segunda-feira, 9 de junho de 2014

Revista História e Economia: chamada para artigos

A Revista interdisciplinar História e Economia é uma publicação semestral impressa do Instituto de  História e Economia. A proposta do Conselho, formado por professores da USP, UFF, Unicamp e outras importantes universidades, quando criou o Instituto, foi resgatar e incentivar uma parte da nossa pesquisa pouco privilegiada nos centros acadêmicos, como a História Comparativa, a História Econômica e a História Política.  Receberemos artigos até o dia 30 de setembro de 2014.  Os artigos serão publicados no  v. 13, 2 º semestre de 2014. Os artigos devem ter no mínimo 20 páginas e ser enviados para o e-mail revistahistoriaeconomia@gmail.com
A Revista dedica-se à publicação de trabalhos nas áreas de Economia, História Econômica, História Financeira, e História das Idéias Econômicas. Publicamos somente textos originais, aceitando em casos especiais, a publicação simultânea em revista estrangeira. Recebemos artigos em português, inglês, espanhol ou francês.

Os artigos poderão ser referentes a quaisquer países ou regiões. Todos os artigos serão publicados no idioma em que foram escritos
 Atenciosamente

Conselho Editorial da Revista História e Economia

Adalton Franciozo Diniz (Faculdade Cásper Líbero/PUC- SP)
André Villela (EPGE/FGV)
Antônio Penalves Rocha (USP)
Carlos Eduardo Carvalho (PUC/SP)
Carlos Gabriel Guimarães (UFF)
Felipe Pereira Loureiro (USP)
Flavio Saes (USP)
Gail Triner (Rutgers University)
Jaime Reis (ICS - Universidade de Lisboa)
John Schulz (BBS)
John K. Thornton (Boston University)
Jonathan B. Wight (University of Richmond)
José Luis Cardoso (ICS – Universidade de Lisboa)
Marcos Cintra (Unicamp)
Pedro Carvalho de Mello (ESALQ)
Renato Leite Marcondes (USP/Ribeirão Preto)
Ricardo Feijó (USP/Ribeirão Preto)
Steven Topik (University of California Irvine)

Vitoria Saddi (INSPER)

Malditos paulistas, 2 - Ricardo Noblat


São Paulo rejeita Dilma

por 

De preferência, não convidem  paulistas e Dilma Rousseff para a mesma mesa.
A pesquisa Datafolha aplicada na semana passada mostra que em São Paulo a rejeição a Dilma supera, de longe, a rejeição a ela em qualquer outro lugar do país.
O  Datafolha não explica por que é assim. Mas talvez dois motivos ajudem a explicar: pela primeira vez desde a volta em 1989 da eleição pelo voto popular para presidente da República, não há um candidato paulista.
E os paulistas são os que enxergam o futuro com mais pessimismo. Entre eles, 69% acham que a inflação vai subir, 52% contam com o aumento do desemprego e 48% com a redução do poder de compra.
É por isso que 61% dos eleitores de São Paulo dizem que não votariam em Dilma de jeito nenhum. Lá, 83% da população querem um presidente no todo ou em parte diferente de Dilma. E só 23% afirmam apoiar o atual governo.
Em um eventual segundo turno, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) venceriam Dilma.
São Paulo é o Estado com o maior número de eleitores do país.

Malditos paulistas reacionarios - Folha, Reinaldo Azevedo

Leiam o que informa a Folha. Volto em seguida.
Tem um lugar no Brasil onde 61% dos eleitores afirmam que não votariam na presidente Dilma Rousseff “de jeito nenhum”. Lá, 83% da população querem mudança, um percentual bem mais alto do que no resto do Brasil. E só 23% aprovam o atual governo. Provavelmente por isso, tanto Aécio Neves (PSDB) quanto Eduardo Campos (PSB) venceriam Dilma num segundo turno, com folga, caso a eleição fosse realizada apenas entre os eleitores desse lugar – o tucano ganharia por 46% a 34%; o ex-governador de Pernambuco, por 43% a 34%.

