sábado, 27 de agosto de 2011

The Bell Curve as Wrong Science - Cavalli-Sforza

Cavalli-Sforza on “The Bell Curve”
bagond, Mon 7 Mar 2011

Luigi Luca Cavalli-Sforza, a Stanford geneticist, said in 1995 that “The Bell Curve” (1994) by Charles Murray and Harvard psychologist Richard J Herrnstein is wrong on the science.

Murray and Herrnstein said that IQ is about 60% genetic. That was the best value as of 1976. Since then several important papers, particularly Rice, Cloninger and Reich (1980), have come out showing that the true number is about 33%.

Cavalli-Sforza says that the best known way to to tell how much genes affect something like IQ is to do adoption studies and then run the numbers throughpath analysis. At first that did give a number close to 60%, but since 1980 it has been repeatedly turning out numbers close to 33%.

Cavalli-Sforza:

It is somewhat disconcerting that all these papers are totally ignored in “The Bell Curve”…. Researchers who might be called “IQ hereditarians” are in general reporting high heritabilities for IQ without any information on how these calculations have been obtained, or why the other papers here cited have been ignored. It is unlikely that they were not seen or read; they are published in well-known scientific journals.

But even if we assume that IQ is 60% genetic between parent and child,that still does not mean the difference between blacks and whites is mainly genetic.

Height, for example, seems to be much more genetic than IQ and yet people in Europe are much taller now than 200 years ago. Since there has been almost no change in the genes of Europeans in that time, the difference is pretty much 0% genetic. Despite height being highly genetic.

Murray and Herrnstein know this and admit this, yet they still say it is “likely” the difference in IQs between blacks and whites is mostly genetic.

Which is pretty strange when they themselves admit that SAT scores between blacks and whites have narrowed by 30% in the past 19 years. At that rate there will be almost no difference in 70 years. It is not as if they think the SAT is not a good rough measure of intelligence.

Cavalli-Sforza thinks almost none of the difference is genetic: both the American adoption study by Sandra Scarr and Barbara Tizard’s study of British orphans showed that when blacks and whites are brought up under the same circumstances the difference pretty much disappears.

He further points out that:

the charts are misleading,
correlation is not cause and that
the g factor is likely a statistical artefact.
He thinks IQ tests measure a small and rather uninteresting part of intelligence and that it is impossible to make one that is reasonably culture-free.

He also says that Murray and Herrnstein are racists. He is the first white author I have read who says that flat out. He says racism is:

the persuasion that some races are definitely better than others in some socially important ways, and that the difference is of genetic origin.

Murray and Herrnstein certainly think IQ is socially important, that whites have more of it and that it is mostly genetic. Therefore they are racists. Even though they talk as if racism has pretty much disappeared.

See also:
Cavalli-Sforza on race and racism
Anti-black racism as a guide to science
HBD
The Bell Curve
Thomas Sowell on “The Bell Curve”
Howard Gardner on “The Bell Curve”
Orlando Patterson on “The Bell Curve”
Stephen Jay Gould on “The Bell Curve”

Novo atentado a democracia: a roubalheira do PT - Eduardo Graeff

Apenas informação, o que não é proibido, ao que parece:

Um livro eletrônico: “A Corrupção de Sarney a Lula”
Reinaldo Azevedo, 26/08/2011

Está disponível em três formatos na Internet o livro eletrônico “A Corrupção de Sarney a Lula”, escrito por Eduardo Graeff. Ele é, sim, ligado ao PSDB, mas sua filiação partidária não o impede de pensar. Abaixo, reproduzo um trecho do livro e publico os endereços em que pode ser lido na íntegra.

(…)
O modo de operar [dos petistas] continua o mesmo. O que mudou com a conquista da Presidência da República foi a escala de operação. Antes o PT poderia ter acesso indireto e eventual a recursos federais por meio dos fundos de pensão em cuja diretoria tinham assento sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores. A partir de 2003, os operadores do partido ganharam acesso direto e permanente ao orçamento da União e, principalmente, aos cofres dos bancos e empresas estatais, com as imensas oportunidades de manipulação política e enriquecimento pessoal daí decorrentes.

