domingo, 23 de fevereiro de 2014

Consenso de Havana: dirigentes latino-americanos defendem as ditaduras cubana e chavista - Ibsen Martinez

Algo que eu já havia dito aqui: os venezuelanos estão vergonhosamente sós, desesperadamente entregues a si mesmos. O que acontece hoje no continente é uma indignidade, um pecado moral, uma falência do pensamento.
Paulo Roberto de Almeida

Ibsen Martínez
El País, 23/02/2014

O consenso de Havana pede que as nações da região possam coexistir com um governo sistematicamente violador de direitos humanos como, com muitas provas, é o atual regime venezuelano.

Durante os anos 90, cristalizou-se no mundo dos organismos multilaterais o chamado “consenso de Washington”: um decálogo de recomendações aos países em dificuldades econômicas que condicionava o auxílio financeiro do FMI, as contribuições do Banco Mundial e as provisões da Secretaria do Tesouro dos Estados Unidos.
Essas recomendações, que os críticos do sistema financeiro multilateral chamaram de “receitas do Fundo” [monetário], eram um conjunto de políticas econômicas configuradas em um “pacote” padrão de reformas específicas para os países em apuros.
A fala é atribuída ao economista inglês John Williamson, que cunhou o termo em 1989, provavelmente sem imaginar que, em breve, suas palavras tecnocratas receberiam em todo o planeta um segundo sentido, mais político; um sentido mais abertamente pejorativo, contestador e denunciador de toda orientação governamental que promove a economia de mercado.
Denunciar o consenso de Washington se converteu em palavra de ordem dos que se opõem (e ainda são contra) uma besta negra batizada como neoliberalismo. E quem defendesse tais reformas (disciplina fiscal, flexibilização do mercado de trabalho, eliminação de barreiras protecionistas, suspensão do financiamento monetário dos déficits, autonomia dos bancos centrais etc) era tido como fundamentalistas de mercado.
2.-
Se tenho tudo isso do consenso de Washington presente é porque, no trecho da história política venezuelana entre 1989 e, digamos, 1992, em mais de uma ocasião escrevi, com toda a ironia cruel com a qual era capaz, contra aqueles que, em nosso país, avançaram, aos trancos e barrancos, com essas reformas.
Foram, sem dúvida, tempos paradoxais, como têm sido todo o tempo na nossa América. Um paradoxo, e não menos importante, consistiu precisamente que fossem líderes históricos de populismos coletivistas de centro-esquerda, os partidos nacionalistas e estatistas de maior ascendência no continente quem deram início, com resultados diferentes, às reformas implícitas no consenso de Washington.
Víctor Paz Estenssoro, por exemplo, fundador do boliviano Movimento Nacionalista Revolucionário, que foi quatro vezes presidente do país e autor da nacionalização de toda a mineração nos anos 50, adotou em 1985 o programa neoliberal contra o qual tinha feito feroz campanha e seguiu com ele, mesmo que às custas da demissão de mais de 35.000 mineiros da empresa estatal de estanho. Porém, com a adoção das receitas propostas pelo economista Milton Friedman, conseguiu abater a hiperinflação mais descomunal registrada desde os tempos da Alemanha nos anos 20 e deixou a economia boliviana em algo muito mais saudável.
