quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Politica externa do Brasil - Debate revista Epoca

ÉPOCA Debate: O papel de nossa diplomacia
Gabriel Cepaluni, Amaury de Souza e Rubens Barbosa
Redação Época, 31/8/2010

O debate sobre os desafios do próximo presidente na área da política externa ocorreu na sede da Editora Globo (que publica ÉPOCA), em São Paulo. Participaram Gabriel Cepaluni Especialista em relações internacionais da Unesp e autor, ao lado de Tullo Vigevani, do livro “Brazilian Foreign Policy in Changing Times: The Quest for Autonomy from Sarney to Lula”; Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos EUA e no Reino Unido; e Amaury de Souza, cientista político e autor do livro A agenda internacional do Brasil: a política externa brasileira de FHC a Lula.

Confira as principais frases dos participantes:

Gabriel Cepaluni
“A política externa, no Brasil, não tem impacto no voto e nas eleições. Ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, principalmente em momentos de crise, como a Guerra do Iraque.”

“No governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, as alianças eram mais seletivas do que no governo Lula. FHC privilegiava aliança com os EUA e não lutava muito por uma vaga no Conselho de Segurança da ONU.”

“A popularidade de Lula no exterior está mais relacionada à manutenção da política macroeconômica do que à sua atuação em questões internacionais, que, em geral, foram fracassadas.”

Amaury de Souza
“Depois de dois governos (FHC e Lula) engajados na diplomacia, Brasil ganhou popularidade talvez inaudita no cenário internacional.”

“O Brasil está indo na direção correta ao investir esforços na integração regional da América do Sul.”

“O Brasil deveria ter posição mais clara quanto às Farc. Eles são narcotraficantes. É um problema de criminalidade e, nesse sentido, o Brasil deveria fortalecer a segurança de suas fronteiras.”

Rubens Barbosa
“A política externa dos últimos oito anos (governo Lula) não responde aos interesses nacionais. O motivo é a quebra de consenso feita pelo governo Lula, que partidarizou a política externa. Isso se tornou uma área ligada ao PT.”

“Tudo que o governo Lula está fazendo é para tentar entrar no Conselho de Segurança (CS), mas o preço tem sido muito alto. Na minha opinião, o Brasil tem potencial para entrar no CS sem precisar gastar o dinheiro que está gastando no Haiti e fazer alianças com governos como o Irã.”

“O Brasil apostou muito na Rodada Doha e acabou ficando sem acordos comerciais relevantes.”

Confira a íntegra do debate:
http://colunas.epoca.globo.com/falabrasil/2010/08/31/epoca-debate-o-papel-de-nossa-diplomacia/

Transcrição:

ÉPOCA Debate: O papel de nossa diplomacia
(31/08/2010)
4:48
Boa tarde, leitores. Começa agora o ÉPOCA Debate sobre diplomacia e política externa do Brasil. Os participantes são Gabriel Cepaluni, especialista em relações internacionais da Unesp e autor, ao lado de Tullo Vigevani, do livro “Brazilian Foreign Policy in Changing Times: The Quest for Autonomy from Sarney to Lula”; Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos EUA e no Reino Unido; e Amaury de Souza, cientista político e autor do livro A agenda internacional do Brasil: a política externa brasileira de FHC a Lula.