Para muitos desses operadores, poder e dinheiro parecem ter se tornado objetivos suficientes por si mesmo. Socialismo? Virou um rótulo esmaecido, que não assusta mais os amigos e clientes empresários nem banqueiros. Em vez disso, os quadros do PT que ainda sentem falta de uma causa mais nobre apresentam-se eventualmente como agentes de um arremedo de “via chinesa” de desenvolvimento para o Brasil: economia com forte intervenção estatal, só que mais aberta para o exterior; comando centralizado burocrático com pendores autoritários, só que mais permeável às aspirações populares em geral e dos trabalhadores e funcionários sindicalizados em especial. Até agora, os resultados dessa versão globalizada do velho capitalismo de estado brasileiro estão longe de ser brilhantes, seja em termos de crescimento, seja de inclusão social. Mas alguma visão “estratégica” deve parecer-lhes melhor que nada para justificar o patrocínio de interesses privados com dinheiro público na escala praticada pelo governo Lula.
(…)

É possível baixar o arquivo em três formatos:
PDF (para imprimir): http://db.tt/uaM3YHy
EPUB (para iPad): http://db.tt/CXu2oL5
MOBI (para Kindle): http://db.tt/5y9VILU

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Atentado contra a democracia: a reforma politica do PT

EU SOU CONTRA a reforma política que os políticos querem fazer. Talvez até por princípio, pois sabia que boa coisa não iria sair daí. Mas não sabia que o mais podre poderia sair de projetos absolutamente pervertidos que políticos pervertidos podem apresentar.
SOU CONTRA, por várias razões, inclusive por algumas que vão discutidas neste texto de Reinaldo Azevedo.
Paulo Roberto de Almeida

O PT quer agora roubar também o seu direito ao voto. O resto, eles já levaram! Relator de reforma política quer ser um ladrão da cidadania! VOTO DISTRITAL NELES!!!
Reinaldo Azevedo, 26/08/2011

Eles roubam o nosso dinheiro.
Eles roubam as nossas crenças.
Eles roubam as nossas convicções.
Eles roubam a nossa paciência.
Eles roubam a nossa vontade.
Eles roubam a nossa disposição para a luta.

Não havendo mais nada a levar, tentam agora tirar o nosso direito de saber em quem estamos votando. Cassaram o nosso bolso. Cassaram a nossa esperança. Querem agora cassar o que sobrou da nossa cidadania. O anteprojeto apresentado pelo deputado petista Henrique Fontana (PT-RS) para a reforma política, apresentado à Comissão Especial, é uma das coisas mais asquerosas pensadas por aquelas bandas. Além de Fontana ter proposto o financiamento público de campanha — MAS MANTENDO O FINANCIAMENTO PRIVADO; JÁ EXPLICO —, inventou uma estrovenga que poderia ser chamada de “VOTO PROPORCIONAL MISTO”.

Se o voto fosse uma carteira, Fontana seria um punguista. Como o voto é uma evidência de cidadania, Fontana se apresenta como um ladrão de cidadania. Por quê?

Os sistemas
Há três sistemas para a composição da Câmara Federal (Assembléias e Câmaras de Vereadores). O vigente no Brasil é o proporcional. Grosso modo, somam-se todos os votos dados aos candidatos de um partido, vê-se a porcentagem obtida pela legenda ou coligação, e estão eleitos os candidatos mais votados de acordo com o número de cadeiras obtidas. Principal defeito: “puxadores” de voto, como os Tiriricas da vida, acabam elegendo os sem-voto. O sistema estimula a invasão da política pelas celebridades.

Existe o sistema que defendo - que é o distrital puro: os estados (e também as cidades nas eleições municipais) são divididos em distritos, e os partidos apresentam candidatos para essas áreas; entendo ser o melhor, embora não seja perfeito. Falarei mais a respeito daqui a pouco.

E existe o distrital-misto: o eleitor vota duas vezes; escolhe tanto o parlamentar do distrito (metade dos assentos é ocupada por eles) como vota num partido, que definiu previamente uma lista de nomes. São Paulo, por exemplo, elege 70 deputados federais. Haveria 35 distritais e 35 saídos do voto proporcional. Se o Partido X obteve 20% da cadeiras, elegerá sete parlamentares por esse critério (além, claro, dos distritais que eventualmente eleger): assumirão as vagas os sete primeiros da lista. O principal defeito é o voto em lista fechada, que só serve para fortalecer a burocracia partidária, não a vida partidária.