É um lugar onde a opinião política do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, é mais influente que a do ex-presidente Lula (29% votariam “com certeza” em alguém apoiado pelo magistrado, enquanto 24% fariam o mesmo com o petista). E onde mais da metade dos moradores (54%) dizem sentir vergonha pela realização da Copa do Mundo no Brasil. Esse lugar é o maior colégio eleitoral do Brasil, o Estado de São Paulo. Os dados são da pesquisa Datafolha realizada entre os dias 3 e 5 de junho em todo o Brasil, com um número de entrevistas grande o suficiente em São Paulo para uma análise mais precisa sobre o comportamento eleitoral dos paulistas.
São Paulo destoa do resto do Brasil em quase todos os temas investigados. Se fossem contabilizados só os votos dos eleitores do Estado, a disputa presidencial hoje estaria tecnicamente empatada entre Dilma, com 23%, e Aécio, com 20%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos. Em São Paulo, Eduardo Campos tem 6%, seguido de perto por dois candidatos evangélicos: o Pastor Everaldo Pereira (PSC), com 4%, e o senador Magno Malta (PR-ES), com 3%. Já o candidato do PSTU, José Maria, alcança 2%.
Conforme os resultados apurados em todo o país, 30% do eleitorado nacional ainda não tem candidato a presidente da República. É um recorde desde 1989 para esse período pré-eleitoral. Em São Paulo, a soma dos indecisos com os que afirmam pretender votar em branco ou nulo é ainda maior: 37%. Os paulistas são mais pessimistas que os demais brasileiros em todas as questões relacionadas à economia. Entre eles, 69% acham que a inflação vai subir, 52% esperam aumento do desemprego, 48% entendem que o poder de compra irá diminuir.
Por encomenda da Folha, o Datafolha ouviu 4.337 pessoas no Brasil, 2.029 delas no Estado de São Paulo. A margem de erro é sempre de dois pontos. A taxa de confiança é de 95%. Significa que em 100 levantamentos parecidos, os resultados estarão dentro da margem de erro em 95.
(…)

Voltei
Vou citar um cantante “progressista”, um tal Caetano Veloso, que não vai muito, ou nada!, com a minha cara… Já se recusou até a dançar comigo, muito entre aspas, é claro! Peninha! O fato é que, em São Paulo, não se costuma dar muita bola para quem sobe ou desce a rampa.

Os petistas têm mais dificuldade de se criar no Estado do que em outras regiões do país. Desde a volta das eleições diretas, o partido venceu a disputa em São Paulo uma única vez: em 2002. Naquele ano, Lula obteve 55,39% dos votos, contra 44,61% de Serra. Nas outras todas, comeu poeira. A saber:
1989 – Lula, 42,10% X Collor, 57,90% (2º turno):
1994 – Lula, 27,01% X FHC, 55,74% (1º turno);
1998 – Lula, 28,84% X FHC, 59,89% (2º turno);
2006 – Lula, 47,74% X Alckmin, 52,26% (2º turno);
2010 – Dilma, 45,95% X Serra, 54,05% (2º turno).

É por isso que Marilena Chaui, por exemplo, a Tati Quebra Barraco da esquerda do Complexo Pucusp, acha São Paulo um estado “reacionário”. Os petistas não se conformam que exista um Estado que responde por um terço da economia do país e que resista ao petismo. Vai ver é por isso que São Paulo responde por um terço da economia do país!

Todos Pela Educacao analisa o Plano Nacional de Educacao

Ao final da matéria consta uma informação sobre o que é, e o que quer o Todos Pela Educação.
Paulo Roberto de Almeida
Todos Pela Educação, 04 de junho de 2014
Movimento destaca pontos que merecem atenção da sociedade

O caminho do novo Plano Nacional de Educação (PNE) do Brasil foi longo: desde o envio, com atraso, do projeto de lei pelo Executivo até a aprovação na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira, 3 de junho de 2014, foram quase quatro anos de análises e discussões – considerando apenas a fase de tramitação do projeto de lei, uma vez que os debates que reuniram as propostas do governo e da sociedade para a Educação tiveram início na Conferência Nacional de Educação (Conae) de 2010.

Finalmente aprovado pelo Plenário da Câmara dos Deputados, após a segunda passagem pela casa legislativa, o documento que vai nortear as metas da Educação brasileira para a próxima década segue agora para a sanção da Presidência da República.

O PNE anterior, que vigorou até 2010, tinha como principal ponto fraco ter centenas de objetivos e metas, o que dificultou a absorção por gestores, educadores e também pela sociedade brasileira. Calcula-se que menos de um terço das metas foram atingidas. Entre o fim da validade do antigo plano o e o início da vigência do novo, o Brasil terá ficado mais de 1250 dias sem PNE.

Mesmo após uma trajetória cheia de entraves, é após a sanção da presidente Dilma Rousseff (PT) que começa a verdadeira missão do plano. A atualização do cumprimento das metas pode ser acompanhada pelo Observatório do PNE, plataforma online, iniciativa de 20 organizações ligadas à Educação, sob a coordenação do TPE, com o objetivo de monitorar os indicadores da lei.