Gabriel Cepaluni é o primeiro a falar.
O professor da Unesp dá agora um panorama histórico da política externa do Brasil.
Cepaluni comenta que a política externa, no Brasil, não tem impacto no voto e nas eleições. Ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, principalmente em momentos de crise, como a guerra do Iraque.
Gabriel: no governo FHC as alianças eram mais seletivas do que no governo Lula. FHC privilegiava aliança com os EUA e não lutava muito por uma vaga no Conselho de Segurança da ONU.
No governo Lula há uma maior presença do Brasil em questões internacionais, como Haiti, Honduras e Irã.
Para Gabriel, há um dilema na política exterior do Brasil. Fazer alianças Sul-Sul ou com potências do centro.
Gabriel: a popularidade de Lula no exterior está mais relacionada à manutenção da política macroeconômica do que à sua atuação em questões internacionais, que em geral foram fracassadas.
Gabriel prevê continuidade da política externa caso Dilma seja eleita e diz que alguns ajustes devem ser feitos, e não uma reformulação completa.
O próximo a falar é o professor Amaury de Souza. Ele já está com a palavra.
Amaury: Depois de dois governos (FHC e Lula) engajados na diplomacia, Brasil ganhou popularidade talvez inaudita no cenário internacional.
Amaury: política externa brasileira é muito mais de continuidade do que de mudança.
Amaury: o principal problema a ser enfrentado pelo próxino presidente está relacionado à questão do comércio externo
[Comentário de Rafael - BarueriRafael - Barueri: ]
O vice de José Serra, Indio da Costa, disse que não se sentaria para negociar com as Farc, mas que chamaria a Polícia Federal para prendê-los. Essa postura seria boa para o Brasil e para a estabilidade regional?
Segundo Amaury, o Brasil está indo na direção correta ao investir esforços na integração regional da América do Sul.
Amaury: Uma das tarefas do Brasil neste sentido é integrar horizontalmente o continente. Hoje 94% do comércio na América do Sul é marítimo, o que é ridículo. Essa tarefa ficou com o Brasil e nós temos que assumir isso.
A outra tarefa é criar um ambiente mais favorável ao investimento das empresas nacionais. Segundo Amaury, as empresas brasileiras estão de "multinacionalizando" muito rapidamente.
Amaury fala da importância de o Brasil ter poder militar, segundo ele uma questão que avançou no governo Lula. "É bom não usá-lo, mas é bom tê-lo. É uma questão estratégica".
O embaixador Rubens Barbosa é o próximo a falar.
[Comentário de João Marcelo - RioJoão Marcelo - Rio: ]
O professor Amaury defende a ideia que o Brasil, conhecido pelo soft power, busque hard power. Isso não seria recebido como um avanço perigoso por outros países sul-americanos?
O embaixador vai dividir sua apresentação em cinco tópicos.
Barbosa: O primeiro é o de que a política externa dos últimos oito anos (governo Lula) não responde aos interesses nacionais. O motivo é a quebra de consenso feita pelo governo Lula, que partidarizou a política externa. Isso se tornou uma área ligada ao PT.
PT busca aliança com países com os quais têm afinidade ideológica, como a Venezuela e o Irã.
Barbosa: Governo brasileiro, por causa da visão de mundo do PT, passa uma imagem de confronto com os países desenvolvidos.
Barbosa: há uma confusão entre valores e interesses na política externa do governo Lula
Barbosa: Nós evitamos defender valores como democracia e direitos humanos.
Barbosa: ... para afagar países como Cuba e Venezuela.
Barbosa: tudo o que o governo Lula está fazendo é para tentar entrar no Conselho de Segurança, mas o preço tem sido muito alto. Na minha opinião, o Brasil tem potencial para entrar no CS sem precisar gastar o dinheiro que está gastando no Haiti e fazer alianças com governos como o Irã.
A política externa brasileira tem alguns aspectos positivos: ter colocado o Brasil no cenário internacional e a participação do país nas discussões sobre a crise financeira mundial, diz Barbosa..
Barbosa: Brasil fez apenas dois acordos comerciais, com Israel e Egito, que não têm nenhum interesse comercial, apenas político. Isso prejudicou o setor privado, que quer fazer acordo com mercados grandes e importantes.
Barbosa: Brasil apostou muito na Rodada Doha e acabou ficando sem acordos comerciais relevantes.
Barbosa: Papel do Itamaraty no comércio exterior está chegando ao limite.
Barbosa cita episódio ocorrido em 1962, quando o Departamento de Estado americano fez proposta semelhante à que o Brasil fez recentemente - de tarifa zero para mais de 40 países subdesenvolvidos - e foi substituído por um órgão comercial específico.
[Comentário de Pedro, CuritibaPedro, Curitiba: ]
Para Barbosa: O senhor critica as relações comerciais do Brasil com países fora do eixo Europa-Estados Unidos. Não é positivo aumentar os laços com mercados que devem crescer no futuro? Assim, não reduzimos nossa dependências dos grandes mercados no caso de uma crise?
Acabaram as apresentações iniciais dos debatedores.
Gabriel retoma a palavra agora.
Gabriel diz que Itamaraty erra ao não perceber a dimensão econômica da diplomacia brasileira. Ele diz que falta ao diplomatas conhecimento técnico na área.
[Comentário de Lucas LeiteLucas Leite: ]
O momento da diplomacia brasileira não é de um pragmatismo mais inteligente? Em que não se deixa de dar atenção às regiões tradicionais, mas abre-se um leque maior de opções comerciais e políticas?
[Comentário de Lucas LeiteLucas Leite: ]
O aumento do número de diplomatas que ingressam anualmente desde o começo do governo Lula é uma amostra dessa vontade de expandir os serviços do Itamaraty, não?
Professor Amaury diz discordar do comentário do professor Gabriel de que o Itamaraty erra nas negociações comerciais por falta de competência.
Na opinião do professor Amaury, há muita intervenção do Estado na economia brasileira, o que reduz sua competitividade.
[Comentário de Lucas LeiteLucas Leite: ]
Considerar o Itamaraty incompetente é desconhecer a formação dos diplomatas brasileiros. Começo a pensar que esse tipo de comentário é partidário e não isento de análise parcial.
Agora o embaixador Rubens Barbosa retoma a palavra.
Barbosa: Itamaraty deu grande contribuição à economia, com diplomatas como ministros da Fazenda e em outros cargos desse setor.
Barbosa: Itamaraty tem que fazer política externa e não política comercial. Para isso há órgãos competentes.
Barbosa fala sobre a politização da política externa e reforça: Brasil tem que ter previsibilidade no exterior. São políticas de Estado, precisa ter interesses permanentes.
Barbosa defende o voto ponderado no Mercosul para defender os interesses brasileiros. Segundo ele, como o Brasil é mais representativo, precisa ser mais bem representado.
Agora vamos à terceira parte, em que os convidados responderão perguntas da plateia e dos internautas.
Primeira pergunta é para o professor Amaury: se o comércio é prioridade do Brasil, aproximação com Chávez foi boa?
Barbosa: foi boa para Hugo Chávez, que não ficou isolado no continente. O Brasil tem interesse, como política de Estado, na Venezuela.
Barbosa: é difícil imaginar um Mercosul funcionando com a presença da Venezuela de Hugo Chávez.
Barbosa: ganho que tivemos no saldo foi bom por conta do grande mercado.
CORREÇÃO: as três últimas frases são do professor Amaury.
Gabriel: parceria de Lula com Chávez tem pontos negativos, mas dá estabilidade para a região.
Gabriel: Lula serviu para reduzir ações mais fortes de Hugo Chávez.
Pergunta é sobre a posição de Índio da Costa, feita pelo internauta Rafael, de Barueri.
O vice de José Serra, Indio da Costa, disse que não se sentaria para negociar com as Farc, mas que chamaria a Polícia Federal para prendê-los. Essa postura seria boa para o Brasil e para a estabilidade regional?
Barbosa: "vou responder como o governo brasileiro responde. É um assunto de interesse interno da Colômbia"
Amaury: O Brasil deveria ter posição mais clara quanto às Farc. Eles são narcotraficantes. É um problema de criminalidade e, nesse sentido, o Brasil deveria fortalecer a segurança de suas fronteiras.
Amaury fala sobre o Decreto de Mobilização Nacional, que permite às Forças Armadas agirem contra ameaças ao Brasil mesmo que elas estejam fora do nosso território.
Gabriel: é desagradável que pessoas que podem ter cargos importantes fazem declarações polêmicas. Mas se as Farc atuarem dentro das nossas fronteiras, temos que tomar providências.
Pergunta: o Brasil não poderia produzir armas atômicas?
Barbosa: há um impeditivo constitucional para isso, mas isso não impede o programa que existe atualmente de tentar dominar o ciclo do combustível nuclear.
Barbosa: Ao apoiar o Irã, chamamos a atenção para o nosso programa. Os outros países se perguntam: o que está por trás da intenção do Brasil? Eu não sei.
Barbosa: há declarações preocupantes de autoridades sobre a possibilidade de construir um artefato nuclear.
Barbosa: Agora todos ficaram de olho no Brasil e o país terá que explicar porque apoiou o Irã.
Pergunta: [Comentário de João Marcelo - Rio]
O professor Amaury defende a ideia que o Brasil, conhecido pelo soft power, busque hard power. Isso não seria recebido como um avanço perigoso por outros países sul-americanos?
Amaury: Hard Power não se resume à poderio militar, mas também à questão econômica. Brasil precisa aumentar seu hard power na questão econômica.
Amaury: no tocante ao poder militar, o Brasil deve fazer um investimento maciço (não nuclear) para fortalecer suas Forças Armadas.
Barbosa: Acho difícil que isso assuste nossos vizinhos. O que está ocorrendo na América do Sul é um processo de substituição de equipamentos obsoletos.
Barbosa: o que vem ocorrendo em boa parte da América do Sul é reposição de armamentos. No caso da Venezuela há um componente político.
Guilherme Evelin, editor-executivo de ÉPOCA, pergunta sobre o protocolo adicional do Tratado de Não-Proliferação Nuclear. O Brasil não pretende assinar.
Barbosa: pelo TNP, Brasil passa por vistorias da AIEA. A questão do protocolo adicional implica em vistorias surpresas. Tudo é negociável. O Brasil não deveria fechar questão em não assinar porque vai aumentar a atenção sobre o nosso programa.
Barbosa: Se não for possível proteger o segredo comercial do Brasil, não deve assinar. Mas não se deve rejeitar a negociação. É uma posição mais razoável do que rejeitar antes da negociação.
Pergunta do internauta: [Comentário de Pedro, Curitiba]
Para Barbosa: O senhor critica as relações comerciais do Brasil com países fora do eixo Europa-Estados Unidos. Não é positivo aumentar os laços com mercados que devem crescer no futuro? Assim, não reduzimos nossa dependências dos grandes mercados no caso de uma crise?
Barbosa: acho que é positivo. Já era política do governo anterior diversificar.
Barbosa: A diversificação das exportações foi muito importante, mas gostaria que o governo fosse mais ativo na busca pela diversificação da nossa pauta de exportações.
Barbosa: quem está ampliando os mercados são os empresários e não o governo.
Barbosa: não podemos abandonar os mercados desenvolvidos porque eles são os maiores do mundo.
Gabriel: Brasil deveria fazer diversificação seletiva, pensando em Índia, China e novos polos do poder, como a África do Sul.
Amaury: Brasil já cresceu suficiente para deixar de lado o anti-americanismo. Precisamos deixar de lado o famoso complexo de vira-latas.
Amaury: O mundo não é feito de ideologia. O Brasil está no mundo para se tornar rico e poderoso.
Nosso debate termina aqui. Muito obrigado a quem acompanhou. Até a próxima!

