sábado, 21 de julho de 2012

Revista Seculo XXI - ESPM (RS) - Chamada de artigos

(Reproduzido do boletim Mundorama):




A Revista Século XXI, publicada pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de Porto Alegre informa chamada de artigos para o dossiê sobre Oriente Médio, como se vê nas instruções abaixo:
  • A Século XXI: Revista de Relações Internacionais é semestral e está dividida em três seções: Dossiê; Artigos Científicos (temas variados); Resenhas.
  • As contribuições serão recebidas em fluxo contínuo, através do e-mail: revistaseculo21@espm.br.  As datas para recebimento se restringem apenas aos artigos que irão compor a seção dossiê.  A próxima edição terá como tema Oriente Médio, a data limite para a seção dossiê é 30 de setembro.
  • O limite para o artigo é de 20 páginas e para a resenha é de 5 páginas, digitados em Word for Windows, com fonte Times New Roman, tamanho 12, entrelinhamento médio (espaço 1,5), com justificativa no final da linha.
  • As contribuições devem vir acompanhadas de: 3 palavras-chave em português e 3 key words em inglês; Título em português e em inglês; Resumo em português e Abstract em inglês, ambos com no máximo 10 linhas. Caso o idioma de submissão seja diferente do português, as contribuições também devem apresentar 3 palavras-chave, Título e Resumo na língua original de elaboração do trabalho e em português.
  • As notas de rodapé restringem-se a esclarecimentos adicionais ao texto.
  • A bibliografia deve ser citada de acordo com o sistema Chicago (Autor, data), referenciando a literatura citada ao final do texto.
  • No caso de resenhas bibliográficas, devem ser informados os dados completos e o ISBN da obra analisada.
  • As contribuições devem ser inéditas e podem ser submetidas em português, inglês ou espanhol.
  • As contribuições devem conter o nome completo do autor, sua titulação, filiação institucional (com o nome completo da instituição) e e-mail para contato.
  • O completo preenchimento, pelo(s) autor(es), do formulário de submissão do artigo é imprescindível.
  • Admite-se a publicação de mestrandos desde que em parceria com um professor orientador titulado, que constará como autor principal do trabalho.

Historia do Brasil Nacao, vol. I - Alberto da Costa e Silva

Capa


Livro: Crise Colonial e Independência: 1808-1830
Autor(es): Alberto da Costa e Silva e outros
Editora: Editora Objetiva
Ano: 2011
N.º Páginas: 256

