sábado, 17 de setembro de 2011

Brasil e China na governança global - seminario no CEBRI (março de 2010)

Por vezes "descubro" coisas antigas, que escrevi ou de que participei, e que são postadas em sites de terceiros.
Em março de 2010, o CEBRI organizou um seminário completo sobre:   

Brasil, China e a Arquitetura da Governança Global

Participei de um dos paineis, que estão nos videos 12 e 13, como linkados a seguir:
2) http://www.youtube.com/user/CEBRIonline#p/c/C7674495EDBCEBAB/12/_56MrAD5RgY

Série completa:

Seminário Brasil e China - Rio de Janeiro


História do Mercosul: origens e desenvolvimento - Paulo Roberto de Almeida


História do Mercosul: origens e desenvolvimento

Paulo Roberto de Almeida 


REVISTA ESPAÇO DA SOPHIA - Nº 43 - JULHO/SETEMBRO 2011

TRIMESTRAL - ANO V - VERSÃO ONLINE - ISSN 1981-318X

TRIMESTRAL - ANO V - VERSÃO IMPRESSA - ISSN 2179-9849

REVISTA CREDENCIADA PELO CNPQ / QUALIS

O Brasil e a nanotecnologia - Paulo Roberto de Almeida

Um texto de 2005, mas que conserva sua validade analítica...

O Brasil e a nanotecnologia: rumo à quarta revolução industrial 

Paulo Roberto de Almeida
Espaço Acadêmico (Maringá, a. VI, n. 52, set. 2005;

