terça-feira, 9 de setembro de 2014

Petrolao: alguem ai acha que so um diretor roubou na Petrobras???

Caro leitor, reflita comigo: sendo a Petrobras a mais farta vaca financeira do esquema companheiro, e tendo ela "n" diretores e milhares de funcionários, vc acha, realmente, que só esse diretorzinho delator roubou? 
Não seja ingênuo: ele distribuía apenas para o esquema político de sustentação do governicho companheiro, mas ainda temos de contar outros dutos e vias pelas quais os companheiros se abasteciam exclusivamente, entendeu?
Esse diretor só caiu porque tinha relações com um cambista que já tinha sido objeto de processo anterior e se safado justamente por meio de delação premiada.
Quem diz que esse era o único duto a partir da vaca petrolífera?
Procurando, vai-se encontrar...
Afinal de contas, os companheiros são ratazanas se lançando famintas a um butim que só grandes capitalistas costumavam frequentar.
Eles são os capitalistas da rapina...
Paulo Roberto de Almeida 

Editoriais

terça-feira, 9 de setembro de 2014


Um pré-sal de lama: O Estado de S. Paulo - Editorial

É ainda muito pouco - e incerto - o que acaba de vir a público do esquema de corrupção na Petrobrás, a partir das informações que o ex-diretor de abastecimento da empresa Paulo Roberto Costa teria repassado ao Ministério Público e à Polícia Federal desde que começou a contar o que saberia sobre o pré-sal de lama na petroleira. Ele se tornou delator na esperança de escapar a penas que podem somar 50 anos de prisão por suas traficâncias com o doleiro Alberto Youssef, desarticuladas pela Operação Lava Jato em março último. Youssef teria branqueado R$ 10 bilhões. No setor de seu parceiro, as maracutaias podem ter custado à Petrobrás R$ 3,4 bilhões em propinas pagas a autoridades, políticos e empresários, estima o jornal Valor, à razão de 3% de cada contrato assinado.

Segundo o Estado, pelo menos 32 figurões - entre parlamentares, um governador e um ministro - teriam se beneficiado. O jornal citou o presidente do Senado, Renan Calheiros. Para a Folha de S.Paulo, seriam 62 os envolvidos. Já a revista Veja fala em 36, dos quais nomeia 12. Notadamente, além de Calheiros, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão; o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves; a governadora do Maranhão, Roseana Sarney; o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, todos do PMDB; e o pernambucano Eduardo Campos, que comandava o PSB. Os demais incluem o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte e o senador Ciro Nogueira, ambos do PP. Os petistas são o deputado Cândido Vaccarezza e o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto. Não se informou o que teriam praticado.

Mas o que se publicou foi suficiente para obrigar os principais candidatos ao Planalto a repensar as suas estratégias, a menos de um mês do primeiro turno. Esta insólita campanha já tinha mudado de rumo depois da morte de Eduardo Campos. Antes dominada por Dilma Rousseff e Aécio Neves, a disputa virou de ponta-cabeça. No lugar do ex-governador, Marina Silva disparou nas pesquisas, em prejuízo do tucano e ameaçando a reeleição da petista. Agora, o clima tende a mudar. O tema da corrupção migra da periferia para o centro do debate - tendo como foco o que se cometeu, desde a ida do PT ao poder, na maior e mais estimada empresa nacional.

Não bastará Dilma alegar que o noticiário "não lança suspeita nenhuma sobre o governo, na medida em que ninguém do governo foi oficialmente acusado", para dissipar as suspeitas - anteriores aos depoimentos de Costa, mas potencializadas pelo que a imprensa lhe atribui - de que ela olhou para o outro lado enquanto prosseguia a predação da Petrobrás, iniciada nos anos Lula. A hipótese se ampara na lógica e nos fatos. Se o mensalão consistiu no suborno de deputados para que aprovassem os projetos tidos como essenciais pelo então presidente, o assalto tolerado à petroleira decerto servia, na esfera política, para satisfazer os membros, não raro influentes, da base aliada, de modo a assegurar a coligação eleitoral que daria à candidata quase a metade do tempo do horário de propaganda. Se assim é, Dilma tirou da roubalheira proveito material - contabilizado, no caso, em minutos e segundos.

Os fatos, por sua vez, apontam com mais firmeza ainda o dedo para o Planalto. Em dobradinha com Calheiros, a presidente asfixiou a investigação parlamentar sobre a estatal, cujo ponto de partida era o caso da Refinaria de Pasadena, e cujo ponto de chegada poderia ser um terremoto político comparável à sangria a que o patrimônio da Petrobrás foi submetido nos anos recentes. Dilma argumentou que a CPI pretendida pela oposição - afinal, foram criadas duas, desfibradas - era "eleitoreira". Agora, ironia das ironias, as confissões atribuídas ao ex-diretor apadrinhado pelo PP, endossado pelo PMDB e avalizado por Lula podem fazer mais estragos para Dilma do que uma CPI cujos membros buscam antes o voto do que as verdades a apurar.

