quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Eleicoes 2014: como anda essa baixa campanha (triste...)

Reflexos do dia na frente eleitoral.
Lamento o baixo nível da campanha...
É só o que tenho a dizer...
Paulo Roberto de Almeida

Dilma admite problemas na economia e fala em mudanças caso reeleita
Folha de S. Paulo, 3/09/2014

Em discurso nesta quarta-feira (3) em Belo Horizonte (MG), a presidente Dilma Rousseff (PT) admitiu problemas na política industrial e no avanço da economia e disse que, se reeleita, irá mudar algumas ações e integrantes de sua equipe.
"Obviamente, novo governo, novas e, necessariamente, atualização das políticas e das equipes", disse a presidente, diante de representantes da indústria presentes na abertura da 8ª Olimpíada do Conhecimento 2014, na capital mineira.
"É possível que alguns de vocês, na atual conjuntura, quando a incerteza do cenário internacional se mistura com o debate eleitoral, questionem a eficácia dessa nossa política (...) Eu gostaria que o Brasil estivesse crescendo num ritmo muito mais acelerado. Mas (...) imaginem o que aconteceria se nós não tivéssemos tomado essas medidas."
Antes dessa declaração, Dilma falou da necessidade de investimentos na educação para reduzir a desigualdade e ampliar a renda da população. Enalteceu ações federais, como os cursos do Pronatec e o que chamou de "política industrial", numa referência aos jovens formados nessas aulas profissionalizantes.
E, em tom de campanha eleitoral, admitiu que há muito o que fazer.
"Eu não quero, aqui, dar a impressão que eu acho que tudo foi feito. Eu não acredito nisso, acho, inclusive, que vivemos uma situação bastante complexa na indústria."
Ela, entretanto, saiu em defesa das ações do governo na indústria, cuja produção cresceu 0,7% em julho, após cinco meses seguidos de queda, segundo dados do IBGE.
"Só me pergunto e pergunto a vocês o que seria se nós não tivéssemos tomado as medidas que tomamos na área industrial e no reconhecimento que a indústria é estratégica para o país e que uma política industrial é necessária", disse a presidente.
Dilma também defendeu a participação de bancos públicos na economia do país, citando o financiamento habitacional de imóveis populares por meio do Minha Casa, Minha Vida.
"Não há condição de fazer habitação popular a preços de mercado, porque a pessoa que ganha R$ 1.600 não tem como comprar um apartamento de R$ 60 mil (...) Com isso (...) eu não vejo justificativa para que a gente retire os bancos públicos dessa atividade. Não vejo justificativa."
MUDANÇA
A fala da presidente em Minas é sua primeira sinalização de que faria mudanças em sua política de governo e em sua equipe num eventual segundo mandato, algo que o ex-presidente Lula vem aconselhando que ela faça desde o início do ano.
Na semana passada, interlocutores de Lula voltaram a defender que Dilma emitisse sinais de ajustes em políticas e equipes para um próximo mandato diante do novo cenário eleitoral, com o crescimento de Marina Silva (PSB) nas pesquisas.
Na visão de petistas ligados a Lula, esta sinalização seria fundamental para reconquistar o apoio do empresariado e, também, mostrar ao eleitorado que ela fará mudanças num eventual segundo mandato. A pesquisa Datafolha mostra que 79% do eleitorado deseja mudanças no próximo governo, o que estaria sendo incorporado, neste momento da campanha, por Marina Silva.

Dilma falta a entrevista ao 'Jornal da Globo' e programa revela perguntas
Folha de S. Paulo, 3/09/2014

Com a recusa da presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, de participar da série de entrevistas do "Jornal da Globo", a direção do telejornal revelou as perguntas que seriam realizadas à candidata.
"A entrevista de hoje, decidida por sorteio, será com a candidata do PT Dilma Rousseff, mas ela se recusou a dar entrevista, naturalmente, um direito dela", disse William Waack, um dos apresentadores, que ainda lembrou que desde 2002 o "JG" realiza entrevistas com os candidatos que disputam o Palácio do Planalto.
De acordo com a assessoria da TV Globo, a decisão de revelar as perguntas (leia abaixo) quando o candidato não aparece é um procedimento realizado desde 2002, como já aconteceu com candidatos que disputavam o governo do Estado ou à prefeitura.
No telejornal, a apresentadora Christiane Pelajo afirmou que "esta é a primeira vez que isso ocorre em se tratando de candidatos à Presidência". "Somente na última sexta-feira, a assessoria [de Dilma], lamentando muito, disse que a decisão final era não gravar a entrevista. Nada disso desmente a realidade de que a candidata se recusou a dar a entrevista", afirmou a Globo.
A entrevista com os candidatos à Presidência é gravada horas antes de o programa ir ao ar. Segundo a assessoria da TV Globo, a gravação foi uma solicitação dos candidatos, que pediram ainda que a entrevista fosse exibida na íntegra, sem qualquer tipo de edição ou corte.
Por meio de nota, a assessoria da campanha de Dilma afirma que ela "acumula as funções de presidenta e candidata, situação peculiar em relação aos demais candidatos, o que impacta na sua disponibilidade de participar de todas as entrevistas solicitadas". Informa ainda que Dilma concedeu entrevista à Globonews no dia 12 julho, ao "Jornal Nacional" em 18 de agosto e já se comprometeu a participar do debate entre os presidenciáveis veiculado pela TV Globo.
De acordo com a TV Globo, os representantes dos candidatos participaram de duas reuniões para definir o sorteio e as datas em que seriam realizadas as entrevistas nos telejornais da emissora.
"Em 14 fevereiro de 2014, a TV Globo reuniu os partidos para explicar como seria a cobertura e seus critérios. Nessa ocasião, os partidos tomaram conhecimento das semanas em que as entrevistas seriam feitas no 'Jornal Nacional', no 'Jornal da Globo', no 'Bom Dia Brasil' e no 'Jornal das Dez' da Globo News. Na ocasião, os representantes assinaram um documento com esses dados, inclusive o representante do PT. Em 21 de julho, a TV Globo voltou a se reunir com os representantes dos partidos para o sorteio da ordem das entrevistas. Nenhum partido disse que deixaria de comparecer. Ao contrário, assinaram o documento do sorteio, sem ressalvas, inclusive o representante do PT", disse a emissora.
Nesta quarta-feira (3), será a vez de o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, participar da série de entrevistas.
PERGUNTAS QUE SERIAM FEITAS A DILMA
1. Os últimos índices oficiais de crescimento indicam que o país entrou em recessão técnica. A senhora ainda insiste em culpar a crise internacional, mesmo diante do fato de que muitos países comparáveis ao nosso estão crescendo mais?
2. A senhora continuará a represar os preços da gasolina e do diesel artificialmente para segurar a inflação, com prejuízo para a Petrobras?
3. A forma como é feita a contabilidade dos gastos públicos no Brasil, no seu governo, tem sido criticada por economistas, dentro e fora do país, e apontada como fator de quebra de confiança. Como a senhora responde a isso?
4. A senhora prometeu investir R$ 34 bilhões em saneamento básico e abastecimento de água até o fim do mandato. No fim do ano passado, tinha investido menos da metade, segundo o Ministério das Cidades. O que deu errado?
5. Em 2002, o então candidato Lula prometeu erradicar o analfabetismo, mas não conseguiu. Em 2010, foi a vez da senhora, em campanha, fazer a mesma promessa. Mas foi durante o seu mandato que o índice aumentou pela primeira vez, depois de 15 anos. Por quê?
6. A senhora considera correto dar dentes postiços para uma cidadã pobre, um pouco antes de ser feita com ela uma gravação do seu programa eleitoral de televisão?