O mundo encontra-se no limiar de uma nova revolução industrial, ou melhor, ele já está, de fato, mergulhado nela: trata-se, obviamente, da transformação radical dos processos e produtos de nossa atual civilização industrial por meio da aplicação do infinitamente pequeno às mais diferentes utilidades da vida diária. Essa revolução é bem mais importante, e mais desafiadora, do que aquelas que presidiram ao domínio do homem sobre as forças da natureza nas três revoluções anteriores ou etapas precedentes de progressos materiais e tecnológicos desta nossa civilização industrial.
Com efeito, a primeira revolução industrial, iniciada na Grã-Bretanha há pouco mais de dois séculos, assistiu à transformação da energia em força mecânica, sob a forma de caldeiras e máquinas a vapor, o que redundou, entre outros avanços materiais, no impulso dado às indústrias manufatureiras (com destaque para o setor têxtil) e aos transportes aquaviários e ferroviários. Ao mesmo tempo, começou a funcionar o primeiro instrumento verdadeiramente universal de comunicação quase instantânea, o telégrafo (ainda funcionando à base de fios e de cabos submarinos), que representou uma espécie de internet da era vitoriana. Já na segunda revolução industrial, um século após, o destaque ficou com a eletricidade e a química, resultando em novos tipos de motores (elétricos e à explosão), em novos materiais e processos inéditos de fabricação, paralelamente ao surgimento das grandes empresas (algumas vezes organizadas em cartéis), do telégrafo sem fio e, logo mais adiante, do rádio, difundindo instantaneamente a informação pelos ares. A terceira revolução industrial, nossa contemporânea por sua vez, mobilizou circuitos eletrônicos e, logo em seguida, os circuitos integrados, os famosos microchips, que transformaram irremediavelmente as formas de comunicação e de informação, com a explosão da internet e do comércio eletrônico e voltada crescentemente para o lazer.
A quarta revolução industrial, na qual estamos ingressando neste momento histórico, mobiliza, fundamentalmente, as ciências da vida, sob a forma da biotecnologia, bem como uma gama multidisciplinar de ciências exatas e cognitivas que responde pelo nome de nanociência. Esta, por sua vez, se confunde praticamente com suas materializações práticas, sob a forma da nanotecnologia. Desde várias décadas, senão há mais de um século, os cientistas tentam domar o infinitamente pequeno, plenamente conscientes de que é ao nível das moléculas, das partículas e dos átomos que se joga parte importante do jogo da vida e da própria composição e funcionamento do infinitamente grande, isto é, do universo. Essa busca resultou em enormes avanços científicos e materiais para a humanidade, assim como no deslanchar de forças que chegaram a ameaçar a própria sobrevivência da civilização sobre o planeta, tanto sob a forma do holocausto nuclear como na perspectiva de uma guerra biológica ou química.
Agora, quando os novos equilíbrios estratégicos e a diminuição das tensões permitida pela relativa convergência de valores e de sistemas econômico-sociais atribuem um sentido positivo às pesquisas científicas nas áreas da energia atômica, dos novos materiais, dos elementos químicos e da biologia, as possibilidades abertas pela inovação tecnológica e pela cooperação internacional nessas áreas de fronteira do conhecimento humano abrem um potencial imenso de realizações, para a humanidade em geral, e também para o Brasil.
O Brasil logrou, com efeito, construir um sistema de ciência e tecnologia que se caracteriza pela quase excelência, do ponto de vista dos padrões conhecidos nos países em desenvolvimento, inclusive não ficando a dever, em certas áreas de pesquisa, quase nada aos países desenvolvidos. O desempenho do Brasil é menos satisfatório no que se refere à transposição das descobertas, inovações e resultados do saber científico para o campo da pesquisa aplicada e no terreno prático de suas derivações tecnológicas e industriais mais imediatas. Ambas as insuficiências resultam de uma deficiente cultura patentária e de um preconceito ainda latente na academia ‑ felizmente cada vez mais residual ‑ contra aplicações instrumentais ou “utilitárias” da pesquisa científica. Ainda assim, pode-se dizer que os resultados já alcançados nessa área, inclusive a partir da “marcha forçada” em direção dos últimos gargalos nos ramos intermediários e de insumos, bem como os investimentos estatais em alguns setores de ponta, oportunamente revertidos ao setor privado, permitem classificar o Brasil como uma economia industrializada e plenamente inserida na terceira revolução industrial.
Mas, esse “acabamento” relativamente satisfatório do processo industrializador no Brasil pode doravante estar sendo ameaçado, justamente, pelos novos processos, métodos e materiais inéditos que estão emergindo como resultado da revolução da nanociência e da nanotecnologia aplicadas ao complexo e diversificado setor industrial ou manufatureiro. De fato, a nanociência permite, impulsiona e praticamente obriga à geração de conhecimentos avançados, que se revelam convergentes em vários setores da arte e do engenho humanos, em biotecnologia, nos novos materiais, na instrumentação técnica, assim como nas próprias formas de organização social da produção e do trabalho humano. A nanotecnologia, por sua vez, leva, quase que naturalmente, ao surgimento de novos ramos industriais e de novos mercados que, ao configurarem um novo padrão, superior, de produção fabril e manufatureira, não tardarão a se impor, doravante, como a mais nova fronteira da civilização industrial, um paradigma incontornável de concepção, desenho e fabricação de novos produtos e insumos que modificarão, de forma substancial e irremediavelmente, as características da sociedade atual.
As tendências que já apontam para uma situação de ruptura tecnológica e de mudança profunda na configuração de procedimentos industriais afetarão a produtividade relativa das indústrias, o jogo das vantagens comparativas entre os países, bem como a própria composição do comércio internacional, condenando os países que não se alinharem aos novos padrões a perdas gradativas de competitividade ou até mesmo à esclerose precoce de parques industriais inteiros. Não há nenhum exagero na afirmação precedente: o lado científico e, a fortiori, o lado prático da nanotecnologia chegaram para alterar definitivamente velhos padrões industriais e correntes tradicionais de comércio internacional. Uma coisa precisa ficar clara, desde já: os países que não se decidirem por incorporar, por adotar ou que, simplesmente, não se adaptarem ao novo paradigma correm o sério risco de serem alijados dessa nova face da civilização industrial emergente.
Trata-se, portanto, de uma questão de sobrevivência e de preservação dos níveis de bem-estar. Não se deve estranhar, assim, que os níveis de investimentos financeiros nessa área, tanto em países desenvolvidos (como EUA, Alemanha e França), como em países em desenvolvimento (com destaque para a China, Índia e Coréia), sejam, desde já, significativos e crescentes. As perspectivas, de certa forma, são comensuráveis com as altas expectativas de mercado para produtos da nanotecnologia: cerca de 1 trilhão de dólares nos próximos 10 a 15 anos, com a possibilidade, segundo estimativas, de que o Brasil ocupe talvez 1% deste faturamento.
Essa personagem central da nova revolução industrial de nosso tempo, que é a nanotecnologia, apresenta a potencialidade de acoplar e introduzir novas sinergias ao esforço brasileiro de desenvolvimento econômico, científico e tecnológico. Existem, claramente, oportunidades abertas ao Brasil, enquanto economia que possui uma competência identificada (ainda que não de forma inteiramente sistemática) numa área que vai modificar de forma irremediável o padrão de desenvolvimento industrial e tecnológico no futuro próximo. (...) O Brasil possui pequeno (mas ativo) número de universidades ocupadas nessa nova área de conhecimento. Duas universidades brasileiras, a USP e a Unicamp, respondem por cerca da metade da produção científica publicada em nanotecnologia, seguidas em quase igualdade de condições pela Universidade Federal de São Carlos, pela UFMG e pela UnB.