Pode sobrar também para Marina devido à menção do político pernambucano a que se achegou para ser a sua vice (não bastasse a história dos laranjas do avião cedido à campanha). Já Aécio, enquanto nada incriminar qualquer dos dirigentes dos nove partidos que o apoiam, se lançará à chance de voltar a subir nas pesquisas.
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Petrobras como prêmio: Folha de S. Paulo - Editorial

• Ex-diretor da estatal indica políticos que estariam envolvidos em esquema de corrupção; delação ainda precisa ser comprovada

Se vier a ser confirmado, o relato de Paulo Roberto Costa sobre desvio de recursos da Petrobras ajudará a esclarecer um escândalo de corrupção que, pelos valores envolvidos e pelo número de políticos implicados, encontrará poucos paralelos na história brasileira.

Consta que, num acordo de delação premiada, o ex-diretor da estatal apontou 12 senadores, 49 deputados federais e pelo menos um governador atualmente no cargo que se beneficiaram do esquema. Tratava-se, em resumo, de abocanhar o equivalente a 3% dos contratos da maior empresa brasileira.

As cifras eram apetitosas. A construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, por exemplo, já consumiu mais de R$ 40 bilhões. Calculado sobre o valor total da obra, o butim alcançaria, só nesse caso, R$ 1,2 bilhão --o mensalão petista, segundo a Procuradoria-Geral da República, mobilizou R$ 141 milhões em dois anos.

A sangria dos cofres da Petrobras durou muito mais tempo. A crer no depoimento de Paulo Roberto Costa, ocorreu de 2004 a 2012, período no qual ele comandou a diretoria de Abastecimento, aonde chegou por indicação do PP.

Reportagem da revista "Veja" publicada neste final de semana arrolou alguns nomes que teriam aparecido nas declarações de Costa. Estão lá personagens de relevo na política nacional, como Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, e Henrique Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara.

Também figuram o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), os ex-governadores do Rio e de Pernambuco, Sérgio Cabral (PMDB) e Eduardo Campos (PSB), morto em agosto, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, entre outros.

Diga-se, contra os citados, que a pilhagem é mais que plausível. Intermediando negócios da estatal com fornecedores, o próprio Costa seria responsável pelas propinas. O ex-diretor da Petrobras, aliás, já foi preso duas vezes; contas na Suíça, atribuídas a ele, reuniam US$ 23 milhões (R$ 52 milhões).

Reconheçam-se, por outro lado, as fragilidades do que se sabe até agora. De que maneira o dinheiro era distribuído? Abastecia campanhas ou contas pessoais? Por que, entre tantos nomes envolvidos, divulgaram-se apenas esses? E por que a um mês da eleição?

São perguntas que impõem certa cautela, assim como a própria condição de Paulo Roberto Costa. Ele tem todo o interesse em tentar encurtar sua prisão, o que pode fazer não apenas narrando fatos reais, mas também confundindo a Justiça --hipótese em que os verdadeiros criminosos entenderiam o recado e tratariam de ajudá-lo.

É crucial, portanto, que as autoridades competentes procedam com isenção, transparência e velocidade. A demora nas investigações só beneficia quem se alojou no governo com o propósito de dilapidar o patrimônio público.

Comandante da regiao militar do Sul manda um recado aos companheiros

Recebido de meu amigo gaucho Roque Callage, que só seleciona material de qualidade.
Paulo Roberto de Almeida
Addendum:
Depois de postado o que vai abaixo, recebi uma correção, de um colega de farda, que segue in fine.
Publico ambos, pois creio que tanto a matéria incorreta, quanto sua correção são indicativos do estado de espírito que reina no país atualmente.
Paulo Roberto de Almeida 

ESTE NÃO É UM GENERAL DE PIJAMA.
É O COMANDANTE MILITAR DO SUL.

Perto de ser tirada do poder, a comandanta-em-chefa Dilma Rousseff sofreu a primeira demonstração pública de descontentamento com a situação nacional feita por um Oficial General de quatro estrelas, em serviço ativo, e no comando de um dos mais importantes cargos do nosso Exército. O Comandante Militar do Sul, General de Exército Antônio Hamilton Martins Mourão, aproveitou um comentário no final da ordem do Dia do Comandante do Exército em 25 de agosto (Dia do Soldado), em Porto Alegre, para mandar um recado:
"Eu não poderia deixar de complementar a Ordem do Dia do Exmo Sr. Gen Peri. Dirijo-me aos meus Oficiais, Subtenentes, Sargentos, Cabos e Soldados, da ativa e da reserva. Ainda temos muitos inimigos internos que impedem o nosso caminho rumo ao progresso e à democracia. Mas se enganam aqueles que nos imaginam desprevenidos ou despreparados. ELES QUE VENHAM!". No que a tropa, devidamente treinada, respondeu de bate pronto: "SERÃO DERROTADOS".
O recado militar ganha repercussão, circulando nos e-mails de generais da ativa e da reserva, com o título “Atenção à manobra”. As palavras do General Mourão foram ouvidas, na solenidade, pelo Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, General de Exército De Nardi. Desde ontem, no Ministério da Defesa, já se especula sobre uma “reprimenda ao General crítico” que o ministro Celso Amorim encomendaria ao Comandante do Exército, General Enzo Peri. No Palácio do Planalto, a recomendação é não colocar lenha no episódio para não fomentar o ambiente para uma crise militar em final de governo.
A mensagem do General Mourão foi interpretada como uma advertência direta à Comissão da Verdade e ao Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, pela recente manifestação em defesa de uma reinterpretação, na prática, da Lei de Anistia de 1979, para adequá-la aos tratados internacionais do Brasil sobre direitos humanos. O jogral do General, mandando os inimigos virem, com a tropa respondendo que serão derrotados é uma prova direta da desmoralização final do governo do PT.
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http://montedo.blogspot.com.br/2014/09/blog-post_51.html

