domingo, 9 de junho de 2013

Quem diria? O chefe da quadrilha era tambem um agente de uma ditadura...

Dirceu — A Biografia (livro de Otavio Cabral) e relatos de tortura e morte. Ou: Quem conta a verdade possível é a sociedade
Reinaldo Azevedo, 9/06/2013

Quem conta a verdade possível, em matéria de história, é a sociedade: seus pesquisadores, historiadores, jornalistas, comentadores. Por mais honestos que sejam os narradores sobre os fatos, as narrativas serão necessariamente distintas. E não apenas em razão do estilo de cada um. Haverá aquele a enxergar relação de causa e efeito onde outro vê ou mera correlação ou não mais do que um acidente. Ao ordenar os eventos, reconstruímos a realidade segundo o nosso entendimento. Onde, então, está a verdade — sempre partido do princípio de que todos são fiéis aos fatos, de que não existe mentira deliberada? Está nesse conjunto diverso de vozes e de entendimentos da realidade.
Assim se fazem as coisas nas sociedades livres. Instituir, pois, uma comissão estatal da verdade para definir a “versão oficial” dos fatos é mero exercício de truculência política, de vigarice intelectual e de pilantragem filosófica. A razão é simples: os elementos meramente fáticos, destituídos do contexto que lhes dá sentido, em vez de esclarecer o mundo, servem para obscurecê-lo ainda mais. Quando essa dita “comissão da verdade” pretende instituir uma “moral da história”, aí já estamos no terreno do mais asqueroso oportunismo. Por que essas considerações? O editor de VEJA Otávio Cabral acaba de lançar pela Editora Record o livro “Dirceu — A Biografia” (364 págs; R$ 39,90). Ali se narram verdades que, para escândalo do bom senso, não são do interesse daquela comissão instituída por Dilma Rousseff, embora essa também seja uma história de tortura de morte.
O fio condutor do livro é a vida de José Dirceu, personagem central do maior escândalo político da história brasileira, articulador do que foi muito bem definido por ministros do Supremo como uma tentativa de golpe nas instituições democráticas e republicanas. Ora, uma personagem com esse vulto, com todas as características evidentes do anti-herói, que força a própria estereotipia para entrar na galeria dos vilões, merece ter a vida esmiuçada. E Cabral se dedicou, então, a uma pesquisa detalhada para reconstruir a trajetória do chefão do PT. Como informa Thaís Oyama em reportagem na VEJA desta semana sobre o livro, o autor analisou 15 mil páginas de documentos, distribuídas em nove arquivos, e entrevistou 63 pessoas. É… O Dirceu do mensalão, chamado pela Procuradoria-Geral da República de “chefe de quadrilha”, não se fez por acaso. Cabral decidiu investigar o pântano em que nasceu tal flor e escreveu um livro que, acreditem, traz revelações surpreendentes. Eu diria que Dirceu é ainda mais Dirceu do que se supunha…
Se já conhecíamos, por exemplo, aspectos de sua biografia pessoal que pareciam pouco recomendáveis para consumo humano, o livro se encarrega de evidenciar que Dirceu não enganava pessoas apenas por necessidade; ele também o fazia por gosto. Volto a esse ponto mais tarde. Dentre as muitas revelações do livro, dou destaque a duas porque dizem muito sobre a personagem e também nos remetem à tal “Comissão da Verdade”.
José Dirceu, o homem condenado a 10 anos e 10 meses por corrupção ativa e formação de quadrilha, segundo o depoimento de uma das testemunhas da história, participou do assassinato de um sargento da Polícia Militar de São Paulo, em 1972. A morte ocorreu em uma das ocasiões em que ele voltou do exílio em Cuba — era um protegido de Fidel Castro —, em companhia de outros membros do grupo Molipo (Movimento de Libertação Popular), uma tentativa de movimento armado criado por exilados brasileiros em Cuba, financiado por Fidel. Lembro que o destino do Molipo ainda hoje gera especulações à boca miúda. Todos os dirigentes foram mortos pelas forças de segurança. Só Dirceu escapou.
