sábado, 1 de março de 2014

Governo brasileiro vs Financial Times: jequice involuntaria? - Reinaldo Azevedo

Num ato de jequice calculada, governo do Brasil responde a uma crítica do “Financial Times”
Que preguiça!
Desde quando, mundo afora, um chefe de governo bate boca com um órgão de comunicação porque este emitiu uma opinião desfavorável? Aconteceu mais uma vez com Dilma. O jornal “Financial Times” publicou nesta quarta um editorial em que afirmou que Guido Mantega deveria ser substituído por um ministro da Fazenda pró-mercado. Segundo o texto, diante do Brasil, os investidores antes diziam: “Vamos lá”. Agora, “deixem pra lá”. Pois é… Imaginem o presidente Obama mobilizando seus assessores para responder a editoriais críticos aos EUA…
Dilma subiu nas tamancas mais uma vez. Thomas Traumann, secretário de Comunicação, enviou uma resposta ao jornal cheia de ironia, um atributo das almas superiores. “Talvez [o critério utilizado seja] um crescimento econômico de 2,3% em 2013, ou uma taxa de desemprego de 5,4% no ano passado, ou talvez reservas internacionais de US$ 376 bilhões e taxas de inflação abaixo de 6%”. Com isso, convidava os britânicos a comparar a sua própria taxa de crescimento (1,8%) e de desemprego (7,1%) com as do Brasil. Com a devida vênia, é pra enganar trouxa. Se for para falar a sério, então é preciso começar a comparação pelo PIB per capita. Mais: um empregado considerado “classe média” no Brasil certamente preferiria ser um desempregado na Grã-Bretanha…
Mas a questão relevante é outra. Não foi o governo britânico que se referiu ao Brasil, mas um jornal. Será que a Casa Branca enviará uma carta à VEJA ou à Folha ironizando o Brasil se esses dois veículos criticarem em editorial decisões daquele governo? Trata-se de uma jequice calculada. Esse tipo de coisa açula um certo nacionalismo bocó.
Não é a primeira vez que o Planalto faz isso. Em dezembro de 2012, a revista The Economist, também britânica, alertava que o Brasil estava se tornando menos atraente e que Mantega já não era mais capaz de enfrentar os desafios da economia. Criticou ainda o excesso de ingerência do estado: “Um bom exemplo é o aparente desejo de Dilma de reduzir o retorno sobre o investimento na ‘base do porrete’, não só para bancos, mas também para as empresas de energia elétrica e fornecedores de infraestrutura”, escreveu a Economist, numa referência à insistência do Palácio do Planalto em querer convencer empresários a investir ao mesmo tempo em que lhes negava um retorno adequado para participar dos investimentos.
Bem, tanto a revista estava certa que o governo mudou as regras das concessões — embora tarde. Dilma ficou brava e chegou até a evocar a soberania nacional. Não é a primeira vez, diga-se, que o Financial Times aponta o acabrunhamento do Brasil. Em fevereiro do ano passado, diante do baixo crescimento de 2012, o jornal já chama o ministro da Fazenda de “Guido Vidente”.

Venezuela e atitude do Brasil - Luiz Felipe Lampreia

Será que é o caso de demonstrar alguma surpresa ante a atitude do governo brasileiro em relação à violência repressiva do governo companheiro da Venezuela?
Alguém estava esperando outra coisa dos companheiros?
Poucas vezes na vida senti vergonha do meu país: durante a ditadura militar, por exemplo, quando se cometiam abusos contra os direitos humanos, ou quando havia censura à imprensa, sempre idiota e odiosa. Ou já na democracia, quando se cometiam bárbaros assassinatos contra pessoas, adultas ou não, culpadas ou não, aliás ainda hoje. Basta ver o que ocorre nas penitenciárias: não é somente vergonha o que sentimos, mas engulhos, nojo, horror e compaixão pelos presos em condições desumanas (salvo os quadrilheiros políticos do Mensalão, obviamente, bandidos talvez até piores, mas tratados com deferências e regalias).
No campo da política externa, quando o Brasil, mais pelo lado dos militares do que dos diplomatas, apoiou golpes de Estado em outros países. Agora pode-se dizer que temos mais um motivo para sentir vergonha do nosso país. Não pelo lado dos diplomatas, que estou certo contemplam com horror o que se passa no país vizinho (mas que, disciplinados, ou submissos não dizem absolutamente nada). Mas pelo lado dos companheiros, que pelo visto não têm vergonha de apoiar ditaduras assassinas. Vergonha, de fato, pelo Brasil.
Um dia acaba, mas o registro precisa ficar. Eu faço a minha parte: registro...
Paulo Roberto de Almeida 

O que diz o Brasil?