Primeiro volume da coleção História do Brasil Nação: 1808-2010, Crise Colonial e Independência: 1808-1830 reúne textos inéditos de Alberto da Costa e Silva, Lúcia Bastos Pereira das Neves, Rubens Ricupero, Jorge Caldeira e Lilia Moritz Schwarcz, sob a coordenação de Alberto da Costa e Silva.
A coleção História do Brasil Nação: 1808-2010 será composta de seis volumes. Dirigida pela antropóloga, historiadora, escritora e editora Lilia Moritz Schwarcz, a obra faz parte de um projeto de amplitude ibero-americana chamado América Latina na História Contemporânea. Idealizado em parceria com a FUNDACIÓN MAPFRE e o Grupo Santillana (presente no Brasil através da Editora Objetiva), o projeto já conta até o momento com a publicação de coleções em dez países. Todas apresentam uma reflexão, por meio de textos e imagens, sobre a trajetória dos países da América Latina nos últimos duzentos anos em diversos aspectos, que abrangem população e sociedade, política, economia, cultura e relações internacionais.
História do Brasil Nação: 1808-2010 propõe não só uma leitura sintética e reflexiva sobre a história do Brasil, como também proporciona as chaves para o estudo da história comparada da América Latina, na qual o papel do único país de língua portuguesa nas Américas é fundamental. A história do Brasil - cujo nascimento como nação independente se enquadra nos complexos processos de transformação política, conhecidos pela historiografia atual como "revoluções atlânticas" - percorreu uma trajetória paralela a de seus vizinhos na América do Sul, o que, entretanto, não se refletiu em uma interação profunda entre o Brasil e os demais países latino-americanos de língua espanhola.
Embora elaborada por especialistas qualificados, a coleção pretende transcender os círculos acadêmicos especializados, para alcançar um público mais amplo. Para tal, se prestou especial atenção tanto na estrutura, como na natureza do texto e no próprio conteúdo da obra.
Sobre a coleção brasileira
Uma das características mais distintivas do projeto internacional é o fato de cada país ter elaborado e conduzido de maneira autônoma a produção de sua coleção. Apesar de todos os envolvidos seguirem uma estrutura básica que privilegia a visão de conjunto e comparativa, no Brasil a coleção se distingue por oferecer uma visão sintética, mas ao mesmo tempo rigorosa, dos grandes acontecimentos e processos históricos que marcaram a trajetória do país a partir do início do século XIX.
Alberto da Costa e Silva, José Murilo de Carvalho, Lilia Moritz Schwarcz, Angela de Castro Gomes e Daniel Aarão Reis assinam a coordenação dos cinco volumes históricos. Boris Kossoy, Lilia Schwarcz e Vladimir Sachetta são responsáveis pelo volume de fotografia e pela exposição que será apresentada em São Paulo e no Rio de Janeiro. Lúcia Garcia está à frente da pesquisa iconográfica e secretaria do projeto.
Tal como nos demais países, a coleção conta com a supervisão de conselho editorial reunido sob a direção de Pablo Jiménez Burillo e coordenação de Javier J. Bravo García. Os livros brasileiros dispõem de projeto gráfico original, de autoria de Victor Burton, além de incluírem farta iconografia no miolo dos livros e caderno de imagens colorido, ao final.
O primeiro volume da coleção, lançado agora em setembro de 2011, tem coordenação de Alberto da Costa e Silva. O volume 2, sob coordenação de José Murilo de Carvalho, chega às livrarias em fevereiro de 2012; o volume 3, sob coordenação de Lilia Moritz Schwarcz, em julho de 2012, juntamente com o volume A História do Brasil através da fotografia (que contará com 350 documentos que recobrirão desde os anos 1850 até a primeira eleição de Lula) e conta com a coordenação de Boris Kossoy. Finalmente, os volumes 4 e 5, sob coordenação de Angela de Castro Gomes e Daniel Aarão Reis, respectivamente, sairão em outubro de 2012 e março de 2013. A coleção estará, assim, completa e à disposição do público brasileiro até o primeiro trimestre de 2013. Em seguida, será toda vertida para o espanhol, de maneira a facilitar sua circulação pela América Latina.

(Texto da Editora Objetiva, de agosto de 2011)

