terça-feira, 29 de julho de 2014

O nanismo diplomatico desta vez no Mercosul - Rolf Kuntz


O fiasco do Mercosul e a diplomacia de banquinho

Foi uma semana dura para a diplomacia brasileira e revoltante para os anões. Na quinta-feira, o governo de Israel ofendeu os baixinhos de todo o mundo ao descrever o Brasil como um anão diplomático. Três dias antes o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, havia cobrado, em tom quase paternal, mais empenho de Brasília para a conclusão do acordo comercial do Mercosul com o bloco europeu. Os dois fatos evidenciaram, mais uma vez, a desmoralização e a falência da política externa brasileira, tanto na área comercial quanto na geopolítica. O fato coberto com maior destaque foi o bate-boca entre funcionários de Brasília e de Tel-Aviv, mas os dois episódios são partes da mesma história.
Anões, ao contrário da atual diplomacia brasileira, inaugurada em 2003, podem ser inteligentes, eficientes, equilibrados e relevantes. Outros governos têm pressionado o de Israel e cobrado a suspensão ou moderação dos ataques à Faixa de Gaza, mas nenhum deles pagou o mico de se explicar e de responder em tom quase meigo a um porta-voz de chancelaria. A explicação oferecida: o Brasil criticou apenas a violência “desproporcional” de Israel, sem contestar seu direito de defesa. A resposta complementar: o Brasil mantém relações diplomáticas com todos os membros da ONU e, portanto, se houver algum anão, será outro país. A explicação e a réplica foram apresentadas pelo chanceler Luiz Alberto Figueiredo. Polidamente, ele se absteve de mostrar a língua e de chamar de feio o funcionário israelense.
Ator relevante age com clareza e se dispensa de explicações. A manifestação brasileira nesse caso, como em muitos outros, confirmou a inépcia da orientação formulada no Palácio do Planalto e seguida no outrora respeitado Itamaraty. Esse amadorismo, inspirado num terceiro-mundismo requentado e rejeitado por emergentes de respeito, tem-se evidenciado também na diplomacia comercial.
O Brasil é a maior economia da América Latina, mas seu governo é incapaz de desemperrar a negociação entre o Mercosul e os europeus. “A mim me parece um bocadinho absurdo que a União Europeia tenha acordos de livre-comércio com praticamente o mundo inteiro e não tenha com o Brasil”, disse na segunda-feira o presidente da Comissão Europeia.
Por que “um bocadinho absurdo”? Para entender, basta pensar no tamanho da economia brasileira. Esse detalhe foi mencionado também pelo funcionário israelense. Ele qualificou o Brasil como gigante econômico, antes de chamá-lo, por contraste, de anão diplomático. Um contraste semelhante esteve implícito, mesmo com boa intenção, no comentário de Durão Barroso.
Absurdo, mesmo, é um país do tamanho do Brasil ter uma diplomacia subordinada aos interesses chinfrins da aliança entre o petismo, o kirchnerismo e o bolivarianismo
O presidente da Comissão Europeia foi até generoso. Teria sido menos gentil se tivesse ido mais fundo na avaliação do impasse. Absurdo, mesmo, é um país do tamanho do Brasil ter uma diplomacia subordinada aos interesses chinfrins da aliança entre o petismo, o kirchnerismo e o bolivarianismo.