Há uma outra revelação chocante: Dirceu comandou, segundo relato da época, o sequestro e sessões de maus-tratos de um jovem chamado João Parisi. Leiam trecho do livro:
O soldado da Força Pública Paulo Ribeiro Nunes e o estudante do Mackenzie João Parisi Filho, membro do CCC [Comando de Caça aos Comunistas], descobertos enquanto se passavam por militantes do movimento estudantil, foram levados vendados ao Conjunto Residencial da USP, o Crusp, onde os apartamentos 109, 110 e 111 do bloco G eram utilizados como uma “delegacia informal” da turma de Dirceu. Lá, foram interrogados e mantidos em cárcere privado (…) A Parisi, porém, foi dado tratamento de inimigo de guerra, segundo relato do delegado do DOPS Alcides Cintra Bueno Filho, em documento de 18 de agosto de 1970:
“Por determinação do ex-líder estudantil Jose Dirceu de Oliveira e Silva, concretizou-se o sequestro do então universitário João Parisi Filho, da Universidade Mackenzie. João Parisi Filho foi levado para o Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo, onde permaneceu em cárcere privado por vários dias, submetido a sevicias. Nesse conjunto residencial, Parisi foi conduzido vendado e algemado, onde foi submetido a interrogatório, sob ameaça de morte. A vítima permaneceu presa durante dias, em condições desumanas. Após ter passado por esses atos de atrocidade, o estudante Parisi foi conduzido de olhos vendados para a copa do quinto andar do pavilhão G, onde foi trancafiado por uma noite e dois dias, permanecendo nesse local todo esse tempo deitado, com as mãos algemadas e presas ao cano da pia daquela dependência. Nessa situação, foi encontrado por duas empregadas que fazem a limpeza”.
Voltei
Pois é… São apenas duas de muitas histórias um tanto estarrecedoras sobre o Zé. Mais uma vez, temos uma medida do Paraíso na Terra que teria sido o Brasil se “eles” tivessem vencido a batalha. Não por acaso, Dirceu foi tomar lições sobre o que fazer em Cuba — e continua a defender até hoje com unhas e dentes a ditadura que o abrigou. Eis aí algumas contribuições importantes para a verdade sem crachá, para a verdade que não depende de comissão oficial.
Aqui e ali já se contou a história do Dirceu que viveu clandestinamente no Paraná, com o nome de Carlos Henrique Gouveia de Mello, casado com Clara Becker — que é a mãe do hoje político Zeca Dirceu. Muito bem! Veio a Anistia, e o homem não teve dúvida: revelou à mulher que, bem…, ele não era ele e se mandou. Ela ainda tentou salvar o casamento, mas foi inútil. Muitos já tentaram livrar a cara de Dirceu nessa história: “Ele só estava se protegendo e protegendo a sua família…”. É mesmo? Pediu, por acaso, licença à mulher, à mãe do seu filho, para usá-la como disfarce? Não, é claro! A biografia revela agora que Dirceu não enganava apenas por necessidade, mas também por gosto. Tinha uma outra mulher em São Paulo, chamada Miriam Botassi. Clara, assim, era enganada duas vezes: pelo militante político José Dirceu e pelo marido que julgava ter, Carlos Gouveia. Dirceu, como se vê, mudava de nome, mas não de caráter.
Que vida venturosa, não?
No livro, Cabral demonstra que, a partir de um determinado ponto, as trajetórias de Lula e Dirceu se imbricam. As relações nem sempre foram as mais pacíficas, e houve um momento em que o Zé encostou a faca do pescoço de Lula. Em troca do silêncio sobre a forma como o partido captava recursos para campanha, exigiu a presidência do PT e plenos poderes. Levou o que quis.
Eis aí: “Dirceu — A Biografia” ilumina a trajetória de uma figura central na construção e realização do projeto de poder petista. É a verdade sem crachá. É a verdade escrachada.