Republica Mafiosa do Brasil (9): agora tambem uma Republica da Mentira

Existe uma frase do poeta Fernando Pessoa, vocês sabem, sobre as mentiras dos poetas.
Infelizmente não é o caso aqui, o que seria bem mais agradável de ler, convenhamos.
Não, aqui estamos mesmo no submundo do crime, organizado, mafioso, comme il faut...
E estamos no império da mentira, sistemática, desavergonhada, nojenta, se ouso dizer...

A mentira como método e como arma política tão imoral quanto eficaz
Reinaldo Azevedo, 2/09/2010

A farsa montada pelo governo para tentar culpar Verônica Serra pela violação do próprio sigilo fiscal tinha um tempo de duração. E então muitos leitores me perguntam, cheios de justo espanto:
“Reinaldo, por acaso eles não sabiam que a verdade acabaria aparecendo, que seria possível provar a falsidade da assinatura e até a do reconhecimento de firma?”
Respondo: Claro que eles sabiam!

É que estamos diante da aplicação de uma das teorias da comunicação, usada com desenvoltura por canalhas:
- espalhe a mentira:
- insista nela;
- faça com que ela pareça ter o mesmo peso da verdade;
- transforme tudo numa mera guerra de versões

Resultado: uma parte da opinião pública desiste do caso no meio do caminho e se conforma com a mentira. Para essa gente, não levar a mentira ao ar seria pior: todos ficariam expostos só à verdade. E a verdade não lhes interessa.

Há estudos a respeito da eficácia desse procedimento — estudos críticos, claro! Os que têm compromisso com a verdade usam esse saber para tentar desvendar as farsas oficiais. Os que não têm o fazem para construir farsas oficiais. Ademais, não lhes digo nenhuma novidade. A máxima atribuída a Goebbels, o ministro da propaganda do nazismo, fala por si: uma mentira repetida muitas vezes vira verdade.

Então não tem sido assim?
Pensem bem: então não tem sido mesmo assim? Não tem sido essa a lógica de comunicação do governo Lula nesses quase oito anos? O expediente empregado para tentar destruir os adversários, convertidos em inimigos, é o mesmo que serve à glorificação de seus feitos. Mente-se de forma organizada, determinada, obsessiva, sobre o passado. Mente-se de modo não menos organizado, determinado e obsessivo sobre o presente. Mentiras já começam a ser construídas, diga-se, com vistas ao futuro.

Todos vimos o desempenho da presidenciável Dilma Rousseff no Jornal da Globo:
- inventou que Lula colaborou para libertar presos políticos cubanos — falso: o Babalorixá colaborou para que ficassem presos, comparando-os a bandidos;
- inventou que o governo e o PT sempre consideraram as Farc ligadas ao crime — falso: o PT manteve relações com as Farc; ela mesma empregou a mulher de um narcoterrorista;
- inventou que o Brasil ficou 25 anos sem investir, antes do governo Lula — falso: FHC investiu uma porcentagem maior sobre o PIB do que Lula.

É tal o descompromisso com a verdade que se pode mentir até sobe temas aparentemente irrelevantes. Dilma montou uma loja de porcariada importada em fevereiro de 1995 e fechou as portas em setembro do ano seguinte: incompetência como comerciante. Só isso. Segundo ela, quebrou por causa da desvalorização cambial. Que desvalorização? Durante um bom tempo, o real esteva mais forte do que o dólar, um paraíso para importadores. Quando ela fechou seu empreendimento de vender cacarecos do Panamá, a proporção era 1 por 1—- um dólar igual a um real —, e não três por um, como ela disse. Nese caso, acho que a ingorância colaborou com a mentira.

Foi mentindo de modo compulsivo que o governo Lula conseguiu criar uma herança maldita que nunca existiu — incluindo o “descontrole da inflação”, estupidez que buscava expropriar FHC e o governo anterior de seu principal ativo, aquilo que realmente alterou a estrutura da economia brasileira e a tirou da rota da estagflação — estagnação com inflação: o Plano Real. Lula bateu a carteira dos programas sociais do governo FHC, reuniu-os num só e lhes deu novo nome. E proclamou: nunca antes nestepaiz…

Lula foi beneficiado pela quase triplicação do preço de commodities brasileiras, origem das reservas que se acumularam — e transformou esse evento num fantástico aumento de exportações, que também não aconteceu. Lula anunciou uma revolução nas universidades federais, que nunca houve. E usou a máquina oficial, de modo sistemático, durante oito anos — com o apoio de sindicatos e dos movimentos sociais —, para destruir o legado alheio. Um império da mentira! É claro que contou com a ajuda de setores da imprensa. Elio Gaspari, por exemplo, foi um dos que ajudaram a fazer a sua fama entre setores pensantes — ou que pensam que pensam. Este gigante foi o primeiro a proclamar, por exemplo, a superioridade do “modelo Dilma” de concessão de estradas: é aquele que mata cobrando pedágio barato. Mas isso fica para texto específico — sobre Gaspari, não sobre estradas.

Então é tudo mentira? Ou: método!
Então é tudo mentira no governo Lula, e a população é imbecil e endossa um governo ruim? É claro que não! Quem deve pensar isso a respeito da população de São Paulo são os petistas. Eu, por exemplo, nunca escrevi algo assim. O que não aceito é que se recorra à mentira para destruir feitos alheios e inflar os próprios. Não acredito nesse tipo de política. Não acredito no “quanto pior, melhor”, opção que o PT ainda faz em São Paulo, por exemplo, onde nega — e combate — conquistas óbvias na educação, na saúde, na segurança, na infra-estrutura. Em entrevista ao Estadão, Aloizio Mercadante, candidato do PT ao governo do Estado, afirmou que São Paulo cresce menos do que o Brasil. É mentira! Cresce mais desde 2004.

O que estou lhes dizendo é que a mentira é usada como método, o que caracteriza um descarado cinismo. E a prática, o que é espantoso, passou a ser encarada como coisa corriqueira, normal, própria da política, por amplos setores da imprensa. Volto ao caso Verônica Serra. Vejam a hora em que foram publicados textos no chamado jornalismo Online. Só no fim da tarde se admitiu o óbvio: tudo não passava de uma trapaça. Durante horas, a mentira espalhada pela Receita ficou no ar, exposta a milhares de leitores — muitos deles se deram por satisfeitos com ela. E governo, Receita e petistas colheram, então, os frutos da mentira.

O que leva um órgão oficial a tornar público um documento que já se sabia falso (ver post sobre reportagem do Estadão)? O que leva o líder do governo no Senado, como fez Romero Jucá (PMDB-RR), a anunciar que seria apresentada a “prova” de que a própria Verônica havia pedido a quebra do sigilo? Convicção de que falavam a verdade? Ah, não! Jucá pode não ser, assim, um bom guia de educação moral e cívica, mas besta ele não é, muito pelo contrário. Ou não teria chegado tão longe — e ele sempre chega longe demais pouco importa quem esteja no governo. A seu modo, é um homem esperto.