O Todos Pela Educação entende que é indiscutível a contribuição do PNE para os próximos dez anos da sociedade brasileira, uma vez que o plano preza pelo alinhamento de esforços de diferentes setores, áreas e entes federados pela melhoria da qualidade da Educação do País.

O texto tem muitos pontos positivos, tanto nas metas e estratégias como no corpo da lei. O plano apresenta uma agenda desafiadora para a Educação no Brasil, que precisará do empenho de todos os governos e da sociedade para ser cumprida. É por isso que é importante que municípios e estados criem, na esfera política de cada um, planos de Educação locais espelhados no PNE.

No entanto, o PNE poderia ter sido mais ousado em alguns temas, uma vez que o País encontra-se numa trajetória de mudanças estruturais – e a Educação, assim como a ciência e o trabalho, devem acompanhar essas transformações.

Pode-se dizer, em suma, que os alunos que fazem parte do sistema educacional norteado pelo PNE são alunos do século 21, enquanto o conteúdo do plano ainda olha para questões que deveriam ter sido resolvidas no século 20.

Dessa forma, o texto abaixo destaca os principais pontos que, no entendimento do movimento, merecem atenção da nossa sociedade.

Alfabetização
A meta 5 do PNE que vai à sanção presidencial é a alfabetização de todas as crianças, no máximo, até o final do 3º ano do Ensino Fundamental. O texto original, redigido pelo Poder Executivo, pedia a alfabetização até, no máximo, os 8 anos de idade. Mas a meta foi modicada outras vezes – no Senado, por exemplo, foi instituído alfabetizar todas as crianças, no máximo, até os 8 anos de idade, durante os primeiros 5 (cinco) anos de vigência do plano; no máximo, até os 7, do sexto ao nono ano de vigência; e até o final dos 6 anos de idade, a partir do décimo ano.

O TPE entende que essa meta poderia ter sido redigida de forma mais adequada ao imenso e perene desafio da alfabetização dos alunos brasileiros. O movimento acredita que a alfabetização deveria ser garantida até, no máximo, os 8 anos, uma vez que numa turma de 3º ano, como diz a meta, podem existir alunos de diversas idades – inclusive com mais de 9 anos. Sob a redação final, é possível alcançar a meta retendo os alunos no 3º ano, piorando, portanto, um dos principais problemas na Educação no Brasil, a distorção idade-série. A garantia do direito à Educação de qualidade deve ter implícita a garantia da aprendizagem na idade certa, e a redação final coloca em xeque este objetivo. Este posicionamento é alinhado à própria Meta 2 do TPE: “toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos”.
Deve-se destacar que a palavra “plena”, citada na primeira estratégia da mesma meta, é de extrema importância, uma vez que ser alfabetizado não é apenas decodificação, mas sim domínio crítico e autônomo da leitura e da escrita como ferramentas primordiais para o aprendizado contínuo, por toda a vida.

Vale lembrar que, até agosto, devem ser publicados os resultados da primeira edição Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), aplicada no ano passado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para avaliar o nível de alfabetização dos alunos do 3º ano do Ensino Fundamental. Os resultados serão censitários e o teste deve ser anual.
Antes da criação da ANA, foram realizadas duas edições da Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização, mais conhecida como Prova ABC, iniciativa do Todos Pela Educação e parceiros, sendo um deles o próprio Inep. Os dados da edição 2012 mostraram que 44,5% dos alunos do 3º ano do Ensino Fundamental apresentavam proficiência adequada em leitura, 30,1% em escrita e 33,3% em matemática.
Além disso, o país conta com o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), programa do governo federal lançado em 2012 que envolve os três entes da federação – municípios, estados e União – num esforço nacional para alfabetizar todas as crianças até os 8 anos de idade ao fim do 3º ano do Ensino Fundamental.