A gama de atividades classificadas como nanotecnologia cobre áreas de pesquisa tradicionais como a química e a física, chegando às atividades que envolvem ciências dos materiais, biotecnologia, etc., o que demonstra o caráter altamente abrangente da nanociência e da nanotecnologia (N&N). De fato, uma das particularidades da N&N é que ela requer competências científicas com os mais variados horizontes. A N&N sendo uma área altamente interdisciplinar não permite que se tenha uma idéia exata dos aspectos relacionados a cada uma das disciplinas implicadas. Como todas as áreas, ela está baseada em noções fundamentais conhecidas dos cientistas e engenheiros. Aliás, a separação entre nanociência e nanotecnologia não tem nenhum significado na prática: é exatamente por esta razão que na maioria do tempo o termo nanotecnologia acaba por recobrir nanociência.
Todos os países inovadores estabeleceram e apóiam ativamente programas de nanotecnologia, com orçamentos crescentes e do mesmo nível que a biotecnologia, tecnologias da informação e meio ambiente. Os programas de nanotecnologia analisados estão vinculados às estratégias nacionais de desenvolvimento econômico e de competitividade e todos têm alvos econômicos definidos. Todos os setores industriais estão desenvolvendo produtos nanotecnológicos, embora algumas empresas optem por não identificá-los como tal, por razões, provavelmente, de imagem pública, ou talvez para diminuir resistências do tipo das que se manifestaram em relação a produtos da biotecnologia.
O crescimento previsto pelos especialistas para os mercados de produtos nanotecnológicos é muito superior ao crescimento de outros mercados dinâmicos, como o de computadores e telefones celulares. Estima-se que as aplicações de nanotecnologia e as que estarão atingindo os mercados nos próximos anos são evolucionárias, mais do que revolucionárias, estando concentradas nas áreas de determinação de propriedades de materiais, produção química, manufatura de precisão e computação. Não existe, no momento, nenhuma possibilidade razoavelmente definida para o uso de nanomáquinas capazes de fabricar materiais montando-os átomo por átomo. Apesar delas ocuparem espaço na imaginação de escritores, elas não estão nas cogitações de estrategistas das empresas inovadoras a não ser nas formas de síntese química/bioquímica e auto-organização. No entanto, é muito provável o aparecimento – praticamente inevitável ‑ de aplicações revolucionárias da nanotecnologia, a médio e longo prazo.

Paulo Roberto de Almeida
[23 de agosto de 2005]

Proliferadores deliberados: amigos iranianos...


EDITORIAL

Tehran’s Ambitions

Five years after the United Nations Security Council ordered it to halt, Iran is still enriching uranium and refusing to come clean about its nuclear program. Tehran is clearly hoping the world will either forget or acquiesce. That would be very dangerous.

