domingo, 14 de abril de 2013

Ainda Margareth Thatcher - Monica Baumgarten De Bolle


O problema da maior parte dos artigos sobre Thatcher, ou daqueles que são inteligentes (os únicos que entram aqui), é que eles são geralmente elogiosos, focando em suas realizações, e deixando de lado os erros que ela cometeu (e que tenho procurado compensar aqui, colocando alguns da Escola Austríaca). Tirando esse aspecto, acredito que mesmo esses artigos elogiosos (mas inteligentes) podem contribuir para a ilustração dos mais jovens (e de alguns obtusos, também), já que escapam daquela arenga tradicional (e altamente estúpida) de apenas vincular seu governo a um tal de neoliberalismo, que no Brasil (e no resto da América Latina também) passa por xingamento da parte dos ignorantes.
Paulo Roberto de Almeida  

Não há hoje líderes como Margaret Thatcher

Para fazer reformas e tirar seu país da estagnação, a ex-primeira-ministra britânica não hesitou em escolher um caminho de alto custo político

Monica Baumgarten De Bolle
Revista Exame, edição 1039,  12/04/2013
Margaret Thatcher, ex-primeira-ministra britânica
Tenacidade e magnetismo: o receituário liberal irritava a oposição, mas ela venceu três eleições consecutivas
São Paulo - Ligas metálicas podem ser de dois tipos: as ferrosas, em que o ferro é o componente principal, e as não ferrosas, constituídas de outros metais. O ferro, além de resistente e de possuir propriedades magnéticas, é o elemento de núcleo mais estável da tabela periódica. Não foi à toa, portanto, que a única primeira-ministra na história do Reino Unido, Margaret Thatcher, recebeu a alcunha de Dama de Ferro.
Que o apelido tenha sido dado pelos soviéticos, os responsáveis pela Cortina de Ferro que a Dama posteriormente ajudou a derrubar, é mais do que mera coincidência. É uma deliciosa ironia, digna do humor nativo da ilha.
Uma figura controvertida até na morte — as manifestações depois do anúncio de seu falecimento foram elogiosas e críticas em igual medida —, Margaret Thatcher foi um exemplo de tenacidade e de magnetismo.
Apesar de ter escolhido o caminho mais árduo, aquele cujos custos políticos eram os mais elevados, para pôr em marcha os planos de transformação que tinha para o Reino Unido, conseguiu promover a vitória do Partido Conservador em três eleições consecutivas.
Governou o país de 1979 a 1990, uma época permeada por grandes crises externas e mudanças geopolíticas marcantes. A lista vai desde o longo período estagflacionário proveniente dos choques do petróleo, os anos de crescimento baixo e inflação elevada que sobrevieram dos eventos no Oriente Médio na década de 70, até a abertura da União Soviética e a derrubada do Muro de Berlim, culminando na extinção da liga metálica que encobria os países do Leste Europeu, a Cortina de Ferro.
Ao longo desses anos, Thatcher manteve inabalada a convicção na eficiência dos mercados, na necessidade de tornar mais flexíveis as leis trabalhistas do país e de promover as indústrias mais competitivas, deixando que as demais caíssem no esquecimento e desaparecessem gradualmente.
Até sua ascensão ao posto máximo do governo, o Reino Unido enfrentava um período de ruidosa decadência econômica, imortalizada nas imagens das greves sucessivas dos carvoeiros e de outros trabalhadores, e dos aguerridos protestos promovidos pelos sindicatos, que ditavam os rumos do país e o desmoralizavam mundialmente.
A degradação econômica e política que caracterizara os anos do pós-guerra chegou ao auge em meados da década de 70.  Quando Thatcher assumiu o poder, em 1979, a economia britânica crescia menos de 3% ao ano e enfrentava uma inflação de nada menos do que 13%.
Três anos antes, em 1976, o país recorrera ao FMI devido às crescentes dificuldades para reequilibrar as contas públicas e financiar o rombo no balanço de pagamentos. Passados dez anos depois de ela ter assumido a liderança política, o Reino Unido crescia 5% e alcançara a estabilidade de preços: em 1988, a inflação foi de 4,9%. Quem dera fosse esse o atual desempenho da economia brasileira...
A intolerância de Margaret Thatcher com a ineficiência desmantelou os grupos de interesse que emperravam a modernização e o aumento da competitividade do país. A primeira-ministra foi responsável por um dos mais ambiciosos e abrangentes planos de privatização de que se tem notícia, opôs-se ferrenhamente aos sindicatos e deu prioridade a setores em que o Reino Unido já possuía nítidas vantagens comparativas, como o polo financeiro sediado na City de Londres.
O que mais assombra ao relembrar as conquistas da Dama de Ferro é a profundidade das reformas que ela promoveu em tão pouco tempo. Dez anos. Em uma década, o Reino Unido foi da decadência à revitalização, reconquistando o espaço perdido na economia global e na geopolítica.
Hoje, o Reino Unido só não está emaranhado no torvelinho da crise do euro por causa de Thatcher e de sua inabalável determinação. “No, no, no”, bradou em meio às discussões no Parlamento sobre os planos de maior integração com a Europa. Por ironia do destino, a obstinação em evitar que a ilha se amalgamasse ao continente foi uma das razões para sua renúncia em novembro de 1990.
Pagar para ver
“Não sou uma política de consenso. Sou uma política de convicção” (“I am not a consensus politician, I am a conviction politician”). Não há, no mundo de hoje, políticos como Margaret Thatcher. Trata-se de uma época de políticos não ferrosos, de políticos excessivamente maleáveis. São políticos de consenso. O problema é que épocas de crise, ou de graves sequelas de crises, são incompatíveis com o consenso. O consenso não resiste ao fogo da polarização e do impasse político.
Exemplos abundam. Vejam os Estados Unidos, amarrados a um corte automático de gastos públicos nas áreas sociais devido à incapacidade de seus políticos de chegar a um consenso.
Vejam a Europa, onde muitos países já trocaram de governo por causa da falta de consenso. Alguns, inclusive, estão sem governo por esse motivo, como a Itália. Vejam o euro, à deriva em meio ao dissenso que prevalece entre os líderes dos países-membros do acordo de moeda única. O consenso se esvai na fumaça ardente das tensões.
Em todos esses casos, chamam a atenção não só a falta de consenso mas também a ausência de convicção. Não há líderes convictos, líderes com visão e determinação para transformar seus países, para levar a cabo as reformas que precisam fazer para tirar as economias do vórtice recessivo, do desemprego e da atividade moribunda. Ninguém quer pagar para ver. Margaret Thatcher, por mais polêmica que fosse, pagou para ver.
Aqui no Brasil, parece que queremos pagar para ver. Contudo, queremos pagar para ver o que não deveria ser visto. Enrijecemos as leis trabalhistas do país, indexamos o salário mínimo permitindo que o rendimento médio do trabalhador cresça acima da produtividade da economia, dificultamos os investimentos em infraestrutura por meio de políticas econômicas desconjuntadas e do excesso de intervencionismo do governo, criamos novas estatais.
O Estado brasileiro cresce desordenadamente, seja por meio da carga tributária elevada, seja por meio dos gastos que não param de subir ou do crédito público em demasia. Desmantelamos as agências regulatórias, revertendo os ganhos de eficiência conquistados em áreas como telecomunicações, em setores estratégicos como óleo e gás e de energia elétrica.
Deixamos que o excesso de burocracia prejudique o setor privado e impeça a retomada do investimento, sem o qual não sairemos da armadilha do baixo crescimento. Flertamos abertamente com a inflação. Nosso receituário é o inverso do implantado pela Dama de Ferro. É o receituário do latão, do material que amassa com facilidade, que oxida.
Nossa presidente é uma política de convicção. Nesse caso, antes fosse uma política de consenso.

Comentarios: sempre bem vindos, desde que pertinentes

Uma nota aos leitores, visitantes, curiosos, comentaristas em geral
(Aliás, colocada na seção de comentários, apesar de que muitos não prestam atenção)

Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo do post em questão. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). 
De preferência, formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, com um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
Retirei, a pedido, mas me arrependi, a confirmação manual para os comentários; como previa, aumentou enormemente o número de junks e spams, e fui, portanto, obrigado a restabelecer o antigo sistema; desculpo-me desde já pelo incômodo, mas a propaganda e as bobagens que tenho de apagar a cada vez, tornam necessário o controle...