Regimes opressivos e violentos, que desservem às aspirações do povo, acabam um dia colhendo o que semearam: a revolta. É o caso da Ucrânia, onde o que era uma disputa administrável tornou-se confronto sangrento. Mais próxima de nós, está a tragédia da Venezuela.
Sob a presidência de Nicolás Maduro, a quem falta o enorme carisma de Hugo Chávez, o país está descendo às profundezas do desgoverno e da brutalidade. Quando as prateleiras dos supermercados estão vazias, a moeda nacional derrete, a inflação está em alta vertiginosa — é natural que haja manifestações de protesto. Qualquer regime democrático as aceita, sob regras publicamente definidas de local, hora e não violência. O regime de Maduro, ao contrário, alegou que se tratava de uma conspiração fascista financiada pelos EUA e começou a baixar o porrete. As forças policiais usaram fartamente cassetetes e gás lacrimogêneo, a Sebin (a Gestapo venezuelana) usou armas de fogo contra a multidão. Os relatos de tortura, espancamentos e ameaças de morte são numerosos. A imprensa tem sido reprimida na cobertura dos choques e, segundo relatos confiáveis, muitos jornalistas têm sido presos ou agredidos na tentativa de encobrir a repressão. A violência de atirar contra os manifestantes é também levada a cabo pelos esquadrões chamados colectivos, em tudo semelhantes às tropas de choque nazistas da SS ou os squadristi de Mussolini, inclusive por terem sido lançados pelo governo de Maduro.
Silêncio em relação à Venezuela é um erro
Prognosticar se o governo de Maduro vai cair não é o escopo deste artigo. O tema principal aqui é a posição do governo brasileiro sobre o massacre que está em curso na Venezuela. Em primeiro lugar, coloca-se a questão de saber se o governo da Venezuela viola seus compromissos jurídicos internacionais. Vale lembrar que, nas normas jurídicas continentais, consta o Compromisso Democrático da OEA, assinado por todos os países membros, que coloca com clareza o que é uma democracia, bem como o Protocolo de Ushuaia do Mercosul (tive a honra de assiná-lo como chanceler brasileiro em 1998), que contém a cláusula democrática e prevê inclusive a suspensão do país que a viole.
Por que o governo brasileiro se omite nessas condições? Por que, por muito menos e de forma altamente discutível e prejudicial aos interesses nacionais, castigou o Paraguai em nome da referida cláusula democrática? E agora, em face das atitudes antidemocráticas do governo venezuelano, nada diz.
O respeitado jornal “La Nación”, de Buenos Aires, publicou matéria no dia 21 de fevereiro em que afirma: “Silêncio cúmplice. Erro estratégico. Postura inadmissível de um suposto líder regional com aspirações globais. Ante a crise que se vive na Venezuela, são cada vez mais numerosas as vozes que condenam a falta de ação do Brasil no conflito que sangra seu vizinho e mais recente sócio no Mercosul.”
Creio, com a maior convicção, que o silêncio do Brasil face à repressão violenta sobre a oposição que está sendo praticada pelo governo Maduro é um erro que afeta a credibilidade de nosso país em sua tradicional defesa dos direitos humanos e dos valores democráticos. É uma mancha para o atual governo, que espero seja apagada por uma postura mais definida .
Fonte: O Globo 28/2/2014

SOBRE LUIZ FELIPE LAMPREIA


Luiz Felipe Lampreia

Sociólogo e Diplomata, Lampreia foi Embaixador do Brasil em capitais estratégicas da Europa, atuando ainda como Secretário Geral do Itamaraty e Ministro das Relações Exteriores entre 1995 e 2001. É responsável por um blog sobre Política Internacional no site de O Globo.

Ronald Reagan e o entulho burocratico: apenas uma frase...