Marina diz que Dilma quer 'ressuscitar medo' na 'pior forma de fazer política'
Folha de S. Paulo, 3/09/2014

Candidata do PSB ao Palácio do Planalto, Marina Silva rebateu o tom mais agressivo adotado pelo PT contra sua candidatura e disse que a presidente Dilma Rousseff "está tentando ressuscitar o medo" durante a campanha eleitoral.
"A pior forma de fazer política é pelo medo", declarou Marina nesta quarta-feira (3), em sabatina promovida pelo portal G1.
"Acredito profundamente que a esperança venceu o medo. A sociedade brasileira, quando faziam terrorismo contra o [ex-presidente] Lula, repetia essa frase [em 2002]. Infelizmente, quem está querendo ressuscitar o medo é a presidente Dilma. A pior forma de fazer política é pelo medo. Prefiro fazer política pela esperança e pela confiança", afirmou a pessebista.
Desde que Marina despontou nas pesquisas e apareceu ao lado de Dilma com 34% das intenções de voto, segundo o último Datafolha, a campanha de reeleição da petista repaginou a "estratégia do medo" –condenada pelo próprio partido em outras disputas– para tentar desconstruir a imagem da ex-senadora.
Dilma e várias lideranças do PT se dizem "preocupados" com o programa de governo de Marina e fazem investidas para explorar o que chamam de "inconsistências" da presidenciável.
Marina foi orientada pelo comando de sua campanha a não deixar os ataques de Dilma sem resposta e intercalar as críticas que faz ao atual governo federal aos compromissos de seu programa.
Com seu discurso de nova política e a promessa de que enviará uma emenda constitucional ao Congresso Nacional para estabelecer o fim da reeleição e o mandato de cinco anos para o presidente da República, a candidata do PSB repetiu propostas como o passe livre para estudantes em todo o Brasil, o repasse de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação e de 10% da receita bruta da União para a Saúde. Juntas, as medidas teriam um custo de mais R$ 120 bilhões para a máquina pública.
Marina, porém, foi evasiva ao explicar de onde sairá esse dinheiro e costuma recorrer, como faz durante a sabatina, ao que chama de "transparência" e "eficiência dos gastos públicos" para garantir os recursos de cada setor.
"Existem muitos projetos que são verdadeiras máquinas de destruição de recursos do contribuinte. Você tem que corrigir os erros", afirmou. Questionada sobre qual projeto poderia ser revisto, Marina citou a transposição do Rio São Francisco, mas também não deixou claro o que faria diante da obra. "O país vai voltar a crescer e vamos ter os recursos para investir em saúde e educação", concluiu.
SEGUNDO TURNO
Marina se recusou a dizer se aceitaria o apoio do PSDB em um eventual segundo turno contra a presidente Dilma Rousseff (PT) e disse que, em 2010, quando era candidata ao Planalto pelo PV e aparecia em terceiro lugar nas pesquisas, sentia-se "incomodada quando vocês [jornalistas] ficavam me perguntando quem eu iria apoiar no segundo turno. Segundo turno a gente discute no segundo turno".
O coordenador-geral da campanha de Aécio Neves (PSDB), José Agripino Maia (DEM), disse esta semana que estava disposto a compor com Marina em um eventual segundo turno, o que irritou os tucanos.
PRÉ-SAL
Ainda na estratégia de responder vigorosamente as críticas de adversários, a candidata do PSB reforçou seu discurso quanto à exploração e investimento do pré-sal, uma das principais bandeiras do governo Dilma.
A petista tem dito que Marina não vai dar a atenção devida ao recurso já que seu programa de governo coloca fontes de energia limpa e renovável como prioridade.
"Não é verdade o que está sendo dito pelos meus concorrentes em relação ao pré-sal. Nós vamos priorizar, mas vamos também priorizar outros investimentos. Não há necessidade de tirar recursos do pré-sal", declarou.
PINGA-FOGO
No último bloco da sabatina, Marina precisou responder com "sim" ou "não", "a favor" ou "contra", para perguntas rápidas do jornalista. Teve dificuldade de ser objetiva.
Afirmou ser a favor "dentro do respeito à lei e do bem-estar das crianças" da adoção por casais homossexuais; contrária à eutanásia, à diminuição da maioridade penal e à revisão da Lei da Anistia; e favorável ao voto obrigatório.
Disse que a taxação de grandes fortunas e o fim do serviço militar obrigatório devem ser debatidos e que a lei que existe hoje sobre o aborto é "suficiente".