Senhores e senhoras,

Circula na Internet um e-mail que atribui ao General Mourão, Comandante Militar do Sul, declarações feitas durante a cerimônia do Dia do Soldado, em Porto Alegre, no dia 25 próximo passado, segundo as quais, ele teria citado a existência de "muitos inimigos internos que impedem nosso caminho rumo ao progresso e à democracia", concluindo que "se enganam aqueles que nos julgam desprevenidos ou despreparados: ELES QUE VENHAM!", ao que a tropa teria respondido: "SERÃO DERROTADOS!".

As palavras do General Mourão aos seus comandados não foram essas. Tratando-se da cerimônia do Dia do Soldado, na qual se homenageia a figura do Duque de Caxias, Patrono do Exército Brasileiro, o General Mourão ressaltou o papel do Marechal Luís Alves de Lima e Silva que venceu revoltas internas e concedeu a anistia aos rebelados, garantindo a pacificação do País em momentos difíceis, concluindo que o Exército Brasileiro, inspirado em seu patrono, cumpre a sua missão constitucional amparado na História. Ao final de suas palavras, o General Mourão, numa saudação militar, bradou: "ELES QUE VENHAM!" No que foi respondido pela tropa: "POR AQUI NÃO PASSAM!", a célebre frase proferida pelo então Coronel Emílio Luís Mallet, Comandante do 1o Regimento de Artilharia a Cavalo, na abertura da Batalha de Tuiutí, em 24 de maio de 1866, na Guerra da Tríplice Aliança - frase muito usada pelos artilheiros (como é por origem o General Mourão) desde os tempos da Academia Militar.

Não é possível precisar como e porque as palavras do General Mourão foram distorcidas, ficando a critério de cada um inferir o para quê. Frise-se que o General Mourão não precisa de intérpretes, porta-vozes ou defensores, por que ele é senhor de suas palavras, apoiado numa sólida tradição de serviço ao Exército e ao País, não me cabendo, portanto, qualquer desses papéis. Cumpro apenas o dever de esclarecimento, alertando para uma inverdade que se volta contra um amigo e para o absurdo de aceitarmos a versão de que um general do último posto do Exército Brasileiro viesse a se manifestar na contramão do espírito que norteia a Instituição ao longo de sua história.

O desrespeito não foi só ao General Mourão, foi também, e acima de tudo, ao Exército, e ao Brasil.

Abraço fraterno,

Sérgio Paulo Muniz Costa

Across the Empire (12): de novo com Chihuly, desta vez em Seattle

Encontramos o artista do vidro Dale Chihuly em inúmeras obras em museus e jardins dos Estados Unidos. Desta vez foi no parque abriga a Space Needle de Seattle, aquela torre imensa, com um restaurante giratório em sua cúpula (não conseguimos lugar para almoçar, pois já estava tudo reservado, provavelmente para os bandos de chineses que pululam na cidade).
Em todo caso, registro aqui duas fotos desta visita, combinada a outros pontos da cidade, como o mercado de peixe fresco no waterfront, onde Carmen Lícia se deixou fotografar no jardim de um restaurante.


Amanhã, ou melhor, hoje, dentro em pouco, estaremos viajando novamente, um pouco mais para o norte...
Paulo Roberto de Almeida
Tcoma, 9 de setembro de 2014

Evolução histórica do regionalismo econômico na América do Sul - Paulo Roberto de Almeida

Hoje, alertado pelo serviço de rastreamento de citações do Google Scholar, verifiquei que um antigo trabalho meu tinha sido citado num artigo sobre o Mercosul recentemente publicado.
Não tenho certeza de ter registrado os links para acesso na internet, que vão reproduzidos abaixo:

ALMEIDA, P. R. 
Evolução histórica do regionalismo econômico e político na América do Sul: um balanço das experiências realizadas.
 