Fausto e a Liberdade de Espírito - Paulo Roberto de Almeida


Fausto e a Liberdade de Espírito

Paulo Roberto de Almeida

Interrompi a leitura que fazia, no voo que me trouxe de volta de Curitiba a Brasília, de um romance de Carlos Ruiz Zafón, O Jogo do Anjo (em uma versão francesa), para refletir sobre uma passagem, ao final do primeiro sexto do livro, quando o “herói” da história, David Martin, encontra aquele que eu identifiquei imediatamente como sendo um personagem faustiano. Não tenho certeza quanto a isso, pois justamente interrompi no ato a leitura, para tomar do meu Moleskine e escrever este pequeno texto; mas tudo leva a crer que o jovem escritor de Barcelona, do início do século XX, está no limiar de concluir um pacto faustiano, enredo bastante conhecido na literatura clássica, desde antes de Goethe, e bastante imitado no teatro e no cinema.
Retomarei o livro depois, mas a reflexão que quero fazer tem a ver com a liberdade de espírito, o contrário, portanto, do contrato mefistofélico que alguns fazem em busca da glória, do poder, do dinheiro, do amor, ou de qualquer outra coisa que possa ser valorizada além e acima da própria liberdade, inclusive a vida eterna. O pacto faustiano é suficientemente conhecido para que eu necessite explicá-lo neste pequeno texto, tanto porque a intenção, como dito, é tratar do outro lado da questão, ou seja, a preservação da plena liberdade de espírito e do total controle sobre si mesmo, a despeito e em face de tentações externas e de desejos internos para alcançar objetivos ou situações de conforto e prazer individual, desde que se proceda à cessão de direitos sobre o próprio destino.
Mas o que o pacto faustiano, uma imagem puramente literária, tem a ver com esta minha reflexão a partir da leitura incompleta de um romance, ou de apenas uma sugestão retirada do citado livro de Zafón? Acredito que existam muitos elementos para reflexão, sobretudo porque, no decurso de uma vida qualquer, sem que algum diabo apareça, somos todos levados, mais cedo ou mais tarde, a concluir pequenos (ou grandes, segundo os casos) pactos faustianos, quase todos os dias, e isso sem nenhuma glória literária. Estamos sempre entrando em compromissos duvidosos, no trabalho, na escola, em família ou até com nós mesmos. Parece exagerado dizer isso, mas existem muitas probabilidades de que isso ocorra, inclusive para pessoas que sonham ou creem ser livres.
Esses compromissos são pequenas concessões que fazemos para uma boa convivência social, gestos ou palavras anódinos, não necessariamente hipócritas, mas sempre acomodatícios; são também todas as mesuras e cuidados que tomamos para melhorar uma existência que já pode ser boa, mas que poderia ser “perfeita” se pudéssemos dispor do acordo de ocasião, ou a combinação permanente que parece aproximar essa vida do ideal sonhado por quase todos nós: a situação de equilíbrio estável entre o prazer e o conforto, que desejamos constante, a partir de algum “contrato” dessa espécie.