Acho que o recado está dado, mas ele se aplica a muito pouca gente. A maioria se encaixa nos padrões normalmente aceitos para participar de um debate saudável.
Os que não se encaixam, podem ser classificados numa das categorias seguintes:
1) Super-concisos: "genial", "gostei", "muito bem", "de acordo", e por aí vai...
2) Os que tem raiva deste blog e deste blogueiro, anônimos, por definição, e que aproveitam qualquer oportunidade (ainda que seja por uma questão ridícula como erro de redação, dada a rapidez da postagem, várias vezes sonolenta) para atacar a postagem e o autor; algumas vezes posto, se for pertinente, mesmo atacando este blogueiro que não tem poder sobre nada (e muito menos para abalar o poder atual); outras não, se não contribuir em nada para o debate;
3) Os "oportunistas", ou seja, que aproveitam qualquer postagem para simplesmente enviar um link, por vezes obscuro, sem dizer nada, apenas querendo usar da oportunidade para "descarregar" o que acabam de ver ou ler; eles provavelmente não dispõem de blog, ou de leitores e querem usar o meu como veículo; por vezes posto, se é pertinente, outra vez não, se é irrelevante;
4) Os "outros": todos os que não se encaixam nas categorias acima, ou talvez caibam em todas, como se faz em certas respostas de múltipla escolha: "todas as opções acima".  

Ficamos assim, então?
Paulo Roberto de Almeida

O novo amigo dos companheiros: ate os bancos suicos desconfiam...

Agora, até bancos suíços suspeitam de Maluf

Jamil Chade, Direto da Europa
Blogs Estadão, 13/04/2013

Bancos suíços suspeitam que Paulo Maluf continuaria lavando dinheiro e bloqueiam transação de sua empresa, a Eucatex, em Zurique. O UBS em Zurique alertou à COAF no Brasil sobre “possíveis atividades suspeitas” na tentativa da Eucatex de transferir a uma empresa uruguaia R$ 47 milhões no final de 2012. A movimentação foi considerada pela Justiça paulista como um sinal suspeito de que Maluf continuaria a usar a Eucatex como veículo para lavagem de dinheiro. O UBS se recusou a autorizar a transferência.

Ontem, o banco Itaú – que representa o UBS no Brasil – foi intimado a executar a ordem da Justiça de São Paulo de bloquear os bens até o limite de R$ 519,7 milhões da Eucatex S.A. Indústria e Comércio. O valor corresponderia ao que teria sido desviado pelo ex-prefeito da capital paulista e deputado Paulo Maluf (PP) e serviria para ressarcir os cofres públicos por causa de dinheiro supostamente desviado da Prefeitura. A decisão é da juíza Celina Kiyomi Toyoshima, da 4.ª Vara da Fazenda Pública.

A liminar havia sido pedida pelo promotor Silvio Antônio Marques, da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público.

Segundo o Estado apurou, a nova suspeita na Suíça sobre Maluf foi registrada no dia 19 de fevereiro deste ano, quando o Conselho de Controle de Atividades Financeiras comunicou a tentativa da Eucatex de transferir ações de sua emissão do banco UBS à empresa uruguaia Cuznar. O banco envolvido na negociação, o Finter Bank de Zurique, se negou a revelar quem seria o dono dos valores mobiliários.

O alerta foi passado ao COAF pelo Itaú, banco que representa o UBS no Brasil. O banco brasileiro informou que, no dia 6 de outubro de 2012, o Finter Bank pediu ao UBS em Zurique fazer a transação de R$ 47 milhões da Eucatex aos uruguaios.

O UBS, em diversas ocasiões desde então, solicitou ao Finter Bank informações sobre quem seriam os propritários das ações. Cinco meses depois, o UBS ainda não tinha recebido as informações e o único dado repassado ao maior banco suíço foi que a pessoa envolvida era classificada no país como PEP – sigla para Politically Exposed People (Pessoas Politicamente Expostas). Sim informações, o UBS decidiu bloquear a transação até que ficasse esclarecida sua natureza.

Coube então ao Itaú, com base em cartas assinadas pelos executivos do UBS, Stephan de Boni e Oliver Barcholet, comunicar às autoridades brasileiras do fato.

Para a Justiça paulista, a mudança de custodiante das ações pela Eucatex foi uma prática que Maluf se utilizou em diversas ocasições nos últimos dez anos. Isso envolveu transações de até US$ 74 milhões em 2001 no mesmo Finter Bank de Zurique, além do uso da Durant Int, empresas que, em Jersey, já foi identificada como um dos veículos de Maluf para depositar dinheiro fruto de corrupção.