Cena internacional,
Brasília, v. 10, n. 2, p. 72-97, 2008. 
Disponível em: <http://goo.gl/4wTDKM>
 ou:
 
O artigo em questão é o: 
 
AS MUDANÇAS NO SENTIDO ESTRATÉGICO DO MERCOSUL PARA A
POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA: DA REDEMOCRATIZAÇÃO (1985)
À CRISE BRASILEIRO-ARGENTINA (1999-2002)
Walter Antonio Desiderá Neto
 Rev. Tempo do Mundo, 5(1): 153-169 [2013]
 
 
Paulo Roberto de Almeida

Eleicoes 2014: o pensamento economico de Eduardo Gianetti da Fonseca

Eu disse pensamento econômico de Eduardo Gianetti da Fonseca, e não a política econômica de uma eventual Marina Silva presidente, e acho que há e haverá uma grande diferença entre os dois.
Também acredito que o acadêmico em questão não serve para ministro das finanças, pois lhe falta experiência de mercado e, sobretudo, traquejo político.
Sentar naquela cadeira não é para qualquer um, haja vista a enorme confusão causada por esse bando de amadores que se acreditam economistas, que estão destruindo a economia brasileira.
Em todo caso, vale registrar as ideias de alguém que tem dialogado com a candidata, embora eu não acredite que ela tenha aprendido algo de consistente em matéria econômica. Ninguém que venha do PT, durante tanto tempo, consegue se ajustar ao chamado mercado. Ela deva cultivar igualmente a mística de que vai "organizar a economia em benefício do povo". Ou seja, deve vir mais desastre pela frente.
Já basta ficarmos com o afastamento (parcial) da máfia hoje no poder. O resto se vê depois.
Paulo Roberto de Almeida

Programa de Marina será cumprido quando conta fiscal permitir
 
"Não tenho dúvida de que há um custo de fazer o ajuste hoje, mas ele certamente é menor do que o de não fazê-lo"
"A indústria deve se preparar para uma operação desmame. Ela está acostumada a chorar e ser atendida"
Denise Neumann e Catherine Vieira
Valor Econômico, segunda-feira, 8 de setembro de 2014

SÃO PAULO - Direto e sincero, o economista Eduardo Giannetti, um dos principais conselheiros de Marina Silva, candidata do PSB à Presidência da República, não doura a pílula ao falar como vão ser enfrentados os desafios que ele vê hoje no país, em eventual vitória da sua candidata. A opção para fazer o ajuste econômico será pela via mais dura (porque permite uma volta mais rápida ao crescimento), os compromisso sociais assumidos no programa vão depender do equilíbrio fiscal e a indústria pode se preparar para uma operação "desmame". Embora evite detalhar como seria feito o ajuste econômico, e se ele incluiria aumento de juros, ou corte de despesas, para elevar o superávit primário, Giannetti admite que ele não será simples.

Antes de iniciar a entrevista, Giannetti avisa que não é "o" porta-voz econômico da campanha, mas um conselheiro e um dos formuladores do programa. Dito isso, admite que não será simples "arrumar" o Brasil. "Não tenho a menor dúvida de que há um custo de fazer o ajuste, mas ele certamente é menor do que o custo de não fazê-lo", disse. Questionado se os compromissos assumidos no programa não são conflitantes com a perna fiscal do tripé macroeconômico, foi muito claro. "Os compromissos serão cumpridos à medida que as condições viabilizarem, sem prejuízo do equilíbrio fiscal."

Ao falar sobre a formação de um eventual governo Marina, ele deixou claro que a campanha espera adesões já no segundo turno, e repetiu que não se vê como ministro da Fazenda. Perguntado se técnicos do PSDB podem ter cargos no governo, disse que sim, e fez referência espontânea, sem citar nomes, aos quadros técnicos do PT do primeiro mandato de Lula, "que são de extraordinária qualidade". Faziam parte daquele grupo Joaquim Levy, Marcos Lisboa e Bernard Appy, entre outros. Leia, a seguir, trechos da entrevista.

Valor: Quais os principais problemas da economia brasileira?

Eduardo Giannetti: O problema básico do Brasil hoje é uma combinação pouco usual de três fatos que não costumam caminhar juntos. Temos baixo crescimento crônico, inflação teimosamente na vizinhança do teto definido pelo sistema de metas com o agravante de que ela está artificialmente controlada tanto por preços administrados represados quanto por câmbio artificialmente mantido num patamar sobrevalorizado, e déficit em conta corrente de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) que nos coloca em uma situação de eventual vulnerabilidade externa. É muito estranho que essas três coisas se combinem simultaneamente. Com crescimento tão baixo, a inflação deveria estar bem comportada, e se você tem um déficit em conta corrente de 3,5% do PIB, você estaria investindo a uma taxa expressiva. Cada um desses fatos isolados já seria um ponto de apreensão, os três juntos é sinal de coisas realmente fora do lugar.

Valor: E quando se pensa na correção, que ajuste é esse?

Giannetti: Vejo dois movimentos importantes. Um de ações corretivas, de desfazer equívocos, distorções e desequilíbrios que vieram se acumulando nos últimos anos e, ao mesmo tempo, uma nova agenda de reformas microeconômicas, institucionais e de melhoria do ambiente de negócios que libere o potencial de crescimento do Brasil e dê mais confiança e previsibilidade para que se volte a investir.