O que fez Santana? Há trechos do seu texto aqui. Nas eleições proporcionais (Câmara dos Deputados, Assembléias e Câmaras de Vereadores), o eleitor também teria de votar duas vezes: tanto votaria num nome como numa lista. Só que não existe distrito nenhum! Os dois votos servem ao critério proporcional. O Artigo 107 do anteprojeto é explícito:
“Art. 107. Determina-se para cada partido ou coligação o quociente partidário dividindo-se pelo quociente eleitoral a soma aritmética dos votos de legenda atribuídos à lista partidária preordenada e dos votos nominais dados aos candidatos inscritos na mesma lista, desprezada a fração.”

Vale dizer: A PROPOSTA DE FONTANA MANTÉM, E ATÉ EXACERBA O ELEMENTO MAIS NEFASTO DO VOTO PROPORCIONAL, QUE É O FENÔMENO DAS CELEBRIDADES QUADRÚPEDES PUXADORAS DE VOTO.

Como sabotagem pouca à cidadania do eleitor é bobagem, ele quer que metade das cadeiras obtidas por um partido saia daquela lista, que tem tudo para ser mantida fora do alcance do eleitor, já que os “puxadores de voto” se encarregariam de fazer o trabalho de propaganda partidária. E como distribuir as cadeiras entre os eleitos pelo critério nominal e os da lista? Fontana teve uma idéia, explicitada no Artigo 108
“III - a lista final será organizada por meio da alternância dos nomes dos candidatos, segundo as regras dispostas nos incisos I e II deste artigo, começando pela lista nominal;”
Entenderam? Entra um nominal, um da lista, um nominal, um da lista… Até o partido atingir o número. Candidatos com milhares de voto ficarão chupando o dedo, e os sem-voto acabarão “eleitos” — se é que a palavra é essa.

O voto puramente proporcional perverte a democracia.
O voto em lista perverte a democracia.
Fontana, o petista, teve uma idéia: juntar as duas perversões.
Afinal, ele é um petista. Por trás dessa proposta magnífica, está a mente divinal de Luiz Inácio Apedeuta da Silva.

Voto distrital puro
Sim, existe o risco de essa barbaridade ser aprovada. Existe o risco efetivo de metade da Câmara dos Deputados, Assembléias e Cãmaras de Vereadores ser ocupada por valentes que não se elegeriam chefes de quarteirão, síndicos de prédio. O sistema proporcional, na forma como se apresenta hoje, transformou a representação num amontoado de lobistas e porta-vozes de corporações de ofício. Estão lá como procuradores dos interesses de setores e grupos organizados. E ASSIM É MESMO A GENTE SABENDO A CARA QUE ELES TÊM. IMAGINEM QUANDO NEM ISSO SOUBERMOS!

O voto distrital é o caminho possível para que vereadores, deputados estaduais e deputados federais passem a representar, de fato, a população. Hoje, temos os parlamentares dos sindicatos, os parlamentares da indústria, os parlamentares dos bancos, os parlamentares dos sem-terra, os parlamentares das mulheres, os parlamentares da religião… Precisamos ter os parlamentares da… POPULAÇÃO!

Eu já os convidei algumas vezes e o faço de novo: entrem na campanha “EU VOTO DISTRITAL”. Há um movimento colhendo assinaturas (clique aqui) em favor da proposta. O ideal seria que já se realizassem eleições segundo esse modelo no ano que vem. Mas não creio que haja tempo. Que seja em 2014, 2016, 2018… O importante é não abandonar a proposta. HENRIQUE FONTANA É A PROVA DE QUE ELES SEMPRE PODEM PIORAR O QUE JÁ NÃO PRESTA.

Financiamento público
Fontana achou que ainda não havia barbarizado o bastante. Além de ter resolvido enfiar a mão na nossa cidadania, também se dispõe a enfiar a mão no nosso bolso. Esse valente tinha redigido uma primeira proposta que previa apenas o financiamento público de campanha, proibindo doações de pessoas físicas e privadas. Sou contra, como sabem, porque acho que isso não impede o caixa dois — na verdade, estimula. Mas qual era o argumento que “eles” tinham?

Candidamente, diziam que, se o financiamento fosse público, diminuiria a dependência dos parlamentares de seus financiadores; não se veriam obrigados, depois, a pagar a conta com propostas do interesse dos patrocinadores. Também seria um desestímulo aos “recursos não-contabilizados” (by Delúbio Soares”: quando o sujeito é canalha, não é o financiamento público que vai fazê-lo deixar de ser. Mas vá lá… Era um argumento. Era errado, mas poderia ser honesto.