How America Lost Its Way - Niall Ferguson (WSJ)


How America Lost Its Way

It is getting ever harder to do business in the United States, argues Niall Ferguson, and more stimulus won't help: Our institutions need fixing.

The decline of America's institutions, and the related rise in red tape that hinders business, may spell the nation's economic doom. Harvard's Niall Ferguson talks to WSJ's Charles Forelle about the theory outlined in his new book "The Great Degeneration."
As an academic, I'm just an amateur capitalist. Still, over the past 15 years I've started small ventures in both the U.S. and the U.K. In the process I've learned something surprising: It's much easier to do in the U.K. There seemed to be much more regulation in the U.S., not least the headache of sorting out health insurance for my few employees. And there were certainly more billable hours from lawyers.
This set me thinking. We are assured by vociferous economists that economic growth would be higher in the U.S. and unemployment lower if only the government would run even bigger deficits and/or the Fed would print even more money. But what if the difficulty lies elsewhere, in problems that no amount of fiscal or monetary stimulus can overcome?
Nearly all development economists agree that good institutions—legislatures, courts, administrative agencies—are crucial. When poor countries improve their institutions, economic growth soon accelerates. But what about rich countries? If poor countries can get rich by improving their institutions, is it not possible that rich countries can get poor by allowing their institutions to degenerate? I want to suggest that it is.
Consider the evidence from the annual "Doing Business" reports from the World Bank and International Finance Corporation. Since 2006 the report has published data for most of the world's countries on the total number of days it takes to start a business, get a construction permit, register a property, pay taxes, get an export or import license and enforce a contract. If one simply adds together the total number of days it would take to carry out all seven of these procedures sequentially, it is possible to construct a simple measure of how slowly—or fast—a country's bureaucracy moves.
Seven years of data suggest that most of the world's countries are successfully making it easier to do business: The total number of days it takes to carry out the seven procedures has come down, in some cases very substantially. In only around 20 countries has the total duration of dealing with "red tape" gone up. The sixth-worst case is none other than the U.S., where the total number of days has increased by 18% to 433. Other members of the bottom 10, using this metric, are Zimbabwe, Burundi and Yemen (though their absolute numbers are of course much higher).
Why is it getting harder to do business in America? Part of the answer is excessively complex legislation. A prime example is the 848-page Wall Street Reform and Consumer Protection Act of July 2010 (otherwise known as the Dodd-Frank Act), which, among other things, required that regulators create 243 rules, conduct 67 studies and issue 22 periodic reports. Comparable in its complexity is the Patient Protection and Affordable Care Act (906 pages), which is also in the process of spawning thousands of pages of regulation. You don't have to be opposed to tighter financial regulation or universal health care to recognize that something is wrong with laws so elaborate that almost no one affected has the time or the will to read them.
Who benefits from the growth of complex and cumbersome regulation? The answer is: lawyers, not forgetting lobbyists and compliance departments. For complexity is not the friend of the little man. It is the friend of the deep pocket. It is the friend of cronyism.
We used to have the rule of law. Now it is tempting to say we have the rule of lawyers, which is something different. For the lawyers can also make money even in the absence of complex legislation.
It has long been recognized that the U.S. tort system is exceptionally expensive. Indeed, tort reform is something few people will openly argue against. Yet the plague of class-action lawsuits continues unabated. Regular customers of Southwest Airlines recently received this email: "Did you receive a Southwest Airlines drink coupon through the purchase of a Business Select ticket prior to August 1, 2010, and never redeem it? If yes, a legal Settlement provides a Replacement Drink Voucher, entitling you to a free drink aboard a Southwest flight, for every such drink coupon you did not redeem."
This is not the product of the imagination of some modern-day Charles Dickens. It is a document arising from the class-action case, In re Southwest Airlines Voucher Litigation, No. 11-cv-8176, which came before Judge Matthew F. Kennelly of the District Court for the Northern District of Illinois. As the circular explains: "This Action arose out of Southwest's decision, effective August 1, 2010, to only accept drink coupons received by Business Select customers with the purchase of a Business Select ticket on the date of the ticketed travel. The Plaintiffs in this case allege Southwest, in making that decision, breached its contract with Class Members who previously received drink coupons," etc.
As often happens in such cases, Southwest decided to settle out of court. Recipients of the email will have been nonplused to learn that the settlement "will provide Replacement Drink Vouchers to Class Members who submit timely and valid Claim Forms." One wonders how many have bothered.
Cui bono? The answer is, of course, the lawyers representing the plaintiffs. Having initially pitched for "up to $7 million in fees, costs and expenses," these ingenious jurists settled for fees of $3 million "plus costs not to exceed $30,000" from Southwest.
Canada's Fraser Institute has been compiling an "Economic Freedom" index since 1980, one component of which is a measure of the quality of a country's legal system and property rights. In the light of a case like the one described above, there is nothing surprising about the recent decline in U.S. performance. In 2000 U.S. law scored 9.23 out of 10. The most recent score (for 2010) was 7.12.