Educação Integral
Diversas pesquisas e estudos apontam que a maior exposição a situações de ensino leva a mais aprendizagem. O tema é uma das bandeiras do Todos Pela Educação. Nesse sentido, a Educação Integral, apresentada na meta 6 do PNE, é fundamental para o Brasil avançar nos índices de aprendizagem resultados das avaliações de sistema. A ampliação do tempo na escola deve ser feita com qualidade, intenção e planejamento pedagógico de aulas e atividades articuladas ao projeto político pedagógico da escola.
A meta 6 promove o oferecimento de Educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos estudantes da Educação Básica do Brasil. O Todos Pela Educação acredita que essa meta é tímida, uma vez que, com um financiamento para a área educacional que vai atingir 10% do Produto Interno Bruto (PIB) até o fim da vigência do PNE, os objetivos poderiam ser mais ousados.
Educação Especial
A meta 4, que trata da Educação Especial, foi uma das mais debatidas durante toda a tramitação do PNE no Congresso Nacional, sendo alvo de polêmica. A redação final da Câmara é: universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, preferencialmente na rede regular de ensino.
Na opinião do movimento, o PNE deveria apontar inequivocamente para a inclusão das crianças no sistema brasileiro regular de ensino. A palavra “preferencialmente” enfraquece a meta, permitindo que a escolarização das crianças aconteça em unidades especializadas, privando as crianças com e sem deficiência das aprendizagens advindas do convívio e da aprendizagem conjuntos.

Cabe mencionar, que a meta também inclui a garantia do atendimento educacional especializado em salas de recursos multifuncionais, nas formas complementar e suplementar, em escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados.

Formação de professores
A formação e valorização dos docentes faz parte da agenda do TPE, sendo claramente citada em uma das Bandeiras e em uma das Atitudes do movimento. O atual ministro da Educação, José Henrique Paim tem revelado desde a posse a centralidade que o tema terá na sua gestão, considerado hoje um dos maiores entraves e desafios para a melhoria da Educação brasileira.

A meta 15 trata justamente desse tema essencial ao País, afirmando que deve ser garantida, em regime de colaboração entre os entes federativos e dentro do prazo de um ano de vigência do plano, uma política nacional de formação e valorização dos profissionais da Educação, “assegurado que todos os professores e as professoras da Educação Básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam”.

O TPE considera essa uma das principais metas do PNE, uma vez que ela é ponto de partida básico e primordial para que outras metas e estratégias se consolidem. O país avançou – ainda que de forma desigual entre as regiões – na obtenção do título de Educação Superior, no entanto, há áreas de conhecimento para as quais as redes de ensino não têm professores especializados e os currículos dos cursos de licenciatura têm um enfoque acadêmico que não fornece aos futuros professores as ferramentas didáticas necessárias para o desempenho da profissão em sala de aula. É necessária uma mudança focada e radical nos cursos de formação dos docentes brasileiros que lecionam no Ensino Fundamental e Médio.

Família, cultura e esportes
A promoção do esporte dentro das escolas, assim como de atividades culturais e da participação da família, aparece em algumas estratégias do novo PNE. Um exemplo é a estratégia 3.1, que promove a institucionalização de um programa nacional de renovação do Ensino Médio, “a fim de incentivar práticas pedagógicas com abordagens interdisciplinares estruturadas pela relação entre teoria e prática, por meio de currículos escolares que organizem, de maneira flexibilizada e diversificada, conteúdos obrigatórios e eletivos articulados em dimensões como ciência, trabalho, linguagens, tecnologia, cultura e esporte”.
Esse tema também faz parte da agenda do TPE, especialmente por meio das 5 Atitudes propostas pelo movimento, sendo uma delas justamente a ampliação do repertório cultural e esportivo das crianças e jovens. Consideramos que alunos e famílias devem usufruir de espaços e atividades que ajudem a desenvolver esse repertório.
Universalização do acesso
Assim como no caso da Educação Integral, há anos as pesquisas mostram que crianças que frequentaram creches e a pré-escolas de qualidade apresentam melhores condições para o aprendizado no Ensino Fundamental e Médio. Nesse sentido, é essencial atingir a meta 1 do PNE que, reforçando a Emenda Constitucional No. 59, pretende universalizar até 2016 o atendimento na Pré-Escola para as crianças de 4 e 5 anos de idade, além de ampliar a oferta em creches de forma a atender, no mínimo, 50% das crianças de até 3 anos.
O cumprimento da meta 1 é essencial para que o Brasil cumpra, com qualidade, as metas 2 e 3. A meta 2 do PNE é universalizar o Ensino Fundamental de 9 anos para toda a população de 6 a 14 anos e garantir que pelo menos 95% dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada. Já a meta 3 é universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até o fim do plano, a taxa líquida de matrículas no Ensino Médio, que hoje é de apenas 54,4%, deverá alcançar 85%. Estas metas somente serão alcançadas com medidas que levem à aprendizagem adequada na idade certa, corrigindo problemas de distorção idade-série que se alastram desde o início da vida escolar de vários alunos.