Valor: Que ações corretivas?

Giannetti: Vamos ter que voltar e reconstruir o tripé macroeconômico. É um retrocesso ter que voltar a falar isso, pois era algo amadurecido no Brasil, como uma base a partir da qual se pensava para frente, mas o governo Dilma foi tão desastrado e irresponsável que fragilizou as três pernas do tripé. A fiscal, a monetária e a cambial.

Valor: Para fazer essa correção será preciso aumentar juros?

Giannetti: Não vejo isso como necessariamente o caso. Vai depender de o governo voltar a agir de maneira integrada, coisa que não vem acontecendo. Temos política fiscal expansionista acompanhada de politica monetária contracionista, parte do governo expande o crédito e dá estímulos e outra parte aperta a política monetária e tenta conter a oferta de credito e segurar a demanda. O simples fato de integrar as peças da politica macroeconômica já diminui a necessidade eventual de mais juros. Mas reduzir o juro tem que ser o objetivo de longo prazo.

Valor: Precisa aumentar o superávit fiscal?

Giannetti: A primeiríssima coisa é aumentar a transparência, tomar pé da verdadeira situação fiscal, que hoje está difícil de saber qual é. O governo inventou tantas artimanhas, truques e malabarismos para manipular números que está difícil tomar pé da situação. Precisa colocar a situação fiscal em ordem e produzir superávits fiscais necessários para se restabelecer a confiança e a sustentabilidade das contas públicas.

Valor: O sr. desenha um cenário atual de deterioração muito forte da economia. Não precisa de um remédio igualmente forte?

Giannetti: Na vida, você se depara com duas opções, muitas vezes. Diante de uma situação de anomalia, você pode aceitar uma dor mais aguda e curta ou uma situação em que a dor é prolongada, você não enfrenta situação de intensidade imediata, mas o problema se prolonga por muito mais tempo.

Valor: Qual a opção de vocês?

Giannetti: A julgar por experiências recentes de ajustamento macroeconômico no Brasil, eu tendo a crer que vale a pena fazer o que precisa ser feito rapidamente. Em relação a preços administrados, por exemplo, se não convencer de que o que tinha que ser feito foi feito, a expectativa do que falta fazer vai alimentar a expectativa de inflação futura, o que dificulta fazer as expectativas convergirem de novo para o centro da meta. As experiências recentes de ajustamento macroeconômico foram bem-sucedidas. Isso aconteceu em 1999, na virada do primeiro para o segundo mandato de Fernando Henrique, e depois em 2003, no primeiro mandato de Lula.

Valor: Mas naquele momento o grande peso na inflação era o câmbio, e não havia esse quadro de emprego e renda que temos hoje..

Giannetti: A situação em certos aspectos era diferente da atual, de fato. Não tenho a menor dúvida de que há um custo de fazer o ajuste hoje, mas ele certamente é menor do que o custo de não fazê-lo. A diferença fundamental é você estar enfrentando uma dificuldade que é legitima porque restabelece um horizonte de volta ao crescimento versus estar enfrentando uma situação de dificuldade sem nenhuma perspectiva de reconquistar a confiança e um horizonte de normalização. São as duas coisas que estão em jogo hoje no Brasil. Não pode contar só com o choque de confiança, ele é parte importante e ele vai ser ainda mais importante se vier acompanhado de um movimento crível de que as coisas voltaram a se direcionar no caminho certo. A confiança é fundamental, mas precisa ter lastro.

Valor: Esse ajuste passa por desemprego e queda de renda?

Giannetti: O desemprego já é uma realidade e a ideia é que termine o quanto antes. Não está nos planos de ninguém fazer ajuste recessivo. Não é disso que se trata. Se trata de restabelecer a confiança e mostrar que a economia voltou a um bom caminho. A experiência mostra que a capacidade de resposta da sociedade brasileira é muito forte. Tendo a crer que ainda em 2015 será possível ver a volta da economia ao crescimento, se for muito bem feito.

Valor: No programa vocês defendem a volta do tripé macroeconômico. Mas a perna de austeridade fiscal não conflita com a democracia de alta intensidade e com a pauta das ruas no ano passado?

Giannetti: Os compromissos assumidos no programa serão cumpridos à medida que as condições viabilizarem, sem prejuízo do equilíbrio fiscal. Quais são as condições que viabilizarão isso? A revisão das prioridades nos orçamentos fiscal e parafiscal, a evolução da arrecadação, a retomada do crescimento e a melhoria da gestão do Estado. Os compromissos assumidos serão cumpridos, mas condicionados à evolução fiscal.

Valor: Talvez eles não sejam cumpridos nos primeiros anos?

Giannetti: Sem a menor dúvida. Esses compromissos se distribuem no tempo. É um erro grave imaginar que o que está colocado no programa vai se materializar no primeiro orçamento. Não será o caso. É preciso construir condições adequadas para que isso possa acontecer ao longo do mandato.