Comandado por essa aliança, o Mercosul deu prioridade aos chamados acordos Sul-Sul, em geral com parceiros de pouca importância comercial. A aproximação com a Palestina é um marco notável dessa política. O livre-comércio regional com participação dos Estados Unidos foi recusado pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner. Nos anos seguintes, outros governos sul-americanos negociaram com Washington, sem o Mercosul, pactos comerciais. Nem sequer com o México, uma das economias mais importantes do hemisfério, foram tentadas negociações ambiciosas. Não se foi além de um limitado pacto de complementação.
Com a recente formação da Aliança do Pacífico (Chile, Peru, Colômbia e México), foi evidenciada mais uma vez a estagnação diplomática do Mercosul. Os dois blocos poderiam, talvez, promover uma integração. Mas só se os países do Mercosul se tornarem mais abertos, disse em janeiro o presidente do México, Enrique Peña Nieto. Quanto à negociação com a União Europeia, iniciada nos anos 1990, continua emperrada e sem perspectiva de avanço neste ano. O Mercosul permanece incapaz, principalmente por causa da resistência argentina, de apresentar suas ofertas para avaliação e discussão.
Enquanto isso, europeus e americanos negociam o pacto transatlântico e tentam novos entendimentos com outros parceiros. Asiáticos buscam aproximação com todo o mundo. A União Europeia se amplia e países da vizinhança desfrutam comércio favorecido com o bloco. A nova trama de concessões bilaterais e inter-regionais cresce e torna-se mais complexa, enquanto os líderes da Organização Mundial do Comércio (OMC) tentam reanimar e revalorizar a Rodada Doha.
Nesse quadro, a posição do Brasil e de seus parceiros do Mercosul se torna cada vez mais desvantajosa. A diplomacia comercial brasileira escolheu como prioridades, há mais de dez anos, a Rodada Doha, multilateral, e a aproximação com países emergentes e em desenvolvimento. O baile promovido pela OMC, a grande rodada multilateral, continua quase paralisado. Sem ingresso para os outros bailes – as dezenas de acordos parciais -, o Brasil tem de continuar no sereno, espiando as festas de fora.
Muitos empresários brasileiros aceitam sem aparente dificuldade a diplomacia comercial anã. Mostram-se mais interessados no protecionismo, parte importante dessa política, do que em conquistar mercados. Outra parte do empresariado reclama oportunidades comerciais mais amplas.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) cobrou do governo mais de uma vez, nos últimos dois anos, empenho maior na busca de acordos bilaterais e inter-regionais. Será impossível atender a essa demanda sem chacoalhar o Mercosul. No limite, restará trocar o status de união aduaneira pela condição, menos ambiciosa e menos limitadora, de zona de livre-comércio. Antes disso, falta o governo abandonar as fantasias terceiro-mundistas e semibolivarianas e redescobrir a noção de interesse nacional.
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/7/2014