Eleicoes 2014: pesquisa de intencao de voto aponta Marina no segundo turno

Dilma tem 37%, Marina, 33%, e Aécio, 15%, aponta pesquisa Ibope
O Globo, 3/09/2014

Pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira (3) aponta Dilma Rousseff (PT) com 37% das intenções de voto e Marina Silva (PSB) com 33% na corrida para a Presidência da República. O candidato Aécio Neves (PSDB) tem 15% e Pastor Everaldo (PSC), 1%. Os outros sete candidatos somados acumulam 2%.

O levantamento indica que, em um eventual segundo turno entre Dilma Rousseff e Marina Silva, a ex-senadora aparece com 46% e a atual presidente, que tenta a reeleição, com 39%.

A pesquisa foi encomendada pela TV Globo e pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

No levantamento anterior do instituto, divulgado no dia 26 de agosto, Dilma tinha 34%, Marina, 29%, e Aécio, 19%. Entre uma pesquisa e outra, a taxa de indecisos passou de 8% para 5%, e a de quem pretende votar em branco ou nulo se manteve em 7%.

Confira abaixo os números na modalidade estimulada da pesquisa (em que o pesquisador apresenta ao entrevistado um cartão com os nomes de todos os candidatos):
- Dilma Rousseff (PT): 37%
- Marina Silva (PSB): 33%
- Aécio Neves (PSDB): 15%
- Pastor Everaldo (PSC): 1%
- José Maria (PSTU): 0%*
- Luciana Genro (PSOL): 0%*
- Eduardo Jorge (PV): 0%*
- Rui Costa Pimenta (PCO): 0%*
- Eymael (PSDC): 0%*
- Levy Fidelix (PRTB): 0%*
- Mauro Iasi (PCB): 0%*
- Branco/nulo: 7%
- Não sabe/não respondeu: 5%

* Cada um dos sete indicados com 0% não atingiu 1% das intenções de voto; somados, eles têm 2%

O Ibope ouviu 2.506 eleitores em 175 municípios entre 31 de agosto e 2 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%, o que quer dizer que, se levarmos em conta a margem de erro de dois pontos para mais ou para menos, a probabilidade de o resultado retratar a realidade é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-00514/2014.

 
Notícias, pesquisas e apuração de votos
Espontânea
Na modalidade espontânea da pesquisa (em que o pesquisador somente pergunta ao eleitor em quem ele pretende votar, sem apresentar a relação de candidatos), o resultado foi o seguinte:

- Dilma Rousseff (PT): 31%
- Marina Silva (PSB): 25%
- Aécio Neves (PSDB): 11%
- Outros: 1%
- Branco/nulo: 9%
- Não sabe/não respondeu: 23%

Segundo turno
O Ibope simulou os seguintes cenários de segundo turno:

- Marina Silva: 46%
- Dilma Rousseff: 39%
- Branco/nulo: 8%
- Não sabe/não respondeu: 6%

- Dilma Rousseff: 47%
- Aécio Neves: 34%
- Branco/nulo: 11%
- Não sabe/não respondeu: 8%

O Ibope não simulou segundo turno entre Marina Silva e Aécio Neves.

Rejeição
Dentre os 11 candidatos a presidente, Dilma Rousseff tem a maior taxa de rejeição (percentual dos que disseram que não votam em um candidato de jeito nenhum). Nesse quesito, o entrevistado pode indicar mais de um candidato. Veja os números:

- Dilma Roussef: 31%
- Aécio Neves: 18%
- Pastor Everaldo: 18%
- Levy Fidelix: 12%
- Marina Silva: 12%
- Eymael: 11%
- Zé Maria: 11%
- Luciana Genro: 10%
- Mauro Iasi: 10%
- Rui Costa: 9%
- Eduardo Jorge: 7%

Avaliação do governo
A pesquisa mostra que a administração da presidente Dilma tem a aprovação de 36% dos eleitores – no levantamento anterior, divulgado no dia 26 de agosto, o índice era de 34%. O percentual de aprovação reúne os entrevistados que avaliaram o governo como "bom" ou "ótimo".

A pesquisa mostra ainda que o índice dos que desaprovam a gestão, ou seja, consideram o governo "ruim" ou "péssimo", é de 26% (27% no levantamento anterior). Consideram o governo "regular" 37% (na pesquisa anterior, 36%).

O resultado da pesquisa de avaliação do governo Dilma foi o seguinte:
- Ótimo/bom: 36%
- Regular: 37%
- Ruim/péssimo: 26%
- Não sabe/não respondeu: 1%

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Ibope - 3 de setembro (Foto: Arte/G1)

Eleicoes 2014: como pensa o eleitor brasileiro? Conservador, em geral...

