segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Tudo verdade? Visitas ao blog Diplomatizzando...

Faz tempo -- por motivos de viagem -- que não me ocupo da cozinha deste blog, ou seja, dos assuntos domésticos, de organização, apresentação (continua horrível, eu sei), manutenção, melhoria, serviços adicionais, milhagens, etc...
De vez em quando, por puro acaso -- e por falta de tempo para cuidar dos temas "internos"-- caio na visão geral do blog e nas suas estatísticas, acessíveis facilmente pelo Blogger, mas nunca encontro tempo para fazê-lo.
Vejamos o que anda aparecendo por aí, e quase não creio no que vejo: mais de 1.400 visitas por dia??!! Como é possível??!! Tanta gente assim passa por aqui?
E ninguém paga pedágio?
Como é que vou manter as despesas fixas, o serviço de café, o copyright das ilustrações, etc?
Tenho de pagar por tudo isso? Ou não? Tudo free lunch? Asi no más?
Será que tudo isso é verdade? Ou apenas tricheries (ou trickeries) do Blogspot?
E os visitantes continuam se interessando por entrar na carreira?
Mesmo com tanto sangue na Síria e o Brasil em cima do muro?
Bem, vamos ao que interessa:
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Barao, Cem Anos: exemplo duradouro - Rubens Ricupero (FSP)


O refundador da diplomacia
Rubens Ricupero
Folha de S. Paulo, segunda-feira, 6 de Fevereiro de 2012

Quando se detectam laivos de arrogância no Brasil, convém voltar ao exemplo do barão do Rio Branco

A maior contribuição de Rio Branco não foi haver assegurado ao Brasil 900.000 km² de território. Foi obter esse resultado sem disparar um tiro, imprimindo à diplomacia brasileira duradouro caráter pacífico.

Se estamos prestes a completar 142 anos de paz ininterrupta com dez vizinhos (que já foram 11), isso se deve à maneira pela qual se processou a definição do patrimônio territorial.

O ato fundador da política externa de um país é traçar no terreno o espaço da soberania. Quando a definição se faz por conquista e guerra, a herança de rancor e antagonismo perdura às vezes para sempre. Países de passado imperial como a Rússia são condenados a viver quase em permanente estado de tensão e beligerância em relação aos seus vizinhos.

Rio Branco morreu em 10 de fevereiro de 1912, um século atrás. Tinha apenas 20 anos quando começou a Guerra do Paraguai, conflito sobre o qual escreveu extensamente. Compreendeu então que "o recurso à guerra é sempre desgraçado". Da mesma forma que o barão de Cotegipe, poderia ter exclamado: "Maldita guerra! Vai nos atrasar 50 anos!".

Embora o Brasil tivesse saído vencedor, a guerra foi interminável e cruenta, deixando sequelas como a "questão militar", que enfraqueceram a monarquia e acabaram por levá-la à ruína. Seu impacto sobre a geração de Rio Branco e Joaquim Nabuco explica a opção que fizeram pela diplomacia e pelo direito para resolver conflitos.

Rio Branco desejava um Brasil forte e capaz de se defender de agressões. Não partilhava, porém, do fascínio pela força de seus contemporâneos -Bismarck, Theodore Roosevelt-, que conduziria à catástrofe da Primeira Guerra Mundial dois anos após sua morte. Embora valorizasse a herança da diplomacia do Império, considerava encerrada a orientação que, desde 1850, levara o país a envolver-se em sucessivos conflitos no Prata.

Foi o refundador e, a rigor, o criador da política externa contemporânea, ao modernizar o Itamaraty e deslocar o eixo da diplomacia de Londres para Washington, o centro do poder emergente da época. Soube usar a influência dos EUA em favor dos interesses brasileiros.

Antecipou o que hoje se chama de poder inteligente ("smart power") ao empregar a erudição histórica para triunfar nas arbitragens. Em outros casos, como o do Acre, mostrou-se mestre do moderno conceito de poder brando ("soft power") ao dosar concessões, trocas de território e compensações financeiras para evitar guerra de conquista. Liquidados os contenciosos de limites, pôde lançar as bases da unidade sul-americana com o Pacto do ABC (Argentina, Brasil e Chile).

No momento em que se começa às vezes a detectar no comportamento brasileiro laivos de recém-adquirida arrogância, convém voltar ao exemplo de equilíbrio e moderação do barão. Comentando a possibilidade de que países latino-americanos pudessem ceder à loucura das hegemonias e da prepotência, dizia ele que o Brasil do futuro continuaria a confiar na força do direito. E saberia conquistar "pela sua cordura, desinteresse e amor da Justiça a consideração e o afeto dos povos vizinhos, em cuja vida interna se absterá de intervir".

Neomalthusianos e keynesianos atrasados? So pode ser o Brasil...