Muitos podem não gostar do personagem, achá-lo conservador, reacionário, de direita, imperialista, e o que mais for, mas a frase é simplesmente correta, realista, necessária...
Paulo Roberto de Almeida

Eclipse global do Brasil - Marcos Troyjo (FSP)

MARCOS TROYJO
Folha de S. Paulo, 28/02/2014

O imenso potencial do país é conhecido; a ideia de eclipse sugere ocultação só temporária dos astros

Países, assim como estilos, entram e saem de moda.
No início dos anos 90, México e Tailândia estavam com tudo. A "crise tequila" de 94 e "maquiladoras" ofuscadas pela hipercompetitividade chinesa minaram o entusiasmo pelo primeiro. Em 97, o derretimento do baht tailandês precipitou o colapso financeiro do Sudeste Asiático e aparou garras do promissor "tigre".
Muito do balde de água fria que a conjuntura joga neste ou naquele país deve-se à formação de expectativas do mercado financeiro, por vezes superficial e imediatista. Será então que o atual desalento com que o Brasil é visto no mundo deve-se a seu desempenho como destino de investimentos de portfólio?
Sobram motivos para entender que a perda de brilho extrapola apostas financeiras. O "eclipse" envolve percalços abrangentes nos três campos das relações internacionais: o econômico-comercial, o político-militar e o dos "valores".
Durante a cúpula do G20 há cinco anos, Obama chamava Lula de "o cara". O Brasil era "o país". Parecia em rota para ultrapassar a França como quinta maior economia em 2015. Hoje, após três anos de crescimento medíocre, estamos às portas da recessão técnica. Taxas de poupança e investimento inferiores a 20% do PIB, ocaso do Mercosul e inexistência de acordos comerciais com polos mais dinâmicos projetam baixa expansão.
Também nosso "soft power" irradia-se com menos força. Programas como o Bolsa Família, cuja aplicabilidade se cogitou na África e noutras regiões em desenvolvimento, têm viabilidade questionada na ausência de crescimento vigoroso.
Na política internacional, mesmo que a reforma do Conselho de Segurança da ONU andasse, qual a contribuição efetiva do Brasil à segurança internacional se, no próprio território, 50 mil homicídios/ano superam a destruição de vida nos conflitos de Afeganistão, Iraque e Sudão?
Na América Latina, a liderança brasileira fragmentou-se com inconsistência moral. Empregamos "padrões duplos" – marca do cinismo de potências que sempre criticamos – nas crises presidenciais de Honduras e Paraguai. Nossa tradição de equilíbrio parece incongruente com endosso automático aos regimes de Cuba e Venezuela.
Grande capital diplomático foi despendido para elegermos dirigentes de instituições como OMC e FAO, cujas funções são arbitrais e de coordenação, não a alavancagem direta dos interesses brasileiros.
Acrescente-se o atabalhoamento de Dilma na diplomacia presidencial – a que, quando chamada, vexa compatriotas – e se completa o quadro de retração brasileira em diversas frentes globais.
Esse eclipse não resulta tão somente de ceticismo macroeconômico ou inépcia internacional da presidente. Reformas estruturantes, essenciais ao bom lugar do Brasil no mundo, terão de incluir também a política externa.
O imenso potencial brasileiro é conhecido e admirado – e a ideia de eclipse sugere ocultação só temporária dos astros. Trabalhemos para que isso, e não um obscurecimento mais profundo, seja o que aguarda o Brasil no concerto internacional. 

Plano Real e suas licoes: site do Jose Roberto Afonso

Bons papers, estudos, artigos, no site do economista José Roberto Afonso.
Foi duro, chegar à estabilidade, e parece que ela está sendo erodida pelos companheiros...
Paulo Roberto de Almeida



Hyperinflations - The experience of the 1920s reconsidered a revised version of Ph.D Dissertation originally presented by Gustavo Franco (1986). "Its main purpose was to join my interest in economic history and the ambition to extend and develop some of the new ideas and insights produced in connection with the recent experience with high inflations ands stabilization policies in Latin America."

20 anos depois do Plano Real: um debate sobre o futuro do Brasil evento promovido pelo iFHC que irá discutir os rumos do Brasil depois de vinte anos da estabilização da moeda, com a participação do presidente Fernando Henrique Cardoso e de seus principais colaboradores no Plano Real. O evento ocorrerá no dia 12 de março na Livraria Cultura, São Paulo. 