Foi talvez seguindo o exemplo de Paz Estenssoro que o outrora populista Carlos Andrés Pérez testou, em seu segundo governo, seguir o seu exemplo com os resultados que conhecemos. Eles não foram os únicos políticos latino-americanos com raízes populistas que abraçaram, cada qual ao seu modo, o consenso de Washington: o mutável e camaleônico peronismo argentino nos deu nada menos que o mais ruborizado dos neoliberais sul-americanos: Carlos Saul Menem.
O outro paradoxo, que dá pretexto para esta filigrana dominical, tem a ver com o advento da democracia em escala continental que, se aceite ou não, era um requisito imprescindível, implícito no consenso de Washington. É fato que, na década de 90, (logo mais fará 25 anos!), a democracia conseguiu se sustentar até o ponto em que, com exceção de Chile e Cuba, todo o continente vivesse em democracias, com segurança imperfeita, mas discutivelmente funcionais.
No entanto, com enigmática regularidade, a cada tomada de posse pacífica de um presidente eleito em eleições livres, invariavelmente tinha um convidado de honra, uma vedete que mobilizava a simpatia dos meios e da opinião pública: o ditador cubano Fidel Castro.
A “coroação” de Carlos Andrés Pérez, em 1989, teve como atração especial um homem que, cinco meses mais tarde, fuzilaria após um julgamento arranjado o general Arnaldo Ochoa.
Tenho para mim que a presença de Fidel Castro nas cerimônias de posse democráticas dos anos 90 tem um oculto sentido ritual para a ressentida tribo latino-americana, ante o indiscutível êxito dos Estados Unidos como sociedade e como nação.
O respeito e a reverência que Cuba dos Castro suscita no ânimo de tantos governantes latino-americanos é um sintoma de que a ciência política, por si só, não sabe ou não pode explicar.
É um dos tópicos do antiamericanismo do nosso continente, desde os tempos de José Enrique Rodó e Rubén Darío, até os de Rubén Blades, são as inúmeras intervenções militares e o inegável apoio de Washington aos golpes de direita ao longo do século 20 em nosso continente. Mas, em se tratando da interferência em assuntos alheios, somente Cuba dos Castro compete com os EUA nesse descarado intervencionismo. Desde as guerrilhas guevaristas dos anos 60, passando pelas guerras da América Central, até o “protetorado” que hoje padece da Venezuela.
A cúpula da CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), realizada em Havana no fim de janeiro, reuniu 29 dos 33 mandatários da região. Somente o presidente do Panamá recusou o convite, indignado com a prisão de um navio norte-coreano que tentou passar pelo canal panamenho com armamento cubano contrabandeado. Ele citou um trecho de uma reportagem publicada pelo jornal espanhol EL PAÍS: “O Governo de Raúl Castro não recebeu críticas diretas de nenhum dos participantes da cúpula pela questão dos direitos humanos na ilha, como aconteceu, por exemplo, em 1999, quando as críticas feitas pelo presidente mexicano Ernesto Zedillo pela situação das liberdades na ilha provocaram o congelamento da relação especial de seu país com Cuba”. O líder panamenho acrescentou que, na declaração final da cúpula, os mandatários vizinhos ignoraram com cruel desembaraço o tema das liberdades cuja defesa a Carta Democrática da OEA os obriga.
O consenso de Havana pede que as nações da região possam coexistir com um governo sistematicamente violador de direitos humanos como, com muitas provas, é o atual regime venezuelano. Nesse momento, sobra todo chamado do tipo “não nos deixem sós!”. Os venezuelanos não devem esperar por nada que venha dos presidentes da região; tudo deve depender de nós mesmos.

