavel retornasse, hoje, ao nosso convívio, com as suas virtudes de pensador prático, quase meio milênio depois de redigida sua obra mais famosa, como reescreveria ele o seu manual “hiper-realista” de governança política? Seriam os Estados modernos muito diversos dos principados do final da Idade Média?
Este Maquiavel revisitado, voltado para a política contemporânea, dialoga com o genial pensador florentino, segue seus passos naquelas “recomendações” que continuam aparentemente válidas para a política atual, mas não hesita em oferecer novas respostas para velhos problemas de administração dos homens.
Sumário:
Prefácio
Dedicatória
1. Dos regimes políticos: os democráticos e os outros
2. Das velhas oligarquias e do Estado de direito
3. Da variedade de Estados capitalistas
4. Do governo pelos homens e do governo pelas leis
5. Da transição política nos regimes democráticos
6. Da conquista do poder: a liderança política
7. Da eficácia do comando e da manutenção do poder
8. Da ilegitimidade política: da demagogia e da força
9. Das repúblicas democráticas e sua base econômica
10. Das forças armadas e das alianças militares
11. Do Estado laico e da força das religiões
12. Da profissionalização das forças militares
13. Dos gastos com defesa e da soberania política
14. Da preparação estratégica do líder político
15. Do exercício da autoridade
16. Da administração econômica da prosperidade
17. Do uso da força em política
18. Da mentira e da sinceridade em política
19. Da dissimulação como forma de arte
20. Da dissuasão e da defesa do Estado
21. Da construção da imagem: verdade e propaganda
22. Dos ministros e secretários de Estado
23. Dos aduladores e dos verdadeiros conselheiros
24. Da arte pouco nobre de arruinar um Estado
25. Do acaso e da necessidade em política
26. Da defesa do Estado contra os novos bárbaros
Carta a Niccolò Machiavelli
Recomendações de leituras
Todos os livros do autor
1590) Banco de imagens sobre o Brasil, Unesco-Library of Congress

Title: The Special Features of French Antarctica, Otherwise Called America, and of Several Lands and Islands Discovered in Our Time
Description: André Thevet (1516/17-92) was a Franciscan friar who traveled widely and, through his writings, helped to establish cosmographie--as geography was called at the time--as a science in 16th-century France. After making trips to Africa and the Middle East in the 1540s, he was appointed chaplain to the expedition of Nicolas Durand de Villegagnon, which set out from Le Havre in May 1555 to establish a colony in Brazil. The expedition landed near present-day Rio de Janeiro in November of the same year. In January 1556, Thevet fell ill and left Brazil for France. The following year, he published this account of his voyage. The work was highly popular and led to his appointment as royal cosmographer. Thevet’s account includes descriptions of the coast of Africa, the Canary Islands, and Madagascar, all of which he visited on the way to Brazil, as well as of Florida and Canada, which he may have visited on his return trip. His descriptions of the native peoples he encountered and their customs and beliefs, as well as of the plants and animals he saw, are written in a plain, factual style. The work is illustrated with woodcuts, many of which are highly inaccurate, but which nonetheless influenced works by later travelers such as Theodore de Bry.
Creator: Thevet, André (1502-1590)
Printer: Plantin, Christophe (Around 1520-1589)
Date Created: 1558
Publication Information: Chez les heritiers de Maurice de la Porte, Paris
Language: French
Title in Original Language: Les singvlaritez de la France antarctiqve, avtrement nommée Amerique: & de plusieurs terres & isles decouuertes de nostre temps.
Time: 1500 AD - 1699 AD
Topic: America ; Brazil, French colony, 1555-1567 ; Discovery and exploration ; Thevet, André, 1502-1590
Book, Physical Description: 8 page leaves, 163 numbered leaves, 2 illustrated pages; 16 centimeters
Institution: Library of Congress
External Resource: http://hdl.loc.gov/loc.wdl/dlc.271
Digital World Library: a UNESCO’s gift for humankind
Free access: http://www.wdl.org
The link for the Brazilian section is:
http://www.wdl.org/en/search/gallery?ql=eng&a=-8000&b=2009&c=BR&r=LatinAmericaCaribbean
Na verdade, a maior parte das imagens pertence à Library of Congress.