Não! Este não é apenas um governo viciado na mentira, que a exerce de modo compulsivo. Também é. Este é um governo que faz da mentira um método: mente-se sobre o passado, mente-se sobre o presente, mente-se sobre o futuro, mente-se sobre a biografia de seus heróis, mente-se até para contar a história da falência de uma lojinha de cacarecos de Dilma Rousseff, candidata a governar os cacarecos morais do Brasil.

O descalabro nas contas publicas do Brasil

Um editorial político e um editorial econômico no jornal O Estado de S.Paulo sobre a deterioração das contas públicas no Brasil.

Ilusionismo nas contas públicas

Editorial - O Estado de S.Paulo
02 de setembro de 2010

Com os gastos em alta, meta fiscal em perigo, compromissos pesados para os próximos anos e às vésperas da complexa capitalização da Petrobrás, o governo decidiu apelar para a criatividade contábil e para o método Chacrinha - "eu vim para confundir, não vim para explicar". A estratégia inclui um emaranhado de transações entre o Tesouro Nacional, o Fundo Soberano do Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Caixa Econômica Federal, a Petrobrás e a Eletrobrás. Quem suceder ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá muito trabalho para avaliar os efeitos fiscais dessas manobras. O esforço resultará, quase certamente, em revelações nada agradáveis.

A última manobra foi a edição da Medida Provisória (MP) 500, para autorizar a União a ceder ao Fundo Soberano, ao BNDES e a outros entes federais seu direito de preferência na compra de novas ações da Petrobrás, mantida a maioria exigida por lei. O objetivo é evidente, embora o nome da empresa não seja mencionado. O Fundo, hoje com aproximadamente R$ 15 bilhões, poderá participar da capitalização da petrolífera, assim como o BNDES e outros bancos sob controle da União.

A nova medida repete os pontos essenciais da MP 487 - editada em abril e com validade até 5 de setembro - e explicita a possibilidade de compra de ações de empresas de economia mista pelo Fundo Soberano. Essa MP havia autorizado o Tesouro a fornecer recursos a uma estatal por meio do repasse de ações de outras empresas públicas ou de economia mista.

A MP 500 abre amplas possibilidades de intervenção do governo, por meio do Fundo Soberano ou de outros entes, em operações de capitalização. Tudo será possível, admitiu à reportagem do Estado um funcionário do Ministério da Fazenda. A capitalização da Eletrobrás, prevista para breve, e a de bancos estatais ficarão legalmente mais fáceis.

O objetivo imediato é abrir espaço para participação na compra das novas ações da Petrobrás. A União foi inicialmente autorizada a contribuir para o aumento de capital por meio da cessão onerosa de 5 bilhões de barris de petróleo do pré-sal. Mas uma participação maior poderá ser necessária, se o preço desses barris for fixado em nível muito alto e os acionistas minoritários absorverem um número insuficiente de ações. A MP facilita ao governo uma intervenção maior que a cessão dos 5 bilhões de barris. Além do mais, o presidente Lula já havia mostrado interesse em aumentar a parte da União no capital da Petrobrás.

Também o Decreto 7.279, publicado em 31 de agosto, contribui para o emaranhado de transações entre o Tesouro e entidades estatais. Esse decreto autorizou a União a transferir ao BNDES créditos no valor de R$ 1,4 bilhão. Esses créditos são relativos a "participações societárias no capital das Centrais Elétricas Brasileiras S.A. - Eletrobrás". Essa é uma cessão onerosa e a contrapartida é o pagamento ao Tesouro, pelo BNDES, do valor correspondente aos direitos transferidos. Esse pagamento entra no caixa do Tesouro como receita e reforça as contas federais, facilitando o cumprimento da meta fiscal ameaçada pelo excesso de gastos públicos. Com o mesmo objetivo, a Caixa Econômica Federal antecipou em agosto a entrega de R$ 958,5 milhões ao Tesouro. Em condições normais, a transferência desse dinheiro só ocorreria mais tarde, no momento de pagar dividendos. No fim de 2009, o BNDES já havia reforçado as contas do governo com a compra de R$ 3,5 bilhões correspondentes a dividendos esperados da Eletrobrás.

Há poucos dias o governo anunciou a transferência de ações da Petrobrás para capitalização do BNDES e da Caixa - manobra concebida para permitir a transferência de recursos sem endividamento do Tesouro. As duas entidades precisam da capitalização para participar dos enormes compromissos assumidos pelo governo - incluída a própria capitalização da Petrobrás.

Com essas manobras, as contas públicas tornam-se cada vez menos claras. O governo quer atender a muitos objetivos ao mesmo tempo - incluídos, é claro, os objetivos partidários e eleitorais - e não tem a mínima disposição de bem administrar suas contas. Ao contrário: torná-las cada vez mais obscuras é um requisito de sua política.

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Editorial econômico O Estado de S.Paulo:

Contabilidade sem disfarce em vez de contas criativas
O Estado de S.Paulo, 2 de setembro de 2010

O governo tem uma dívida atuarial equivalente a um PIB anual - R$ 3,5 trilhões, em valores correntes -, calcula o professor Hélio Zylberstajn, da USP, um especialista em previdência. Mas a responsabilidade não aparece nas contas públicas. Só será declarada - obrigando os governos federal, estaduais e municipais a pagar - quando forem adotados novos padrões de contabilidade semelhantes aos das empresas privadas. Como revelou o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Machado, ao jornal Valor, a decisão de mudar o padrão contábil brasileiro já foi tomada, valendo em 2012, para a União e os Estados, e em 2013, para os municípios.

O modelo contábil que as empresas privadas estão adotando, em todo o mundo, é o IFRS, padrão em mais de 100 países. O correspondente para contas públicas é denominado Ipsas, já usado na Inglaterra, França, Suécia, Suíça e Lituânia, segundo a consultoria Ernst&Young. Holanda e Noruega serão os próximos.

Para as empresas, a adoção do IFRS permite comparar as corporações brasileiras com as estrangeiras. Para os governos, permitirá avaliar a solvência do Estado no longo prazo. Nos dois casos, o objetivo é informar melhor os investidores, que assim farão escolhas mais objetivas.

Com o novo padrão, o Estado brasileiro informará qual é seu patrimônio - o valor de prédios, terrenos, máquinas, equipamentos e até bens públicos, como rodovias, ou ações de empresas como Petrobrás, Banco do Brasil, CEF, Eletrobrás e BNDES.

Sabe-se que é enorme - mas não medido - o patrimônio da União, de Estados e municípios. Esporadicamente são publicadas reportagens sobre os imóveis do INSS, muitos dos quais estão vazios ou alugados a preços baixos ou sem boa documentação e sem matrícula no registro de imóveis.

Algumas informações já são divulgadas pelo Ministério da Fazenda, que a cada ano publica um balanço contábil da União - o último, de 2009, indicou um patrimônio líquido de R$ 350 bilhões e ativos reais de R$ 2,81 trilhões. Santa Catarina antecipou-se, criando um grupo de trabalho para implantar a convergência contábil e divulgando o balanço de 2009 com uma dívida previdenciária de R$ 28,8 bilhões, sem que se conheça o valor dos ativos.

O que se espera é eliminar a "contabilidade criativa", dando lugar à transparência do Estado e a suas responsabilidades. Por exemplo, explicitando a dívida previdenciária atuarial, ficará claro por que a União tem de reformar o regime de aposentadorias, sem o que o equilíbrio fiscal será precário.