Ibsen Martínez é escritor venezuelano.

Loucuras economicas dos partidarios do comercio justo de bananas: o mundo deveria parar, ao que parece...

Espíritos generosos querem dar um justo preço para os produtores de bananas. Eles acham que o seu preço caiu demais, ao passo que os custos de produção não cessaram de aumentar.
O problema, segundo eles, não é do excesso de produção, mas da maldade dos comerciantes, que provavelmente gostam de perder dinheiro e vendem a banana a preços muito baixos, o que dificulta a vida nesses países pobres produtores de bananas.
Eles não imaginam que possa estar havendo um excesso de bananas no mundo, e que por isso mesmo elas custam tão pouco.
Que tal se os produtores que estão perdendo dinheiro com a banana, que realmente está barata, e todo mundo, até um pobre, pode comprar bananas, decidissem, por exemplo plantar mangas, ou mamão, ou morangos, ou uvas, e aí se diversificaria um pouco a oferta?
Porque o problema seria de se ter um comércio justo?
Aliás, o que é comércio justo?
Vender caro, vender barato?
Vender muito, vender pouco?
Com preços tabelados, com preços livres?
Com preços fixados, com controle de estoques?
Com regras para se plantar, e se colher?
Produtores podem continuar produzindo bananas, mesmo se o preço cai?
Oh, céus, quantas dúvidas!
Os preços caem, essencialmente por dois motivos: existe abundância daquele produto, não existem compradores para aquele produto. Ponto.
Os preços sobem por dois motivos: existe pouca oferta para aquele produto, existe uma grande procura por aquele produto. Ponto.
Quando oferta e procura estiverem em níveis razoáveis, se terá um preço de equilíbrio, que aliás nunca será de equilíbrio, pois preferências de consumidores e renda disponível são dois determinantes terríveis dessa linha de convergência, e ela muda o tempo todo, por isso não existe preço de equilíbrio, apenas pontos numa curva que vão se movimentando.
Consumidores são terríveis ditadores: eles fazem o sucesso ou a ruína de produtores.
Acho que os consumidores estão cansados de comer bananas, ou os produtores exageraram na oferta.
Escolham o que for melhor, e esqueçam o comércio justo.
Paulo Roberto de Almeida

Banana price war requires government intervention, says Fairtrade Foundation

Price of bananas in UK supermarkets has nearly halved in 10 years and is putting pressure on suppliers, foundation says
Bananas
The Fairtrade Foundation says banana farmers are struggling to build up resilient businesses and trade out of poverty. Photograph: Linda Nylind for the Guardian
The Fairtrade Foundation is calling on the government to intervene in a banana price war in supermarkets that is putting pressure on suppliers and ,it claims, could lead to shortages.
The foundation, which aims to protect farmers in developing countries, says the price of bananas in UK supermarkets has nearly halved in the past 10 years to just 11p, while farmers at the same time have seen costs double.
The fall in the price of bananas, 5bn of which are eaten the UK every year, comes despite a rise in the price of other staple foods such as bread, eggs, milk and sugar, of 79% an average.
The policy director at the Fairtrade Foundation, Barbara Crowther, said: "If prices don't deliver long-term sustainability in the industry, that's not just bad for producers, it's bad for consumers because we could see much higher prices or shortages in the long term."
The foundation's chief executive, Michael Gidney, compared the price of a banana that has been shipped in from the Caribbean or Central America to the 20p paid for an apple grown in Britain.
He said: "If prices go up for farmers and down at the consumption end it's pretty obvious there's a squeeze. Our research is showing that squeeze is disabling farmers, making it impossible to build up resilient businesses and to trade out of poverty."
Gidney said some supermarkets may also be losing "hundreds of thousands of pounds per week" by selling bananas at a loss and called on the government to investigate what he called a "dysfunctional market", which was not good for farmers, retailers or consumers in the long term.
But the British Retail Consortium denied that farmers were being squeezed.
"The fact that supermarkets are choosing to sell bananas at below margin cost has no relationship to what they are paying producers. Producers are getting a good price and customers are getting a good price as well. Supermarkets sell such an enormous range of products that they can choose to sell particular products at a loss."
In a letter to the business secretary, Vince Cable, Gidney called for the new competition watchdog, the Competition and Markets Authority, to launch an inquiry into the retail price of bananas.
Gidney said shoppers could help support farmers by switching to Fairtrade but the price of bananas was now so out of kilter with the cost of production the industry needed real "structural change".
However, Cable's Department for Business Innovation and Skills suggested the government had little appetite for an intervention. "It is not our policy to get involved in price-setting. The price that people pay at the checkout is down to the supermarkets."
In the dairy market, prices for milk have improved after high-profile action by farmers and concern from shoppers forced individual supermarkets to agree deals with their suppliers to pay at least the cost of production. Gidney said banana farmers had suffered because they were less able to publicise their plight from far overseas.
Farmers within the fair trade system are protected, to some extent, because they are guaranteed a minimum price as well as a premium that goes towards community projects.
However, only a third of bananas sold in the UK come under the fair trade system so that even those farmers that supply via Fairtrade usually sell some crop in the open market. Sainsbury's, the Co-op and Waitrose all sell only Fairtrade bananas.
Independent research carried out by the Ethical Consumer Research Association ranked discounter Aldi as the least fair in the way it bought bananas based on social, economic, environmental and transparency criteria that included the amount of Fairtrade bananas sold. The Co-op came out as the fairest retailer followed by Sainsbury's, Waitrose andMarks & Spencer. Aldi was closely followed at the bottom Lidl andMorrisonsTesco and Asda were in the middle of the pack.
Aldi said: "We are disappointed with the findings of the report. Our supplier base is similar to all retailers and we work closely with all of our suppliers to ensure that everyone in our supply chain is treated fairly and is guaranteed their human rights."
Tesco said it was committed to pay at or above the Fairtrade minimum price while Waitrose added: "Bananas are competitively priced across supermarkets, and if other shops cut the price of bananas, we make sure our customers don't lose out. But crucially we absorb this cost so none of the retail price decrease is passed on to our growers, who consistently receive the Fairtrade price to support their long term sustainable development."