Errado e honesto? Então não serve!
Fontana mudou de idéia. Vejam o que está em seu anteprojeto no que diz respeito ao financiamento das campanhas:
“Art. 17. As despesas da campanha eleitoral serão realizadas sob a responsabilidade dos partidos, e financiadas exclusivamente com recursos do Fundo de Financiamento das Campanhas Eleitorais.
Art. 17-A. O Fundo de Financiamento das Campanhas Eleitorais (FFCE) será constituído por recursos do orçamento da União e por doações de pessoas físicas e jurídicas, na forma especificada neste artigo.

É isso aí. Além do financiamento privado, como é hoje — de pessoas físicas e jurídicas —, haveria também o público. O relator, então, decidiu somar aos “malefícios” de um modelo aos do outro: a tunga à nossa carteira. Lembro que o dinheiro público já irriga fartamente os partidos (por meio do Fundo Partidário) e as eleições, arcando com o custo do horário político gratuito e do horário eleitoral gratuito. Os dois nomes são estúpidos porque as legendas nada pagam ao sistema de radiodifusão, mas a União sim — ou seja, nós!

Essa proposta de Henrique Fontana é uma das coisas mais vergonhosas que já passaram pelo Congresso! Mobilize-se! Proteste! Acione as redes sociais! Informe-se mais sobre o voto distrital. Se, hoje, a política já se confunde com um lupanar, Fontana quer que ela se torne o bordel dos aproveitadores sem rosto.

Voto Distrital neles! Precisamos de políticos que tenham cara! E uma cara só!

O "marxismo" de Nouriel Roubini: como o "islamismo" do Papa, ou seja, NADA

Vacas sagradas, ou seja, pessoas que ganharam uma fama exagerada -- por vezes indevida, involuntária, ou até imerecida -- ganham um bônus-extra para falar bobagens. Ou seja, passam a ter o direito de dizer besteiras algumas vezes, e ainda assim a imprensa repercutirá, em vários casos com admiração e até certa aura de conhecimento ou de sapiência.
Acontece aos melhores intelectuais, artistas, economistas e outras personalidades que vivem sob a atenção da mídia. Microfones, cameras estão sempre prontos a registrar suas palavras, e alguns chegam até a expressar admiração, não importa a bobagem manifesta...
Bem, Nouriel Roubini já teve seu momento de atenção ao decretar uma crise atrás da outra, e afinal acabou acertando uma ou duas.
Agora ele acha que Marx estava certo, ao falar das contradições do capitalismo.
Bem, eu também consigo falar das incertezas do tempo e terei 150% de chance de acertar. Ou se disser que vamos ter uma nova crise dentro de alguns anos.
Empatei com ele?
Não sei, mas vamos ler este artigo mais sensato...
Paulo Roberto de Almeida

A fama marxista em Wall Street
Samuel Brittan
Valor Econômico, 26 de Agosto de 2011

Em meio a quase todas crises periódicas que afetam as economias mercantis, erguem-se vozes dizendo que "No fim das contas, Marx estava certo". Alguns anos atrás, Nicolas Sarkozy foi visto empunhando uma cópia de "Das Capital", enquanto nas últimas semanas gurus financeiros, entre eles Nouriel Roubini e George Magnus, escreveram artigos com referências ao pensador comunista.

Quando a recuperação acontece, a grita se dissipa, apenas para ressurgir na vez seguinte em que ocorre uma contração brusca. A primeira coisa errada no slogan é que ele tem pouco a ver com Karl Marx. Lembro-me de uma senhora, sob outros aspectos uma profissional extremamente inteligente que, quando indagada sobre por que era marxista, respondeu: "Eu fiquei entediada com os amigos de meu pai".

Marx sofreu nas mãos não apenas dos que distorceram interesseiramente seu pensamento, mas de críticos que o identificaram com a ditadura de Stalin ou mesmo com o regime de Mao Tsetung. É, evidentemente, absurdo culpar Marx, que viveu de 1818 a 1883, pelos crimes cometidos décadas após sua morte. Na verdade, o grande homem disse certa vez: "Seja lá que outra coisa eu possa ser, não sou um marxista". Muitos analistas sérios têm escrito sobre o que Marx quis dizer ou deve ter desejado dizer. Não sou um deles e minha desculpa principal para dar minha própria opinião extremamente seletiva é que nunca demonizei nem adorei esse homem.