SOBRE ROLF KUNTZ


Rolf Kuntz

Rolf Kuntz é professor titular de Filosofia Política na Universidade de São Paulo (USP) e colunista de economia do jornal “O Estado de S. Paulo”. É autor dos livros "François Quesnay: economia" (Atica, 1984), da coleção Grandes Cientistas Sociais, e "Qual o futuro dos direitos? Estado, mercado e justiça na reestruturação capitalista" (Max Limonad, 2002). Kuntz é mestre e doutor em Filosofia pela USP. Tem interesse especial pela obra de David Hume, Jean-Jacques Rousseau, John Locke e Adam Smith.

A hecatombe da industria no Brasil dos companheiros - Zeina Latif

Poucos setores sofreram tanto sob o estatismo indecente e idiota dos companheiros quanto o setor industrial, em processo acelerado de retrocesso estrutural (e não apenas conjuntural) devido a todos esses fatores assinalados no artigo desta economista.
Vai ser difícil recuperar sua competitividade devido à selva de regulamentos idiotas implementados pelo aprendizes de feiticeiro do partido totalitário, aliados a uma máfia sindical e a uma burocracia fascista já de si presentes no cenário.
Vai ser preciso criar um DEPARTAMENTO ESPECIAL DE REMOÇÃO DO ENTULHO PETISTA.
Inclusive as políticas industriais: eles já fizeram cinco ou seis, e foram todas um fracasso completo.
Paulo Roberto de Almeida 