1589) Doze bilhoes de dolares para Chavez "investir"
Abaixo, matéria em torno de comunicado do Banco Central da Venezuela, pela qual se lê que o BCV acaba de passar 12 bilhões de dólares (vocês leram bem: 12 bilhões) ao controle do Executivo (ou seja, do próprio Chávez), para que este possa usar a título de "reservas excedentárias" (haja excedente).
Acho que poucos Executivos no mundo, mesmo em países ricos, dispõem com tanta facilidade de 12 bilhões de dólares a título de "excedente"...
Isso é que é riqueza! Ou não?
Paulo Roberto de Almeida
Reservas internacionales venezolanas aumentan a 34.614 millones de dólares
Agencias, 19/12/09
Caracas, dic 19 - Las reservas internacionales de Venezuela subieron a 34.614 millones de dólares el jueves, lo que representa un incremento de 34 millones de dólares respecto a la semana anterior, informó este viernes el Banco Central (BCV).
De ese total, 33.784 millones de dólares se encuentran depositados en el BCV y 830 millones en el Fondo de Estabilización Macroeconómica (FEM), mecanismo creado para contrarrestar riesgos mayores en la economía.
Las reservas internacionales de Venezuela cerraron en 42.054 millones de dólares en 2008, según cifras del Banco Central.
En enero, el BCV transfirió unos 12.000 millones de dólares a un fondo especial que administra el Ejecutivo por concepto de "reservas excedentarias". De acuerdo con la reforma de una ley aprobada recientemente, el BCV podrá realizar esas transferencias de manera semestral y no anual, como sucedía hasta ahora.
Acho que poucos Executivos no mundo, mesmo em países ricos, dispõem com tanta facilidade de 12 bilhões de dólares a título de "excedente"...
Isso é que é riqueza! Ou não?
Paulo Roberto de Almeida
Reservas internacionales venezolanas aumentan a 34.614 millones de dólares
Agencias, 19/12/09
Caracas, dic 19 - Las reservas internacionales de Venezuela subieron a 34.614 millones de dólares el jueves, lo que representa un incremento de 34 millones de dólares respecto a la semana anterior, informó este viernes el Banco Central (BCV).
De ese total, 33.784 millones de dólares se encuentran depositados en el BCV y 830 millones en el Fondo de Estabilización Macroeconómica (FEM), mecanismo creado para contrarrestar riesgos mayores en la economía.
Las reservas internacionales de Venezuela cerraron en 42.054 millones de dólares en 2008, según cifras del Banco Central.
En enero, el BCV transfirió unos 12.000 millones de dólares a un fondo especial que administra el Ejecutivo por concepto de "reservas excedentarias". De acuerdo con la reforma de una ley aprobada recientemente, el BCV podrá realizar esas transferencias de manera semestral y no anual, como sucedía hasta ahora.
1588) Conflito Venezuela-Colombia: a visao chavista
Obviamente não existe um conflito Venezuela-Colômbia, mas o primeiro país se esforça por criá-lo, sob diferentes pretextos. As bases colombianas que serão usadas para abrigar soldados dos EUA que fazem parte do processo de qualificação do exército colombiano na lista contra a narco-guerrilha constituem, claramente, um excelente pretexto para o presidente da Venezuela Hugo Chávez agitar o perigo de guerra entre os dois países, ou melhor, da agressão americana contra a sua revolução, uma análise que é partilhada por muitoa observadores acadêmicos aqui mesmo no Brasil, que se referem a essa possibilidade como uma proxy war dos EUA contra a Venezuela (mais precisamente contra Chávez).
Seja lá como for, abaixo uma matéria do jornal La Jornada com a visão chavista desse problema. Não a considero isenta, mas vale a transcrição, para saber quais são os argumentos de uma das partes.