A favor dos grandes erros teoricos: livro por Mario Livio - Freeman Dyson (NYRBooks)

The Case for Blunders


Science consists of facts and theories. Facts and theories are born in different ways and are judged by different standards. Facts are supposed to be true or false. They are discovered by observers or experimenters. A scientist who claims to have discovered a fact that turns out to be wrong is judged harshly. One wrong fact is enough to ruin a career.
Theories have an entirely different status. They are free creations of the human mind, intended to describe our understanding of nature. Since our understanding is incomplete, theories are provisional. Theories are tools of understanding, and a tool does not need to be precisely true in order to be useful. Theories are supposed to be more-or-less true, with plenty of room for disagreement. A scientist who invents a theory that turns out to be wrong is judged leniently. Mistakes are tolerated, so long as the culprit is willing to correct them when nature proves them wrong.
Brilliant Blunders, by Mario Livio, is a lively account of five wrong theories proposed by five great scientists during the last two centuries. These examples give for nonexpert readers a good picture of the way science works. The inventor of a brilliant idea cannot tell whether it is right or wrong. Livio quotes the psychologist David Kahneman describing how theories are born: “We can’t live in a state of perpetual doubt, so we make up the best story possible and we live as if the story were true.” A theory that began as a wild guess ends as a firm belief. Humans need beliefs in order to live, and great scientists are no exception. Great scientists produce right theories and wrong theories, and believe in them with equal conviction.
The essential point of Livio’s book is to show the passionate pursuit of wrong theories as a part of the normal development of science. Science is not concerned only with things that we understand. The most exciting and creative parts of science are concerned with things that we are still struggling to understand. Wrong theories are not an impediment to the progress of science. They are a central part of the struggle.
Ler a íntegra da resenha-artigo neste link: 

A Comissao da Meia Verdade, ou da Inverdade, continua seu trabalho de mistificacao historica