Republica Mafiosa do Brasil (8): um editorial e novas informacoes

Sem nenhum comentário, pois o oferecido pelo editorial da Folha já é suficiente. Mais algumas informações do jornal O Estado de S.Paulo.
Talvez sim, um comentário: por que o líder do governo tem de vir dar declarações sobre um caso que circula apenas na esfera criminosa privada?
Ou seja, estamos mesmo em uma república mafiosa?
Paulo Roberto de Almeida

Descalabro
Editorial Folha de S.Paulo, 2.09.2010:

A empresária Veronica Serra, filha do candidato tucano à Presidência da República, José Serra, também teve seu sigilo fiscal violado por funcionários da Receita. O caso se soma a outros, noticiados recentemente, no que já se configura como mais um escândalo nacional. O novo capítulo reforça a percepção de que as ações criminosas no âmbito do órgão federal têm motivações políticas.

É bom recapitular a sucessão dos fatos para que se tenha noção mais clara do banditismo em curso: em junho, esta Folha revelou que Eduardo Jorge Caldas Pereira, vice-presidente do PSDB, teve seu sigilo fiscal violado no ano passado. Dados do Imposto de Renda do dirigente tucano integravam um dossiê confeccionado pelo grupo de inteligência da campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT), que negou participação no episódio.

Há uma semana, descobriu-se que outros três nomes ligados ao PSDB também haviam sido vítimas de idêntico abuso, na mesma agência da Receita, localizada em Mauá, na região do ABC paulista, berço do PT e reduto histórico do sindicalismo atrelado ao partido.

Tudo leva a supor que a violência perpetrada contra a filha de Serra faça parte de uma mesma articulação delinquente a serviço da candidatura petista.

No que se refere a Veronica Serra, há algumas diferenças de procedimento em relação às demais violações. O acesso aos dados fiscais ocorreu na delegacia da Receita de Santo André, também no ABC, mediante uma procuração fajuta. A filha de Serra não tinha firma reconhecida no cartório, a assinatura que consta no documento não é a sua, e o carimbo utilizado é falso. Além disso, o titular da procuração utilizava cinco CPFs e ostenta vasto histórico de cheques sem fundo -um perfil típico do estelionatário.

Sabe-se já da existência de um esquema criminoso de compra e venda de dados sigilosos envolvendo a agência de Mauá. Ali teriam acontecido pelo menos 320 acessos sem amparo legal.

Estarrecedor, o descalabro está sendo usado como cortina de fumaça pelo governo para tentar despolitizar o escândalo. Se há crime comum, há também crime político-eleitoral, cuja intenção é intimidar e chantagear adversários do grupo hoje no poder.

Não bastassem as evidências (há petistas entre as vítimas?), é preciso registrar que o atual governo tem caudaloso histórico de aparelhamento do Estado -do mensalão à quebra de sigilo do caseiro, dos aloprados de 2006 aos delinquentes de agora.

Instalou-se no país um ambiente intolerável de impunidade e desfaçatez. Espera-se que a Polícia Federal e o Ministério Público ainda reúnam condições de desmascarar a farsa de uma investigação propensa a apontar a responsabilidade de barnabés e ocultar as motivações políticas que, conforme todos os indícios, estão por trás do caso.

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Receita tentou abafar caso da violação do sigilo fiscal da filha de Serra
Leandro Colon / BRASÍLIA
O Estado de S.Paulo, 02 de setembro de 2010

Em meio ao discurso de que não havia irregularidade, governo já sabia que a procuração usada para violar dados de Verônica era falsa

O comando da Receita Federal suspeitou de fraude na violação do sigilo fiscal da filha do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, mas mesmo assim montou uma operação para abafar o escândalo e evitar impacto político na campanha de Dilma Rousseff (PT). Em meio ao discurso oficial de que não havia irregularidade, o governo já sabia que a procuração usada para violar os dados de Verônica Serra poderia ser falsa.

Os novos documentos da investigação, a que o Estado teve acesso ontem, também provam que a Receita sabia desde o dia 20 de agosto que o sigilo fiscal de Verônica havia sido violado em setembro do ano passado.

A prova da suspeita da Receita está em um documento que mostra que, na tarde de terça-feira, a comissão de inquérito decidiu encaminhar o caso ao Ministério Público Federal. Ou seja, antes de a filha de Serra e o cartório afirmarem que o documento era falso, o que desmente o discurso e a entrevista dada ao Estado pelo secretário-geral da Receita, Otacílio Cartaxo.

Num documento obtido pelo Estado, com data de terça-feira, a comissão de investigação levanta suspeitas sobre Antônio Carlos Atella Ferreira, autor da procuração utilizada para retirar os dados fiscais de Verônica Serra em uma agência da Receita em Santo André. No ofício, Ferreira é tratado como pessoa "supostamente" autorizada a retirar os documentos da filha de Serra. A comissão levantou informações sobre ele e cita que tem quatro CPFs em "diversos municípios". Diante da suspeita, a comissão pede que a procuração seja enviada à Procuradoria da República para "confirmação de autenticidade". O documento da comissão, tratado como "ata de deliberação", registra o horário das 17h de terça. A Receita descobriu pouco antes, às 13h42, que Ferreira era dono de quatro CPFs.

Na noite daquele mesmo dia, quando o portal estadão.com.br revelou, com exclusividade, o episódio, o Ministério da Fazenda e a Receita procuraram a imprensa, inclusive o Estado, para informar que não havia irregularidade e os dados de Verônica foram consultados mediante requisição autorizada e assinada por ela. O discurso foi compartilhado pelo primeiro escalão do governo durante toda a manhã de ontem, incluindo o ministro Guido Mantega (Fazenda) e o líder no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

"A Receita vai comprovar que a filha de Serra pediu o acesso aos dados", anunciou Jucá na Comissão de Constituição e Justiça, falando como porta-voz do Planalto. "A Receita é confiável e toda a curiosidade será explicada", disse o próprio presidente Lula, com base em informações da Receita que garantiam a autenticidade da procuração. Mantega também chegou à Fazenda dizendo que "tudo seria esclarecido".

Comissão. Os documentos obtidos pelo Estado mostram ainda que, além de já suspeitar da violação do sigilo, a Receita descobrira havia pelo menos 10 dias que os dados fiscais da filha de Serra haviam sido invadidos ilegalmente. Mais exatamente às 17h59 do dia 20 de agosto, quando Eduardo Nogueira Dias, membro da comissão de investigação, consultou o histórico dos acessos aos dados de Verônica. Naquele dia, ele descobriu que as declarações de renda dela foram acessadas às 16h59 de 30 de setembro de 2009 por meio da senha da servidora Lúcia de Fátima Gonçalves Milan, lotada em Santo André.

Ou seja, quando deram uma entrevista coletiva, convocada às pressas na sexta-feira passada, Cartaxo e o corregedor-geral, Antônio Carlos da Costa D" Avila, já tinham conhecimento do acesso aos dados fiscais de Verônica. Na sexta, Cartaxo e D" Avila anunciaram uma versão que até agora não se sustenta nos autos da investigação. Afirmaram que a Receita descobriu a existência de um esquema de venda de dados fiscais mediante "encomenda" e "pagamento de propina".