Não preciso dizer que essa visão encontra muitos seguidores no Brasi...
Paulo Roberto de Almeida
EUA, tras la tensión bélica entre Venezuela y Colombia
La Jornada, Lunes 21 de diciembre de 2009
Más temprano que tarde, como había sido advertido por múltiples voces en el continente, la cesión por parte de Colombia de bases militares a Estados Unidos ha desembocado en una escalada de tensiones bélicas en Sudamérica. Mientras que el gobierno que encabeza Álvaro Uribe Vélez anunció el despliegue de siete brigadas (más de mil soldados) en su frontera con Venezuela, el mandatario de este país, Hugo Chávez, denunció que Washington realiza vuelos de espionaje militar sobre el territorio venezolano mediante aviones no tripulados que despegan de aeródromos colombianos, y anunció que su país se prepara para defenderse de una eventual agresión armada lanzada desde el país vecino.
Una buena parte de los medios internacionales ha puesto la mira en las recientes adquisiciones venezolanas de armamento como supuesto detonador de una escalada bélica regional, pero han omitido algunos datos fundamentales: la República Bolivariana realizó tales compras bajo la presión de amenazas de agresión no muy veladas por el anterior gobierno de Estados Unidos, y que Colombia protagoniza, también, un proceso armamentista con el pretexto de combatir a las organizaciones guerrilleras que actúan en su territorio.
Por otra parte, el empeño de las autoridades de Bogotá en desoír las advertencias formuladas por diversos gobiernos de la región –entre ellos los de Argentina y Brasil– sobre los peligros de entregar siete bases militares al Pentágono, parece formar parte de un plan deliberado para agudizar las tensiones en la región y para internacionalizar los conflictos internos que afectan a Colombia. Un antecedente inequívoco, en este sentido, fue la sangrienta incursión ordenada por Uribe Vélez contra un campamento de las Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC) en territorio ecuatoriano, lanzada el primero de marzo del año pasado, ataque en el que murieron el jefe guerrillero Raúl Reyes y otros integrantes de esa organización armada, y en el que los militares colombianos asesinaron a cuatro estudiantes mexicanos e hirieron a una connacional más, Lucía Morett.
Hasta ahora, el presidente colombiano había venido provocando incidentes fronterizos y diferendos con sus vecinos, y los había utilizado con el propósito de aumentar sus índices de popularidad. La cesión de bases a fuerzas militares de Washington, en cambio, no puede explicarse sino como el uncimiento programado de Colombia a una política estadunidense de hostigamiento contra Venezuela, Bolivia y Ecuador, países cuyos gobiernos se han enfrentado a los tradicionales afanes injerencistas de Estados Unidos en el subcontinente.
Una consideración que no debe pasarse por alto es que, a pesar de las buenas intenciones hacia Latinoamérica manifestadas por Barack Obama como candidato presidencial y en sus primeros meses como mandatario, el alineamiento de Washington con los golpistas que tomaron por asalto el poder en Honduras en junio pasado mostró de manera fehaciente las limitaciones de las promesas de la nueva administración estadunidense y exhibieron que el ocupante de la Casa Blanca no puede o no quiere enfrentarse a la continuidad de los designios necolonialistas dictados por los aparatos políticos de Washington y por el complejo militar, industrial y financiero de la superpotencia.
Hoy día, Washington sólo cuenta en Sudamérica con el alineamiento incondicional de los gobiernos colombiano y peruano, y con base en los antecedentes históricos y los patrones seguidos por más de un siglo, es previsible que busque atizar un conflicto regional con el propósito de hacerse de nuevas alianzas –o complicidades– en la zona. Tal es el telón de fondo de las tensiones entre Colombia y Venezuela. Corresponde a los otros estados de América Latina demandar a Uribe Vélez que ponga fin a la presencia militar estadunidense en territorio colombiano, porque es el detonador y el combustible principal de una escalada que podría llegar a extremos indeseables.
Seja lá como for, abaixo uma matéria do jornal La Jornada com a visão chavista desse problema. Não a considero isenta, mas vale a transcrição, para saber quais são os argumentos de uma das partes.