O aspecto de Marx que originalmente me intrigou foi sua divisão da história após o fim da Idade das Trevas: feudalismo, capitalismo, socialismo e comunismo. Por socialismo, Marx entendia algo semelhante a uma versão extrema da antiga quarta cláusula do Partido Trabalhista britânico, que contemplava a propriedade pública de todos os meios de produção, de distribuição e de trocas. Mas comunismo não implicava nada semelhante a seu significado posterior. Era uma utopia na qual um dia de trabalho curto proveria todas as necessidades da sociedade e as pessoas ficariam livres para "caçar de manhã, pescar à tarde e discutir filosofia à noite". A visão de uma sociedade assim reteve no campo marxista alguns idealistas que, do contrário, poderiam ter abandonado a causa.

O sistema produz um fluxo cada vez maior de bens e serviços que uma população empobrecida, proletarizada não tinha condições de adquirir. A recente explosão do crédito deve-se, em parte, à estagnação dos salários reais, o que estimulou as pessoas a tomar empréstimos.

Eu considerei essa visão mais interessante do que a abordagem típica de historiadores ingleses, segundo a qual o objeto de seu estudo era apenas uma coisa após outra.

Entretanto, há muitos problemas na versão marxista. Será que o capitalismo começou nas repúblicas da Itália no século XV ou ainda não tivera início em muitas regiões da Europa onde a Revolução Industrial não se firmou efetivamente até um momento bem avançado do século XIX? E o que dizer sobre a Rússia, que ainda não tivera uma revolução capitalista, mas onde Marx tinha um número surpreendente de discípulos? Isso começou a preocupá-lo no fim de sua vida, quando ponderou se a Rússia poderia passar diretamente ao socialismo.

A importância de Marx para muitos socialistas está no fato de que ele lhes disponibilizou, a um só tempo, uma análise moral devastadora sobre o capitalismo e a profecia de que o capitalismo estava fadado a perecer. Em sua análise, o trabalhador passava, digamos, 10 horas por dia produzindo para si e as outras duas horas para seu empregador. A diferença entre o custo do trabalho (inclusive o dispendido com insumos) e o preço final ficou conhecida como "mais-valia" e caracterizada como uma medida de "exploração". Isso é, de longe, excessivamente simplista. Em toda sociedade, o preço dos produtos deve exceder os custos do trabalho em diferentes montantes para assegurar uma margem para cobrir investimentos, impostos e muito mais. O verdadeiro argumento ético não é contra a existência de um retorno sobre o capital, mas de que a propriedade do capital seja tão altamente concentrada.

O que Marx quer dizer com "as contradições do capitalismo"? Basicamente, que o sistema produz um fluxo cada vez maior de bens e serviços que uma população empobrecida proletarizada não tinha condições de adquirir. Uns 20 anos atrás, após o desmoronamento do sistema soviético, isso teria soado fora de moda. Mas o argumento convida um outro olhar, na esteira do aumento da concentração de riqueza e de renda. Com efeito, um ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, Raghuram Rajan, atribuiu a recente explosão do crédito, em parte, à estagnação dos salários reais, o que estimulou as pessoas a tomar empréstimos.

Mas, mesmo que a análise esteja correta, o remédio está errado. A justificativa para uma redistribuição é ética. Se a única coisa de errado no capitalismo é insuficiente poder generalizado de compra, então, com certeza, o remédio é lançar dinheiro de helicópteros, conforme Milton Friedman. Para isso, não necessitamos tanto uma revolução política, mas sim intelectual, ou seja, a derrubada do fetiche do orçamento equilibrado.

Como sugere A J P Taylor em sua introdução do "Manifesto Comunista" (editora Penguin), o marxismo foi uma peculiaridade do mundo de língua alemã. Sua elaboração mais interessante veio de Rudolf Hilferding, um social-democrata austríaco cuja contribuição duradoura foi formulada em seu livro "Das Finanzkapital". Nele, Hilferding chamou a atenção para uma nova faceta sinistra, a ascensão de banqueiros e financistas por trás da crescente cartelização do sistema produtivo. Ele não previu a importância bem maior da massa de dinheiro artificial cruzando fronteiras, o que certamente é extremamente relevante, num momento em que os banqueiros centrais estão quebrando a cabeça sobre como reanimar a economia mundial.

Samuel Brittan é articulista do FT

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Addendum a propósito de um comentário:

Não partilho da opinião que intelectuais não são responsáveis pelo uso que fazem de suas ideias. São sim.