Related

The latest report from the International Atomic Energy Agency is a chilling reminder of both the scale of Iran’s nuclear ambitions and the lengths it will go to cover up the truth. The agency expressed strong concern about Iran’s “past or current undisclosed nuclear related activities” with “possible military dimensions.”
It also said Iran had greatly increased production of uranium to 20 percent purity instead of the 3.5 percent purity normally used to fuel nuclear power plants. That is a significant step closer to the 90 percent threshold required to make nuclear weapons fuel. Tehran says it wants the stockpile for its medical research reactor but the amount is far more than needed and another reason to be suspicious. Meanwhile, Tehran announced that it is moving its production of higher-grade uranium to a heavily defended underground military site outside the city of Qum.
Iran selectively cooperates with the atomic agency’s inspectors — usually when it is eager to deflect international heat — and last month gave a senior official access to many facilities. But the agency says many questions remain unanswered and it still cannot verify that the program is peaceful. The only good news is that Iran’s program is not advancing as fast as many feared, as a result of the Stuxnet computer worm and sanctions that make it harder for Tehran to import needed materials.
Moscow — Tehran’s longtime trading partner and enabler — now seems determined to let up on the pressure. Russian officials have proposed a “step by step” negotiating approach under which Iran would address outstanding questions and be rewarded with a lifting of sanctions. We do not know all the details but experts say the emphasis seems to be more on lifting sanctions and less on persuading Iran to curtail its nuclear efforts. The atomic agency, under Mohamed ElBaradei, tried a similar approach and got too little from Tehran, while Iran got more time to crank out more enriched uranium.
We’re not sure any mix of sanctions and inducements can work. We are sure that less pressure will guarantee that Iran will keep pushing its nuclear program ahead. The United States and its allies should go back to the Security Council and argue for even tougher punishments — it has been 15 months since the last round of sanctions. That is the only chance of getting Tehran’s attention.

Preventive strike: a doutrina oficial americana

Sem medo de atacar primeiro...
Paulo Roberto de Almeida 

U.S. Will Hit Al-Qaeda Beyond ‘Hot Battlefields,’ Brennan Says
Bloomberg News, September 16, 2011 

The U.S. has the right to strike terrorists in other sovereign countries beyond “hot battlefields” such as Afghanistan, said John Brennan, President Barack Obama’s top counterterrorism adviser.
“Because we are engaged in an armed conflict with al- Qaeda, the United States takes the legal position that, in accordance with international law, we have the authority to take action against al-Qaeda and its associated forces without doing a separate self-defense analysis each time,” Brennan said in prepared remarks delivered today to a conference at Harvard Law School in Cambridge, Massachusetts.
“We reserve the right to take unilateral action if or when other governments are unwilling or unable to take the necessary actions themselves,” he said.
Brennan’s address comes a little more than four months after U.S. forces killed al-Qaeda founder Osama bin Laden in Pakistan, and as experts inside and outside the Obama administration debate what limits the U.S. should have in killing lower-ranking al-Qaeda operatives in areas of the Middle East and North Africa. The U.S. has conducted strikes against al-Qaeda targets using drones from Pakistan to Yemen and Somalia.
“The United States does not view our authority to use military force against al-Qaeda as being restricted solely to ’hot’ battlefields like Afghanistan,” Brennan said.

Imminent Threats
Some U.S. allies and “others in the international community” disagree with the stance, arguing that action can only be taken in response to an imminent threat, Brennan said.
“Practically speaking, then, the question turns principally on how you define ‘imminence,” he said.
Brennan said because al-Qaeda doesn’t have a traditional force structure or present a threat as a nation-state might, such as massed troops at a border, the concept of imminence “should be broadened.” Increasing numbers of U.S. partners have begun to recognize that, he said.
Because of the need for cooperation in battling terrorists, “the more our views and our allies’ views on these questions converge, without constraining our flexibility, the safer we will be as a country, Brennan, 55, said.
The conference was titled ‘Law, Security and Liberty after 9/11.” In his remarks, Brennan also said that U.S. policy on detention and interrogation must adhere to legal norms.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...