E por falar em educação: o PISA, esse monstrengo revelador de nossas carencias em educacao...

Overview

The Program for International Student Assessment (PISA) is an international assessment that measures 15-year-old students' reading, mathematics, and science literacy. PISA also includes measures of general or cross-curricular competencies, such as problem solving. PISA emphasizes functional skills that students have acquired as they near the end of compulsory schooling.
PISA is coordinated by the Organization for Economic Cooperation and Development (OECD), an intergovernmental organization of industrialized countries and is conducted in the United States by NCES. PISA was first administered in 2000 and is conducted every three years. The most recent assessment was in 2012.
PISA 2012 focuses on mathematics literacy and also assesses reading and science literacy. PISA 2012 also includes computer-based assessments in mathematics literacy, reading literacy, and general problem solving, and an assessment of students' financial literacy. PISA 2012 results will be released on December 3, 2013.
More information about PISA and resources, including the OECD’s PISA reports, PISA assessment frameworks, and international data files, are available at the OECD’s website.
International Data Explorer You can explore the PISA data directly through NCES's online data tool — the International Data Explorer (IDE)
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Data Snapshots
PISA (International) 2009 Assessment<br />
15-year-olds mathematics literacy: 2009<br />
U.S. average score: 487<br />
OECD average score: 496
PISA (International) 2009 Assessment
15-year-olds mathematics literacy: 2009
U.S. average score: 487
OECD average score: 496

(Read entire article)

Novamente, onde Margareth Thatcher errou economicamente - ainda Murray Rothbard

Grato ao amigo, e leitor deste blog, Eduardo, do Rio, pelo envio deste artigo retirado do Mises Brasil, mas de 1991.
Paulo Roberto de Almeida 