Vale lembrar que a Meta 1 do Todos Pela Educação – “toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola” – influenciou os debates que levaram à aprovação da Emenda Constitucional nº 59, que obriga a matrícula escolar de crianças e jovens nessa faixa etária até 2016.

Outras Metas do movimento em consonância com as metas do PNE são Meta 3 - Todo aluno com aprendizado adequado ao seu ano e Meta 4 - Todo jovem de 19 anos com Ensino Médio concluído.

Investimento
A Meta 20 foi foco das discussões nas diferentes fases de elaboração e tramitação do PNE. O percentual do PIB que deveria e poderia ser dedicado à Educação foi repetidamente questionado por meio de comparativos com países desenvolvidos, que estariam investindo na Educação valores similares aos do Brasil. Este posicionamento foi logo rebatido analisando-se o gasto per capita dessas mesmas nações, que supera significativamente os valores do Brasil.

O fato é que muitas das metas do PNE demandarão um maior gasto em Educação. O atendimento em creche deverá mais do que dobrar em dez anos, um milhão de crianças a mais deverão frequentar a pré-escola até 2016, em torno de 5 milhões de crianças deverão dobrar o tempo que permanecem na escola, mais de 13 milhões de pessoas precisam ser alfabetizadas, quase três milhões de vagas na Educação Profissional devem ser criadas, na Educação Superior são mais de 4 milhões de novas vagas para cumprir o plano. O cumprimento das metas de melhoria da formação inicial e continuada dos professores de todos os níveis, e de valorização e elaboração de planos de carreira para os professores da Educação Básica, assim como de fomento da gestão democrática da Educação, exigirão também recursos adicionais.

A gestão dos recursos novos e dos que já são executados nos diferentes níveis de governo precisa ser mais eficiente para que esse plano não seja letra morta. A União deverá prestar a assistência técnica necessária para que os entes da federação alcancem e persigam estes níveis de maior eficiência no gasto. E tanto governo como sociedade deverão poder acompanhar a execução orçamentária de forma transparente, permitindo identificar excessos e carências, priorizar e realocar recursos face às metas, seus respectivos estágios de cumprimento e caráter estratégico. Atualmente, as duas fontes de consulta, o Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação (Siope) e o Tesouro Nacional, revelam valores de execução não coincidentes.

A redação final da meta permite a aplicação dos recursos públicos em programas como o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e a rede conveniada de creches. Apesar da pertinência do debate em relação à adoção de estratégias de expansão do atendimento por vias diferentes à expansão da rede pública no longo prazo, as necessidades imediatas de expansão do atendimento nas diversas etapas, particularmente na Educação Infantil e na Educação Profissional, requer a articulação com os outros setores.

A dinâmica populacional tem levado o Brasil a investir crescentemente na população mais velha, indiretamente sacrificando o desenvolvimento das novas gerações. As fontes de financiamento da Educação devem ser discutidas com prioridade, entendendo os gastos no setor como um investimento chave para a construção do país. Para garantir a coerência entre a natureza do gasto e a origem dos recursos, os royalties do petróleo – recurso não renovável – não poderiam ser considerados para cobrir gastos permanentes, como a manutenção e das redes de ensino. Para as despesas correntes, deverá ser empreendido um debate nacional que vise o desenho das grandes reformas que já estão na pauta nacional, como é o caso da reforma tributária, considerando a Educação de qualidade como fator estratégico para o desenvolvimento do país.

Esse tema também faz parte da agenda do TPE, especialmente por meio da Meta 5 – Investimento em Educação ampliado e bem gerido e de uma de suas Bandeiras: Aperfeiçoamento da gestão e da governança da área.

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Fundado em 2006, o Todos Pela Educação é um movimento da sociedade brasileira que tem como missão contribuir para que até 2022, ano do bicentenário da Independência do Brasil, o País assegure a todas as crianças e jovens o direito a Educação Básica de qualidade.
Em fevereiro de 2014 o Todos Pela Educação teve seu estatuto reformado para se qualificar comoOrganização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). Clique aqui para baixar o Certificado de Qualificação e o Estatuto Social
Apartidário e plural, congrega representantes de diferentes setores da sociedade, como gestores públicos, educadores, pais, alunos, pesquisadores, profissionais de imprensa, empresários e as pessoas ou organizações sociais que são comprometidas com a garantia do direito a uma Educação de qualidade.