A indústria pede socorro

Não seria exagero afirmar que a indústria é o setor que mais sofre hoje com o elevado custo-Brasil. E pode ser também o mais sensível a erros de política econômica. O desempenho preocupante da produção industrial nos últimos anos dá uma dimensão da urgente necessidade de ajustar a agenda econômica do país, sob pena de resultar em seu rápido encolhimento.
O setor industrial parece mais vulnerável do que os demais em dois pontos principais: a carga tributária e o impacto da deficiente infraestrutura. O ambiente legal e regulatório tampouco ajuda, trazendo também insegurança jurídica ao setor.
A carga tributária na indústria de transformação equivalia a 44% do PIB do setor em 2008, segundo a FGV. Enquanto isso, o peso para a agropecuária era de 16%; para construção, 22%; e para serviços e comércio, 24%. Este quadro pode estar associado à cumulatividade da estrutura tributária, que penaliza cadeias produtivas mais longas. Aliado a isso há a enorme complexidade do sistema tributário, que implica custos para o cumprimento das regras, retirando eficiência do setor.
A infraestrutura falha também penaliza mais a indústria. Segundo o IBGE, os coeficientes técnicos da matriz insumo-produto indicam a maior dependência da indústria em infraestrutura de transporte e armazenagem em relação aos demais setores. Ainda que, por exemplo, a agropecuária sofra bastante com a baixa qualidade e elevado custo da logística, os dados mostram que o problema impacta mais a indústria.
Outro exemplo é energia elétrica, item que coloca o Brasil no grupo dos países com tarifa mais elevada. Mais uma vez, é a indústria o setor mais penalizado pela maior dependência neste insumo.
O efeito final é a perda de eficiência e de produtividade das empresas e do país
Somam-se a isso as regulações ambientais e trabalhistas e normas de segurança no trabalho. Não faltam exemplos de distorções causadas pela regulação falha. Por exemplo, no caso da NR-12, que estabelece normas de segurança de máquinas e equipamentos, a legislação, que é retroativa, é mais dura do que o observado na experiência internacional. O cumprimento da norma pelas empresas envolve custos elevados, sendo às vezes proibitivos, já que o parque industrial brasileiro está defasado. Também não faltam exemplos de exagero na legislação trabalhista, com excessiva intervenção do estado nas relações de trabalho.
Apesar de bem intencionado, o governo acabou criando um emaranhado de regras e regulações que tornam o dia-a-dia do empresário, particularmente da indústria, muito difícil. Adicionalmente, a indústria sofre com a insegurança jurídica, em todas as esperas de governo, incluindo impostos a cumprir e o próprio cumprimento da legislação.
O efeito final é a perda de eficiência e de produtividade das empresas e do país. A literatura empírica é rica em evidências da importância, não apenas da infraestrutura, mas também do ambiente legal e regulatório para definir diferentes ganhos de produtividade entre países, entre indústrias em um mesmo país ou mesmo entre firmas.
Todos estes fatores – carga tributária, infraestrutura, ambiente legal e regulatório – afetam a produtividade do setor, com repercussões também no investimento e na gestão das empresas. O ambiente desafiador acaba muitas vezes desviando o foco da empresa de seu próprio negócio. Ficam prejudicados o investimento em TI e P&D, bem como o aperfeiçoamento de práticas de gestão. São fatores que agravam o problema, reduzindo adicionalmente os ganhos de produtividade da economia, conforme também indicado na literatura empírica.
A reação do governo às dificuldades da indústria não tem sido frutífera. Apostou-se na proteção do setor e na adoção de políticas setoriais. Ou seja, em vez de corrigir as distorções, criam-se outras. Barreiras tarifárias e não-tarifárias ao comércio, política de conteúdo nacional, isenções tributárias a produtos, crédito subsidiado a empresas desestimulam a inovação e a busca de eficiência. Políticas setoriais muitas vezes acabam protegendo o produtor menos eficiente e punindo aqueles que não obtiveram benefícios e proteção. O resultado para a economia como um todo pode ser perverso. Jogo de soma negativa.
O retrato da indústria é alarmante. E a resposta à crise global de 2008 foi um divisor de águas, causando a partir de 2010 um grande desvio entre a produção doméstica, estagnada, e a crescente produção mundial. Ficamos para trás. Por um lado, os excessos de estímulo à demanda se traduziram em encarecimento da mão-de-obra. Por outro, a fraca agenda de reformas estruturais e os equívocos da política setorial implantada afetaram os ganhos de produtividade. Com ganhos salariais superando ganhos de produtividade, a indústria sucumbiu. Ironicamente, a intenção do governo era estimular a indústria.
As margens de lucro do setor sofrem, pois, diferente do setor de serviços, que consegue repassar a pressão de custos para os preços finais, a indústria não tem a mesma flexibilidade pela potencial concorrência com o produto importado. A indústria sofre nas duas pontas.
Como resgatar o setor? Para começar, diagnósticos corretos e medidas horizontais. As distorções são tantas, que mesmo pequenos ajustes podem fazer muita diferença. Para avançar, precisamos dar alguns passos para trás, desmontando a confusão criada.