Adeus à Dama de Ferro
Mises Brasil, segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Artigo publicado em fevereiro de 1991
MAGGIE copy-2.jpgA saída de madame Thatcher do governo britânico se deu de maneira bastante condizente com todo o seu reinado: barulhento em termos de retórica ("a Dama de Ferro jamais renunciará"), mas ínfimo em termos de ações genuinamente concretas (a Dama de Ferro rapidamente saiu de cena).
Margaret Thatcher ascendeu estrondosamente ao posto de primeira-ministra da Grã-Bretanha em 1979 com a promessa de desestatizar a economia, implementar um livre mercado, acabar com os déficits e com a inflação monetária.  Suas realizações, no entanto, são outra história, e possuem pontos positivos e negativos.
Do lado positivo, é fato que sua retórica realmente devolveu respeitabilidade às ideias pró-livre mercado na Grã-Bretanha após meio século de crescente estatismo, e é certamente gratificante ver os estimados indivíduos do Institute of Economic Affairs em Londres se tornarem o mais reputado instituto econômico britânico.  Também deve ser creditado à era Thatcher o fato de o Partido Trabalhista ter se movido mais para a direita e ter majoritariamente abandonado suas ideias esquerdistas malucas, além do fato de a Grã-Bretanha ter decisivamente abandonado sua psicose pós-Depressão de que o desemprego jamais deve ficar acima de 1%.
Houve também um considerável volume de desestatizações e privatizações, inclusive a venda de moradias públicas para seus respectivos inquilinos, o que fez com que eleitores que tradicionalmente votavam no Partido Trabalhista se convertessem em ferrenhos proprietários eleitores do Partido Conservador.  Outro sucesso da ministra foi o de ter quebrado o até então inquebrantável poder dos poderosos sindicatos britânicos.
Infelizmente, estes pontos positivos do histórico econômico de Thatcher são mais do que contrabalançados pelo desolador fato de que o estado britânico chega ao fim da era Thatcher sendo um fardo parasítico ainda maior sobre a economia britânica e a sociedade do que era quando ela assumiu o poder.  Por exemplo, ela jamais ousou tocar na vaca-sagrada da medicina socializada, o National Health Service.  Os déficits continuaram altos, e a inflação monetária e a inflação de preços estão atualmente em dois dígitos.  Apesar de toda retórica thatcherista em prol do monetarismo, seu sucesso no combate à inflação foi moderado e efêmero, e acabou sendo totalmente revertido já no final de seu governo: a expansão monetária, a inflação, os déficits e todo o desemprego por eles gerados estão em níveis alarmantes.  Madame Thatcher deixou o poder, após onze anos, em meio a uma infame recessão inflacionária: inflação de preços em 11% e desemprego em 9%.  Em suma, o histórico macroeconômico de Thatcher foi abismal.
Como explicar resultados tão desastrosos para um regime supostamente pró-livre mercado?  Não é difícil.  Os thatcheristas são "burkeanos" e não "leninistas de direita".  Sendo assim, em vez de uma abordagem obstinada, radical e abolicionista para se chegar à liberdade econômica, eles preferiram se entregar às glórias do gradualismo e da moderação.  Isso pôde ser comprovado logo nos primeiros anos do governo.  Em vez de uma política monetária rígida, em vez da total interrupção da expansão monetária para acabar de vez com a inflação crescente, optou-se por uma contenção monetária bem mais gradual.  E qual foi o resultado deste gradualismo na política monetária?  O gradualismo gerou uma crônica recessão, o que era inevitável, mas não foi restritivo o suficiente para acabar com a inflação ou para revigorar a economia.  Logo, teve-se o pior dos mundos: recessão, desemprego e inflação de preços.  E tal cenário perdurou até aproximadamente 1985, quando estes indicadores melhoraram.  Mas o bom momento, obviamente, gerou novos afrouxamentos na política monetária, de modo que, já em 1990, todos eles estavam novamente tão ruins quanto no início do governo.
Houve realmente uma redução nas alíquotas mais altas do imposto de renda, mas isto foi imediatamente mais do que compensado por um aumento ainda maior no VAT (imposto sobre o valor agregado, essencialmente um imposto sobre vendas).  Desta maneira, os pequenos ganhos obtidos pelos grupos de mais alta renda foram mais do que contrabalançados por um aumento do fardo sobre os pobres e a classe média.  Se os esquerdistas quisessem inventar um bicho-papão de direita, eles dificilmente fariam um trabalho mais exitoso e com resultados mais desastrosos para a causa da liberdade econômica.