Such indexes must be used with caution, but the Fraser index is not the only piece of evidence suggesting that the rule of law in the U.S. is not what it was. The World Justice Project uses a completely separate methodology to assess countries' legal systems. The latest WJP report ranks the U.S. 17th out of 97 countries for the extent to which the law limits the power of government, 18th for the absence of corruption, 19th for regulatory enforcement, 22nd for access to civil justice and the maintenance of order and security, 25th for fundamental rights, and 26th for the effectiveness of criminal justice. Of all the former British colonies in the report, the U.S. ranks behind New Zealand, Australia, Singapore, Canada, Hong Kong and the United Kingdom—though it does beat Botswana.
The decline of American institutions is no secret. Yet it is one of those strange "unknown knowns" that is well documented but largely ignored. Each year, the World Economic Forum publishes its Global Competitiveness Index. Since it introduced its current methodology in 2004, the U.S. score has declined by 6%. (In the same period China's score has improved by 12%.) An important component of the index is provided by 22 different measures of institutional quality, based on the WEF's Executive Opinion Survey. Typical questions are "How would you characterize corporate governance by investors and boards of directors in your country?" and "In your country, how common is diversion of public funds to companies, individuals, or groups due to corruption?" The startling thing about this exercise is how poorly the U.S. fares.
In only one category out of 22 is the U.S. ranked in the global top 20 (the strength of investor protection). In seven categories it does not even make the top 50. For example, the WEF ranks the U.S. 87th in terms of the costs imposed on business by "organized crime (mafia-oriented racketeering, extortion)." In every single category, Hong Kong does better.
At the same time, the U.S. has seen a marked deterioration in its World Governance Indicators. In terms of "voice and accountability," "government effectiveness," "regulatory quality" and especially "control of corruption," the U.S. scores have all gone down since the WGI project began in the mid-1990s. It would be tempting to say that America is turning Latin, were it not for the fact that a number of Latin American countries have been improving their governance scores over the same period.
What is the process at work here? Perhaps this is a victory from beyond the grave for classical Western political theory. Republics, after all, were regarded by most ancient political philosophers as condemned to decadence, or to imperial corruption. This was the lesson of Rome. Democracy was always likely to give way to oligarchy or tyranny. This was the lesson of the French Revolution. The late Mancur Olson had a modern version of such cyclical models, arguing that all political systems were bound to become the captives, over time, of special interests. The advantage enjoyed by West Germany and Japan after World War II, he suggested, was that all the rent-seeking elites of the pre-1945 period had been swept away by defeat. This was why Britain won the war but lost the peace.
Whatever the root causes of the deterioration of American institutions, smart people are starting to notice it. Last year Michael Porter of Harvard Business School published a report based on a large-scale survey of HBS alumni. Among the questions he asked was where the U.S. was "falling behind" relative to other countries. The top three lagging indicators named were: the effectiveness of the political system, the K-12 education system and the complexity of the tax code. Regulation came sixth, efficiency of the legal framework eighth.
Asked to name "the most problematic factors for doing business" in the U.S., respondents to the WEF's most recent Executive Opinion Survey put "inefficient government bureaucracy" at the top, followed by tax rates and tax regulations.
All this should not be interpreted as yet another prophecy of the imminent decline and fall of the U.S., however. There is some light in the gloom. According to the most recent United Nations projections, the share of the U.S. population that is over 65 will reach 25% only at the very end of this century. Japan has already passed that milestone; Germany will be next. By midcentury, both countries will have around a third of their population age 65 or older.
More imminently, a revolution in the extraction of shale gas and tight oil, via hydraulic fracking, is transforming the U.S. from energy dependence to independence. Not only could the U.S., at least for a time, re-emerge as the world's biggest oil producer; the lower electricity costs resulting from the fossil-fuel boom are already triggering a revival of U.S. manufacturing in the Southeast and elsewhere.
In a functioning federal system, the pace of institutional degeneration is not uniform. America's four "growth corridors"—the Great Plains, the Gulf Coast, the Intermountain West and the Southeast—are growing not just because they have natural resources but also because state governments in those regions are significantly more friendly to business. There are already heartening signs of a great regeneration in states like Texas and North Dakota.
"In America you have a right to be stupid—if you want to be." Secretary of State John Kerry made that remark off the cuff in February, speaking to a group of students in Berlin. It is not a right the founding fathers felt they needed explicitly to enshrine. But it has always been there, and America's leaders have frequently been willing to exercise it.
Yes, we Americans have the right to be stupid if we want to be. We can carry on pretending that our economic problems can be solved with the help of yet more fiscal stimulus or quantitative easing. Or we can face up to the institutional impediments to growth I have described here.
Not many economists talk about them, it's true. But that's because not many economists run businesses.
Adapted from Mr. Ferguson's new book, "The Great Degeneration: How Institutions Decay and Economies Die," to be published by Penguin Press on Thursday.