Indiciamento. A Receita indiciou na segunda-feira duas servidoras, Antonia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva e Adeildda Ferreira dos Santos, por serem as donas da senha e do computador usados para violar o sigilo de Eduardo Jorge e de Luiz Carlos Mendonça de Barros, Gregório Marin Preciado e Ricardo Sérgio de Oliveira. Na terça-feira, a comissão de investigação incluiu Lúcia de Fátima Gonçalves Milan no rol de "acusados"

Em defesa do Estado de Direito - uma petição

Circula na internet uma petição de cidadãos preocupados com a manutenção das boas regras do Estado de Direito no Brasil, como abaixo transcrevo:

Em defesa do Estado de Direito no Brasil

Ao: Tribunal Superior Eleitoral
"Nenhum cidadão está acima das leis."
Estado de Direito significa que nenhum indivíduo, presidente ou cidadão comum, está acima da lei. Os governos democráticos exercem a autoridade por meio da lei e estão eles próprios sujeitos aos constrangimentos impostos pela lei.

Solicitamos às autoridades competentes do Brasil que se façam cumprir a Lei Eleitoral e a Constituição Brasileira.
Não é o que temos visto. Diariamente, o Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, dá mostras de descumprimento das leis, sem qualquer manifestação contrária de nossos órgãos de Justiça. Sua presença nos comícios da candidata governista - a quem jurou eleger - bem como o evidente uso da máquina pública e de todo o aparato governamental na campanha é aberto e claro. Não só a estrutura do estado é usada (como aviões, segurança, logística, instalações do governo), como também o são os ministros, assessores e funcionários de estatais.
O abuso de poder econômico, cometido com o nosso dinheiro, e o abuso da autoridade estão explícitos. O Presidente ocupa este cargo em nome de todos os brasileiros, de todas as partes do país, raças e credos, devendo estar acima de questões eleitorais e partidárias.
A Presidência é um cargo de ocupação integral, não havendo "folga" ou "fim de expediente", Um presidente é presidente sempre, a não ser que passe o cargo para seu substituto legal, o vice, oficialmente. Caso contrário, a qualquer hora do dia, todos os dias, Lula é o Presidente da República. Quando de sua posse, jurou cumprir o que reza a Constituição. É evidente que ele não a tem respeitado, nem observado os artigos 73, 76 e 77 da Lei Eleitoral nº 9.504/1997

Para os casos em que a lei não é respeitada, e para evitar os abusos, existem o Ministério Público Eleitoral e o Tribunal Superior Eleitoral, a quem cabe zelar pela seu cumprimento. Exigimos o cumprimento das leis do nosso pais, e a defesa da nossa Constituição. Exigimos a imediata ação dos órgãos responsáveis para fazer cumprir as leis eleitorais brasileiras.


Os interessados em assiná-la devem fazê-lo neste link: http://www.petitiononline.com/1brasil/petition.html

Por que a America Latina nao decola? - Paulo R Almeida

Meu mais recente artigo publicado:

Por que a América Latina não decola: alguma explicação plausível?
por Paulo Roberto de Almeida
Ordem Livre, 30 de agosto de 2010

No sentido lato, a América Latina existe desde aproximadamente cinco séculos; desde o descobrimento, para ser exato. No sentido estrito, trata-se de um conceito político que se firmou desde meados do século 19, aproximadamente. Em qualquer sentido que se pense, a América Latina é um continente dotado de imensos recursos naturais e de uma grande população dividida entre descendentes dos ibéricos colonizadores, remanescentes dos povos autóctones (que em determinados países compõem a maioria dos habitantes), proporções variadas de descendentes dos antigos escravos negros e contingentes igualmente variados de imigrantes de todas as partes, com destaque para europeus, levantinos e asiáticos. Esse tipo de mistura também existe na América do Norte, com a diferença (essencial) que os colonizadores foram, em sua maioria, famílias inglesas e da Europa ocidental, do mundo anglo-saxão.

O traço que mais distingue a América Latina é a persistência da pobreza e da desigualdade, mesmo se o fenômeno não é exatamente residual, e sim um elemento estrutural de sua formação e "desenvolvimento". Sim, o continente se desenvolveu, a despeito de comparações desfavoráveis não apenas com a América do Norte, mas também com o continente asiático, região que até um período ainda recente parecia concentrar toda a miséria da humanidade. De continente promissor em termos de catch-up, ou seja, possibilidade de alcançar os países desenvolvidos, numa fase em que a Ásia era sinônimo de pobreza extrema, a região estagnou em várias áreas de interesse social, recuou sob outros critérios – nas conjunturas de hiperinflação, por exemplo – ou foi simplesmente superada pelos países asiáticos em diversas frentes do processo de desenvolvimento: perdeu espaço no comércio internacional e na atração de investimentos estrangeiros, com a agravante de ter mantido a baixa educação, as tentações populistas no terreno político e uma tendência recorrente a experimentar os mesmos equívocos econômicos do passado, numa repetição incompreensível de um déjà vu cinematográfico (do tipo: “já vimos esse filme, sabemos como vai acabar”).

Para sermos mais precisos, nem toda a América Latina repassou o velho filme do populismo, do descontrole econômico e da persistência no atraso. Alguns países fizeram progressos no caminho do desenvolvimento, entre eles o Chile; mas o seu caminho foi longo, especialmente trágico durante treze anos, com a repressão brutal do começo do regime militar, seguida de um lento processo de recuperação e de construção de um consenso econômico que se tem mantido desde o retorno da democracia (sem mais populismos na política econômica). O Chile foi o país que mais cresceu nos anos 1990 e durante boa parte da primeira década do século 21 e se prepara para ingressar na OCDE em prazo relativamente curto, sendo o primeiro país da América Latina a fazê-lo, depois que o México foi levado ao clube, pelas mãos dos Estados Unidos em 1994 (no mesmo processo que levou à formação do Nafta).

O Brasil também fez progressos sensíveis desde que conseguiu domar a inflação, em meados dos anos 1990, e efetuou ajustes no regime cambial e no controle da inflação no final da década, medidas que foram sustentadas durante quase toda a década seguinte, mesmo na ausência de rigor fiscal e sob intensa demanda do partido hegemônico em favor de "desenvolvimentismo" ao velho estilo. Outros países também conseguiram escapar do dragão inflacionário e adotaram a via das políticas econômicas responsáveis, o que não foi o caso de alguns poucos, especialmente os chamados “bolivarianos”. Estes enveredaram por políticas econômicas cujos efeitos são conhecidos dentro e fora da região: mais inflação, penúrias no abastecimento, fuga de capitais, desinvestimento estrangeiro e formação de um mercado cambial paralelo. Mesmo sem ser um país bolivariano, a Argentina conseguiu praticar as mesmas políticas erradas várias vezes, feitas de controles de preços, manipulação cambial, confiscos de fundos financeiros, calote da dívida externa e impostos sobre as exportações. Trata-se de um caso único na história econômica mundial: um processo deliberado de decadência autoinfligida, por obra e graça de seus políticos.

Os críticos das políticas econômicas ditas neoliberais as acusam de serem responsáveis pelos desastres sociais na América Latina, recomendando, em seu lugar, as mesmas políticas aplicadas durante as décadas de desenvolvimentismo renitente, e que levaram a região à situação em que ela se encontra hoje, já descrita ao início deste ensaio. Poucos deles explicam como e porque a aplicação persistente dessas mesmas políticas recomendadas atualmente – encore et toujours – deixou a maior parte dos países no mesmo lugar e por que deveriam voltar a fazê-lo. Eles tampouco têm muito a dizer a respeito do Chile, que mudou radicalmente de políticas e foi praticamente o único a crescer num longo período de baixo crescimento ou de estagnação na região.