Os objetivos do movimento são propiciar as condições de acesso, de alfabetização e de sucesso escolar, a ampliação de recursos investidos na Educação Básica e a melhora da gestão desses recursos. Esses objetivos foram traduzidos em 5 Metas. Ainda que não expressem tudo o que precisamos conquistar na Educação pública, elas traduzem de forma clara e objetiva o que efetivamente precisamos alcançar para mudar de patamar e efetivar os principais direitos educacionais dos alunos. São elas:

Meta 1 Toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola
Meta 2 Toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos
Meta 3 Todo aluno com aprendizado adequado ao seu ano
Meta 4 Todo jovem com Ensino Médio concluído até os 19 anos
Meta 5 Investimento em Educação ampliado e bem gerido

Em 2010, o movimento adotou 5 Bandeiras, as quais entende como urgentes e com resultados mais impactantes para a melhoria qualidade da Educação e para o alcance das Metas. São elas:

Formação e carreira do professor
Definição dos direitos de aprendizagem
Ampliação da exposição do aluno ao ensino
Uso relevante das avaliações na gestão educacional
Aperfeiçoamento da gestão e da governança da Educação

Como grandes mudanças dependem do engajamento de todos, tanto por ações cotidianas quanto por valores colocados em prática, em 2013 foram identificadas 5 Atitudes que mostram como população brasileira ajudar crianças e jovens a aprender cada vez mais e por toda a vida. São elas:

Valorizar o professor, a aprendizagem e o conhecimento
Promover as habilidades importantes para a vida e para a escola
Colocar a Educação escolar no dia a dia
Apoiar o projeto de vida e o protagonismo dos alunos
Ampliar o repertório cultural e esportivo das crianças e dos jovens

O Todos Pela Educação acredita que, pela dimensão do desafio e da desigualdade histórica da Educação no Brasil, apenas a ação dos governos não é suficiente. A participação dos diversos segmentos da sociedade, reunidos em torno de metas comuns e alinhadas com as diretrizes das políticas públicas educacionais, é fundamental para promover o salto de qualidade de que a Educação Básica brasileira necessita.



Brasil-Argentina: disputa pela pior politica economica - Rolf Kuntz

Competição difícil essa: saber quem ganha o prêmio IgNobel de pior administração em geral, e na economia em particular...
Paulo Roberto de Almeida 