O Brasil que nao da' certo - Rogerio Furquim Werneck

O Brasil que não está dando certo
Rogério Furquim Werneck
 O Globo, 7/06/2013

Na última campanha presidencial, o País foi conclamado pela candidata vitoriosa a escolher entre “o Brasil que dava errado e o Brasil que está dando certo”.
Passados pouco mais de 30 meses, o problema central do governo eleito em 2010 passou a ser evitar que se dissemine no eleitorado o sentimento de que o Brasil não está dando certo.
No início deste ano, já não havia dúvida de que o desempenho econômico do primeiro triênio do governo Dilma Rousseff estava fadado a ser muito medíocre. E, como essa perspectiva havia deixado o PT bastante apreensivo, o lançamento da campanha presidencial foi antecipado, para conter o ceticismo do partido sobre o projeto da reeleição.
Em entrevista ao GLOBO, em 28/4, o senador Jorge Viana, prócer inequívoco do partido, confirmou que a antecipação da campanha, patrocinada por Lula, em fevereiro, havia sido “um movimento interno para o PT. Como alguns levantavam dúvidas, ele disse que ela era candidata. Com isso liberou a presidente para ficar livre, leve e solta para governar”. Se, de fato, era essa a intenção, o efeito tranquilizador sobre o PT durou pouco.
O País chega ao fim do primeiro semestre com um quadro inflacionário preocupante e perspectivas de expansão da economia cada vez mais desalentadoras. O desempenho do nível de atividade no primeiro trimestre reforçou as previsões de mais um ano de crescimento pífio.
A mediana das últimas expectativas de mercado coletadas pelo Banco Central já aponta para uma taxa de expansão do PIB de menos de 2,8% em 2013. O que deixaria a taxa média anual de crescimento do primeiro triênio do governo Dilma Rousseff em pouco mais que 2,1%.
É natural que o PT esteja de novo alvoroçado e apreensivo com os riscos da reeleição. Há meses, o partido ainda alimentava a fantasia de que, em 2014, poderia tentar vender ao eleitorado um pacote fechado de 12 anos de governo petista, no qual o desempenho sofrível dos quatro anos de Dilma estivesse compensado pelo desempenho dos oito anos de Lula. Mas já percebeu que isso não será tão fácil. Há poucos dias, o próprio presidente do PT reconheceu que o legado dos anos Lula será “insuficiente para garantir a reeleição”.
Na verdade, não é só o PT que vem acalentando a ideia de um Plano B. A antecipação da campanha presidencial vem obrigando toda a base aliada — governadores, senadores e deputados — a antecipar seu reposicionamento para as eleições 2014. E é a incerteza sobre o projeto da reeleição que explica boa parte das notórias dificuldades que a presidente vem enfrentando para manter a base aliada sob controle.
Em longa entrevista publicada em livro sobre os 10 anos de presidência petista, Lula relata de forma muito franca as dificuldades que teve de enfrentar para levar à frente a ideia de lançar Dilma Rousseff como candidata a presidente.
“Eu sei o que eu aguentei de amigos meus, amigos mesmo, não eram adversários, dizendo: Lula, mas não dá. Ela não tem experiência, ela não é do ramo. Lula, pelo amor de Deus.” É fácil imaginar, tendo em vista o que se viu nos últimos 30 meses, a pressão que esses mesmos interlocutores estarão fazendo, agora, para que o projeto da reeleição ceda lugar a um Plano B.
Em meio ao clima de desconfiança que vem marcando as relações do Planalto com o PT e a base aliada, a presidente, em atitude defensiva, vem tentando recuar para um círculo mais restrito de auxiliares, com quem teve oportunidade de construir relações mais sólidas.
Bem ilustra esse recuo a crescente ascendência que vem tendo o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, sobre a presidente, graças à confiança mútua desenvolvida entre eles desde a época em que foram ambos secretários do governo Olívio Dutra, no Rio Grande do Sul. Nesse caso específico, é fácil perceber que o recuo da presidente para um círculo mais restrito de auxiliares não é sem custo. Implica grave perda adicional de racionalidade na condução da política econômica.

Rogério Furquim Werneck é economista e professor da PUC-Rio.

Imperio: as duas novas superpoderosas conselheiras do principe (dubitativo...) - NYT

NEWS ANALYSIS

A Golden Age for Intervention?