A liberdade de espírito se encontra, precisamente, na recusa dos compromissos que vão além dos pequenos gestos da vida cotidiana, de ces petits riens dos quais falava um chansonnier francês. Ela significa manter uma integridade moral, em face de apelos (ocasionais ou frequentes) em prol de alguma causa ou de objetivos que não são os nossos, mas os de algum capeta “virtual”; este (pode acontecer) somos nós mesmos e nosso eterno desejo de superar barreiras e dificuldades que se interpõem na busca da glória, poder e riqueza, e que encontramos, quase todos os dias, em nossa caminhada existencial.
O que pode tolher nossa liberdade de espírito? A lista é enorme: o se mostrar condescendente com as pequenas trapaças da vida; o concordar com uma opinião ou argumento manifestamente absurdo, mas com os quais assentimos em função de quem os expede; a leniência em face das mentiras dos poderosos e a complacência com as hipocrisias dos nossos iguais. A renúncia a ter um pensamento próprio, numa situação corporativa qualquer, também pode configurar um inaceitável cerceamento da liberdade de espírito, ou, se quiser, do livre arbítrio.
Mas, existe livre arbítrio em sociedade? É possível preservar sua total liberdade de espírito quando se é empregado, assalariado ou dependente, quando se assume uma relação contratual, enfim, quando não possuímos os atributos dos divinos e poderosos? De fato, é difícil falar em liberdade de espírito quando não se nasceu ungido pelo sopro da divindade e quando precisamos disputar nosso pão cotidiano numa situação qualquer de trabalho para outrem. E, aparentemente, mesmo os ricos e poderosos – um empresário de sucesso, por exemplo – não possuem total liberdade de espírito, pois muitas vezes precisam se dobrar à “ditadura dos consumidores” ou de sua clientela de serviços; ou quando temos de nos conformar a normas impositivas – uma Constituição intrusiva, por exemplo – que parecem totalmente ridículas ou singularmente inadequadas para assegurar o quantum de liberdade que nos achamos em direito de exigir, mesmo quando vivemos plenamente integrados a uma comunidade nacional.
Não é preciso referir-se, todavia, a essa renúncias à liberdade que todos temos de fazer para tornar mais suportável a vida em sociedade. A “minha” liberdade de espírito é aquela que deve ser exercida contra as renúncias voluntárias à nossa própria dignidade em troca de algum pacto sub-faustiano, qualquer que seja o seu objeto precípuo. Ela é, ou deveria ser, consubstancial à tranquilidade de espírito com a qual gostaríamos de viver, se não enfrentássemos compulsões internas e injunções externas.
Uma coisa é certa: todos temos de fazer escolhas na vida. Melhor, assim, que essas escolhas não contrariem muito nossa consciência.