Para coroar tudo, não nos esqueçamos de sua monumental e decisiva gafe: substituir os impostos municipais sobre propriedade por um imposto único e de igual valor por pessoa (o chamado "poll tax").  Na Inglaterra, o governo central possui autoridade sobre os governos municipais, muitos dos quais são administrados por trabalhistas esquerdistas fanáticos por gastanças.  Este imposto único por pessoa, que substituiria os impostos municipais sobre propriedade, foi criado com a intenção de reprimir a gastança descontrolada dos governos locais.
Porém, em vez de reduzir drasticamente o volume de tributação imposta pelos municípios, algo sobre o qual Thatcher tinha total autoridade, ela simplesmente não impôs limite algum, e deixou que os gastos e demais impostos municipais ficassem a cargo das assembléias municipais.  Logo, aconteceu exatamente aquilo que poderia ter sido previsto de antemão: estas assembléias, Trabalhistas e Conservadoras, agora sem as receitas do imposto sobre propriedade, elevaram seus outros impostos substancialmente, de modo que o cidadão britânico comum se viu obrigado a pagar aproximadamente um terço a mais em impostos.  Enquanto os governos locais aumentavam seus gastos e seus impostos, o imposto único seguiu mordendo furiosamente a renda dos pobres e da classe média.  Ato contínuo, e como era de se esperar, os governos locais simplesmente, e de maneira muito efetiva, jogaram a culpa pelos altos impostos sobre o governo Thatcher.  Não é de se surpreender que tenham ocorrido violentos protestos nas ruas de Londres em março de 1990.  O que é realmente intrigante é que as manifestações não tenham sido muito severas.
Ademais, em meio a todas estas manobras, os thatcheristas se esqueceram de um ponto essencial a respeito do imposto único por cabeça: para ele ser implantado, todos os outros impostos têm de ser drasticamente reduzidos, de modo que até o mais pobre dos mais pobres possa pagá-los.  Suponha, por exemplo, que nossos atuais impostos federais fossem repentinamente unificados sob a forma de um imposto único por cabeça, mas de modo a manter a mesma receita de antes.  Isso significaria que o cidadão médio, e particularmente o cidadão de baixa renda, repentinamente teria de pagar uma quantia enormemente maior de impostos por ano — aproximadamente $5.000.  Logo, o grande charme da tributação única por cabeça é que ela necessariamente forçaria o governo a reduzir drasticamente seus níveis de tributação e de gastos.  Assim, se o governo instituísse, por exemplo, um imposto universal e igual de $10 por ano, confinando suas receitas totais à magnífica soma de $2 bilhões anuais, todos nós viveríamos perfeitamente bem com este novo imposto.
Agora, implantar o imposto único por cabeça no lugar do antigo imposto sobre propriedade, e permitir que ele seja elevado, é uma insanidade política e econômica, e Madame Thatcher recebeu a punição adequada por este erro egrégio.
Por que então o governo Thatcher, ao implantar seu imposto único, não decretou que os governos municipais reduzissem drasticamente suas alíquotas de impostos para cada cidadão?  Se fizesse isso, as massas certamente teriam recebido com prazer o imposto único em vez de tê-lo combatido vigorosamente.  A resposta thatcherista é que, se fizesse isso, o governo central teria então de se responsabilizar pelo financiamento de determinadas atividades fornecidas pelos governos locais, como educação, o que, por sua vez, faria com que o governo central tivesse de elevar seus impostos — ou incorresse em maiores déficits.
Mas esta resposta simplesmente empurra a análise um passo adiante: por que então o governo Thatcher não estava preparado para cortar seus próprios gastos, já substancialmente inchados?  Claramente, a resposta é que os thatcheristas jamais acreditaram genuinamente em sua própria retórica.  Ou isso, ou eles não tiveram a coragem de levantar a questão.  Por esta e por várias outras razões, os gastos e as receitas do governo britânico chegaram ao fim do governo Thatcher sendo mais fartos do que nunca.