Alex Wong/Getty Images
President Obama with National Security Adviser Tom Donilon; Susan E. Rice, center, named to be his successor; and Samantha Power, right, nominated to succeed Ms. Rice as U.N. ambassador.
  • FACEBOOK
  • TWITTER
  • GOOGLE+
  • SAVE
  • E-MAIL
  • SHARE
  • PRINT
  • REPRINTS
SAMANTHA POWERPresident Obama’s nominee to replace Susan E. Rice as the American ambassador to the United Nations, has a history of disparaging both the institution and its leader.
Secretary General Ban Ki-moon was “extremely disappointing” on the Darfur crisis, she told “Frontline” in 2007, “more of a secretary than a general.”
The Security Council? It is “anachronistic, undemocratic, and consists of countries that lack the standing to be considered good-faith arbiters of how to balance stability against democracy, peace against justice, and security against human rights,” she wrote in 2003.
But Ms. Power is no John R. Bolton, George W. Bush’s United Nations envoy, who once famously remarked that nobody would notice if someone lopped the top 10 floors off the United Nations Secretariat building.
She wants the system to work. As flawed as the Security Council is, she has often said, its endorsement amplifies international approval for controversial action. She criticized the American invasion of Iraq because it lacked the council’s stamp, among other reasons.
Of the existing grave international issues that the United Nations will face during her tenure, the two most important will be addressing the Syrian conflict and confronting Iran’s apparent attempts to develop a nuclear weapon.
Could the fact that both Ms. Rice and Ms. Power have taken very public stances on the importance of humanitarian intervention mean they will shift American foreign policy in that direction? The consensus among experts and their ex-colleagues is that not much will change. Ms. Power’s appointment represents continuity, and neither of them differed publicly with President Obama on foreign policy issues.
“It will certainly change the content of the conversation, but at the end of the day Barack Obama was president before these appointments, and he is still,” said Richard N. Haass, president of the Council on Foreign Relations. “I don’t think it changes the equation.”
Ms. Rice has repeatedly and publicly castigated herself for her failure to push harder for intervention to stop the 1994 genocide in Rwanda while serving on the National Security Council during the Clinton administration. It was Ms. Power who provided damning evidence, in a 2001 article in The Atlantic Monthly, that Ms. Rice had asked in a Washington teleconference whether characterizing the mass slaughter as “genocide” might hurt the Democrats in midterm elections.
Ms. Power, then teaching at Harvard, won a Pulitzer Prize in 2002 for her highly critical portrait of America’s repeated failure to stop mass atrocities, “A Problem From Hell: America and the Age of Genocide.” In the Obama administration, Ms. Power has served in the N.S.C. job Ms. Rice once held, running the office that deals with multilateral organizations and human rights.
The two have become allies and close friends; their bond forged through shared interests and the difficulty women face handling the White House boys’ club, said one former official.
“Five years ago you might not have been able to predict where they are now,” said Edward C. Luck, dean of the School of Peace Studies at the University of San Diego and a former senior United Nations adviser on peacekeeping issues. “They were both idealists, but they have both become practical idealists. Time in government does that to you.”
Mr. Luck guided the United Nations’ effort to adopt a new global standard known as “the responsibility to protect.” It stipulates that the international community should intervene in wars to stop genocide, war crimes, crimes against humanity and ethnic cleansing once diplomatic efforts fail. Both women have been staunch supporters of the idea, which was the basis for the NATO intervention in Libya that resulted in the overthrow of Col. Muammar el-Qaddafi. Ms. Rice pushed through the critical Security Council resolution that authorized “all necessary measures” to protect civilians. Russia, backed by China, has rejected anything remotely similar in Syriadespite far greater carnage.
Neither woman has suggested publicly that America intervene in the Syrian conflict, which has claimed more than 80,000 lives since it erupted as a peaceful protest movement in March 2011. Though many people have urged Mr. Obama to do more, he seems intent on avoiding a major intervention in a vexingly complex conflict. And no one gets promoted by contradicting the boss.
AROUND the United Nations, Ms. Power’s nomination has generated excitement because, through two books and much other work, she has focused so much attention on the promise and the failures of the institution in Bosnia, Rwanda and elsewhere. In an organization devoid of inspirational leaders, hers is one voice the younger generation admires.
Ms. Rice leaves a mixed legacy at the United Nations. She was often brusque. She broke protocol by sprinkling her remarks behind closed doors with undiplomatic expletives. When planning Security Council trips to places like Haiti, she would bulldoze colleagues into accepting her agenda. But the diplomatic corps tended to consider all that secondary because she is so close to President Obama. Diplomats respect envoys who can speak directly for their leaders.
If confirmed, Ms. Power would come to the United Nations at a critical juncture. A new peacekeeping force taking shape in Congo has been given extraordinary powers to pursue and kill guerrillas, and those expected to be deployed in Mali might soon find themselves embroiled in a shooting war against affiliates of Al Qaeda.
“There is a lot of concern that the Security Council is stumbling into pushing peacekeeping too far, just as it did in the Balkans,” said Richard Gowan, a peacekeeping expert at New York University. Beginning with her work in Bosnia as a reporter, Ms. Power saw how peacekeeping operations could backfire when overstretched, he said. “She understands clearly what happens when you start trying to do intervention on the cheap.”
Neil MacFarquhar is the United Nations correspondent for The New York Times and the author of “The Media Relations Department of Hizbollah Wishes You a Happy Birthday: Unexpected Encounters in the Changing Middle East.”