Os militares, quando de seu regime, instalado em abril de 1964, atuaram contra a Constituição, é verdade, mas não antes que o Brasil estivesse convulsionado por greves e manifestações, a ponto de um dos jornais, que depois se opôs ao regime militar, ter colocado numa manchete, um dia ou dois antes da movimentação de 31 de março: "BASTA".
Os militares foram chamados a intervir pela sociedade, que já não suportava mais o clima de desmandos governamentais, de greves, de agitação nas ruas, e de inflação (que se aproximava de um ritmo anual de 100%).
Aparentemente foi no dia da famosa "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", que reuniu perto de um milhão de pessoas nas ruas.
Os militares também cometeram violências contra pessoas, e vários atentados aos direitos humanos, mas não antes que militantes de esquerda tivesse deflagrado atentados contra pessoas e instalações, criando um clima de guerra revolucionária no país.
Posso afirmar sem nenhum problema que a intenção dos grupos revolucionários era a de derrocar o regime militar, mas junto com ele o que chamávamos de "poder da burguesia, do latifúndio e do imperialismo". Ou seja, queríamos extirpar o capitalismo e colocar um regime socialista em seu lugar. Sei disso porque eu era um dos que tinham tais intenções. 
Ninguém, repito, ninguém, na esquerda revolucionária, estava lutando pela democracia. Todos queríamos o que então se chamava de "ditadura do proletariado".
Será que isso é muito difícil de entender?
Acho que não.
A tal de Comissão da (In)Verdade comete um crime contra a história, contra a memória dos que caíram do outro lado, se pretender investigar apenas os crimes do Estado, sem examinar como esses crimes foram cometidos, e por que eles foram cometidos.
Os que estão no poder atualmente ainda não fizeram sua autocrítica, como eu fiz, e assumo plenamente minha responsabilidade por ter participado de grupos que pretendiam construir no Brasil um regime socialista (não queria uma outra ditadura, mas queria o fim do capitalismo, e para isso teríamos de sacrificar algumas liberdade, isso precisa ficar claro).
Ainda bem que não conseguimos, pois senão o Brasil teria sido um país muito pior do que foi. Poderia ter sido uma grande Cuba, por exemplo.
Alguém acha que Cuba é um exemplo para a região e para o mundo?
Paulo Roberto de Almeida 
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A MENTIRA repetida à exaustão ganha foros de verdade, ensinavam os nazistas e como eles agem agora os rancorosos derrotados da Comissão da Verdade (sic). Chega! Ajudemos à formação da grande nação brasileira que necessita de pacificação e não da divisão da sua população. Será que os caolhos históricos querem ir pelo caminho da Ucrânia e da Venezuela? Será que as nossas autoridades têm medo de apontar o caminho de uma grande nação?
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  Encaminho nova matéria sobre o atentado terrorista no aeroporto dos Guararapes, publicada no Diário de Pernambuco, de 14/02/2014. 
 Para a "comissão estadual da verdade" não interessa descobrir os nomes dos terroristas que realizaram o atentado com bomba no aeroporto dos Guararapes. Nem interessa qualquer ato de solidariedade para os familiares das pessoas covardemente assassinadas e feridas, que, até hoje, não receberam nenhuma reparação do Estado. 
 Por sorte, o número de vítimas não foi maior, porque o Marechal Costa e Silva viajou de João Pessoa para o Recife de carro. Com essa informação dada no saguão do aeroporto, centenas de pessoas se afastaram do local antes que a bomba fosse detonada. 

História política
Clima de frustração na Comissão da Verdade de Pernambuco
Filho do jornalista Edson Régis, morto em atentado no aeroporto, pede depoimento de envolvidos
Diário de Pernambuco, 14/02/2014 

A reunião da Comissão da Verdade Dom Helder Camara, ocorrida ontem, terminou em críticas e um desabafo de Flávio Régis, filho do jornalista Édson Régis, morto em julho de 1966 durante a explosão da bomba no Aeroporto dos Guararapes, que se disse “frustrado” com o resultado do encontro. Ele havia solicitado que fossem convocadas para depor pessoas envolvidas com o atentado, hoje anistiadas, a exemplo de integrantes da AP, grupo de esquerda revolucionária ligado à Igreja Católica. A posição inicial dos membros da Comissão foi contrária sob alegação de que esse trabalho estaria fora da competência jurídica deles. 

“O sentimento que dá é de frustração… Ela (a comissão) está tolhida. Vai se chegar até um momento e dar o caso por encerrado. A verdade está fadada a ficar desmoralizada.
Se se intitula Comissão da Verdade, como é parcial?”, disse, ao fim, Flávio Régis, ironizando o risco de se intitular o grupo de “Comissão da Meia Verdade”. De acordo com ele, seria fundamental para a sociedade que também fosse apurado como agia uma minoria que empregava a luta armada durante o regime militar. “Vamos assumir. Todos estão anistiados. Vamos escrever a história verdadeira”, protestou.