SOBRE


Zeina Latif

Zeina Latif é doutora em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e economista-chefe da XP Investimentos. Trabalhou no Royal Bank of Scotland (RBS), ING, ABN-Amro Real e HSBC. Atua como consultora, sendo sócia da Gibraltar Consulting. Escreve colunas semanais para o Broadcast da Agência Estado.

Primeira Guerra: os generais estao sempre lutando a guerra anterior - Adam Hochschild




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CreditRoss MacDonald
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TURNER, Me. — ONE hundred years ago today, Austro-Hungarian artillery and gunboats on the Danube began shelling Serbia — the first shots of the great cataclysm that over the next four and a half years would remake our world for the worse, in every conceivable way. We think of the First World War as having its causes in Europe, where the greatest bloodshed and destruction would take place. But several of the illusions that propelled the major powers so swiftly into war had their roots in far corners of the world.
The biggest illusion, of course, was that victory would be quick and easy. “You will be home,” Kaiser Wilhelm II of Germany told his troops, “before the leaves have fallen from the trees.” The German campaign plan called for knocking France out of the war in 42 days. The Allies were not quite so arrogant, but were confident of triumph in months, not years.
A second illusion of those who marched proudly into battle in 1914 was that they would be shooting at the enemy, but that he would not be shooting back, or at least not effectively. How else to explain that most soldiers on both sides had no metal helmets? And that millions of French infantrymen, as well as the Austro-Hungarian cavalry, wore combat uniforms of brilliant red and blue? As the war began, troops from both sides advanced over open ground en masse, as if they were not facing repeating rifles and machine guns: bayonet charges by the French, and ranks of young Germans walking, arms linked, toward astonished British soldiers. The British would make plenty of similar suicidal advances of their own in the years ahead.
Where were these illusions born? They came from the way generals cherry-picked previous wars to learn from. A close look at the siege of Petersburg, Va., in the American Civil War, for instance, would have provided a lesson in trench warfare — and a sense of what it meant to be under fire from an early ancestor of the machine gun, the Gatling gun. A similar foretaste of both trench warfare and the power of the machine gun could be had by studying the siege of Port Arthur (now Dalian, China) in the Russo-Japanese War of 1904-5.
But the men who led Europe into the First World War found it more comforting to look elsewhere — at battles where victory was swift and the enemy had little firepower. In 1914 Europe had not had a major war in more than 40 years and, except for the Russians, almost all officers who had actually seen combat had done so in lopsided colonial wars in Africa and Asia.
Erich von Falkenhayn, for example, chief of the German General Staff for the first two years of the war, had been in the international force that suppressed the anti-Western Boxer Rebellion in China in 1900. Another veteran of that campaign — and of military service in Indochina and Algeria — was Robert Nivelle, later the French commander on the Western Front and the leader of a 1917 offensive that left 120,000 French soldiers dead or wounded and sparked a mutiny. Joseph Joffre, Nivelle’s predecessor, had served in Indochina and Madagascar, and had led an expedition across the Sahara to conquer Timbuktu. Most of the British generals had served in the colonies; when war broke out, Britain had more troops on active duty in India alone than in the British Isles.
Colonial wars seldom lasted long because the German, French and British Armies had modern rifles, machine guns and small mobile artillery pieces, as well as steamboats and railroads that could move men and weapons as needed. The Africans and Asians usually had none of these things.
In 1898, for example, a whole panoply of British officers (includingWinston Churchill) who would later fight in Europe were on hand for a battle at Omdurman, in Sudan. The 50,000 Sudanese they faced were armed only with spears, swords and antiquated rifles. In a few hours, the six Maxim machine guns of the far smaller Anglo-Egyptian force fired half a million bullets, leaving nearly 11,000 Sudanese dead and some 16,000 wounded, many fatally. The battle determined the outcome of a war in less than a day.
The miraculous new gun “is a weapon,” wrote the Army and Navy Journal, “which is specially adapted to terrify a barbarous or semi-civilised foe.” The Europeans were so enraptured by the power the machine gun gave them over colonial rebels that they never bothered to plan seriously for facing the weapon themselves.
Yet another illusion on both sides in 1914 was that a key force would be the cavalry. After all, hadn’t cavalry service been a path to military glory for more than 2,000 years? At the Cavalry Club on London’s Piccadilly Circus and its counterparts in Paris, Berlin, St. Petersburg and Vienna, officers eagerly anticipated more of the same. The initial German invasions of France and Belgium, for example, included eight cavalry divisions with more than 40,000 horses — the largest such body ever sent into battle in Western Europe. Tens of thousands of the unfortunate animals were laboriously shipped to the front over great distances: to the Middle East from New Zealand, to Belgium from Canada, to France from India.
Faith in the cavalry also sprang from colonial wars. British horsemen made a charge at Omdurman and did so far more spectacularly a year and a half later in another colonial conflict, the Boer War. Masked by an immense cloud of dust kicked up by thousands of galloping horses, the British successfully charged, almost unscathed, through Boer forces besieging the town of Kimberley, in present-day South Africa. “An epoch in the history of cavalry,” declared the London Times history of that war. “A staggering success,” read a German General Staff report on the battle.
The commander and the chief of staff of the cavalry involved — then close friends, later bitter rivals — were John French and Douglas Haig. A decade and a half later, the two would be successive British commanders on the Western Front. Although Haig obviously learned some lessons about industrialized warfare from the carnage in France and Belgium, he was, like so many generals, loath to let go of his colonial-era illusions. To the very end, he kept three British cavalry divisions ready, and even eight years after the war was still lobbying to maintain the cavalry, writing that “aeroplanes and tanks” were “only accessories to the man and the horse.”
None of the many military observers in the Boer War seemed to notice that one simple defensive measure could have stopped the great charge at Kimberley dead: barbed wire. On the Western Front in 1914, that, along with the machine gun, would spell doom for the cavalry and for the other illusions as well.