Keynesianos de botequim e seus mata-burros ideologicos - Celso Ming

Boa expressão a deste colunista: mata-burros ideológicos. São as travas mentais dos companheiros keynesianos, que não conseguem ir além dos rudimentos de medidas "sociais" que supostamente defendem e que praticam essa política econômica caolha, limitada e simplória, e que relutam em enfrentar os problemas reais, esperando que a salvação venha da China,dos consumidores, do acaso, de qualquer coisa...
Vamos ver...
Paulo Roberto de Almeida

No teto da meta

CELSO MING - O Estado de S. Paulo, 08 de junho de 2013
Se prosseguir na venda de ilusões, o governo Dilma dirá, como tem dito, que a inflação de maio (0,37%) foi mais baixa do que a de abril (0,55%); que a alta dos alimentos desacelerou com força e que, por isso, estamos melhorando e tal.
No entanto, a inflação em 12 meses (6,5%) está no gargalo da garrafa e vai saltar para cima desse nível pelo menos nos próximos três meses. Os efeitos da desoneração da cesta básica já não atuarão sobre a inflação e há os reajustes da condução que começam a pesar.
Embora um pouco mais contida, a alta continua espalhada demais, na medida em que 63% dos itens que compõem a cesta do custo de vida apresentaram elevação em maio. Enfim, como aponta o Banco Central, a inflação segue resistente, dizimando o poder aquisitivo.
Se estiver realmente empenhado em virar esse jogo agora adverso, o primeiro passo é admitir a deterioração da economia e tratar de colocar a composição nos trilhos.
Sempre há aqueles que argumentam que o setor fiscal (contas públicas) está melhor do que em tantos países modelos do mundo; que os juros básicos estão elevados demais quando se comparam com os praticados lá fora e, por isso, teriam de cair; que o Brasil estoca respeitável volume em reservas, de US$ 374 bilhões; e que, embora venha decepcionando, a atividade econômica avança mais do que na maioria dos países ricos, há cinco anos mergulhados na estagnação.
A atual combinação de políticas vem produzindo fiascos sucessivos quando comparados com os objetivos propostos: crescimento do PIB provavelmente na casa de 2% neste ano, em vez de 4% a 4,5% ao ano; inflação para além dos 6% ao ano, em vez do limite de 4,5%; derrubada do superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida) em vez dos 3,1% do PIB; e rombo crescente nas contas externas (saldo nas Transações Correntes) em vez da relativa estabilidade.
As depredações de quinta-feira na Avenida Paulista em protestos contra a alta das tarifas da condução e o anúncio da perspectiva de rebaixamento da qualidade dos títulos de dívida do Brasil pela Standard & Poor's são parte do mesmo quadro deteriorado que, felizmente, está longe do que acontece na Argentina, mas que, infelizmente, por lá começou também assim.
Por enquanto, apenas o Banco Central mudou de comportamento, antes complacente demais. O resto da administração Dilma parece paralisado, em parte porque não aprendeu a livrar-se dos mata-burros ideológicos e, pelos quatro cantos, vê a ação conspiratória dos neoliberais e "da finança internacional" e, em parte, porque não sabe ainda o que fazer.
Até que ponto o aperto da política monetária (política de juros) será capaz de conter a inflação? Se o Banco Central ficar sozinho na empreitada, poderá alcançar algum sucesso, mas terá de puxar os juros sabe-se lá para que alturas. Falta saber se o governo está disposto a calibrar sua política fiscal nessa direção.

Nao sei se o Brasil e' normal, mas certos politicos sao anormais...

Não só anormais. Imorais também. Enfim, um pouco todas as canalhices e patifarias que são possíveis imaginar.
E não só esse vira-casaca sem-vergonha. Quase todos os seus colegas também.
Em que mundo eles vivem?
Paulo Roberto de Almeida

Afif é demitido de mentirinha para assumir governo de São Paulo

Guilherme Afif Domingos (PSD) pediu exoneração do cargo de ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa para poder assumir interinamente o governo do estado de São Paulo no próximo domingo, quando Geraldo Alckmin viajará para o exterior. O decreto da presidente Dilma Rousseff exonerando "a pedido" Afif do cargo foi publicado em edição extra do Diário Oficial na noite de sexta-feira.
Desde o início de maio, o político acumulava as funções de ministro e vice-governador. A exoneração da Secretaria foi a manobra necessária para evitar que ele ocupasse os cargos de ministro e chefe do Executivo paulista ao mesmo tempo, o que é proibido pelas Constituições federal e estadual.

sábado, 8 de junho de 2013

Totalitarios de la, e de ca, uni-vos (para controlar a "midia"): bolivarianos tupiniquins ao ataque