O jornalista Édson Régis era como secretário da Casa Civil quando foi designado pelo governo para recepcionar o Marechal Costa e Silva no aeroporto. O filho de Régis alega que o pai estava a serviço do estado e havia conhecimento do risco que ele corria. “Uma parte da Comissão alega que o governo saberia do atentado, e se o estado tinha conhecimento, ele foi conivente, portanto a comissão poderia atuar”, comentou o advogado de Flávio Régis, Albérgio Farias.

Apesar da posição inicial contrária a essa análise, o presidente da Comissão da Verdade pernambucana, Fernando Coelho, comprometeu-se em levar o assunto à discussão nas próximas reuniões do grupo. Ressaltou, porém, que o foco dos trabalhos tem sido outro, isto é, mortos e desaparecidos, repressões em universidades e órgãos de justiça, além de casos individuais já julgados. Tudo relativo a perseguidos políticos. “Esses fatos que ele (Flávio Régis) falou seriam ações feitas por inimigos do estado naquele momento, mas será analisado e depois vai à votação”, completou Coelho.

Aproximadamente 300 pessoas estavam presentes no momento em que a bomba explodiu no Aeroporto dos Guararapes. Além de Régis, morreu o almirante Nelson Gomes e foram registrados 14 feridos. No final do ano passado foram entregues pelo governo de Pernambuco documentos inocentando o ex-deputado federal Ricardo Zaratinni e o professor Edinaldo Miranda. Eles haviam sido acusados de participação no atentado.

Saiba mais

Atentado Aeroporto dos Guararapes

Às 8h30 do dia 12 de julho de 1966 uma bomba explodiu no Aeroporto dos Guarapes

Estava prevista para esse dia a chegada do então candidato à presidência da República, o marechal Costa e Silva, que estava na Paraíba

Minutos antes da explosão, foi anunciado que por uma pane no avião a viagem aérea havia sido cancelada e ele viria de carro para o Recife

Aproximadamente 300 pessoas esperavam a chegada do marechal e a movimentação no aeroporto era intensa. Duas pessoas foram mortas. Outras 14, feridas.

Ucrania: as realidades que a Russia nao consegue suportar; havera reacao?

Todas as matérias abaixo devem ser insuportáveis aos olhos do Kremlin, que deve ver o processo como uma derrota pessoal. Veremos o que vai acontecer agora, se Putin vai aceitar passivamente a estabilização do novo regime, ou se ele vai provocar separatismo no sul da Ucrânia, dominada por uma população, lingua, afiliações políticas (e bases militares) russas.
Qual será o futuro da Ucrânia?
Paulo Roberto de Almeida 
Le Monde,
DIMANCHE 23 FÉVRIER 2014






L'Ukraine a vécu, samedi 22 février, une journée politique étourdissante, marquée par un renversement de régime, par voie législative.







Le parlement a libéré l'opposante ukrainienne et décidé d'une élection présidentielle anticipée en mai, destituant de facto le président Viktor Ianoukovitch.







Reportage. Les groupes d'autodéfense des insurgés tentent d'assurer la sécurité dans une ville où les forces de l'ordre ont disparu.







Le parlement a libéré l'opposante Ioulia Timochenko et décidé d'une élection présidentielle anticipée en mai, destituant de facto le président Viktor Ianoukovitch.







Reportage. Des milliers de personnes ont afflué samedi vers la résidence du président ukrainien, 140 hectares d'opulence et de mauvais goût.







Le ministre britannique des affaires étrangères William Hague a salué des « avancées extraordinaires », se disant prêt à soutenir le déblocage d'une aide financière du Fonds monétaire international.