Valor: É possível aumentar gastos sem elevar a carga tributária?

Giannetti: É um compromisso não aumentar a carga tributária.

Valor: E como isso será possível?

Giannetti: Pela revisão das prioridades no orçamento, o que inclui desonerações, subsídios explícitos e ocultos que hoje estão prejudicando muito esses compromissos de caráter mais social. Vai depender da evolução da arrecadação, à medida que a economia for retomando, vai depender do PIB, vai depender da gestão, de reduzir o desperdício.

Valor: Vocês identificam despesas que poderiam ser cortadas?

Giannetti: É muito difícil para quem está fora do governo e não tem acesso, rubrica por rubrica, dar essa resposta. Mas vejo uma extravagância muito grande na expansão do crédito subsidiado no Brasil, vejo uma isenção da Cide sobre combustível que prejudica a arrecadação e prejudicou um setor importante da economia, que é o etanol, e que em algum momento vai ter que ser revista, porque não adianta subsidiar e estimular o combustível particular.

Valor: Isso significa que a Cide pode voltar?

Giannetti: Isso vai ser debatido.

Valor: Mas não seria um aumento de carga tributária?

Giannetti: A Cide vai voltar, mas outras coisas podem sair. Quando se fala em carga tributária é a bruta, de 36% do PIB. Ela cresceu em todos os governos desde a Constituição de 88.

Valor: Falando em prioridades, é possível desmontar de imediato essa operação de repasses para BNDES e demais bancos públicos?

Giannetti: Não, não vai ser um choque, porque teria um efeito traumático e ninguém quer isso, mas vai ter que rever essa política extravagante que levou a uma expansão de 9% do PIB na oferta de crédito subsidiado financiado com dívida pública. O BNDES é um típico caso de remédio-veneno. Não tem nenhum problema em, durante uma crise como 2009, financiar um aumento da oferta de crédito via BNDES por meio do endividamento bruto do Tesouro. É perfeitamente legítimo. O problema é que o governo Dilma levou ao limite o uso desse tipo de "funding" para que o BNDES escolha campeões nacionais e transfira recursos do contribuinte em subsídios para seus parceiros, que são grandes empresas que poderiam se financiar no mercado de crédito ou com lucros retidos ou no mercado internacional. Segundo cálculo do Mansueto Almeida, o subsídio implícito no descasamento de juros entre o que o Tesouro paga, que é no mínimo a Selic, e o que o BNDES recebe é superior ao volume total do Bolsa Família.

Valor: O remédio-veneno é pelo fiscal e pelo mercado de crédito?

Giannetti: Sim, ele tolheu o mercado de capitais, distorceu o mercado de crédito, prejudicou a política do Banco Central de aperto monetário, fora a falta de transparência, que é gravíssima no estado de direito. Não é nenhum problema manter subsídio no estado de direito, mas é uma regra de ouro que ele seja explícito e passe pelo orçamento. Do modo como ele está sendo feito no BNDES ele é oculto, ele não foi negociado e ele está transferindo para grupos privilegiados recursos da sociedade brasileira. Isso é política parafiscal.

Valor: A indústria precisa se preparar para receber menos de um eventual governo Marina?

Giannetti: Acho que a indústria deve se preparar para uma operação desmame. Ela está acostumada a chorar e ser atendida. Ela vai ter que se acostumar a uma situação em que ela será vitoriosa se for bem na competição. E ela irá bem na competição de mercado se for eficiente e inovadora. Temos que sair da situação em que vale mais a pena para uma empresa ter uma boa rodada de negociação em Brasília para uma situação em que vale a pena para ela concentrar sua atenção e seus esforços em fazer melhor o que ela faz ou em fazer algo que ninguém está fazendo.

Valor: A indústria diz que para dentro da fábrica ela é competitiva. Que o problema é para fora, o juro alto, o câmbio, carga tributária...

Giannetti: O que vai precisar é integrar mais a economia brasileira, fazer uma nova rodada de abertura comercial, de mais integração competitiva, e dar para o empresário a confiança de que as regras são permanentes e não vão ser negociadas de maneira arbitrária na base da pressão setorial. Elas valem para todos, serão horizontais e visam ao aprimoramento do ambiente de negócios. No governo Dilma houve um retrocesso para um modelo de microgerenciamento, que gerou uma espiral intervencionista no Brasil.

Valor: O sr. disse que seria possível num eventual governo Marina ter Fernando Henrique e Lula, como isso se daria?

Giannetti: Não se trata de participar no sentido de ter um cargo ou integrar o governo. Significa que são líderes de forças políticas relevantes com as quais nós certamente desejamos trabalhar.


Valor: Quanto a perda do Eduardo Campos pode prejudicar o projeto da 'nova política' de reunir líderes importantes de diversos partidos, excluindo a parte pior?
Giannetti: A perda do Eduardo Campos é irreparável e vai se fazer sentir por muitas gerações no Brasil. Uma liderança como a dele não se improvisa, é obra de uma dedicação e de um empenho infatigáveis, uma espécie de dom da natureza. Há pessoas que são nascidas e talhadas para a liderança. Vai fazer muita falta especialmente em duas dimensões: competência de gestão e de articulação política. Deixa um déficit, uma lacuna e na dimensão em que ele era capaz, acho que é impossível preencher.