Um debate em curso, que começou com esta postagem no blog do Mansueto Almeida, e que espero se prolongue nas próximas semanas...
Paulo Roberto de Almeida 

Sinceramente, eu já havia esquecido o artigo do economista André Lara Resende sobre a tese que consumo mundial está no seu limite e que, assim, seria tolice tentar superar a crise atual com politicas keynesianas para estimular o crescimento que, inevitavelmente, levariam ao aumento do consumo, aumento dos preços dos alimentos e a uma nova crise.
O economista escreveu sobre isso no Valor Econômico (clique aqui) e neste final de semana deu entrevista ao jornal O Globo (clique aqui). No seu artigo no jornal Valor Econômico, o economista fala que: “A crise de 2008, que insiste em não terminar, pode não ser apenas mais uma crise cíclica das economias modernas, sempre ameaçadas pela insuficiência de demanda. É possível que o prazo de validade do remédio keynesiano tenha se esgotado. Não há mais como contar com o crescimento da demanda de bens materiais para crescer. O crescimento pode não ser mais a opção de saída para a crise”.
Não tive tempo ainda de ler o livro “The Great Disruption” de Paul Gilding que Lara Resende cita e que parece contar também com a simpatia do jornalista Thomas Friedman do “The New York Times” (clique aqui). Mas confesso que acho essas teses pessimistas difícil de engolir.
Não discordo da tese que um crescimento muito rápido dos países emergentes poderia ocasionar um aumento do consumo, piorar o efeito estufa e até ocasionar um forte crescimento dos preços dos alimentos e de outras commodities. Mas daí inferir que chegamos no limite do consumo é ter pouca fé no progresso tecnológico e no aumento de produtividade (com efeitos incertos sobre os preços) que resultaria desse maior progresso.
Assim, enquanto o dia final não chega, seria melhor pensarmos em como superar atual crise ao invés de acreditar muito nessas teses neo-malthusianas.

===============


Meu comentário (PRA):

De fato, o malthusianismo voltou com força, alguns até o chamando de neomalthusianismo -- como no caso dos ecologistas que alertam contra a ameaça de escassez de recursos naturais, energia, etc -- mas se trata da mesma reação paranóica, irracional e totalmente desmentida pela história econômica e pelo desenvolvimento tecnológico.
Incrível é que um economista do porte do Lara Rezende caia nessa história, ainda que ele pretenda fazer uma crítica do keynesianismo aplicado.
Na verdade, não há nada de muito sofisticado na prática dos governos (os europeus pelas últimas décadas) insistirem no crescimento via estímulo ao consumo: todos os políticos -- que são demagogos, por definição -- fazem isso, até o limite do possível. Depois, quando chega a hora do ajuste de contas, se entra em um período recessivo e de contenção fiscal. Nada que não seja contradito mais adiante por novas políticas expansionistas, até a repetição infindável desse ciclo de políticas social-democráticas e de ajustes ortodoxos, alternadamente.
O caso atual é um pouco mais complexo, pois a irrupção da China obriga a uma nova e importante redistribuição mundial de polos de produção, com inevitáveis consequências na repartição mundial do trabalho.
Ou seja, o atual ciclo obrigará não apenas a um ajuste de políticas macroeconômicas mas também a importantes mudanças estruturais e locacionais. Se quisermos algo parecido, em escala macrohistórica, se deve referir às invasões bárbaras no apogeu do império romano, que alteraram profundamente o panorama econômico até então vivido sob a dominância mediterrânea, quase toda a Europa ocidental e boa parte do Oriente Médio.
Mas, ao contrário dos dez séculos de fragmentação econômica que tivemos na Idade Média, vamos ter séculos de integração capitalista, com todo o seu lote de bondades e desigualdades estruturais que é possível esperar.
O Brasil, por enquanto, é semiperiferia nesse jogo, que vai ter China (Ásia, com Japão, Coreia, Asean e outros dinâmicos participando da grande economia da bacia asiática, incluindo os americanos do Pacífico, do Alasca ao Chile), a Europa e os EUA como protagonistas principais.
Nossos políticos simplesmente não possuem capacidade mental para fazer o país participar da grande estratégia da globalização capitalista, por isso mesmo permaneceremos nas fímbrias do sistema.
Enfim, a China também permaneceu nessa condição por dois séculos, até conseguir se levantar de seu torpor, após os desastres da era do maoismo delirante. Nós estamos reproduzindo o que de pior a Argentina fez durante décadas (e que ainda não terminou de praticar) e que deve atrasar ainda mais o Brasil nas próximas décadas: introversão econômica, protecionismo comercial, stalinismo industrial, obscurantismo educacional.
Não sou totalmente pessimista, apenas moderadamente no caso do crescimento econômico -- vamos continuar crescendo lentamente, puxados em parte pela China, em parte pelo mercado interno -- mas absoluta e totalmente no plano educacional, o que nos fará perder a oportunidade de ter significativos ganhos de produtividade para enfrentar o fim do bonus demográfico mais adiante.
Esperemos que pessoas mais lúcidas do que a atual geração de políticos ascendam ao poder ainda nesta década, que promete ser moderadamente perdida.
Paulo Roberto de Almeida 
(Paris, 6/022012)

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