O breve seculo 20 e o dialogo liberalismo-socialismo - Sergio Fausto

O problema do Brasil não é exatamente  a falta de diálogo entre liberais e socialistas. Não existem, verdadeiramente, liberais no Brasil, mas apenas políticos profissionais "normais", de um lado, e neobolcheviques, de outro. Estes não querem diálogo algum, apenas monopolizar o poder, exibindo o mesmo ódio contra os liberais que os stalinistas exibiam contra os socialistas reformistas nos anos 1920 e 1930. Os neobolcheviques, como seus homólogos comunistas e nazistas dos anos 1930, pretendem fortalecer seu poder, ao estilo da máfia, ou seja, por todos os meios. Eles não hesitarão diante de nada, mas não dispõem (aqui no Brasil pelo menos), de milícias armadas como os totalitários do pré-guerra (e como o regime chavista atualmente na Venezuela). As Forças Armadas não deixariam. Então, eles vão consolidando o poder por outras vias, formas gramscianas, convencendo todos de que são melhores que os demais. Vai ser difícil desalojá-los do poder. O Brasil vai sofrer muito ainda nas mãos dos celerados e aloprados. Quem viveu verá, mas não se pode dizer que eu não avisei...

Paulo Roberto de Almeida

É tempo de acertar contas com o 'curto século 20'