Pesquisa do Ibope revelada no dia 3 de setembro de 2014: 

A maior parte dos brasileiros é contra o casamento gay, o aborto e a descriminalização da maconha, segundo pesquisa do Ibope divulgada nesta quarta-feira. O levantamento mostra ainda que a maioria dos eleitores é a favor da manutenção do Bolsa Família e contra a privatização da Petrobras. O eleitorado se divide quando é questionado sobre a pena de morte.

Entre os assuntos polêmicos, o casamento gay foi o que mais dividiu as respostas: 53% das pessoas se declararam contra e 40% a favor. A legalização do aborto é defendida por 16% das pessoas ouvidas pelo Ibope e rejeitada por 79%. Os números são praticamente os mesmos obtidos com relação à descriminalização da maconha: 79% são contra e 16% são a favor.

A manutenção do Bolsa Família foi defendida por 75% dos eleitores; 25% das pessoas disseram ser contra. Quando foram questionados sobre o que pensavam sobre a privatização da Petrobras, 59% das pessoas declararam ser contra e outros 22% a favor.

O Ibope perguntou também a opinião dos brasileiros sobre a adoção da pena de morte: 46% defendem a medida e 49% a rejeitam. A proposta de redução da maioridade pena, por sua vez, é apoiada por 80% dos eleitores.

A pesquisa divulgada nesta quarta-feira, foi contratada pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e pela TV Globo.

http://oglobo.globo.com/brasil/maior-parte-dos-brasileiros-contra-casamento-gay-aborto-legalizacao-da-maconha-13821047#ixzz3CIhRnkJD

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Ubiratan Iorio publica livro sobre a Escola Austriaca de Economia

Tomo conhecimento agora, e ainda não tenho o livro, por estar no exterior, mas não tenho nenhuma hesitação em recomendar enfaticamente este novo livro de um dos poucos economistas lúcidos - ou seja, que não adere nem ao mainstream economics, que é a síntese neokeynesiana, nem à sua versã de botequim, que é a dos esquizofrênicos e aloprados que estão destruindo a economia brasileira atualmente -- que ainda temos a chance de ter. Vou encomendar o meu.
Paulo Roberto de Almeida 