Tratei desta questão neste texto:
952. “Sobre a responsabilidade dos intelectuais: devemos cobrar-lhes os efeitos práticos de suas prescrições teóricas?”, Espaço Acadêmico (vol. 9, n. 105, fevereiro 2010, p. 149-159; ISSN: 1519-6186; link: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/9275/5252). Relação de Originais n. 2103.

MDIC muda norma de aplicação antidumping (para pior, suponho...)

MDIC muda norma de aplicação antidumping
DCI, 26/08/2011

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) irá alterar o decreto que regulamenta os procedimentos relativos à aplicação de medidas antidumping. A medida faz parte do esforço do governo para reforçar a área de defesa comercial. O MDIC publicará hoje, no Diário Oficial da União, portaria abrindo consulta pública para colher sugestões das entidades empresariais para a revisão da norma. O decreto tem mais de 15 anos e precisa ser adequado à realidade atual do comércio exterior.

Bem, digamos que a "realidade atual" do comércio exterior brasileiro seja de perda de competitividade dos produtos brasileiros e crescimento potencial, ainda que setorial (ou seja, não atingindo o agronegócio) da defasagem entre importações e exportações, com possível decréscimo do superávit na balança comercial e eventual surgimento de algum déficit no futuro mediato.
Vocês acham que isso se deve à tal de "concorrência predatória" de produtos importados (leia-se chineses) ou ao chamado "custo Brasil". O que os chineses (ou os americanos e europeus) têm a ver com a nossa absurda carga tributários, nossos juros elevadíssimos, com o peso da nossa burocracia infernal, com os enormes gastos públicos inúteis (quando não contaminados por desperdício e corrupção), com o déficit orçamentário, com as estrada esburacadas e o custo das comunicações, enfim por todas as mazelas made in Brazil?
Vocês acham que um antidumping reforçado, ou seja, protecionista, vai resolver algum desses problemas?
Ganha um livro quem me provar que sim...
Paulo Roberto de Almeida

O galã brega do Magreb e a dama de ferro do Imperio: ligações desamorosas...

Leio a manchete:

Kadafi escondia fotografias de Condoleezza Rice

Vejo a foto:
Sergey Ponomarev/AP
Álbum de fotos foi encontrado por rebeldes líbios ao entrarem no palácio de Muammar Kadafi

E fico imaginando como o ditador brega, com ar de Cauby Peixoto do deserto, imaginava coisas, no recesso de um de seus redutos secretos, em torno de sua admirada dama de ferro do império, quem sabe até pensando em afinidades extra-políticas e em vínculos perigosos.
Também fico pensando onde estará aquela "blonde plantureuse", a tal enfermeira ucraniana, que deveria dar de mamar ao ditador maluco em vista de seus atributos, digamos, portentosos...
Poupem a loira, rebeldes. Ela não tinha nada a ver com política...
Suas artes eram outras...
Paulo Roberto de Almeida

Kadafi escondia álbum de fotos de Condoleezza Rice em seu palácio
Efe, 26 de agosto de 2011 | 1h 04

Fotografias foram descobertas por rebeldes líbios; em entrevista cedida em 2007, líder líbio confessa se sentir orgulhoso por ela 'ser uma mulher negra de origem africana'

WASHINGTON - O líder líbio Muammar Kadafi escondia em seu palácio um álbum de fotos da ex-secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice.

A imprensa deu destaque na quinta-feira, 25, para as fotografias de um álbum descoberto pelos rebeldes líbios ao entrar no palácio que revela que a paixão de Kadafi por Condoleezza ia além das palavras que já havia dedicado a ela em público.

Em uma entrevista à rede de televisão Al Jazeera em 2007 - um ano antes da visita histórica que a chefe da diplomacia americana fez à Líbia-, Kadafi declarou sua admiração pela americana.

"Admiro a forma como se reclina e dá ordens aos líderes árabes... Leezza, Leezza, Leezza. Gosto muito dela. Me sinto orgulhoso porque ela é uma mulher negra de origem africana", disse o ditador na ocasião.

No álbum, que alguns meios de comunicação compararam aos que um adolescente guarda de seu ídolo musical, podem ser vistas fotografias oficiais de Rice em eventos públicos, algumas em primeiríssimo plano.

Perguntada sobre a coleção de fotos do líder líbio, a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland, reconheceu que não as viu, mas acredita que também não necessita fazê-lo "para definir como excêntrico e repulsivo o comportamento de Kadafi".

Em setembro de 2008, Condoleezza Rice realizou uma viagem oficial a Trípoli, a primeira de um secretário de Estado em 55 anos, depois que em 1953 o então titular desse cargo, John Foster Dulles, se encontrou com o rei líbio Idris.