23 de fevereiro de 2014 | 2h 09

Sergio Fausto* - O Estado de S.Paulo
Em 2014 completam-se cem anos do início da 1.ª Guerra Mundial. O conflito foi um divisor de épocas. Eric Hobsbawm, historiador inglês marxista, assinala-o como marco inaugural do "curto século 20". François Furet, historiador francês liberal, escreve que o mundo até ali existente morreu junto com os 15 milhões de pessoas vitimadas pela maior carnificina humana vista até então.
A 1.ª Guerra pôs fim ao "longo século 19", iniciado com a derrota de Napoleão, a formação da Santa Aliança, o fortalecimento da coalizão entre a burguesia industrial nascente e as aristocracias recicladas dos velhos regimes anteriores à Revolução Francesa. Na esteira da guerra, abriu-se a "Era dos Extremos", como Hobsbawm chamou o "curto século 20", marcado pela novidade histórica do aparecimento de sistemas totalitários, de signo oposto, o comunismo e o fascismo (não por acaso, o historiador inglês identifica no colapso da União Soviética o ato final do século passado).
É inegável que a Revolução Russa é filha da guerra de 1914-1918. Sem a ruína do Exército czarista e as privações provocadas pelo conflito os bolcheviques não teriam tomado o Palácio de Inverno em outubro de 1917. O filósofo e historiador francês Élie Halévy foi profético ao escrever, em meio à guerra: "Desfavorável provavelmente às formas liberais do socialismo, ela fortalece, consideravelmente, o socialismo de Estado".
Também a ascensão do nazi-fascismo é indissociável da devastação que a guerra provocou na Europa e do surgimento da "ameaça comunista", representada pela consolidação da União Soviética e pelo seu prestígio entre a esquerda europeia. Prestígio crescente nos anos 20 e 30, apesar das críticas que logo surgiram, na própria esquerda, à ditadura do partido único implantada por Lenin e levada às suas últimas consequências por Stalin.
No Brasil a guerra deu impulso ao primeiro ensaio espontâneo de industrialização por substituição de importações, devido à virtual interrupção do comércio com a Europa. Mais significativos e prolongados, porém, foram os seus efeitos políticos.
A 1.ª Guerra marcou a ascensão definitiva dos Estados Unidos à posição de maior economia, em condições de se tornar igualmente a maior potência militar do planeta, duplo status que a 2.ª Guerra viria confirmar e reforçar, com a União Soviética no polo oposto. A hegemonia americana no Hemisfério Ocidental, de Norte a Sul, tornou-se incontestável. Por outro lado, ao mesmo tempo as ideologias europeias de contestação frontal ao liberalismo encontraram receptividade no Brasil (e na América Latina). Não ganharam adeptos numerosos como em seus locais de origem (o Partido Comunista Brasileiro - PCB -, fundado em 1922, e a Ação Integralista Brasileira, criada dez anos depois, jamais chegaram a ser partidos de massa). A despeito disso, comunistas e integralistas (a versão nativista do fascismo europeu) passaram a ter presença em grupos sociais influentes: profissionais e intelectuais de classe média urbana, em sua maioria, e operários fabris sindicalizados, em menor grau.
Suas ideias antiliberais encontraram pontos de contato e afinidade com o pensamento nacionalista autoritário dominante nos anos 30. Ambos tinham no "artificialismo da democracia liberal-burguesa" um alvo comum. Por esse caminho o fascismo deixou suas marcas no Estado Novo (1937-1945) e, mais tarde, na ditadura militar (1964-1985). Mais distante do poder, o comunismo não imprimiu marcas institucionais tão claras, mas o DNA autoritário do leninismo continuou a se reproduzir ao longo do século 20 no Brasil, mesmo depois de parcialmente expurgado do seu componente totalitário puro e duro, a partir da segunda metade dos anos 50, quando os crimes de Stalin foram revelados e o stalinismo perdeu vigor. Veio então a revolução cubana a dar-lhe novo alento.
A esquerda brasileira paga até hoje um tributo caro à sua incapacidade de se livrar desse DNA antiliberal. Sobram restos mal digeridos de uma herança histórica que parte significativa da esquerda prefere não enfrentar com transparência e honestidade intelectual. Em lugar de um diálogo aberto sobre as contribuições, conflituosamente complementares, do liberalismo e do socialismo democrático às conquistas civilizatórias da humanidade, grande parte da esquerda prefere refugiar-se na pantomima dos punhos erguidos e no ataque robótico ao "neoliberalismo" - como se o liberalismo econômico fosse um só e o liberalismo político, o seu apêndice - e ao "imperialismo americano", como se ainda vivêssemos sob a guerra fria. Ao mesmo tempo, silencia diante de regimes autoritários "de esquerda" e não hesita em agir para enfraquecer processos e instituições que, pertencendo ao liberalismo político clássico em sua origem, se tornaram, pelas lutas sociais, patrimônio das democracias dignas desse nome em qualquer lugar do mundo.
Justiça seja feita a intelectuais eurocomunistas ligados ao antigo PCB que promoveram o debate sobre o liberalismo e o socialismo na primeira metade dos anos 80, ainda na etapa formativa da nova democracia brasileira. No âmbito do PT, principal partido da esquerda brasileira no pós-64, intelectuais como Francisco Weffort fizeram esforço na mesma direção. O debate, porém, foi posto à margem, substituído pelo empenho na organização da máquina partidária e pelo pragmatismo da luta pelo poder. Tampouco o PSDB colaborou para dar densidade a essa discussão, em que pese a contribuição individual de algumas de suas lideranças.
Se queremos construir um pensamento social e político à altura dos desafios deste século, que mal começa e já coloca novas exigências, precisamos retomar o debate apenas ensaiado sobre o liberalismo e o socialismo, com sensibilidade para as suas manifestações especificamente brasileiras, e acertar as nossas contas com "o curto século 20".
*Sergio Fausto é superintendente executivo do iFHC, colaborador do Latin American Program do Baker Institute of Public Policy da Rice University e é membro do Gacint-USP. E-mail: sfausto40@hotmail.com  

Brasil: a caminho da venezuelizacao?, ou da chavizacao? - Campanhas de arrecadacao...

Parece que o Brasil passou sob o controle das mesmas máfias que infelicitaram o país vizinho.
Eles não serão tão estúpidos a ponto de inviabilizar a economia de mercado no Brasil, mas são igualmente totalitários...
Paulo Roberto de Almeida

Campanha de apoio a José Dirceu supera meta com mais de R$ 1 milhão

22/2/2014 15:09

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...