Não preciso dizer que essa visão encontra muitos seguidores no Brasi...
Paulo Roberto de Almeida
EUA, tras la tensión bélica entre Venezuela y Colombia
La Jornada, Lunes 21 de diciembre de 2009
Más temprano que tarde, como había sido advertido por múltiples voces en el continente, la cesión por parte de Colombia de bases militares a Estados Unidos ha desembocado en una escalada de tensiones bélicas en Sudamérica. Mientras que el gobierno que encabeza Álvaro Uribe Vélez anunció el despliegue de siete brigadas (más de mil soldados) en su frontera con Venezuela, el mandatario de este país, Hugo Chávez, denunció que Washington realiza vuelos de espionaje militar sobre el territorio venezolano mediante aviones no tripulados que despegan de aeródromos colombianos, y anunció que su país se prepara para defenderse de una eventual agresión armada lanzada desde el país vecino.
Una buena parte de los medios internacionales ha puesto la mira en las recientes adquisiciones venezolanas de armamento como supuesto detonador de una escalada bélica regional, pero han omitido algunos datos fundamentales: la República Bolivariana realizó tales compras bajo la presión de amenazas de agresión no muy veladas por el anterior gobierno de Estados Unidos, y que Colombia protagoniza, también, un proceso armamentista con el pretexto de combatir a las organizaciones guerrilleras que actúan en su territorio.
Por otra parte, el empeño de las autoridades de Bogotá en desoír las advertencias formuladas por diversos gobiernos de la región –entre ellos los de Argentina y Brasil– sobre los peligros de entregar siete bases militares al Pentágono, parece formar parte de un plan deliberado para agudizar las tensiones en la región y para internacionalizar los conflictos internos que afectan a Colombia. Un antecedente inequívoco, en este sentido, fue la sangrienta incursión ordenada por Uribe Vélez contra un campamento de las Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC) en territorio ecuatoriano, lanzada el primero de marzo del año pasado, ataque en el que murieron el jefe guerrillero Raúl Reyes y otros integrantes de esa organización armada, y en el que los militares colombianos asesinaron a cuatro estudiantes mexicanos e hirieron a una connacional más, Lucía Morett.
Hasta ahora, el presidente colombiano había venido provocando incidentes fronterizos y diferendos con sus vecinos, y los había utilizado con el propósito de aumentar sus índices de popularidad. La cesión de bases a fuerzas militares de Washington, en cambio, no puede explicarse sino como el uncimiento programado de Colombia a una política estadunidense de hostigamiento contra Venezuela, Bolivia y Ecuador, países cuyos gobiernos se han enfrentado a los tradicionales afanes injerencistas de Estados Unidos en el subcontinente.
Una consideración que no debe pasarse por alto es que, a pesar de las buenas intenciones hacia Latinoamérica manifestadas por Barack Obama como candidato presidencial y en sus primeros meses como mandatario, el alineamiento de Washington con los golpistas que tomaron por asalto el poder en Honduras en junio pasado mostró de manera fehaciente las limitaciones de las promesas de la nueva administración estadunidense y exhibieron que el ocupante de la Casa Blanca no puede o no quiere enfrentarse a la continuidad de los designios necolonialistas dictados por los aparatos políticos de Washington y por el complejo militar, industrial y financiero de la superpotencia.
Hoy día, Washington sólo cuenta en Sudamérica con el alineamiento incondicional de los gobiernos colombiano y peruano, y con base en los antecedentes históricos y los patrones seguidos por más de un siglo, es previsible que busque atizar un conflicto regional con el propósito de hacerse de nuevas alianzas –o complicidades– en la zona. Tal es el telón de fondo de las tensiones entre Colombia y Venezuela. Corresponde a los otros estados de América Latina demandar a Uribe Vélez que ponga fin a la presencia militar estadunidense en territorio colombiano, porque es el detonador y el combustible principal de una escalada que podría llegar a extremos indeseables.
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