A dificuldade – em certos casos a incapacidade – de manter uma taxa de crescimento sustentada em grande parte dos países da América Latina, com transformação estrutural e distribuição social, tem algumas causas bem conhecidas e um diagnóstico geral que não costuma ser feito pelos ‘especialistas’ da região. As causas usualmente identificadas com o atraso histórico têm a ver com a concentração da terra (e a ausência de reforma agrária), os baixos níveis educacionais da população, a especialização primária, com obstáculos institucionais à industrialização, e (fatores menos importantes) a carência de capitais e a insuficiência de investimentos estrangeiros (já que facilmente contornáveis pela inversão de políticas setoriais).

Outras causas têm a ver com a irresponsabilidade fiscal, o exagero na emissão da moeda, o desregramento dos orçamentos, o excesso de despesas governamentais, manipulações do câmbio e da taxa de juros e o uso político de bancos estatais. No plano das políticas setoriais figuram o protecionismo comercial exagerado, a discriminação contra o capital estrangeiro e distorções gerais nas regras do jogo, afetando, em particular, a produção agrícola e industrial (com um terciário largamente informal). Fatores de caráter sistêmico podem ser vinculados ao desrespeito aos contratos e aos direitos de propriedade e, de forma geral, a violação da legalidade constitucional e o desvio constante do que os anglo-saxões chamam de rule of Law.

Com as poucas exceções mencionadas, estes são alguns dos fatores que, em perspectiva histórica e em caráter conjuntural, explicam o atraso persistente e as dificuldades de decolagem dos países da América Latina: combinados eles continuam a reter o continente num patamar de baixo crescimento e de ausência de mudanças estruturais. Alguns poucos países conseguem escapar das armadilhas que a insistência em políticas equivocadas transforma em círculo vicioso; um esclarecimento correto quanto às verdadeiras causas do subdesenvolvimento econômico poderá corrigir as trajetórias dos demais igualmente. Mas é preciso insistir no diagnóstico adequado…

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Theocratic-Nuclear Republic of Iran: American Options - Stratfor

Rethinking American Options on Iran
By George Friedman
Stratfor, August 31, 2010

Public discussion of potential attacks on Iran’s nuclear development sites is surging again. This has happened before. On several occasions, leaks about potential airstrikes have created an atmosphere of impending war. These leaks normally coincided with diplomatic initiatives and were designed to intimidate the Iranians and facilitate a settlement favorable to the United States and Israel. These initiatives have failed in the past. It is therefore reasonable to associate the current avalanche of reports with the imposition of sanctions and view it as an attempt to increase the pressure on Iran and either force a policy shift or take advantage of divisions within the regime.

My first instinct is to dismiss the war talk as simply another round of psychological warfare against Iran, this time originating with Israel. Most of the reports indicate that Israel is on the verge of attacking Iran. From a psychological-warfare standpoint, this sets up the good-cop/bad-cop routine. The Israelis play the mad dog barely restrained by the more sober Americans, who urge the Iranians through intermediaries to make concessions and head off a war. As I said, we have been here before several times, and this hasn’t worked.

The worst sin of intelligence is complacency, the belief that simply because something has happened (or has not happened) several times before it is not going to happen this time. But each episode must be considered carefully in its own light and preconceptions from previous episodes must be banished. Indeed, the previous episodes might well have been intended to lull the Iranians into complacency themselves. Paradoxically, the very existence of another round of war talk could be intended to convince the Iranians that war is distant while covert war preparations take place. An attack may be in the offing, but the public displays neither confirm nor deny that possibility.

The Evolving Iranian Assessment
STRATFOR has gone through three phases in its evaluation of the possibility of war. The first, which was in place until July 2009, held that while Iran was working toward a nuclear weapon, its progress could not be judged by its accumulation of enriched uranium. While that would give you an underground explosion, the creation of a weapon required sophisticated technologies for ruggedizing and miniaturizing the device, along with a very reliable delivery system. In our view, Iran might be nearing a testable device but it was far from a deliverable weapon. Therefore, we dismissed war talk and argued that there was no meaningful pressure for an attack on Iran.

We modified this view somewhat in July 2009, after the Iranian elections and the demonstrations. While we dismissed the significance of the demonstrations, we noted close collaboration developing between Russia and Iran. That meant there could be no effective sanctions against Iran, so stalling for time in order for sanctions to work had no value. Therefore, the possibility of a strike increased.

But then Russian support stalled as well, and we turned back to our analysis, adding to it an evaluation of potential Iranian responses to any air attack. We noted three potential counters: activating Shiite militant groups (most notably Hezbollah), creating chaos in Iraq and blocking the Strait of Hormuz, through which 45 percent of global oil exports travel. Of the three Iranian counters, the last was the real “nuclear option.” Interfering with the supply of oil from the Persian Gulf would raise oil prices stunningly and would certainly abort the tepid global economic recovery. Iran would have the option of plunging the world into a global recession or worse.

There has been debate over whether Iran would choose to do the latter or whether the U.S. Navy could rapidly clear mines. It is hard to imagine how an Iranian government could survive air attacks without countering them in some way. It is also a painful lesson of history that the confidence of any military force cannot be a guide to its performance. At the very least, there is a possibility that the Iranians could block the Strait of Hormuz, and that means the possibility of devastating global economic consequences. That is a massive risk for the United States to take, against an unknown probability of successful Iranian action. In our mind, it was not a risk that the United States could take, especially when added to the other Iranian counters. Therefore, we did not think the United States would strike.

Certainly, we did not believe that the Israelis would strike Iran alone. First, the Israelis are much less likely to succeed than the Americans would be, given the size of their force and their distance from Iran (not to mention the fact that they would have to traverse either Turkish, Iraqi or Saudi airspace). More important, Israel lacks the ability to mitigate any consequences. Any Israeli attack would have to be coordinated with the United States so that the United States could alert and deploy its counter-mine, anti-submarine and missile-suppression assets. For Israel to act without giving the United States time to mitigate the Hormuz option would put Israel in the position of triggering a global economic crisis. The political consequences of that would not be manageable by Israel. Therefore, we found an Israeli strike against Iran without U.S. involvement difficult to imagine.

The Current Evaluation
Our current view is that the accumulation of enough enriched uranium to build a weapon does not mean that the Iranians are anywhere close to having a weapon. Moreover, the risks inherent in an airstrike on its nuclear facilities outstrip the benefits (and even that assumes that the entire nuclear industry is destroyed in one fell swoop — an unsure outcome at best). It also assumes the absence of other necessary technologies. Assumptions of U.S. prowess against mines might be faulty, and so, too, could my assumption about weapon development. The calculus becomes murky, and one would expect all governments involved to be waffling.

There is, of course, a massive additional issue. Apart from the direct actions that Iran might make, there is the fact that the destruction of its nuclear capability would not solve the underlying strategic challenge that Iran poses. It has the largest military force in the Persian Gulf, absent the United States. The United States is in the process of withdrawing from Iraq, which would further diminish the ability of the United States to contain Iran. Therefore, a surgical strike on Iran’s nuclear capability combined with the continuing withdrawal of U.S. forces from Iraq would create a profound strategic crisis in the Persian Gulf.