Reformas fiscais e os fins de quatro hiperinflações por Gustavo Franco. "A maioria das explicações para o fim das hiperinflações europeias da década de 20 atribui papel central a 'reformas' fiscais implementadas de modo mais ou menos simultânea às respectivas estabilizações. Entretanto, poucos tem sido os esforços no sentido de detalhar a natureza e o conteúdo dessas reformas."

Brasil-Venezuela: cautela diplomatica, engajamento partidario...

O que se percebe no Brasil, atualmente, nas entrelinhas da nota transcrita abaixo, é que o establishment diplomático está bastante cauteloso, tal como revelado na linguagem adotada nesta nota, bastante diferente daquele comunicado vergonhoso, escrita por Nicolás para o Mercosul, e aceita passivamente por todos os demais países, mas sem qualquer assinatura, o que já revela desacordos de princípio quanto ao fundo.
Por enquanto, o Itamaraty tenta preservar seu capital de credibilidade, ante o engajamento do poder na sustentação de companheiros que exageraram nitidamente na dose...
Paulo Roberto de Almeida

Ministério das Relações Exteriores
Assessoria de Imprensa do Gabinete

Nota nº 55
28 de fevereiro de 2014

Visita do Chanceler da Venezuela, Elías Jaua, ao Brasil
Brasília, 27 de fevereiro de 2014

O Ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, recebeu, na noite de ontem, 27 de fevereiro, visita do Chanceler da República Bolivariana da Venezuela, Elías Jaua. A visita realizou-se no marco das viagens do Ministro Jaua a países da região, com o objetivo de apresentar elementos atualizados sobre a situação interna na Venezuela. O Chanceler venezuelano ressaltou o empenho do Presidente Nicolás Maduro na promoção de um diálogo nacional.


Ao agradecer a gentileza da visita e as informações prestadas, o Ministro Figueiredo manifestou a confiança de que, pela via do diálogo e do respeito ao ordenamento institucional, a Venezuela resguardará a ordem democrática e o Estado de direito, atendendo aos anseios do povo venezuelano e de seu Governo de seguir seu desenvolvimento com estabilidade política e paz.

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Enquanto isso, o "diálogo"  prometido pelo governo avança...
Paulo Roberto de Almeida

Jornalistas estrangeiros são detidos na Venezuela

Ao todo 41 foram detidos pelas forças de segurança de Maduro

01 de março de 2014 | 6h 21
O Estado de S. Paulo
Pelo menos 41 pessoas, incluindo jornalistas estrangeiros, foram presas ontem em Caracas, na Venezuela, quando forças de segurança enfrentaram manifestantes contrários ao governo. As forças de segurança utilizaram canhões de água e bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes, que eram liderados por estudantes. Em resposta, encapuzados levantaram barricadas e responderam lançando pedras e coquetéis molotov.
De acordo com números do próprio governo de Nicolás Maduro, 18 pessoas morreram em três semanas de protestos no país. Sem sinais de avanço na crise política, o governo dos Estados Unidos pediu que Maduro converse com os manifestantes.
"Eles precisam ter um diálogo, unir as pessoas e resolver seus problemas", disse em Washington o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, que também criticou "as prisões e a violência nas ruas". Kerry disse ainda que os Estados Unidos estavam trabalhando com a Colômbia e outros países para reforçar os esforços de mediação.
Maduro, por sua vez, rotulou os protestos que começaram em 4 de fevereiro como uma tentativa de "golpe". Ele diz que os líderes da oposição radical se uniram a estudantes para derrubar o governo.
Oito dos detidos pelas forças de segurança são, de acordo com a TV estatal VTV, estrangeiros ligados ao terrorismo internacional. A associação venezuelana de jornalismo SNTP disse que um dos estrangeiros é o repórter free lance Andrew Rosati, que escreve para o Miami Herald. Rosati foi detido por meia hora e liberado após ser "atingido no rosto e no abdômen" por forças de segurança, informou a SNTP pelo Twitter.
A associação também disse que a fotógrafa italiana Francesca Commissari, que trabalha para o jornal local El Nacional, havia sido presa. Oficiais do governo não deram informações ou detalhes sobre a prisão de estrangeiros./ Dow Jones Newswires

O fascismo economico em construcao, e aprovado por um professor da linha do comite central...