Eleicoes 2014: os companheiros se exercitam no que mais sabem fazer: ofender, intimidar, ameacar

Não tenho nada a acrescentar: as palavras falam sozinhas...
Paulo Roberto de Almeida 

Eleições 2014

CUT prega 'terror' em caso de vitória de Aécio ou Campos

Lula diz que analista do Santander não entende 'p**** nenhuma' de Brasil

Veja.com, 28/07/2014
Ex-presidente Lula discursa na 14ª plenária nacional da CUT
Ex-presidente Lula discursa na 14ª plenária nacional da CUT
A Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço sindical do PT, indicou nesta segunda-feira o apoio formal à reeleição da presidente Dilma Rousseff durante a abertura da sua 14ª plenária nacional, em Guarulhos (SP). Na quinta-feira, Dilma participará do encerramento do evento e receberá um documento com a pauta da CUT, com temas como o fim do fator previdenciário e a redução da jornada do trabalho. Será a primeira agenda de campanha de Dilma no Estado de São Paulo. O presidente da CUT, Wagner Freitas, afirmou que a entidade tem de eleger Dilma e fez um discurso de "terror" contra os dois principais adversários da petista nas eleições, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).
Freitas disse que o tucano "nunca trabalhou na vida" e busca o apoio de centrais sindicais. "Alguém acha que a eleição do Aécio vai significar investimento em política pública de qualidade no Brasil? Uma coisa central é reeleger a presidente Dilma. É importantíssimo para nós continuar tendo um governo que se articule direto conosco", discursou Freitas.
"Se nós conseguirmos um plebiscito popular para reforma política e o Aécio ganhar a eleição ele joga o plebiscito no lixo. Se nós conseguirmos todos os aumentos nas campanhas salariais e o Aécio ganhar a eleição, vamos ter problema e teremos de fazer campanha para defender a empresa pública, os nossos direitos e o salário. Se o Aécio ganhar a eleição ele vai acabar com a conquista que se consolidou com o presidente Lula, de valorização do salário mínimo". 
O líder sindical também dirigiu o discurso contra Eduardo Campos, para uma plateia com dirigentes e militantes de Pernambuco, Estado que o candidato governou. "O Eduardo Campos disse que não só vai cumprir a plataforma da classe trabalhadora como vai fazer mais. É verdade, pessoal de Pernambuco, que o Eduardo vai cumprir a plataforma?", perguntou aos sindicalistas. A reposta foi negativa.
Caso Santander – Na abertura do encontro, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva criticou a carta com projeções econômicas negativas sobre uma eventual vitória eleitoral de Dilma. O texto foi enviado a correntistas do banco Santander. Lula afirmou que o "não há lugar no mundo em que o Santander ganhe mais dinheiro do que no Brasil". Em discurso dirigido ao presidente mundial do Grupo Santander, Emilio Botin, Lula disse que "o Brasil não vai jogar fora a confiança que conquistou".
"Botin, é o seguinte, querido: tenho consciência de que não foi você quem falou, mas essa moça tua que falou não entende p**** nenhuma de Brasil, e nada de governo Dilma", disse Lula. "Manter uma mulher dessa em cargo de chefia, sinceramente... pode mandar embora e dar o bônus dela pra mim que eu sei o que falo."
Lula também afirmou que, no mercado financeiro, "um engole o outro" e "todos os dias as pessoas inventam mentira sobre outras pessoas e falam mal para tentar derrubar as ações de empresas e governos, para levantar as próprias".
(Felipe Frazão, de Guarulhos)
Lula praticando ilegalidades   em plenária da CUT: lei  proíbe entidade sindical de fazer campanha eleitoral
Lula praticando ilegalidades em plenária da CUT: lei proíbe entidade sindical de fazer campanha eleitoral
Pois é… Vamos ver por onde começar.
Luiz Inácio Lula da Silva era o convidado de honra do encerramento da 14ª Plenária da CUT, a Central Única dos Trabalhadores, que ocorreu nesta segunda-feira, em Guarulhos. Falou pelos cotovelos, puxou o saco de banqueiro, pediu a cabeça de uma bancária, disse palavrão, fez terrorismo eleitoral… Tudo em parceria com dirigentes da entidade… Barbarizou, enfim, como é de seu feitio. Vamos ver.
Sindicatos e centrais sindicais tiram parte considerável de seu sustento de um imposto — a tal contribuição obrigatória, que está na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) desde 1940. Ainda que o vivente não seja sindicalizado, é obrigado a doar para a entidade sindical um dia de seu trabalho. Em 2008, foi aprovada a Lei 11.648 que reconhecia a existência das centrais sindicais e lhes entregava uma fatia da verba bilionária. Só para vocês terem uma ideia, em 2013, a contribuição sindical rendeu R$ 3,2 bilhões, que têm de ser assim distribuídos:
a) 5% para a confederação correspondente;
b) 10% para a central sindical;
c) 15% para a federação;
d) 60% para o sindicato respectivo; e
e) 10% para a “Conta Especial Emprego e Salário”.