Paulo Roberto de Almeida
Em voo Curitiba-Brasília, 19/07/2012.

Programa de Desaceleracao do Crescimento - Editorial Estadao

O governo, já disse alguém, é um Midas ao contrário. 
Calma lá, antes que alguém interprete mal o que eu disse, esclareço.
O crescimento no Brasil deveria se fazer à base de investimentos produtivos.
O governo prefere estimular o crédito para o consumo.
Os investimentos, por sua vez, deveriam se fazer com base na poupança privada e num bom ambiente de negócios, com regras estáveis, para estimular os tais "espíritos animais" que parecem caracterizar os empresários (não os de quatro patas, claro).
O governo prefere anunciar que vai investir, recolhe dinheiro da sociedade -- pois ele, não é preciso lembrar, não produz um centímetro quadrado de riqueza, um só grama de renda nova -- e depois não investe nada, pois é incompetente para fazê-lo.
A poupança privada deveria ser canalizada para investimentos produtivos, justamente, mas o governo prefere transformar em salários do funcionalismo (que já ganha cinco vezes mais do que no setor privado, para uma produtividade medíocre), e novas contratações de companheiros na máquina pública, além do repasto dos políticos.
Como querem que o Brasil cresça?
E os Brics? Fizeram chabu?
Paulo Roberto de Almeida 

Mobilidade emperrada
Editorial O Estado de S.Paulo, 20 de julho de 2012
O Brasil seria um animado canteiro de obras, se o governo da presidente Dilma Rousseff mostrasse tanta competência para executar programas e planos quanto para lançá-los. Dado esse retrospecto, pouco se pode esperar da nova promessa de obras de mobilidade para cidades com populações entre 250 mil e 700 mil pessoas. Estão previstos R$ 7 bilhões para aplicação nesses projetos, mas nada assegura a efetiva aplicação desses recursos. A presidente, no entanto, prometeu resultados com a maior rapidez possível, ao apresentar, ontem, o PAC Mobilidade Médias Cidades, a mais nova extensão do Programa de Aceleração do Crescimento. A execução desse programa, criado em 2007, tem sido muito lenta e continua tão ineficiente na atual gestão quanto foi no governo anterior.
Ao apresentar o novo ramo do PAC, a presidente mencionou a possibilidade de usar o Regime Diferenciado de Contratações (RDC) para ganhar tempo na implementação dos projetos. O RDC foi criado como exceção à Lei de Licitações para facilitar a execução das obras da Copa. Foi um lance arriscado, porque aumentou o risco de mau uso de recursos públicos. O risco já era crescente, mesmo sem essa mudança, por causa do grande atraso na execução das obras.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esforçou-se para trazer para o Brasil a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Cuidou de sua projeção internacional, mas negligenciou as providências para dotar o País de aeroportos, estradas, estruturas de transporte urbano e outras instalações necessárias a grandes eventos internacionais.
Atribuir o atraso das obras aos critérios da Lei de Licitações é distorcer a história, mascarando o desleixo e a incompetência administrativa do governo Lula. Mas essa distorção ocorreu e assim surgiu o RDC. O passo seguinte foi o esforço para estender as facilidades de contratação às obras do PAC, como se isso tornasse mais eficiente a elaboração e a execução dos projetos. Essa tentativa é mais uma mistificação, porque os atrasos do PAC se devem a outro fator - a má qualidade da gestão pública.
Antes do programa especial para cidades médias, o governo federal já dispunha de planos de obras de mobilidade urbana. Foram previstos para essas obras R$ 2,1 bilhões no Orçamento-Geral da União deste ano. De janeiro a junho, no entanto, só foram desembolsados pelo Ministério das Cidades R$ 64,8 milhões, correspondentes a 3% da verba autorizada para 2012. O total empenhado - R$ 324,9 milhões - equivaleu a apenas 15,5% dos recursos previstos. Os números, divulgados pela ONG Contas Abertas, apenas confirmaram a deficiente execução dos programas. Resposta do Ministério das Cidades: das 43 ações pesquisadas, somente 8 estavam vinculadas ao PAC e, além disso, as aplicações de recursos foram dificultadas pelo contingenciamento de verbas. Péssima resposta. Afinal, as obras de mobilidade urbana são ou não prioritárias? Se a resposta for afirmativa, por que o governo se mostra incapaz de preservá-las, quando congela parte das verbas orçamentárias?
Mas todo o PAC vai mal, como sempre foi, desde seu lançamento há cinco anos. Neste ano, até junho, foram pagos R$ 18,6 bilhões, ou 42,9%, da verba orçamentária prevista para os 12 meses (R$ 43,4 bilhões). Mas a maior parte dos desembolsos, no valor de R$ 14,6 bilhões, correspondeu a restos a pagar. Além disso, 52,6% do total pago foi composto de financiamentos a programas habitacionais. É muito menos complicado liberar esse dinheiro que cuidar da elaboração de projetos e da condução de obras.
Enfim, o próprio governo parece muito desconfiado da própria capacidade de avançar na execução dos projetos. Afinal, o valor previsto para o PAC de 2013, na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do próximo ano, é pouco maior que o autorizado para este exercício fiscal. Mudar o regime de contratações poderá simplificar uma parte do processo, mas será preciso muito mais que isso para desemperrar o PAC. Para cuidar do problema realmente importante - a incompetência do governo - a presidente pouco tem feito. Para isso, seria preciso abandonar a concepção de governo implantada por seu antecessor, padrinho e mentor político.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Amigos, pero no mucho: Evo Morales - Editorial Estadao