Infelizmente, o thatcherismo é muito similar ao reaganismo: retórica livre-mercadista mascarando um conteúdo estatizante.  Exceto pelas privatizações, o fardo estatal aumentou sob Thatcher.  Os gastos absolutos e a porcentagem das receitas tributárias em relação ao PIB aumentaram durante seu regime, e a inflação monetária nunca foi contida.  Compreensivelmente, o descontentamento básico com o governo aumentou, e o aumento dos impostos locais permitidos pelo "poll tax" foi apenas a gota d'água. 
Parece-me claro que um critério mínimo para que um regime receba a alcunha de "pró-livre mercado" seja o fato de ele cortar seus gastos totais, cortar impostos em geral e, consequentemente, reduzir suas receitas.  Além disso, é imprescindível que ele interrompa decisivamente sua própria criação inflacionária de dinheiro.  Mesmo por este certamente muito modesto padrão de medida, a administração Thatcher passou longe de ser digna de tal alcunha.  Por isso, Madame Thatcher mereceu seu destino final.
No entanto, há uma área da macroeconomia da qual certamente temos de lamentar a saída de Thatcher: ela era a única voz contra a criação de um Banco Central Europeu emitindo uma nova e única moeda europeia. [Veja sua reação à jocosa proposta de ela ser a presidente do BCE].  Infelizmente, e especialmente desde a demissão de seu conselheiro econômico, o monetarista Sir Alan Walters, Madame Thatcher não conseguiu apresentar um argumento convincente contra esta vindoura nova ordem mundial, limitando-se apenas a fazer sua oposição utilizando termos esquisitos, raivosos e fanfarrões, como 'a glória nacional britânica contra a subordinação à "Europa"'.  Ela, portanto, passou a ser vista apenas como uma tacanha obstrucionista antieuropeia contrária a uma aparentemente iluminada e beneficente "Europa unida".
O problema presente em praticamente todas as análises da Comunidade Europeia é a típica fusão que fazem entre estado e sociedade.  Socialmente e economicamente, à medida que, em teoria, a nova Europa será uma vasta área de livre comércio e livre investimento de capitais, esta nova ordem será benéfica: irá expandir a divisão do trabalho, a produtividade, e o padrão de vida de todas as nações participantes.  Mas, infelizmente, a essência da nova Europa não será sua área de livre comércio, mas sim uma monstruosa nova burocracia estatal, sediada em Estrasburgo e Bruxelas, a qual irá controlar, regular e "igualar" as alíquotas de impostos em todos os países, coercivamente impondo a elevação dos impostos naqueles países que possuem uma carga tributária mais baixa.
E o pior aspecto desta Europa unificada é exatamente aquela área na qual Madame Thatcher centrou sua artilharia: a moeda e o sistema bancário.  Embora os monetaristas estejam completamente errados em preferir uma Europa (ou um mundo) guiada por diferentes tipos de dinheiro de papel fragmentados em nível nacional em vez de um padrão-ouro internacional, eles estão corretos em alertar sobre os perigos deste novo esquema.  Pois o problema é que a nova moeda, obviamente, não será o ouro — que é uma moeda produzida no mercado e pelo mercado —, mas sim uma única moeda de papel, fiduciária e de curso forçado.  De modo que o resultado deste esquema neokeynesiano será um dinheiro fiduciário inerentemente inflacionista, cuja emissão será controlada monopolisticamente pelo Banco Central Europeu — isto é, por um novo governo regional.
Este arranjo, por sua vez, irá facilitar ainda mais para que os Bancos Centrais dos EUA, da Grã-Bretanha e do Japão colaborem e atuem coordenadamente com o novo Banco Central Europeu, e assim conduzam o mundo rapidamente para aquele velho sonho de Keynes: um Banco Central Mundial emitindo uma única moeda de papel, de aceitação obrigatória para todos os países.  E assim estaremos definitivamente sem ter para onde fugir, com o dinheiro e a macroeconomia mundial estando totalmente à mercê de uma inflação em escala mundial, controlada centralmente por iluminados e autoproclamados mestres keynesianos.
É de se lamentar que Margaret Thatcher não tenha sabido articular sua oposição à nova ordem monetária europeia em tais termos.  É de se lamentar também que sua retórica pró-livre mercado não tenha sido efetivamente colocada em prática.  No final, a história julgará corretamente seu governo e seus feitos.
Murray N. Rothbard (1926-1995) foi um decano da Escola Austríaca e o fundador do moderno libertarianismo. Também foi o vice-presidente acadêmico do Ludwig von Mises Institute e do Center for Libertarian Studies.