Evitemos os perigos da “mitologia da coerência” no estudo da História

Em breve será publicado meu novo livro Dos Protoaustríacos a Menger: Uma Breve História das Origens da Escola Austríaca de Economia. Na introdução, escrita à guisa de exórdio, procuro advertir para alguns pontos que julguei relevantes, não apenas para que se possa compreender a mensagem do livro, mas – dentro de objetivos mais amplos – se passe a lidar com obras de História em geral.
É, naturalmente, um livro sobre a História do Pensamento da Escola Austríaca, desde suas origens pós-escolásticas até aquele que é considerado, com justiça, o fundador dessa fascinante abordagem da Economia, das Ciências Sociais, da Filosofia Política, do Direito e, de modo mais abrangente, da Filosofia e da própria vida. Nosso percurso, portanto, abrangerá cerca de seis séculos de História, que vão do século XIV ao final do século XIX.
Por esse motivo, cabem algumas reflexões, colhidas de diversos autores e de minha própria experiência, sobre Teoria Econômica e História, para que não caiamos no erro comum de julgar cada pensador apresentado no livro como se ele estivesse vivo hoje, como se fosse nosso contemporâneo, como se pudéssemos falar com ele pelo Skype ou pelo celular. É claro que não é assim e vou tentar explicar por quê.
O grande filósofo espanhol do século XX José Ortega y Gasset sustentava que a História é um sistema, com um papel muito importante, pois é por meio de seu estudo que, conhecendo o ambiente, os usos e costumes dos pensadores do passado, podemos compreender adequadamente o presente, para que no futuro tentemos evitar o que não deu certo, procurar apreender o que deu certo e, então, aplicar nosso conhecimento ao estado das artes vigente que, certamente, mudou em relação ao dos estudiosos do passado. Na verdade, nem a Escola Austríaca nem qualquer outra, em qualquer área científica, jamais foram corpos unificados de pensamento: foram e ainda são muito mais conjuntos de fragmentos colhidos aqui e ali, de diversos autores e que com o passar do tempo foram constituindo um corpo comum de conhecimentos, compartilhado pelos estudiosos de cada tendência.
Ora, isso pode ser escrito de outra forma: a História – para usarmos a linguagem de Hayek (e que foi sugerida por Menger em 1871) – é uma ordem espontânea, ou seja, um processo dinâmico de acontecimentos e decisões movidos pela ação humana, porém sem que obedeçam a estruturas previamente planejadas. Mergulhar, portanto, na História, é estudar a ação humana dos nossos antepassados, aprender em que erraram e acertaram e investigar porque erraram e acertaram, de acordo com as circunstâncias das épocas em que viveram. A História, assim como a linguagem e os mercados, são processos de tentativas e erros, são procedimentos de descobertas dinâmicos e permanentes.
Estudar a História é, portanto, investigar a ação humana pretérita
Estudar a História é, portanto, investigar a ação humana pretérita, nos campos da Economia, da Filosofia Política, do Direito, da Política e, consequentemente, do poder – que, aliás, nada mais é do que a dimensão política da ação humana, como demonstra magnificamente, em “Potere – La dimensione politica dell’azione umana” (editado por Rubbettino em 2013), o professor italiano Lorenzo Infantino, da Faculdade de Economia LUISS Guido Carli, de Roma.
Agrada-me o alerta do Prof. Peter J. Boettke, da George Mason University, na Virgínia, um dos austríacos de maior renome acadêmico da atualidade, que no capítulo 11 (“Back to the future: Austrian economics in the twenty-first century”) e no prefácio do livro “Handbook on Contemporary Austrian Economic” [publicado por Edgard Elgar, em 2010, por ele editado], adverte com bastante propriedade que a Escola Austríaca contemporânea não é um corpo unificado de pensamento e que seria um grande erro sugerir que é.
Boettke é o autor de “Living Economics: yesterday, today and tomorrow” [The Independent Institute-Universidad Francisco Marroquin, 2012]. Esse livro ganhou, em novembro de 2012, o Prêmio de melhor livro sobre a Escola Austríaca, concedido pela Foundation for Economic Education (FEE) em associação com a Society for Development of Austrian Economics (SDAE). Nele o autor introduz a ideia de que a ciência econômica afeta todas as esferas da vida, nos mercados, em uma cabine de voto, em uma igreja, em família ou em qualquer atividade humana. O Prof. Boettke acredita que a economia não é apenas um jogo para ser jogado por profissionais inteligentes, mas uma disciplina que aborda as questões práticas mais urgentes em qualquer momento histórico. Na economia, estão em jogo a riqueza e a pobreza das nações e a extensão e a qualidade de nossas vidas gira em torno das condições econômicas que nos condicionam. E, mais que tudo, que a Ciência Econômica não é um corpo consolidado, uma rocha, mas que ela vive, vale dizer, transforma-se e se aprimora ao longo do tempo.
Vejamos o que escreve no prefácio:
“Kirznerianos, rothbardianos e lachmannianos são vários rótulos que têm sido utilizados para caracterizar indivíduos e as suas contribuições. Misesianos e hayekianos são metaetiquetas que têm sido muitas vezes usadas por amigos e inimigos das respectivas vertentes de pensamento dentro da Escola Austríaca Moderna. Da forma como a enxergo, a Economia Austríaca contemporânea é um programa de pesquisas progressivo e não um corpo resolvido de pensamento e esse é o único caminho a seguir – o que significa que não devemos nos preocupar com a fidelidade às obras de qualquer pensador passado ou presente e sim em apenas buscar a verdade tal como a enxergarmos, acharmos e tomarmos ideias produtivas onde quer que possamos encontrá-las”. (tradução minha)
Na verdade, não há nada de novo nessa afirmativa. Esta era a maneira como Mises e Hayek enxergavam as ciências sociais. O cruzamento das ideias de Menger e Böhm-Bawerk com as de economistas ingleses como Wicksteed (tinturas austríacas) ou mesmo Mill (cuja famosa quarta proposição fundamental influenciou a Teoria Austríaca do Capital), economistas suecos, como Wicksell (de quem a Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos absorveu o conceito de taxa natural de juros), economistas franceses como Turgot e Bastiat, belgas como De Molinari, italianos, como Bandini, Galiani e Delfico, espanhóis (como a maioria dos mais proeminentes pós-escolásticos e, no século XIX, Jaime Balmes)e economistas americanos (como Knight e Clark), era a melhor alternativa que Mises e Hayek vislumbravam a respeito da atividade intelectual de um economista. Tal cruzamento não significa completa concordância ou consistência, mas sim uma seleção capaz de melhorar as concepções sobre a economia.
O famoso historiador inglês Quentin Skinner, em “Meaning and Understanding in the History of Ideas” [in: History and Theory, Vol. 8, No. 1, 1969], antecipava o mesmo alerta a respeito do erro de considerarmos a História como um sistema fechado, que aqui repito: “Este procedimento dá aos pensamentos de vários escritores clássicos uma coerência e um ar geral de um sistema fechado, que podem nunca ter alcançado ou até mesmo sido feitos para alcançar”.
Deveria ser senso comum que a compreensão de textos escritos há cem, duzentos, trezentos ou mais anos, pressupõe a compreensão tanto do que seus autores tinham a intenção de dizer, como da maneira que esses autores desejavam que suas ideias fossem tomadas. Logo, a capacidade de compreender um texto deve ser também a de compreender tanto a intenção a ser compreendida como a intenção de como deve ser entendida.
A questão essencial com que nos confrontamos ao estudar qualquer texto, é o que o seu autor, no momento em que escreveu para o público que pretendia alcançar, desejava comunicar alguma ideia ou proposta. Portanto, o objetivo essencial de qualquer tentativa de compreender as afirmativas do autor, deve ser o de identificar essa sua complexa intenção.
Consequentemente, a metodologia apropriada para a história das ideias deve se preocupar, antes de qualquer outra coisa, com a demarcação de todo o conjunto de comunicações que poderia ter sido convencionalmente realizado por ocasião do enunciado dado pelo autor e, depois, com o delineamento das relações entre o enunciado dado e o contexto linguístico mais amplo, como um meio de decodificar a intenção real do pensador.