Valor: E como vocês pretendem suprir isso, dado que há projetos de reformas política e tributária logo para o começo do governo?

Giannetti: Isso é o que se está muito empenhado em definir e trabalhar e não há uma resposta que eu possa dar satisfatória a essa altura, mas acho possível encontrar essa resposta. Tenho impressão que, quando estiver definido o segundo turno, vai haver um reordenamento das forças políticas no Brasil.

Valor: E não é a velha política que virá para vocês..?

Giannetti: Depende de como é feito, vão vir bons e ruins. Virá também um contingente de oportunistas querendo tirar beneficio de uma nova situação de poder. Nós vamos ser muito criteriosos em saber se aliar àqueles que têm a agregar e que têm realmente afinidade de projeto com as nossas propostas.

Valor: O sr. vê nomes que estão com o PSDB na equipe de Marina?

Giannetti: Evidente que sim. E quadros que não tiveram experiência de governo também. O Brasil felizmente tem técnicos e pessoas dispostas a se engajar em politicas publicas nos mais diferentes setores, não só em economia. E por que não quadros técnicos do PT no primeiro mandato do Lula, que são de extraordinária qualidade? Não restringiria isso ao PSBD de forma nenhuma

Valor: Que nomes vocês gostariam de ter na equipe de governo?

Giannetti: Não vou entrar em nomes, mas a equipe do ministro [Antonio] Palocci no primeiro mandato do Lula é uma equipe de primeiríssima qualidade.

Valor: O sr. se vê ministro da Fazenda?

Giannetti: Não, eu não me preparei para isso na vida, não tenho tino para isso e não tenho ambição. Eu gosto de estudar, de escrever, de pensar. Posso ajudar na formulação, em estratégia, e, se for chamado a fazê-lo, posso ajudar na escolha de nomes.

Valor: E o ministro da Fazenda pode, então, ser o Arminio Fraga?

Giannetti: Acho prematuro discutir nomes, agora. Tenho extraordinária admiração por ele.

Valor: O setor financeiro parece entusiasmado com a Marina, mas há resistência entre empresários..

Giannetti: Entre os setores, a maior resistência parecia vir do agronegócio. É onde havia um ruído desnecessário, e nas últimas semanas claramente houve um avanço de abrir um canal de comunicação e entendimento de que, ao contrário do que erroneamente possa ter parecido, temos enorme apreço e pretendemos dar ao setor do agronegócio brasileiro plenas condições de um crescimento saudável e sustentável.

Valor: O que diferencia o projeto da Marina dos demais?

Giannetti: Uma das diferenças do projeto liderado pela Marina é que não vemos a economia como um fim em si mesmo, ela é pré-condição para uma vida melhor para todos, de uma realização mais plena. O sonho que nos move é que a economia deixe de ocupar o lugar de proeminência que ela ocupa hoje no debate brasileiro para que a gente possa focar em questões ligadas à cidadania, à realização humana, à felicidade.

Bolivia: nova reeleicao de Evo Morales, o bolivariano ortodoxo em economia - Sergio Leo

Tenho dúvidas sobre se a Petrobras foi realmente indenizada, ou apenas paga em gas importado da Bolívia. Ainda que tenha sido, os valores ficaram bem abaixo do que ela efetivamente investiu.
Paulo Roberto de Almeida

Por que mirar a Bolívia, heterodoxa na ortodoxia
Sergio Leo
Valor Econômico, 8/09/2014