Nada surpreendente nesta matéria, não surpreendentemente publicada numa coisa que se chama Rede Brasil Atual.
Este é o Brasil atual, aprovado por todos aqueles que se julgam, ou são de fato, beneficiários do regime, que penaliza constantemente, crescentemente, regularmente, maldosamente, todos aqueles que criam riquezas, valor, que pagam impostos, para o governo fazer o que faz: gastar bastante com ele mesmo, inclusive com professores como este, que estão aí para isso mesmo: justificar a linha do comitê central, e dizer que isso é positivo para o país.
O Brasil afunda na mediocridade econômica, mas os companheiros continuam a sugar as tetas do capitalismo que os alimenta.
Para quando uma fronda empresarial?
Paulo Roberto de Almeida

$ 123 BILHÕES

Aumento de arrecadação reflete pilares da política econômica, diz professor

Segundo professor da UFABC, crescimento constante da receita é consequência do esforço pela formalização da economia, incentivo ao mercado interno e combate à sonegação fiscal
por Eduardo Maretti, da Rede Brasil Atual 26/02/2014 09:25
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PAULO DE SOUZA/ABCDIGIPRESS/FOLHAPRESS
Indústria automotiva
Fim da desoneração de IPI começou para automóveis em janeiro, mas caminhões continuam com incentivo
São Paulo – A informação divulgada ontem (25) pelo governo de que a arrecadação de impostos e contribuições federais em janeiro de 2014 é recorde para o mês tem pouco significado isoladamente. A importância dos dados está na constatação de que o crescimento da arrecadação nos últimos anos é constante não apenas para o mês de janeiro, mas também de ano para ano, segundo Giorgio Romano Schutte, professor do curso de relações internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC). “Percentualmente, em relação ao ano passado, é um aumento pequeno, menos de 1%. Tem que relativizar um pouco esse número”, diz.
Segundo a Secretaria da Receita Federal, a receita chegou a R$ 123,667 bilhões, contra R$ 122,548 bilhões de janeiro do ano passado, o que representa aumento de 0,91% em relação ao mesmo mês de 2013. Já anualmente, a arrecadação de impostos e contribuições foi, em termos nominais, de R$ 969,9 bilhões em 2011 para R$ 1,03 trilhão em 2012 e saltou para R$ 1,138 trilhão no ano passado.
De acordo com Schutte, é relevante observar que o crescimento constante da receita na arrecadação de impostos reflete três pilares da política econômica do governo: o esforço pela formalização da economia e do mercado de trabalho, a prioridade em incentivar o mercado interno e, por outro lado, os esforços no combate à sonegação fiscal.
Tais políticas têm como consequência uma arrecadação de impostos que cresce na medida em que o emprego e o consumo se expandem. “Precisa ressaltar que, embora pouco enfatizado, há todo um esforço do governo para combater a sonegação fiscal, o outro lado da formalização”, diz o professor da UFABC. A renegociação das dívidas com as empresas, por meio do Programa de Recuperação Fiscal (Refis), é outro aliado, na medida em que incentiva o pagamento de débitos mesmo de empresas inadimplentes.
“O que o governo tenta mostrar é que há problemas, mas não há nenhum risco na questão fiscal, que está sólida. E que se houve diminuição do superávit primário, isso se deu porque o governo resolveu gastar dinheiro com outras coisas a não ser o pagamento dos juros. Gastou com a desoneração tributária (por exemplo da indústria automotiva) para defender a economia brasileira, o aumento do salário mínimo, o programa Minha Casa Minha Vida etc”, diz Schutte. “A economia cresce pouco, mas o governo consegue manter sua capacidade fiscal.”
Schutte ressalta um “dado positivo”, o de que, a não ser em questões pontuais, o governo não tem aumentado impostos. A majoração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis em janeiro, eliminando parte das desonerações que vigoram desde 2012, é um exemplo de “aumento pontual”. Porém, a desoneração continua para caminhões, que continuam com incentivo e IPI zerado. Segundo o governo, porque trata-se de um bem de capital.
Porém, na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não descartou a possibilidade de aumento de impostos em 2014. “Não está previsto aumento de tributos, embora isso possa ocorrer. Vai ser uma espécie de reserva que temos, se for necessário, para melhorar a arrecadação”, disse ele, segundo matéria da Agência Brasil.

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Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...