Não passa uma semana sem que os celerados do partido hegemônico voltem ao velho tema da "democratização da mídia", que nada mais é do que o controle da imprensa. Eles adorariam ter um panorama venezuelano aqui também, ou seja: censura, dependência dos meios de comunicação das prebendas estatais e coisas do gênero.
Totalitários são assim: eles não suportam críticas e ficam furiosos quando alguém diz que os que eles estão fazendo é, pela ordem: demagogia, clientelismo, fisiologismo, coronelismo, populismo, estatismo, intervencionismo, protecionismo, assistencialismo, bolivarianismo, fraudismo, mentirismo, enganismo, burrismo e vários outros ismos, o que corresponde, aliás, à natureza essencialmente totalitária de suas orientações políticas, de seu caráter social, embora o conceito de caráter seja enganoso, neste caso.
Eles não vão desistir; os quilombolas da liberdade de opinião tampouco; eu faço a minha parte, frente à passividade de tantos acomodados...
Paulo Roberto de Almeida

Chavismo lá, petismo cá

Editorial O Estado de S.Paulo, 08 de junho de 2013 
Não faz muito tempo, o PT preconizava o "controle social da mídia". Mas a ideia de "controle" assusta um pouco e não tem lá grande apelo motivacional. Os marqueteiros entraram em ação e a palavra de ordem mudou então para "democratização da mídia". Afinal, "democratização" é o tipo ideal de ideia-ônibus: todo mundo embarca nela. Só que, como é da natureza das proposições populistas - muito apelo e pouco conteúdo -, nunca ficou claro o que vinha a ser exatamente a "democratização" preconizada, de que modo ela se aplicaria ao cotidiano dos veículos de comunicação, no que ela mudaria de fato para melhor a vida dos brasileiros. Agora, finalmente, o grande enigma parece desvendado. Por analogia.
O finado general Hugo Chávez acaba de ser agraciado, na Venezuela, com o Prêmio Nacional de Jornalismo Simón Bolívar, pelos relevantes serviços prestados à causa da "democratização da mídia" em seu país. Como até as maçanetas do Instituto Lula sabem, Hugo Chávez é a segunda grande figura da política latino-americana a quem as lideranças petistas, Lula à frente, prestam fervorosa reverência. A primeira é Fidel Castro. Não há bom petista que não inveje os poderes de que Chávez logrou se investir para implantar "democraticamente" o "socialismo bolivariano" na Venezuela.
A instituição que outorgou a láurea póstuma a Chávez é uma fundação vinculada à vice-presidência da República. Estatal, portanto. E a justificativa do prêmio chega a ser comovente: "Decidimos outorgar o prêmio extraordinário ao comandante Hugo Chávez porque ele devolveu a palavra aos oprimidos do mundo (sic) em seu papel de comunicador social, em sua constante batalha contra a mentira midiática".
O panorama do jornalismo que hoje existe na Venezuela ainda não chegou à perfeição daquele que vigora há mais de meio século em Cuba, pois ainda sobrevivem alguns veículos não estatais. Em 13 anos de governo, Chávez desenvolveu um meticuloso e eficiente trabalho de neutralização dos jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão que ousavam manifestar discordância com as políticas oficiais. Apelou para todos os tipos de recursos, desde os embargos de um Poder Judiciário completamente subjugado até os obstáculos econômicos e financeiros, passando pela intimidação e o empastelamento.
As emissoras de televisão, pela extensão de sua audiência, foram as mais perseguidas. As duas maiores redes, por insistirem no jornalismo não alinhado com a política chavista, acabaram subjugadas. Em 2007, a RCTV teve a renovação da concessão simplesmente negada, sob o argumento de que teria participado do golpe de Estado que apeou Chávez do poder por dois dias, em 2002. Este ano, a Globovisión, depois de ter sido financeiramente exaurida pela imposição de pesadas multas, foi vendida para um grupo empresarial aliado do governo e está mudando radicalmente sua linha editorial.
Diante dessa realidade na qual praticamente já não se pode falar em liberdade de imprensa, o Sindicato Nacional de Jornalistas da Venezuela protestou contra a homenagem ao caudilho: "Repudiamos o prêmio dado ao falecido presidente Chávez, responsável pelo fechamento de grande número de veículos de comunicação durante seu governo: além da RCTV, 33 emissoras de rádio".
No Brasil, sob o pretexto da urgente necessidade de um novo marco regulatório das comunicações (o atual tem mais de meio século), o PT promove deliberadamente a confusão entre o verdadeiro objetivo desse marco, que é regular o funcionamento de uma concessão pública - as emissoras de rádio e TV -, com o controle da mídia impressa, cujo funcionamento não depende de concessão. Para ambos os casos, aliás, prevalecem o fundamento constitucional da liberdade de expressão e o veto a qualquer tipo de censura à atividade jornalística, cujos eventuais abusos são tipificados e têm punição prevista na lei ordinária.
Mas o modelo dos sonhos do lulopetismo é aquele que a Venezuela e outros governos bolivarianos estão tentando copiar de Cuba.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...