Existe uma crença quase metafísica a que a mitologia da coerência – isto é, a de que as doutrinas são corpos unificados de pensamento -, dá origem: ela leva a se esperar de um escritor que não apenas mostre coerência interna – que se transforma, assim, em um dever de cada intérprete revelar, mas também que todas as barreiras aparentes a essa revelação, constituídas por quaisquer contradições aparentes que o trabalho do escritor possa sugerir conter, não podem ser barreiras de fato, simplesmente porque não podem existir contradições.
Uma vítima constante dessa mitologia da coerência, inclusive por parte de muitos austríacos, é Hayek. Tenho lido muitas críticas a ele no sentido de que teria sido um “social democrata” ou um “intervencionista”, o que os leva a classificar Hayek simplesmente como um teórico liberal do século XX; entretanto, o que esses críticos deixam em segundo plano é que os pontos de vista dele e, principalmente, o público para quem escrevia e as circunstâncias da época em que ele tinha quarenta anos, em plena era dos autoritarismos, eram completamente diferentes de seus pontos de vista, do público e das circunstâncias existentes quando ele tinha oitenta anos.
Skinner explica que se podem identificar dois postulados positivos e gerais. O primeiro diz respeito aos métodos adequados para estudar a história das ideias: por um lado, é um erro escrever biografias intelectuais concentrando-se nas obras de um determinado escritor, ou escrever histórias de ideias analisando a morfologia de um determinado conceito ao longo do tempo. Esse tipo de estudo é inadequado. Por outro lado, isso não nos permite concluir, como às vezes se afirma, que nenhuma forma particular de se estudar a história das ideias é mais satisfatória do que qualquer outra. Skinner sugere então uma metodologia alternativa, que não seja sujeita a qualquer dessas inadequações. O que ele sugere, em poucas palavras, é que a compreensão de textos pressupõe a compreensão tanto do que eles tinham a intenção de dizer e de como este significado era destinado pelo autor a ser tomado.
Outra observação geral refere-se ao valor de se estudar a história das ideias. A possibilidade mais interessante, ao discutir tanto as causas das ações como as condições para compreender as propostas científicas, é a de um diálogo entre a discussão filosófica e as evidências históricas.
Skinner sugere um ponto importante sobre o valor filosófico de se estudar a história das ideias. Por um lado ele deixa claro que qualquer tentativa de justificar o estudo do tema em termos de problemas perenes e verdades universais a serem aprendidas com os textos clássicos é ingênua. Qualquer declaração de princípios é inevitavelmente a personificação de uma intenção particular, em uma ocasião especial, dirigida à solução de um problema particular, e, portanto, específica para a sua situação de uma forma que tentar ignorar esse fato só pode ser sinal de ingenuidade.
Aprender com o passado – e jamais poderemos aprendê-lo em sua totalidade – a distinção entre o que é necessário e o que é produto apenas de nossas próprias dúvidas momentâneas é a chave para nossa própria autoconsciência
A implicação principal disso é que não é meramente que os textos clássicos não possam estar preocupados com as nossas perguntas e respostas, mas apenas com as de seus próprios autores; há também, a implicação de que só existem respostas individuais a questões individuais, com tantas respostas quantas questões diferentes e tantas perguntas quanto questionadores diferentes. Não há, consequentemente, nenhuma esperança de buscar o ponto certo no estudo da história das ideias pela tentativa de aprender diretamente com os autores clássicos, concentrando-se em suas tentativas de respostas a perguntas supostamente intemporais.
Exigir da história do pensamento uma solução para os nossos problemas imediatos é, assim, incorrer em uma falácia não apenas metodológica, mas, no dizer de Skinner, um erro moral. Mas aprender com o passado – e jamais poderemos aprendê-lo em sua totalidade – a distinção entre o que é necessário e o que é produto apenas de nossas próprias dúvidas momentâneas é a chave para nossa própria autoconsciência.
Já Rothbard lembra que em toda a obra de Mises está presente a tese de que são as ideias que fazem a história, e não a história que faz as ideias. Mises sabia que apenas ideias com bases sólidas podem servir de sustentáculos a programas de ação econômicos e políticos capazes de alcançar os resultados desejados. E sabia, naturalmente, que ideias derivadas de premissas e lógicas equivocadas levam necessariamente a interpretações errôneas da realidade e que essas ideias resultarão numa conduta que “não somente deixa de alcançar os objetivos desejados por seus autores e defensores como também cria um estado de coisas que – do ponto de vista das avaliações destes – é menos desejável do que o estado de coisas anterior”.
O Prof. José Manuel Moreira (que me concedeu a honra de escrever o Posfácio de meu modesto livro), na página 50 de sua tese de doutoramento (resumida), Filosofia e metodologia da economia em F. A. Hayek – ou a descoberta de um caminho “terceiro” para a compreensão e melhoria da ordem alargada da interação humana [Universidade do Porto, 1994, no terceiro tópico do capítulo I, em que trata de teoria e história], ressalta com muita propriedade que:
“Hayek defenderá a complementaridade do tratamento histórico e teórico, mas ao mesmo tempo manterá que a aspiração a tornar a história uma ciência teórica é em si contraditória com uma outra exigência defendida por muitos historicistas (e particularmente pelos marxistas), a de que a teoria deveria sempre ser histórica”.
E prossegue o notável economista português esclarecendo que Hayek não negava que a História lida com eventos únicos, singulares, isolados, mas que isso não é uma característica exclusiva da história da humanidade. Por essa razão, enfatizava que a distinção entre teoria e história não tem conexão com a diferença entre os objetos concretos utilizados pelos dois métodos e que, assim sendo, as duas espécies de conhecimento são necessárias para que possamos compreender os fenômenos concretos, sejam eles da natureza ou da sociedade humana.
Por sua vez, Edward H. Kaplan, em sua resenha – “Writing History: Essay on Epistemology” ao livro de Paul Veyne, “Writing History: Essay on Epistemology” (Middletown, Conn. Wesleyan University Press, 1984 (ed. original em francês, de 1971, publicada em The Review of Austrian Economics, Volume 1. Ludwig von Mises Institute, 1987, iBook) escreve que Veyne nega que a história seja uma ciência social, uma vez que qualquer ciência verdadeira utiliza um conjunto de abstrações como objeto, enquanto a História os fixa em elementos particulares concretos.
Para Veyne, o historiador os compõe como “verdadeiras novelas” e assim se parece mais com um romancista do que com um cientista. Isto porque, como o romancista cria ficções às quais ele se esforça para dar uma aparência de verdade, ele pode ter que realizar o tipo de pesquisa em documentos semelhantes aos estudados normalmente pelo historiador. Este último, obviamente, não precisa criar personagens ou incidentes, mas, tal como o romancista, ele tem que decidir sobre algum “enredo” que se encaixe em sua narrativa. E escreve:
“Uma ciência do homem é possível e até certo ponto já existe, mas a história não é e não pode ser essa ciência. Tal ciência deve, Veyne argumenta (citando Mises, Hayek e Schumpeter), ser praxeológica. Se os objetos da história são eventos específicos, os objetos de uma verdadeira ciência humana devem ser abstrações que podem ser manipuladas na mente, independentemente do mundo de onde foram tiradas”. (tradução minha)
Por fim, nunca é demais lembrar que uma das características da Escola Austríaca é o individualismo metodológico. Assim sendo, cada agente – e, no caso do livro, cada pensador – é um indivíduo diferente dos demais, tanto nos aspectos objetivos como, principalmente, nos subjetivos. Ora, esta característica das pessoas, elaborada cientificamente pela Escola Austríaca mediante o individualismo metodológico, por si só já deve ser suficiente para espantar a lenda da “mitologia da coerência”, um fantasma muito mais em conformidade com as ideias coletivistas do que com a defesa das liberdades individuais.