Muito bem! Isso quer dizer que os sindicatos arrecadaram, sem precisar fazer o menor esforço, por determinação legal, R$ 1,920 bilhão (sim, um bilhão, novecentos e vinte milhões de reais). As centrais, sozinhas, ficaram com R$ 320 milhões. No projeto de lei original, essas entidades teriam de prestar contas ao TCU sobre o uso desse dinheiro. Lula vetou. Elas gastam a grana, que é de todos os trabalhadores, como lhes der na telha, sem prestar contas a ninguém.
Sigamos. Lula foi ao evento da CUT. E ouviu o presidente da entidade, Wagner Freitas, fazer terrorismo eleitoral contra o tucano Aécio Neves, defendendo, de quebra, a candidatura de Dilma Rouseff. Afirmou o rapaz: “Alguém acha que a eleição do Aécio vai significar investimento em política pública de qualidade no Brasil? Uma coisa central é reeleger a presidente Dilma. É importantíssimo para nós continuar tendo um governo que se articule direto conosco”.
O rapaz não parou por aí: “Se nós conseguirmos todos os aumentos nas campanhas salariais e o Aécio ganhar a eleição, vamos ter problema e teremos de fazer campanha para defender a empresa pública, os nossos direitos e o salário. Se o Aécio ganhar a eleição, ele vai acabar com a conquista que se consolidou com o presidente Lula, de valorização do salário mínimo”.
É incrível! Essa gente é capaz de dizer as mentiras mais disparatadas sem nem mesmo corar. Atenção, meus caros! Nos oito anos do governo FHC, o mínimo teve valorização real (descontada a inflação, pelo IPCA), de 85,04%; nos oito anos de Lula, foi um pouco maior: 98,32%; no quatro anos de Dilma, deverá ser de apenas 15,44%.
E isso foi apenas parte das falas terroristas do dia. Aí Lula pegou o microfone. Afirmou que as conquistas sociais só terão continuidade se Dilma for reeleita. E se referiu ao informe que o Banco Santander (leiam post) enviou a alguns correntistas, alertando para o risco de deterioração dos indicadores econômicos caso a presidente volte a subir nas pesquisas. O chefão petista não teve dúvida: puxou o saco do banqueiro, o presidente mundial do Santander, Emilio Botin, e pediu a cabeça da bancária, a analista. E apelou, como é de seu feitio, a um palavrão:
“Botin, é o seguinte, querido: tenho consciência de que não foi você quem falou. Mas essa moça tua que falou não entende porra nenhuma de Brasil, e nada de governo Dilma. Manter uma mulher dessa em cargo de chefia, sinceramente… Pode mandar embora e dar o bônus dela pra mim que eu sei o que falo.”
 Ora vejam… Lula, segundo quem Dilma vai governar para o andar de baixo, e seus adversários, para o andar de cima, ficou de joelhos diante do banqueiro, que é do andar de cima, e pediu a cabeça da bancária, que é do andar de baixo.
Afirmei que o ato foi escandalosamente ilegal, certo? Pois é. Existe uma lei que regulamenta as eleições: a 9.504. Estabelece o Inciso VI do Artigo 24:
Art. 24. É vedado, a partido e candidato, receber direta ou indiretamente doação em dinheiro ou estimável em dinheiro, inclusive por meio de publicidade de qualquer espécie, procedente de:
(…)
VI – entidade de classe ou sindical.

A simples expressão de preferência de um órgão sindical, ainda que por meio de um boletim eletrônico, que pode sair a custo quase zero, caracteriza uma forma de publicidade. O que se viu nesta segunda foi muito mais: a CUT organizou uma plenária que serviu, de modo escancarado, para fazer campanha eleitoral. É evidente que está caracterizada aí uma doação a Dilma “estimável em dinheiro”. E de que “dinheiro” estamos falando? Justamente daquele que sai do bolso de todos os trabalhadores, sejam eles sindicalizados ou não.
Que coisa fabulosa! O TSE mandou uma consultoria tirar da Internet simples avaliações que fazia sobre as possíveis consequências da eventual reeleição de Dilma. Estamos a falar de uma consultoria privada, que faz isso às próprias expensas. Lê a sua análise quem quer. E no caso da CUT? Parte do dinheiro que a entidade movimenta é pública. Todos os trabalhadores a sustentam, queiram ou não, sejam sindicalizados ou não. Contrariando flagrantemente a lei, seus dirigentes expressam preferência por uma candidatura, demonizam a outra e ainda chamam para discursar o garoto-propaganda de um partido.
Aí, em nome dos trabalhadores, o dito-cujo, que atende pelo nome de Lula, faz mesuras ao banqueiro e chuta o traseiro da bancária.
Não sei se o evento foi mais asqueroso do que ilegal ou mais ilegal do que asqueroso.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...