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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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domingo, 23 de fevereiro de 2014

Loucuras economicas dos partidarios do comercio justo de bananas: o mundo deveria parar, ao que parece...

Espíritos generosos querem dar um justo preço para os produtores de bananas. Eles acham que o seu preço caiu demais, ao passo que os custos de produção não cessaram de aumentar.
O problema, segundo eles, não é do excesso de produção, mas da maldade dos comerciantes, que provavelmente gostam de perder dinheiro e vendem a banana a preços muito baixos, o que dificulta a vida nesses países pobres produtores de bananas.
Eles não imaginam que possa estar havendo um excesso de bananas no mundo, e que por isso mesmo elas custam tão pouco.
Que tal se os produtores que estão perdendo dinheiro com a banana, que realmente está barata, e todo mundo, até um pobre, pode comprar bananas, decidissem, por exemplo plantar mangas, ou mamão, ou morangos, ou uvas, e aí se diversificaria um pouco a oferta?
Porque o problema seria de se ter um comércio justo?
Aliás, o que é comércio justo?
Vender caro, vender barato?
Vender muito, vender pouco?
Com preços tabelados, com preços livres?
Com preços fixados, com controle de estoques?
Com regras para se plantar, e se colher?
Produtores podem continuar produzindo bananas, mesmo se o preço cai?
Oh, céus, quantas dúvidas!
Os preços caem, essencialmente por dois motivos: existe abundância daquele produto, não existem compradores para aquele produto. Ponto.
Os preços sobem por dois motivos: existe pouca oferta para aquele produto, existe uma grande procura por aquele produto. Ponto.
Quando oferta e procura estiverem em níveis razoáveis, se terá um preço de equilíbrio, que aliás nunca será de equilíbrio, pois preferências de consumidores e renda disponível são dois determinantes terríveis dessa linha de convergência, e ela muda o tempo todo, por isso não existe preço de equilíbrio, apenas pontos numa curva que vão se movimentando.
Consumidores são terríveis ditadores: eles fazem o sucesso ou a ruína de produtores.
Acho que os consumidores estão cansados de comer bananas, ou os produtores exageraram na oferta.
Escolham o que for melhor, e esqueçam o comércio justo.
Paulo Roberto de Almeida

Banana price war requires government intervention, says Fairtrade Foundation

Price of bananas in UK supermarkets has nearly halved in 10 years and is putting pressure on suppliers, foundation says
Bananas
The Fairtrade Foundation says banana farmers are struggling to build up resilient businesses and trade out of poverty. Photograph: Linda Nylind for the Guardian
The Fairtrade Foundation is calling on the government to intervene in a banana price war in supermarkets that is putting pressure on suppliers and ,it claims, could lead to shortages.
The foundation, which aims to protect farmers in developing countries, says the price of bananas in UK supermarkets has nearly halved in the past 10 years to just 11p, while farmers at the same time have seen costs double.
The fall in the price of bananas, 5bn of which are eaten the UK every year, comes despite a rise in the price of other staple foods such as bread, eggs, milk and sugar, of 79% an average.
The policy director at the Fairtrade Foundation, Barbara Crowther, said: "If prices don't deliver long-term sustainability in the industry, that's not just bad for producers, it's bad for consumers because we could see much higher prices or shortages in the long term."
The foundation's chief executive, Michael Gidney, compared the price of a banana that has been shipped in from the Caribbean or Central America to the 20p paid for an apple grown in Britain.
He said: "If prices go up for farmers and down at the consumption end it's pretty obvious there's a squeeze. Our research is showing that squeeze is disabling farmers, making it impossible to build up resilient businesses and to trade out of poverty."
Gidney said some supermarkets may also be losing "hundreds of thousands of pounds per week" by selling bananas at a loss and called on the government to investigate what he called a "dysfunctional market", which was not good for farmers, retailers or consumers in the long term.
But the British Retail Consortium denied that farmers were being squeezed.
"The fact that supermarkets are choosing to sell bananas at below margin cost has no relationship to what they are paying producers. Producers are getting a good price and customers are getting a good price as well. Supermarkets sell such an enormous range of products that they can choose to sell particular products at a loss."
In a letter to the business secretary, Vince Cable, Gidney called for the new competition watchdog, the Competition and Markets Authority, to launch an inquiry into the retail price of bananas.
Gidney said shoppers could help support farmers by switching to Fairtrade but the price of bananas was now so out of kilter with the cost of production the industry needed real "structural change".
However, Cable's Department for Business Innovation and Skills suggested the government had little appetite for an intervention. "It is not our policy to get involved in price-setting. The price that people pay at the checkout is down to the supermarkets."
In the dairy market, prices for milk have improved after high-profile action by farmers and concern from shoppers forced individual supermarkets to agree deals with their suppliers to pay at least the cost of production. Gidney said banana farmers had suffered because they were less able to publicise their plight from far overseas.
Farmers within the fair trade system are protected, to some extent, because they are guaranteed a minimum price as well as a premium that goes towards community projects.
However, only a third of bananas sold in the UK come under the fair trade system so that even those farmers that supply via Fairtrade usually sell some crop in the open market. Sainsbury's, the Co-op and Waitrose all sell only Fairtrade bananas.
Independent research carried out by the Ethical Consumer Research Association ranked discounter Aldi as the least fair in the way it bought bananas based on social, economic, environmental and transparency criteria that included the amount of Fairtrade bananas sold. The Co-op came out as the fairest retailer followed by Sainsbury's, Waitrose andMarks & Spencer. Aldi was closely followed at the bottom Lidl andMorrisonsTesco and Asda were in the middle of the pack.
Aldi said: "We are disappointed with the findings of the report. Our supplier base is similar to all retailers and we work closely with all of our suppliers to ensure that everyone in our supply chain is treated fairly and is guaranteed their human rights."
Tesco said it was committed to pay at or above the Fairtrade minimum price while Waitrose added: "Bananas are competitively priced across supermarkets, and if other shops cut the price of bananas, we make sure our customers don't lose out. But crucially we absorb this cost so none of the retail price decrease is passed on to our growers, who consistently receive the Fairtrade price to support their long term sustainable development."