Educacao: nao existe nenhum risco de melhorar; vai continuar afundando

Tenho dito e repito: sou moderadamente pessimista em economia, ou seja, acredito que o Brasil vai continuar sua trajetória medíocre de crescimento, pois não pode crescer um país que investe menos de 20% do PIB e tem um Estado que extrai dois quintos da riqueza criada pela sociedade.
Mas eu sou ABSOLUTAMENTE PESSIMISTA em educação: nossa trajetória continua apontando para a miséria educacional, uma conjunçãi de loucuras petistas, obsessões freireanas e máfias sindicais de professores, todos cultuando as mesmas doutrinas retrógradas e nefastas. Não há nenhuma hipótese de melhorar, só o contrário.
Agora, o que faz o governo, ao reter os resultados -- que devem ser negativos, como esperado -- do Ideb 2014, só tem um nome: calhordice, pura e simples. O que aliás combina com os companheiros.
Paulo Roberto de Almeida 

A um mês da eleição, Planalto retém resultado de avaliação da educação

O governo federal já tem em suas mãos, pronto para divulgação, os resultados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Os dados foram repassados para a Casa Civil há 15 dias, mas, até agora, não foram tornados públicos, apesar de já terem passado pelo crivo técnico do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão do Ministério da Educação responsável pelas avaliações federais.
O Ideb é o principal indicador da qualidade do ensino do país. Ele é divulgado de dois em dois anos e é calculado a partir do desempenho de alunos em testes de Português e Matemática e das taxas de aprovação no ensino fundamental e médio. É a partir do Ideb que é possível monitorar o desempenho de gestores municipais e estaduais na Educação, além de saber se o país está cumprindo as metas estabelecidas para cada etapa de ensino.
A demora na divulgação do Ideb tem gerado críticas de educadores, secretários e governadores. Alguns, reservadamente, suspeitam que, por causa das eleições, o governo esteja segurando os resultados devido a um suposto mau desempenho do país, fato que não é possível confirmar sem que os números se tornem públicos.
Quando as primeiras críticas ao atraso foram publicadas na imprensa, o governo federal respondeu que até o fim do mês passado divulgaria os dados, o que não foi feito.


MEC diz que dados serão divulgados ‘logo’

Ontem, ao participar de evento na sede da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), em Brasília, o ministro da Educação, Henrique Paim, disse que os resultados seriam divulgados “logo”, mas sem dar novo prazo. Ele afirmou que mais de 300 escolas apresentaram recursos e que o Inep está compilando esses dados.
— Tivemos o cuidado em analisar todos os recursos feitos pelas escolas em relação à Prova Brasil. O Inep trabalhou nessa direção, e estamos concluindo essa análise para divulgar logo. Se nós formos ver o histórico da divulgação do Ideb, sempre foi divulgado no mês de agosto. Estamos com uma semana, mais ou menos, de atraso. Assim que eu tiver segurança em relação a esses dados, o Inep vai me indicar, e nós vamos fazer a divulgação.
O último Ideb disponível é referente ao ano de 2011, e foi divulgado em 14 de agosto de 2012. Em 2010, os dados referentes a 2009 foram publicados em julho. Em 2008, indicadores de 2007 vieram à tona em junho.
A coordenadora da área de Educação da campanha de Aécio Neves, Maria Helena Guimarães de Castro, ex-secretária-executiva do MEC e ex-presidente do Inep no governo FHC, disse estar preocupada com esse atraso.
— Na semana passada, eu estive num seminário da Associação Brasileira de Avaliação Educacional, e lá foi dito que o Ideb sairia na sexta. E hoje é terça, não saiu, e não temos nenhuma notícia sobre o Ideb. A mesma coisa sobre a Avaliação Nacional de Alfabetização. Também havia uma notícia de que eles anunciariam os resultados do ANA em maio, depois para junho, para julho, já estamos em setembro e ainda não foram divulgados. Estou preocupada, acho que é importante a sociedade brasileira ter acesso a essas informações, porque elas são muito importantes para melhorar as políticas educacionais como um todo.
Maria Alice Setúbal, a Neca Setúbal, uma das coordenadoras de campanha da candidata Marina Silva, disse não acreditar que o atraso na divulgação dos dados esteja relacionado ao calendário eleitoral.
— Acho que não, o ministro é o responsável, ele deve ter respondido isso para vocês. Mas eu acredito que vai ser divulgado no momento em que o MEC achar conveniente. Sempre tem um prazo que deve ser respeitado para a divulgação desses resultados. Vamos esperar. Temos ainda um mês antes do final do primeiro turno para que possam ser divulgados esses resultados.
Fonte: O Globo

Eleicoes 2014: Madre Teresa de Calcuta amazonica - Rodrigo Constantino

Artigo de Rodrigo Constantino no jornal O Globo, 3/09/2014, via Orlando Tambosi

Se os indianos tiveram a Madre Teresa de Calcutá, nós temos a Madre Marina de Xapuri. Cansado da “mamãe” Dilma, o povo agora quer sonhar novamente. Afinal, democracia que compara projetos e propostas, histórico e alianças é mesmo algo muito monótono. O brasileiro é mais afeito às utopias messiânicas, a um “salvador da Pátria”, ou salvadora, no caso.