A política da estagflação e do atraso industrial

Rolf Kuntz
O Estado de São Paulo, 7/6/2014
A emperrada economia brasileira está sujeita a dois dos governos mais desastrosos do mundo, o da presidente Dilma Rousseff, gerente da estagflação, e o de sua colega Cristina Kirchner, chefe da diplomacia comercial do Mercosul e dona, portanto, da palavra final em qualquer negociação relevante. Isso vale para as discussões com parceiros de fora, como a União Europeia, ou para os arranjos internos, como o acordo bilateral para o setor automotivo – revisto mais uma vez segundo os critérios da Casa Rosada. De janeiro a maio deste ano o Brasil exportou para os Estados Unidos produtos no valor de US$ 10,51 bilhões, pouco mais do que o vendido para o Mercosul, US$ 10,13 bilhões, e muito mais do que o embarcado para a Argentina, US$ 6,19 bilhões. As exportações para o mercado argentino foram 18,6% menores que as de um ano antes, pelas médias diárias, enquanto as vendas para os Estados Unidos ficaram 13,2% acima das contabilizadas no mesmo período de 2013.
Nenhum outro mercado aumentou tanto a absorção de produtos brasileiros, segundo registros do Ministério do Desenvolvimento. Indústria e Comércio Exterior. Mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao explicar o pífio crescimento econômico do Brasil no primeiro trimestre, 0,2%, apontou de novo as condições do mercado internacional, incluída a desaceleração americana, como principais entraves à expansão brasileira. Como de costume, ele descreveu um mundo bem diferente daquele reconhecido por qualquer observador razoavelmente atento e informado.
De janeiro a abril, 50,36% das exportações brasileiras para os Estados Unidos foram de manufaturados. Esse é o último período com informações detalhadas sobre a composição do comércio com cada parceiro. Nesses quatro meses, as vendas de manufaturados corresponderam a apenas 35,6% da receita geral. A dos básicos, a 48,9%. Somados os semimanufaturados, a parcela das commodities correspondeu a 61,6% do total (outros 2,8% ficaram na categoria de operações especiais).
A participação dos manufaturados continuou em queda. De janeiro a maio, esses produtos proporcionaram 34,8% do total faturado. O resto – quase dois terços – veio das commodities, principalmente dos básicos, 50,3% das vendas totais.
O Brasil assume, cada vez mais claramente, o papel de fornecedor de matérias-primas, principalmente no comércio com a China e outros países da Ásia. Até abril, os manufaturados foram só 3,09% das exportações para o mercado chinês. Em contrapartida, a China exporta principalmente manufaturados para o mercado brasileiro e, de quebra, toma do Brasil fatias crescentes do comércio com os latino-americanos.
O Brasil assume, cada vez mais claramente, o papel de fornecedor de matérias-primas, principalmente no comércio com a China e outros países da Ásia
Mas há nessa história um aspecto paradoxal, pelo menos à primeira vista. Cerca de metade das vendas brasileiras para os Estados Unidos ainda é formada por manufaturados. O peso desses produtos nas vendas à União Europeia é bem menor, 34,96% de janeiro a abril, mas, ainda assim, muito maior que no comércio com os parceiros da Ásia. No entanto, a indústria brasileira perde espaço no mercado externo, incluída a vizinhança latino-americana, e até no mercado interno. Aqui, a participação de fornecedores estrangeiros tem crescido há vários anos e passou de 20,4% no primeiro trimestre de 2012 para 22,5% dois anos depois, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Em resumo: algumas indústrias conseguem manter presença no mercado americano e também – com dificuldade crescente – no europeu, enquanto a maior parte do setor manufatureiro perde espaço em quase todos os mercados. Montar uma história clara e coerente com esses pedaços é uma boa tarefa para pesquisadores, mas pelo menos alguns detalhes parecem evidentes. Um deles é a acomodação da maior parte do setor industrial no comércio com economias em desenvolvimento, quase todas menos industrializadas que a brasileira. Hoje até esse papel é inseguro, por causa da presença crescente de fortes competidores, especialmente asiáticos, na América Latina e até no Mercosul. Essa acomodação é denunciada também pelo baixo grau de inovação, discutido quarta-feira no Fórum Estadão – Inovação, Infraestrutura e Produtividade. O protecionismo, outro detalhe importante, é obviamente parte dessa história.
O estímulo à modernização e à busca de competitividade teria sido, com certeza, maior se o Brasil houvesse buscado acordos comerciais com os países mais avançados, como os da América do Norte e da Europa, mas a diplomacia econômica brasileira preferiu outro caminho a partir de 2003. O governo recusou o projeto da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), no começo da primeira gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e fixou como prioridade a integração Sul-Sul.
O acordo com a União Europeia poderia ter aberto uma porta no mundo mais avançado, mas a aliança com o protecionismo argentino, depois convertida em sujeição, entravou as negociações. Enquanto isso, outros emergentes com facilidade de acesso ao mercado europeu, como a Turquia, consolidavam suas posições. Os demais Brics – Rússia, Índia, China e África do Sul – jamais se juntaram ao delirante e anacrônico projeto terceiro-mundista do governo brasileiro.
Alguns capítulos dessa história são temas do dia a dia: a tributação sobre o investimento e a exportação, a infraestrutura insuficiente e ruim, o atraso educacional, agravado pelas prioridades mal escolhidas, o excesso de gastos e o desperdício do dinheiro público, a tolerância à inflação elevada e o intervencionismo desastrado. As tentativas de maquiar as contas públicas e a inflação ilustram de maneira pitoresca a baixa disposição do governo de reconhecer e de resolver problemas.
O investimento reduzido a apenas 17,7% do produto interno bruto (PIB) no primeiro trimestre, 0,5 ponto abaixo do nível já ridículo de um ano antes, 18,2%, resume boa parte do quadro: incompetência governamental somada à crescente e muito compreensível insegurança do setor privado. É o Brasil em rápido processo de subdesenvolvimento.


Rolf Kuntz

Rolf Kuntz é professor titular de Filosofia Política na Universidade de São Paulo (USP) e colunista de economia do jornal “O Estado de S. Paulo”. É autor dos livros "François Quesnay: economia" (Atica, 1984), da coleção Grandes Cientistas Sociais, e "Qual o futuro dos direitos? Estado, mercado e justiça na reestruturação capitalista" (Max Limonad, 2002). Kuntz é mestre e doutor em Filosofia pela USP. Tem interesse especial pela obra de David Hume, Jean-Jacques Rousseau, John Locke e Adam Smith.