domingo, 23 de junho de 2013

Ei, voce tambem quer direitos garantidos? Quem paga? - Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino
Blog, 20/06/2013

Vivemos na era da Geração 0800, do "tudo grátis". Após tanto tempo de welfare state, quase todos passaram a crer que os bens e serviços caem dos céus, que "alguém" deve bancar isso tudo em nome do bem-geral, e esse alguém é sempre o governo, como se seus recursos não viessem de cada um de nós.

Por isso esse discurso insistente de "direitos", como se, ao nascermos, já tivéssemos "direito" a inúmeros bens e serviços que dependem do esforço alheio. O nosso "direito" a um transporte público "gratuito" significa o dever de outros trabalharem e pagarem por isso. Normalmente, essa forma de ofertar esse importante serviço é cara (nada tão caro quanto serviços gratuitos do governo) e ineficiente.

O Movimento Passe Livre representa essa visão boba e ignorante sobre o funcionamento da economia, com seu viés socialista. O socialismo não funciona! Ele dura até acabar o dinheiro dos outros, como dizia Thatcher. A Geração 0800 precisa acordar para essa realidade, e demandar menos estado, não mais. Trabalhar dá trabalho. Mas viver à custa de benesses estatais é muito pior!

Segue um artigo meu de 2006 sobre o assunto, para elucidar melhor meus pontos.

Dos Direitos

Os direitos constituem um conceito moral aplicável aos indivíduos num contexto social. Não faz sentido falar em direito no caso de um ser isolado numa ilha. Direitos estão ligados ao relacionamento entre indivíduos, protegendo a liberdade de cada pessoa dentro do grupo. É fundamental atentar para o fato de que não há algo como um direito da sociedade, dado que esta nada mais é que o somatório de indivíduos. Será, portanto, o guia moral determinante dos direitos, a liberdade individual, permitindo que cada ser humano seja dono de si, livre para pensar e agir, e protegido da coerção física externa.

Essa visão é bastante recente, e praticamente inexistente na história da humanidade. Desde os direitos divinos dos reis, a teocracia do Egito, o ilimitado poder da maioria em Atenas, o poder arbitrário dos imperadores romanos, a monarquia francesa, o welfare state de Bismark na Prússia, as câmaras de gás dos nazistas na Alemanha e os gulags dos comunistas russos, algum tipo de “ética” altruísta-coletivista dominava os sistemas políticos. O “bem público” ofuscava a liberdade individual. Foi apenas na criação dos Estados Unidos que tivemos a primeira sociedade moral da história, eliminando a idéia de que o homem é algo sacrificável para algum fim maior. A Declaração da Independência Americana iria introduzir a idéia de que cada indivíduo deve ser livre, e o governo deve existir apenas para garantir essa liberdade.

O direito para cada indivíduo deve ser de natureza positiva, garantindo sua liberdade para agir de acordo com seu próprio julgamento, seus objetivos particulares, sua escolha voluntária e sem coerção. Para seus vizinhos, os seus direitos não impõem nenhuma obrigação exceto de caráter negativo: a proibição de violarem os seus direitos. Existe basicamente um método para se violar o direito individual, que é via força física. E são dois os potenciais agentes para isso: os criminosos e o governo. A grande conquista americana foi justamente separar ambos, proibindo o segundo de se tornar uma versão legalizada do primeiro. O Bill of Rights não foi escrito para proteger os indivíduos dos demais indivíduos, mas sim do governo. Em qualquer civilização existente, os criminosos sempre foram uma minoria. É o governo que pode causar um mal incalculável, e por isso precisa ter seu poder limitado. O próprio guardião dos direitos individuais pode se transformar na maior ameaça ao indivíduo.