Durante a visita, Kadafi rompeu o jejum do Ramadã para jantar com Condoleezza e presenteou a convidada com lembranças avaliadas em até US$ 212 mil.

Entre os presentes havia um anel com um diamante, um alaúde acompanhado de um DVD, um cadeado com uma foto de Kadafi no interior e uma cópia do "Livro Verde da Revolução" com uma dedicatória na qual o ditador expressava seu "respeito e admiração" por ela.

Muito mais discreta, Condoleezza entregou a Kadafi um prato com o selo dos EUA. Além disso, devido à estrita política do Departamento de Estado, a então secretária não pôde aceitar os presentes.

Segundo o jornal Huffington Post, Kadafi não é o único que tinha uma queda por Condoleezza: o ex-ministro de Relações Exteriores do Canadá, Peter McKay; o ex- ministro de Exteriores britânico, Jack Straw; e o ex-ministro de Relações Exteriores italiano, Massimo D'Alema, também sentiram mais que admiração pela política americana.

Reaganomics vs Obamanomics: a recuperacao e a "afundacao" - Wall Street Journal

OK, concordo, o Wall Street Journal é suspeito para comparar dois presidentes e duas crises. Afinal de contas, se trata do jornal mais desavergonhadamente capitalista que existe, o mais eloquente defensor da economia de mercado e de políticas liberais, o maior inimigo das "bondades" social-democratas que políticos (de diversas afiliações, aliás) adoram promover em nome do povo (e com o dinheiro do próprio, claro), enfim, o jornal mais conservador (alguns diriam reacionário) que possa haver no coração do capitalismo financeiro do império.
E, no entanto, se trata do jornal mais favorável à competição, ao jogo limpo dos governos, que não hesita em denunciar um "inside job" quando vê isso ocorrer na "indústria" de Wall Street, que proclama as virtudes do liberalismo puro e duro, que exalta os valores do trabalho e da acumulação, em face do distributivismo improdutivo, enfim, o jornal que defende seus princípios, e estes são, simplesmente, o capitalismo e a economia de mercado.
Sendo tudo isso, o jornal também é escrupulosamente partidário da verdade informativa, pela maior competição possível entre os meios de comunicação, tem uma rede de correspondentes e free lancers all over the world -- não esqueçamos de Daniel Pearl, que investigava a Al Qaeda no Paquistão, e que foi covardemente assassinado por terroristas imbecis -- e que não tem medo de defender esses princípios mesmo contra Washingron e metade de Wall Street.
Enfim, tudo isso para introduzir esta comparação feita por umn de seus editorialistas entre os resultados das políticas econômicas respectivas do presidente Reagan (1980-1988) e do presidente Barak Obama (2009-2012), ambos navegando em águas turbulentas, na sequência de crises herdadas de seus antecessores. A comparação pode ser um pouco forçada, mas, libertando-se das peias mentais, que colocam um no "neoliberalismo" (um conceito desonesto, idiota, simplifcador e que designa simplesmente uma realidade que não existe) e o outro numa suposta "economia do bem-estar", vale a pena deter-se nos números e nos resultados efetivos.

Bem, qual a lição que se deve tirar desse debate, ou que pelo menos eu tiro dessa leitura? Para mim, se trata da "vingança" de Jean-Baptiste Say contra John Maynard Keynes, ou seja, a preeminência da chamada "Lei de Say" -- a oferta cria sua própria demanda" -- sobre a suposta "lei" de Keynes, a tal de "manutenção da demanda agregada", que nada mais é do que o meu, o seu, o nosso dinheiro mal gasto pelo poder público para criar uma suposta demanda que vai "alimentar" a economia. Mas se o governo tira dinheiro dos cidadãos, como é que ele espera depois que esses mesmos cidadãos passem a comprar ou a investir? Os keynesianos não se conformam com a "manutenção da propensão a poupar" dos cidadãos e com a falta de "espírito animal" nos capitalistas, mas se esquecem que os governos fazem tudo o contrário do que deveriam fazer...
Paulo Roberto de Almeida
PS.: Não sei se o editorialista cometeu um erro de digitação no título, ou o próprio jornal, pois o título original era: "Obamanonics vs. Reaganomics"; corrigi "Obamanonics" para "Obamanomics", mas talvez a intenção do autor fosse mesmo de (des)caracterizar a economia política de Obama como uma "Obamanonics". Seja como for, o artigo é mais importante do que o título...