Inflacao: heranca maldita dos companheiros - Henrique Meirelles

Os keynesianos de botequim, que são as contrafações de economistas companheiros, ainda continuam a acreditar em Celso Furtado, para quem um pouquinho de inflação não seria prejudicial ao crescimento, desde que garantindo mais emprego. Se fosse só isso...
A herança dos companheiros vai continuar a prejudicar o Brasil por anos e anos à frente...
Paulo Roberto de Almeida 

O mau humor da inflação

Por Henrique Meirelles
Folha de S.Paulo, 08/06/2014.
O instituto de pesquisas Pew, com experiência consolidada na sondagem da opinião pública em mais de 80 países, divulgou dados sobre o nível de satisfação da população brasileira com duas revelações importantes:
1) A piora da avaliação da situação econômica aqui só se compara a ocorrida em países com guerra civil ou conflito agudo, como o Egito.
2) 85% da população considera a inflação um dos maiores problemas do Brasil.
A segunda constatação tem significado histórico. Por muito tempo, a maior dificuldade no trabalho de combate à inflação foi a postura de setores do pensamento econômico e da política de que um pouco de inflação é bom para o crescimento e que os custos de enfrentá-la com rigor para mantê-la na meta não compensam e são impopulares.
A inflação baixa é fundamental não só para a manutenção do poder de compra das pessoas, mas também para maior crescimento econômico
Dizíamos que, na medida em que a população sentisse os efeitos da manutenção do seu poder de compra com a inflação mais baixa, ela não aceitaria a volta de índices mais elevados. E que isso seria uma conquista institucional histórica, pois a experiência brasileira e de diversos países mostra que inflação baixa é fundamental não só para a manutenção do poder de compra das pessoas, mas também para maior crescimento econômico.
A inflação controlada dá mais previsibilidade e retorno ao investimento e, mais importante, eleva a confiança da população, pois sabe que no próximo mês o poder aquisitivo de seu salário será mantido.
Ponto fundamental e muitas vezes esquecido é que o maior prejudicado com a inflação um pouco mais alta são os assalariados. Eles têm aumento uma vez ao ano, enquanto os preços sobem a qualquer momento.
Importante notar também que é ilusão achar que o governo ganha com a inflação já que a arrecadação de impostos cresce com os preços e as despesas de governo só crescem mais tarde. A desorganização econômica e o baixo crescimento causados pela inflação acabam inexoravelmente prejudicando os que ganham com ela, inclusive o governo.
Portanto, devemos encarar a insatisfação popular com a inflação alta, apontada recorrentemente pelo Datafolha, como positiva. Ela consolida no Brasil o valor da inflação baixa e estável. E o pessimismo agudo revelado pelas pesquisas reflete a percepção de uma inflação maior do que a dos índices oficias, pois a população lida com preços livres não controlados pelo governo.
Com a inflação controlada e a expectativa para os anos seguintes na meta, os custos do controle da inflação serão muito baixos ou inexistentes.
Quanto maior a expectativa de inflação, maior é o custo de trazê-la para a meta e maior é o custo da desorganização inflacionária na economia como um todo.

Conluio Antidistributivo: coisa de sociologo gramsciano de ma-fe

Um leitor deste blog confessa que não gosta de minhas opiniões, embora ache o blog bom, e me pede uma opinião sobre a entrevista de um sociólogo (essa tribo de masturbadores sociais, como diria o Sérgio Mota) a propósito da próxima campanha eleitoral.
Aqui o comentário:


Cássio Moreira

15 minutos atrás  -  Compartilhada publicamente
Olá Paulo Roberto. Muito bom o teu site. Embora discordo de alguns pontos desse artigo gostaria de saber tua opiniao sobre essa entrevistahttp://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/06/1466547-conluio-antidistributivo-puniu-dilma-e-campanha-sera-mais-radicalizada-diz-sociologo.shtml

 E se de certa forma acha que essas duas analises sao complementares?
Leia mais
O sociólogo em questão acha que as elites de sempre, que ele identifica nos partidos de oposição ao atual partido no poder, estão mancomunadas num projeto perverso, que seria o de impedir que o partido hegemônico fizesse mais bondades em favor do povinho miúdo, que depende dos favores do Estado para ter maior igualdade distributiva.
Não vou dar minha opinião sobre o que ele disse pois isso seria promover comentários desonestos, feitos de má-fé, por um espírito partidário, à condição de argumentos de observador isento da política, o que obviamente não é o caso.
O cidadão partidário, gramsciano como vários de seus colegas, não entende de economia, e acha que os empresários foram contra a presidente apenas porque ela reduziu os juros e desvalorizou o real.
Com essa demonstração de ignorância elementar, não é preciso mais nada, a não ser confirmar que se trata de alguém de má-fé e politicamente motivado.
Paulo Roberto de Almeida

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