Mas com o tempo, até nos Estados Unidos esse conceito de direito foi sendo deturpado. Os políticos foram conquistando mais poder, e através do populismo, foram garantindo “direitos” que ferem diretamente a liberdade individual, pois demandam necessariamente a escravidão de alguma contraparte. A plataforma política do Partido Democrata em 1960, por exemplo, explicitava uma lista de “direitos” como emprego bem remunerado, salário adequado para prover comida e roupas decentes, preço justo para os produtos agrícolas, casa decente para as famílias, saúde adequada, boa educação e seguro desemprego. Enfim, uma nobre lista, mas ignorando uma simples pergunta: às custas de quem? Empregos, comida, roupas, casas, medicamentos e educação não nascem do nada na natureza, são bens e serviços produzidos por homens. Quem deve então assumir o dever de produzi-los gratuitamente para que outros tenham tal “direito”? Milton Friedman já dizia que “não existe almoço grátis”, e para o governo prometer “direitos” desse tipo, precisa arbitrariamente escravizar uma parcela da população, coisa claramente rejeitada pelos “pais fundadores” da nação americana. O “direito” de um homem que exige a violação dos direitos de outro não pode ser considerado um direito.

Outros exemplos tornam essa distinção mais clara. O direito a liberdade de expressão diz que cada homem tem o direito de expressar suas idéias sem o risco de repressão ou punição, mas não significa que outros são obrigados a oferecer uma estação de rádio, um palco ou um jornal para que o indivíduo expresse suas idéias. O direito a vida significa que cada um pode se sustentar pelo seu esforço pessoal, mas não diz que outros devem provê-lo com suas necessidades básicas. Qualquer ato que envolva mais de uma pessoa necessita de consentimento voluntário de cada participante. Cada indivíduo tem a liberdade de fazer sua própria decisão, mas nenhum tem a liberdade de forçar sua decisão aos demais. Não há algo como “direito” a emprego, mas sim à troca livre, ou seja, o direito de alguém aceitar um emprego se outro decidir lhe oferecer tal emprego. Não pode existir um “direito” a um salário ou preço justo, apenas o direito de cada cidadão escolher quanto pretende pagar pelo trabalho ou produto do outro.

As duas grandes vantagens de se viver em sociedade são o conhecimento e a troca. O homem é o único animal que transmite e expande seu estoque de conhecimento de geração para geração. Todo indivíduo desfruta de um benefício incalculável pelo conhecimento descoberto por outros. E o outro enorme ganho é a divisão de trabalho, que permite que um homem devote seu esforço a um campo particular de trabalho e troque com os demais que se especializaram em outras áreas. Essas são, basicamente, as vantagens da sociedade, e é condição necessária para o desenvolvimento delas a presença da liberdade individual. Não foi por acaso que os americanos avançaram em dois séculos o que outras nações não conseguiram em milênios.

A função precípua do governo deve ser somente a de garantir os direitos individuais. Saindo da teoria para a prática, isso significa dizer que o governo deve ter o monopólio da força para impor as leis, que serão impessoais e objetivas. Uma sociedade não pode viver direito com leis subjetivas, que dependem da arbitrariedade do burocrata, que seja aplicável ex post facto. O indivíduo pode fazer qualquer coisa que não esteja legalmente proibido, enquanto o oficial do governo não deve fazer nada que não esteja legalmente permitido. O povo deve ser governado por leis, não por homens. Fora isso, o governo será o árbitro em disputas entre indivíduos de acordo com as leis objetivas, forçando o cumprimento dos contratos. Em resumo, se o homem possui o direito moral de ser livre, deverá caber ao governo o papel de polícia, para proteger os indivíduos dos criminosos, de forças armadas, para proteger os cidadãos de invasores estrangeiros, e de juiz, para arbitrar disputas entre indivíduos baseadas nas leis objetivas. E nada mais! 

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Malthusianos equivocados: por que se equivocam? Explicacoes economicas....

Na sequência deste meu post:

O fim dos ecologistas, como os conhecemos hoje: os novos malthusianos continuam errando


um leitor fiel, Eduardo Rodrigues, a quem agradeço, me envia esta simples aula de economia elementar:


Eduardo Rodrigues, Rio deixou um novo comentário sobre a sua postagem "O fim dos ecologistas, como os conhecemos hoje: os...": 

Steve Horwitz num curto e esclarecedor vídeo sobre o assunto.

-- Os recursos naturais estão acabando? --
Steve Horowitz, Ph.D., St. Lawrence University

Uploaded by  on Nov 24, 2011
O professor Steve Horwitz fala sobre a crença comum de que o mundo está ficando sem recursos naturais. Ao invés disso, existem razões econômicas que explicam porque nós nunca ficaremos sem muitos recursos. Em um sistema de livre mercado, preços sinalizam escassez. Então quando um recurso se torna mais escasso, ele se torna mais caro, o que incentiva as pessoas a usar menos desse recurso e desenvolver novas alternativas, ou procurar novas reservas desse recurso que eram anteriormente desconhecidas ou sem possibilidade de ser explorada com lucro. Nós temos visto através da história que a habilidade da mente humana de inovar, combinada com um sistema econômico de livre mercado , é um recurso ilimitado que pode superar as limitações que nós percebemos nos recursos naturais.

Transcrição e tradução de Henrique Vicente.
Revisão e legendas de Juliano Torres.
Portal Libertarianismo: "Evoluindo Ideias e Indivíduos."
www.libertarianismo.org

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