Voces continuam querendo saber quando o Brasil vai comecar a tomar jeito?

Eu continuo não sabendo, mas pelo andar da carruagem, e da linguagem, vai demorar o dobro do que qualquer ser humano, ou brasileiro, poderia esperar...


Eu vou só fazer um parêntese aqui e contar uma coisa para vocês. Uma vez, numa discussão sobre esta questão: metade do Brasil é mulher… e mulher é muito importante, tem de ter seus direitos. E aí, os homens estavam meio tristes e uma companheira, metalúrgica, disse o seguinte: ´não tem problema, metade é mulher e a outra metade é filho desta primeira metade, então, fica todo mundo em casa´. E é verdade”.


Não preciso dizer quem é, não é mesmo?
Juro que eu só queria entender...
Paulo Roberto de Almeida

Voces querem saber quando o Brasil vai tomar jeito?

Eu não sei precisar a data, mas acho que vai demorar um bocado: 


Carlos Brickmann, 12/04/2013

Roseana Sarney, filha de José Sarney, trabalhou três anos no Senado, entre 1982 e 1985 (aliás, foi nomeada sem concurso). Agora se aposentou, com aposentadoria de R$ 23.800,00 mensais. A isso se soma seu salário como governadora do Maranhão, e há ainda a aposentadoria como senadora. A aposentadoria como senadora é papa fina: a atual ministra Ideli Salvatti, que exerceu o cargo por exatos oito anos, aposentou-se com vencimentos de R$ 6.100,00 mensais – mais, naturalmente, mordomias e salários que recebe como ministra.Como foi a carreira da primeira-filha de José Sarney no Senado? Foi nomeada em 1974, aos 21 anos de idade, num trem da alegria pilotado pelo senador Jarbas Passarinho, companheiro de seu pai no partido da ditadura militar, a Arena. Num trem da alegria, os beneficiados recebem emprego provisório, mas são efetivados logo depois, sem concurso — concurso é para quem não tem padrinho, não para Roseana, que tem pai, padrinho e partido – é do PMDB e tem apoio do PT. Ela só começou a trabalhar em 1982. Ficou até 1985, quando o pai chegou à Presidência da República e a levou com ele para o Palácio do Planalto (seu marido, Jorge Murad, foi junto). Não voltou mais, exceto agora para aposentar-se.
O caro leitor é aposentado? Ganha a aposentadoria pela qual pagou? Se contribuiu sobre dez mínimos, é isso que recebe? Mas não reclame só de Roseana e seus padrinhos. O PSDB ocupou a Presidência por oito anos, teve apoio de Sarney e criou o fator previdenciário, que reduz a aposentadoria.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...