Obamanomics vs. Reaganomics
By STEPHEN MOORE
The Wall Street Journal, August 26, 2011

One program for recovery worked, and the other hasn't.

If you really want to light the fuse of a liberal Democrat, compare Barack Obama's economic performance after 30 months in office with that of Ronald Reagan. It's not at all flattering for Mr. Obama.

The two presidents have a lot in common. Both inherited an American economy in collapse. And both applied daring, expensive remedies. Mr. Reagan passed the biggest tax cut ever, combined with an agenda of deregulation, monetary restraint and spending controls. Mr. Obama, of course, has given us a $1 trillion spending stimulus.

By the end of the summer of Reagan's third year in office, the economy was soaring. The GDP growth rate was 5% and racing toward 7%, even 8% growth. In 1983 and '84 output was growing so fast the biggest worry was that the economy would "overheat." In the summer of 2011 we have an economy limping along at barely 1% growth and by some indications headed toward a "double-dip" recession. By the end of Reagan's first term, it was Morning in America. Today there is gloomy talk of America in its twilight.

My purpose here is not more Reagan idolatry, but to point out an incontrovertible truth: One program for recovery worked, and the other hasn't.

The Reagan philosophy was to incentivize production—i.e., the "supply side" of the economy—by lowering restraints on business expansion and investment. This was done by slashing marginal income tax rates, eliminating regulatory high hurdles, and reining in inflation with a tighter monetary policy.
Ronald Reagan talks taxes, 1981.

The Keynesians in the early 1980s assured us that the Reagan expansion would not and could not happen. Rapid growth with new jobs and falling rates of inflation (to 4% in 1983 from 13% in 1980) is an impossibility in Keynesian textbooks. If you increase demand, prices go up. If you increase supply—as Reagan did—prices go down.

The Godfather of the neo-Keynesians, Paul Samuelson, was the lead critic of the supposed follies of Reaganomics. He wrote in a 1980 Newsweek column that to slay the inflation monster would take "five to ten years of austerity," with unemployment of 8% or 9% and real output of "barely 1 or 2 percent." Reaganomics was routinely ridiculed in the media, especially in the 1982 recession. That was the year MIT economist Lester Thurow famously said, "The engines of economic growth have shut down here and across the globe, and they are likely to stay that way for years to come."

The economy would soon take flight for more than 80 consecutive months. Then the Reagan critics declared what they once thought couldn't work was actually a textbook Keynesian expansion fueled by budget deficits of $200 billion a year, or about 4%-5% of GDP.

Robert Reich, now at the University of California, Berkeley, explained that "The recession of 1981-82 was so severe that the bounce back has been vigorous." Paul Krugman wrote in 2004 that the Reagan boom was really nothing special because: "You see, rapid growth is normal when an economy is bouncing back from a deep slump."

Mr. Krugman was, for once, at least partly right. How could Reagan not look good after four years of Jimmy Carter's economic malpractice?

Fast-forward to today. Mr. Obama is running deficits of $1.3 trillion, or 8%-9% of GDP. If the Reagan deficits powered the '80s expansion, the Obama deficits—twice as large—should have the U.S. sprinting at Olympic speed.

The left has now embraced a new theory to explain why the Obama spending hasn't worked. The answer is contained in the book "This Time Is Different," by economists Carmen Reinhart and Kenneth Rogoff. Published in 2009, the book examines centuries of recessions and depressions world-wide. The authors conclude that it takes nations much longer—six years or more—to recover from financial crises and the popping of asset bubbles than from typical recessions.

In any case, what Reagan inherited was arguably a more severe financial crisis than what was dropped in Mr. Obama's lap. You don't believe it? From 1967 to 1982 stocks lost two-thirds of their value relative to inflation, according to a new report from Laffer Associates. That mass liquidation of wealth was a first-rate financial calamity. And tell me that 20% mortgage interest rates, as we saw in the 1970s, aren't indicative of a monetary-policy meltdown.

There is something that is genuinely different this time. It isn't the nature of the crisis Mr. Obama inherited, but the nature of his policy prescriptions. Reagan applied tax cuts and other policies that, yes, took the deficit to unchartered peacetime highs.

But that borrowing financed a remarkable and prolonged economic expansion and a victory against the Evil Empire in the Cold War. What exactly have Mr. Obama's deficits gotten us?

Mr. Moore is a member of the Journal's editorial board.

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