A arrogância de Evo

Editorial O Estado de S.Paulo, 20 de julho de 2012

A se confirmar a informação divulgada ontem pelo jornal Valor de que a Bolívia negou salvo-conduto ao senador oposicionista Roger Pinto Molina, que se refugiou na embaixada brasileira em La Paz há 53 dias e depois recebeu asilo político, a presidente Dilma Rousseff terá pela frente um problema diplomático não menos espinhoso, no plano bilateral, do que o provocado por sua decisão de considerar "ruptura da ordem democrática" o impeachment do presidente paraguaio Fernando Lugo e de promover a suspensão do país do Mercosul.
A diferença é que, no caso boliviano, a posição do Brasil é inatacável. De um lado, porque é apenas coerente com a antiga tradição do Itamaraty, compartilhada amplamente na América Latina, de dar abrigo a figuras públicas em situação de risco nos respectivos países, quaisquer que sejam as suas posições políticas ou ideológicas e sem entrar no mérito das acusações de que são alvo. De outro lado, porque as imputações feitas ao asilado - detentor de cargo eletivo, no exercício do seu mandato - configuram um caso patente de perseguição política.
É prática recorrente dos regimes alinhados com o autocrata venezuelano Hugo Chávez, como o de Evo Morales na Bolívia e o de Rafael Correa no Equador, fabricar contra os seus desafetos denúncias de crimes comuns para dar um verniz de legalidade à retaliação por suas atitudes politicamente inconvenientes.
A intimidação do senador Molina se traduziu em mais de 20 ações judiciais, instauradas, não por acaso, depois de ele ter apontado o dedo para membros do governo de La Paz por presumível corrupção e envolvimento com o narcotráfico. Na sequência, o senador resolveu bater às portas da representação brasileira.
O que enfureceu especialmente Morales foi a iniciativa de Molina de encaminhar ao governo cópia de um relatório policial que implica o auxiliar mais próximo do presidente, Juan Ramón Quintana. Ele exerce no Palácio Quemado cargo equivalente ao de ministro-chefe da Casa Civil do Planalto. Segundo documentos citados pela revista Veja, em novembro de 2010, quando dirigia a agência boliviana de desenvolvimento regional, Quintana foi flagrado entrando na casa do brasileiro Maximiliano Dorado Munhoz Filho, em Santa Cruz de la Sierra. Acompanhava-o a ex-miss Bolívia Jéssica Jordan, também ela ocupante de cargo público.
Maximiliano, ou Max, como é chamado, havia fugido anos antes da cadeia em Rondônia onde cumpria pena por tráfico de cocaína. Instalou-se - apropriadamente, talvez seja o caso de dizer - na Bolívia do líder cocalero Evo Morales. Vinte minutos depois de Max abrir-lhe as portas, Quintana e Jéssica saíram carregando duas pastas 007. Passados dois meses, o anfitrião foi recapturado e transferido para uma prisão de segurança máxima no Paraná. Não se sabe o que as maletas continham. Tampouco se sabe se Morales, pessoalmente, tem parte com o narcotráfico. Mas a sanha com que investiu contra Molina autoriza toda sorte de hipóteses.
Agora, a recusa do bolivariano de permitir que o senador deixe em segurança a embaixada brasileira para vir para o Brasil representa uma provocação nascida da arrogância. Morales foi mal-acostumado pela passividade do então presidente Lula diante da ocupação de uma refinaria da Petrobrás por forças do exército boliviano, em maio de 2006, pouco depois da nacionalização do setor de petróleo e gás na Bolívia. Morales pode achar que Dilma Rousseff aceitará com a mesma mansidão do antecessor o novo ato inamistoso ao Brasil. Se aceitar, será uma surpresa - e não só por uma questão de estilo, temperamento ou senso de agravo.
Descartada, por impensável, a cassação do asilo a Molina, seria vexaminoso para o governo brasileiro, neste começo de século 21, tolerar que se reproduza a situação humilhante vivida pela Colômbia entre 1949 e 1954. Durante esses cinco anos permaneceu asilado na sua embaixada em Lima o legendário pensador e político peruano Victor Raúl Haya de la Torre (1895-1979), perseguido pelo então ditador Manuel Odría. Só depois de pressões internacionais, de que participou ninguém menos do que o físico Albert Einstein, Odría autorizou Haya a sair do país.

Desvantagens comparativas da indústria - Sandra Polónia Rios e José Tavares de Araujo Jr


O CINDES tem a satisfação de encaminhar o artigo Desvantagens comparativas da indústria", escrito por Sandra Polónia Rios e José Tavares de Araujo Jr, diretores do Cindes, para o jornal O Estado de São Paulo, de 19 de julho de 2012. O artigo pode ser acessado clicando no link abaixo.