The country most concerned about Iran is not Israel, but Saudi Arabia. The Saudis recall the result of the last strategic imbalance in the region, when Iraq, following its armistice with Iran, proceeded to invade Kuwait, opening the possibility that its next intention was to seize the northeastern oil fields of Saudi Arabia. In that case, the United States intervened. Given that the United States is now withdrawing from Iraq, intervention following withdrawal would be politically difficult unless the threat to the United States was clear. More important, the Iranians might not give the Saudis the present Saddam Hussein gave them by seizing Kuwait and then halting. They might continue. They certainly have the military capacity to try.

In a real sense, the Iranians would not have to execute such a military operation in order to gain the benefits. The simple imbalance of forces would compel the Saudis and others in the Persian Gulf to seek a political accommodation with the Iranians. Strategic domination of the Persian Gulf does not necessarily require military occupation — as the Americans have abundantly demonstrated over the past 40 years. It merely requires the ability to carry out those operations.

The Saudis, therefore, have been far quieter — and far more urgent — than the Israelis in asking the United States to do something about the Iranians. The Saudis certainly do not want the United States to leave Iraq. They want the Americans there as a blocking force protecting Saudi Arabia but not positioned on Saudi soil. They obviously are not happy about Iran’s nuclear efforts, but the Saudis see the conventional and nuclear threat as a single entity. The collapse of the Iran-Iraq balance of power has left the Arabian Peninsula in a precarious position.

King Abdullah of Saudi Arabia did an interesting thing a few weeks ago. He visited Lebanon personally and in the company of the president of Syria. The Syrian and Saudi regimes are not normally friendly, given different ideologies, Syria’s close relationship with Iran and their divergent interests in Lebanon. But there they were together, meeting with the Lebanese government and giving not very subtle warnings to Hezbollah. Saudi influence and money and the threat of Iran jeopardizing the Saudi regime by excessive adventurism seems to have created an anti-Hezbollah dynamic in Lebanon. Hezbollah is suddenly finding many of its supposed allies cooperating with some of its certain enemies. The threat of a Hezbollah response to an airstrike on Iran seems to be mitigated somewhat.

Eliminating Iranian Leverage In Hormuz
I said that there were three counters. One was Hezbollah, which is the least potent of the three from the American perspective. The other two are Iraq and Hormuz. If the Iraqis were able to form a government that boxed in pro-Iranian factions in a manner similar to how Hezbollah is being tentatively contained, then the second Iranian counter would be weakened. That would “just” leave the major issue — Hormuz.

The problem with Hormuz is that the United States cannot tolerate any risk there. The only way to control that risk is to destroy Iranian naval capability before airstrikes on nuclear targets take place. Since many of the Iranian mine layers would be small boats, this would mean an extensive air campaign and special operations forces raids against Iranian ports designed to destroy anything that could lay mines, along with any and all potential mine-storage facilities, anti-ship missile emplacements, submarines and aircraft. Put simply, any piece of infrastructure within a few miles of any port would need to be eliminated. The risk to Hormuz cannot be eliminated after the attack on nuclear sites. It must be eliminated before an attack on the nuclear sites. And the damage must be overwhelming.

There are two benefits to this strategy. First, the nuclear facilities aren’t going anywhere. It is the facilities that are producing the enriched uranium and other parts of the weapon that must be destroyed more than any uranium that has already been enriched. And the vast bulk of those facilities will remain where they are even if there is an attack on Iran’s maritime capabilities. Key personnel would undoubtedly escape, but considering that within minutes of the first American strike anywhere in Iran a mass evacuation of key scientists would be under way anyway, there is little appreciable difference between a first strike against nuclear sites and a first strike against maritime targets. (U.S. air assets are good, but even the United States cannot strike 100-plus targets simultaneously.)

Second, the counter-nuclear strategy wouldn’t deal with the more fundamental problem of Iran’s conventional military power. This opening gambit would necessarily attack Iran’s command-and-control, air-defense and offensive air capabilities as well as maritime capabilities. This would sequence with an attack on the nuclear capabilities and could be extended into a prolonged air campaign targeting Iran’s ground forces.

The United States is very good at gaining command of the air and attacking conventional military capabilities (see Yugoslavia in 1999). Its strategic air capability is massive and, unlike most of the U.S. military, underutilized. The United States also has substantial air forces deployed around Iran, along with special operations forces teams trained in penetration, evasion and targeting, and satellite surveillance. Far from the less-than-rewarding task of counterinsurgency in Afghanistan, going after Iran would be the kind of war the United States excels at fighting. No conventional land invasion, no boots-on-the-ground occupation, just a very thorough bombing campaign. If regime change happens as a consequence, great, but that is not the primary goal. Defanging the Iranian state is.

It is also the only type of operation that could destroy the nuclear capabilities (and then some) while preventing an Iranian response. It would devastate Iran’s conventional military forces, eliminating the near-term threat to the Arabian Peninsula. Such an attack, properly executed, would be the worst-case scenario for Iran and, in my view, the only way an extended air campaign against nuclear facilities could be safely executed.

Just as Iran’s domination of the Persian Gulf rests on its ability to conduct military operations, not on its actually conducting the operations, the reverse is also true. It is the capacity and apparent will to conduct broadened military operations against Iran that can shape Iranian calculations and decision-making. So long as the only threat is to Iran’s nuclear facilities, its conventional forces remain intact and its counter options remain viable, Iran will not shift its strategy. Once its counter options are shut down and its conventional forces are put at risk, Iran must draw up another calculus.

In this scenario, Israel is a marginal player. The United States is the only significant actor, and it might not strike Iran simply over the nuclear issue. That’s not a major U.S. problem. But the continuing withdrawal from Iraq and Iran’s conventional forces are very much an American problem. Destroying Iran’s nuclear capability is merely an added benefit.

Given the Saudi intervention in Lebanese politics, this scenario now requires a radical change in Iraq, one in which a government would be quickly formed and Iranian influence quickly curtailed. Interestingly, we have heard recent comments by administration officials asserting that Iranian influence has, in fact, been dramatically reduced. At present, such a reduction is not obvious to us, but the first step of shifting perceptions tends to be propaganda. If such a reduction became real, then the two lesser Iranian counter moves would be blocked and the U.S. offensive option would become more viable.

Internal Tension in Tehran
At this point, we would expect to see the Iranians recalculating their position, with some of the clerical leadership using the shifting sands of Lebanon against Iranian President Mahmoud Ahmadinejad. Indeed, there have been many indications of internal stress, not between the mythical democratic masses and the elite, but within the elite itself. This past weekend the Iranian speaker of the house attacked Ahmadinejad’s handling of special emissaries. For what purpose we don’t yet know, but the internal tension is growing.

The Iranians are not concerned about the sanctions. The destruction of their nuclear capacity would, from their point of view, be a pity. But the destruction of large amounts of their conventional forces would threaten not only their goals in the wider Islamic world but also their stability at home. That would be unacceptable and would require a shift in their general strategy.

From the Iranian point of view — and from ours — Washington’s intentions are opaque. But when we consider the Obama administration’s stated need to withdraw from Iraq, Saudi pressure on the United States not to withdraw while Iran remains a threat, Saudi moves against Hezbollah to split Syria from Iran and Israeli pressure on the United States to deal with nuclear weapons, the pieces for a new American strategy are emerging from the mist. Certainly the Iranians appear to be nervous. And the threat of a new strategy might just be enough to move the Iranians off dead center. If they don’t, logic would dictate the consideration of a broader treatment of the military problem posed by Iran.

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