Se tiver um passado da agruras, uma infância miserável, uma bela narrativa de vítima para contar, aí fica imbatível. O ex-operário que passou fome ia acabar com a fome no Brasil. Seu “Fome Zero” foi um fiasco, mas isso é detalhe. O crescimento chinês veio lhe salvar, e o povo carente logo o enxergou como o novo Padim Ciço.

Não teve mensalão que o fizesse acordar do feitiço. Lula iluminou seu poste e Dilma, que era ele mesmo em forma mais feminina, foi eleita. A “mãe do PAC”, o Programa de Auxílio a Cuba, seria a “gerentona” eficiente. Entregou apenas recessão e inflação. Dilma foi a pior presidente que o Brasil já teve. Mas justiça seja feita: foi a melhor para a ditadura cubana.

Cansado — com razão e muito atraso — do PT, o povo brasileiro quer uma nova esperança. Não quer o candidato mais bem preparado, com a equipe mais robusta, com as ideias mais estruturadas. Nada disso tem charme. Quer uma solução definitiva, alguém que represente a “nova política”, que carregue uma aura de santidade e paire acima dos reles mortais.

Viva Marina! Uma espécie de Curupira de saias, a guardiã das florestas e dos animais, que representa a “terceira via” contra a polarização entre petistas e tucanos. Foi do PT por décadas, ministra de Lula, e seu marido era do PT do Acre até “ontem”. Detalhes bobos, sem importância. A “nova política” significa entrar para o PSB, partido com socialista na sigla e membro do Foro de São Paulo, ao lado do próprio PT e da ditadura cubana. Mais dados insignificantes.

Com postura de quem recebeu um chamado divino, Marina pode tudo, não há contradição que grude nela. Goza do mesmo “efeito Teflon” de Lula. Ela pode, por exemplo, afirmar que vai governar usando o melhor tanto do PT como do PSDB, que ninguém questiona o que isso quer dizer na prática, se é um ou o outro. Afinal, não parece viável misturar Mercadante e Armínio Fraga.

Segundo Eduardo Giannetti, seu assessor para economia, o viés na área estaria bem mais para o lado tucano, o que é um alívio para quem entende do assunto. Resta saber: Marina vai mesmo escutar Giannetti? Ou seu assessor será Leonardo Boff? Ou será o MST, entidade da qual já vestiu, literalmente, o boné? Suas décadas de PT, partido do qual saiu triste e com “profundo respeito”, terão que tipo de influência em sua gestão? Você pode tirar alguém do PT, mas será que é possível tirar o PT de alguém?

De boba Marina não tem nada. Antes, representava um grito de protesto; agora, pelas artimanhas do destino, é a favorita na corrida presidencial. Quando o poder se aproxima e se torna factível, o candidato abandona certos radicalismos “sonháticos” e flerta com o pragmatismo. Ao defender em seu plano de governo um Banco Central independente e o tripé macroeconômico, Marina sinaliza que fará como Lula em sua “Carta ao Povo Brasileiro”.

Lula, de fato, respeitou a herança bendita da era FH no primeiro mandato, com Henrique Meirelles e Palocci. Mas em seguida traiu o povo brasileiro e abandonou o legado deixado pelos tucanos. Fez “o diabo” para eleger Dilma, e agora estamos aqui, nesse quadro de estagflação. Marina será fiel aos eleitores pragmáticos? Ou deixará vir à tona seu DNA esquerdista?

Saberemos a resposta em 2015, ao que tudo indica. A “onda” cresceu e se transformou num tsunami. Marina já é a grande favorita, com dez pontos à frente de Dilma no segundo turno, de acordo com o Datafolha. Mas, se é cedo para saber se os pragmáticos vão quebrar a cara com Marina, uma coisa é certa: a decepção dos “sonháticos” será total. Quem está à espera de um milagre, de uma mudança revolucionária na forma de se fazer política, vai cair feio do cavalo.

Dito isso, algo ao menos será motivo de regozijo para os mais esclarecidos: a derrota do PT. É verdade que, desesperados com a possibilidade real de perder suas tetas estatais e ter de trabalhar, os petistas farão de tudo para permanecer no governo Marina. Os vermelhos vão se pintar de verdes, até porque Marina está mais para “melancia”: verde por fora, vermelha por dentro. Mas ela seria eleita com um claro discurso de oposição, e ficaria muito feio compor com o PT depois. Portanto, adeus, PT. Já vai muito tarde!

Reflexao do dia: cenario pos-eleitoral

Acho que continuaremos, objetivamente, na mediocridade do crescimento econômico, com o acréscimo de confusões suplementares, e inúteis, por causa da personalidade da beata da floresta e de sabotagens do PT. 
Uma coisa é certa: a educação continuará afundando, com as contribuições criacionistas dos novos ocupantes do poder: afinal de contas, Darwin também é criação de Deus. 
Paulo Roberto de Almeida 

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Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...