Atenciosamente,
CINDES




SANDRA RIOS , E JOSÉ T. DE ARAÚJO, DIRETORES DO CENTRO DE ESTUDOS DE INTEGRAÇÃO, DESENVOLVIMENTO, SANDRA RIOS , E JOSÉ T. DE ARAÚJO, DIRETORES DO CENTRO DE ESTUDOS DE 
INTEGRAÇÃO, DESENVOLVIMENTO
Nos últimos meses, cada novo anúncio de indicadores de desempenho do setor industrial desencadeia previsões sombrias sobre o futuro da indústria brasileira e interpretações diversas e divergentes sobre a natureza da crise por ela enfrentada. A perplexidade aumenta ante os nada desprezíveis custos para a sociedade brasileira dos sucessivos pacotes de estímulo à produção doméstica - que incorporam crédito subsidiado, incentivos fiscais, gastos públicos adicionais com compras governamentais que privilegiam fornecedores locais, ainda que com custos mais altos para o contribuinte, entre outros instrumentos de apoio e proteção ao setor.  
Em artigo do Valor Econômico, o economista David Kupfer sugere que há uma clivagem entre os economistas que veem o fenômeno como resultado da predominância dos componentes cíclicos - associados à contração da demanda internacional e aos efeitos sobre a taxa de câmbio e pressão de importações - e aqueles que o vinculam à natureza tendencial da perda de dinamismo da indústria associada a um quadro de rigidez estrutural. Tal quadro estaria relacionado à pauta de produção muito commoditizada, que vem se consolidando no País. As evidências mostram que, quando as condições de concorrência geram oportunidades e incentivos adequados, as firmas brasileiras estão aptas a lidar com os dois desafios, como ilustram os casos de aviões, alimentos, papel e celulose e cosméticos. E vice-versa: quando as empresas se revelam incapazes de adotar determinadas inovações, esta deficiência resulta em boa medida do padrão de competição vigente no País. Por exemplo, nas últimas décadas, o avanço nas tecnologias de informação promoveu uma redução drástica nos custos de transação e estimulou a 
fragmentação das cadeias produtivas de vestuário, calçados e outras. Nestas indústrias, as estratégias empresariais dominantes passaram a ser baseadas na subcontratação de bens e serviços e na formação de parcerias estáveis entre fornecedores e compradores de insumos e componentes industriais. Entretanto, o impacto positivo das tecnologias sobre os custos de transação foi prejudicado pela precariedade da infraestrutura de transportes e pelas tarifas de importação de bens intermediários e equipamentos. Em consequência, as firmas brasileiras continuam operando com graus de integração vertical típicos de meados do século 20 e com reduzida integração às cadeias globais de valor.  
Se o problema da indústria é rigidez estrutural, algumas opções de política no Brasil parecem desenhadas para reforçar essa tendência. Como na regulação dos portos, por exemplo. Apesar dos esforços realizados na década de 90 para modernizar a estrutura portuária, as restrições impostas pelo Decreto 6.620, de 2008, implicam que um 
terminal privativo de uso misto só poderá movimentar cargas de terceiros em caráter eventual e subsidiário. Sua operação apenas será autorizada quando a movimentação da empresa autorizada justificar, por si só, a implantação e a operação da instalação portuária. Ora, o decreto representa uma clara barreira à instalação de novos terminais privativos e afeta a oferta para a circulação de contêineres - usados no transporte de 
produtos manufaturados. 
As empresas produtoras de commodities - com escala de produção suficiente - vêm investindo para resolver seus problemas de logística e transporte e também na construção de terminais privativos de granéis. Como as normas impedem a circulação de contêineres nesses terminais e as empresas produtoras de manufaturados não têm, em geral, escala suficiente para justificar economicamente a construção de terminais 
privativos para a movimentação de carga própria, continuam na dependência da evolução dos serviços dos terminais de uso público. Esse é apenas um exemplo de como as políticas públicas podem ser incoerentes. Enquanto bilhões de reais são gastos para estimular a indústria e promover as exportações, a legislação brasileira impede que o 
investimento privado contribua para baratear o custo e estimular a inserção internacional da indústria de manufaturados. 

Vai um leite de soja ai? E que tal um McSoja?

Enfim, vc pode não gostar, mas os plantadores de soja ficariam tão contentes...
Eles já estão nadando em dinheiro, literalmente, e vão ainda se refestelar mais ainda...
Se eu quisesse ficar rico, começaria a plantar soja na minha sacada, mas acho que não conseguiria economia de escala...
Em todo caso, vou experimentar um bife de soja, se os carnívoros aqui em casa concordarem...
Paulo Roberto de Almeida 




A maior cotação da soja em todos os tempos foi alcançada nesta quarta-feira na Bolsa de Chicago, quando o bushel chegou ao patamar de US$ 16,85, ou US$ 600 a tonelada, o que significa preço de US$ 37 a saca, valor pago também no interior do RS.
Isto nunca ocorreu na história da Bolsa de Chicago, fundada em 1848. 
Nesta quinta o mercado registrou altas ainda maiores.
A alta espetacular pode ser atribuída a tres razões principais:
1) Quebra enorme da safra de soja no Brasil e na Argentina.
2) Seca formidável nos EUA, pouco meses antes da colheita de setembro.
3) Baixíssimos estoques mundiais do grão.
Os preços são para entrega imediata. (...) A tendência dos preços da soja - das commodities agrícolas em geral - é de alta firme daqui para a frente.

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Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...