Índices de aprovação beirando os 80% e liderança absoluta nas pesquisas eleitorais acompanham o presidente boliviano, Evo Morales, em sua disputa para um terceiro mandato, nas eleições presidenciais de outubro. O bolivariano que ofendeu os mercados e patrocinou uma Constituição de inéditos poderes à população indígena beneficia-se do crescimento econômico, um dos maiores da região.
Em 2006, quem (como este colunista) estivesse em La Paz, à espera das comemorações do 1 º de Maio na Bolívia, notaria o insistente noticiário sobre a iminente decepção dos bolivianos com o primeiro - e pequeno - aumento do salário mínimo a ser anunciado pelo estreante Evo Morales. À tarde, fora da capital, o que Evo anunciou foi a nacionalização das reservas de gás e de refinarias da Petrobras, que cercou com tropas militares.
O ato gerou uma crise política com o Brasil presidido pelo aliado Lula, depois amenizada, inclusive com pagamento de indenizações devidas à Petrobras. Mas a política econômica que se seguiu afastou investidores e a própria Petrobras. Pouco se falou, porém, da política fortemente baseada na ortodoxia fiscal, adotada desde então pelo ex-cocalero, que conteve arroubos sobre o salário mínimo e outras contas públicas, e garantiu o relativo êxito econômico do país.
"Já há vários anos, o desempenho macroeconômico da Bolívia tem sido muito bom", elogiou a economista do FMI Ana Corbacho, chefe da missão que, em fevereiro, analisou as contas bolivianas. "Esse desempenho foi ativamente apoiado por políticas públicas que ajudaram a aumentar em quase três vezes a renda média da população, melhorar a distribuição de renda e provocar grande redução de pobreza", acrescentou, ao relatar as discussões com as autoridades do país. "E, além disso, tudo aconteceu num período muito curto".
Em 2013, Evo conseguiu um recorde histórico de crescimento, 6,8%, acumulou reservas recordes em moeda internacional, equivalentes a quase metade do Produto Interno Bruto, e manteve superávits, tanto nas contas do governo (1,4% do PIB), quanto nas estatais (0,5%). Estatais, aliás, trazidas ao controle do Estado após um agressivo programa de nacionalização, que afetou os setores de gás e petróleo, telecomunicações, transportes e mineração.
Evo não baixou suas ironias contra o FMI nem após os elogios; e foi bem-sucedido também na política: após uma sucessão de crises, ameaças de separatismo na rica região agrícola conhecida como "meia-lua", na fronteira com o Brasil, ele cooptou, ou afastou do caminho (às vezes com métodos violentos), empresários e líderes oposicionistas, enfraquecendo as ameaças à sua gestão. A terceira reeleição presidencial é uma inédita estabilidade num país que, entre 2001 e 2005, foi governado por seis diferentes presidentes.
Morales era um presidente fraco, de pequeno apoio político em uma Bolívia dividida, em 2006. Desde então, o país cresceu, em média, 4,5% ao ano. Aplicou, sob aprovação de instituições como o Banco Mundial, seu programa de redistribuição da renda e preparou-se bem, segundo o FMI, para enfrentar turbulências como a queda do preço do gás e a desaceleração econômica de seus principais clientes, Brasil e Argentina.
Evo conseguiu, também, um nível razoável de investimento externo, 3,5% do PIB no ano passado, mas muito concentrado nos fornecedores para o setor de gás e petróleo. O gás responde por mais da metade da receita governamental, em um país onde os impostos diretos são quase zero. O governo só agora construiu uma usina para separar, do gás fornecido ao Brasil, gases de uso mais nobre, destinados à petroquímica.
A Bolívia não foi tão bem em reduzir a gás-dependência e avançar além do modelo exportador de commodities. Também é preocupante a retração dos investimentos, inclusive da Petrobras, na exploração e ampliação das reservas de hidrocarbonetos. Desde a nacionalização, os governos Lula e Dilma reduziram quase à metade a dependência do Brasil em relação ao gás boliviano, ao criar infraestrutura para liquefazer e distribuir gás de outros fornecedores.
O afastamento brasileiro não foi completo: neste ano, a Petrobras, descumprindo recomendações de seu departamento jurídico, concordou, após muita resistência do governo Dilma e pressões crescentes de La Paz, em pagar um adicional a Evo pelos gases "ricos" de alta qualidade contidos no gás fornecido ao Brasil nos últimos anos. O Senado cobra explicação da estatal pelo pagamento de US$ 434 milhões.
O governo Evo é acusado de manipular e reprimir o Judiciário para mover ações judiciais contra oposicionistas -150 bolivianos estão refugiados no Brasil fugindo de processos e perseguição - e pode perder sua confortável maioria parlamentar nas próximas eleições, turvando sua capacidade de governar e trazendo riscos de repressão violenta dos oposicionistas.
Na economia, há expectativa de que o terceiro mandato de Evo seja acompanhado de reformas mais amistosas ao setor privado e investidores. A falta de investimentos em ampliação de reservas pode deixar a Bolívia sem gás para todo o consumo e os compromissos de exportação já em 2017, segundo o ex-ministro de Minas e Energia boliviano Álvaro Ríos Roca, que prevê necessidade de investimentos imediatos de pelo menos US$ 5 bilhões no setor.
Em cenário de queda de preços, com concorrência do gás extraído de rochas, Evo vê aproximar-se o fim do atual contrato de fornecimento ao Brasil, em 2019, e deve pressionar para uma renegociação em breve, decidido a não aceitar uma redução nos preços atuais. Na Bolívia, cresce o sentimento nacionalista e antibrasileiro (por motivos diversos, entre eles a riqueza dos empresários de origem brasileira na 'media luna' e as manifestações preconceituosas no Brasil contra bolivianos).
Será grande a tentação de qualquer governante lá, de responder a uma eventual piora na situação econômica desviando atenções para uma briga com o Brasil. A vencedora (ou vencedor) das eleições brasileiras de outubro deve incluir a Bolívia entre os temas desafiadores a estudar durante o seu mandato.

Sergio Leo é jornalista e especialista em relações internacionais pela UnB. É autor do livro "Ascensão e Queda do Império X", lançado em 2014. Escreve às segundas-feiras

Eleicoes 2014: Vovo Coragem mete o dedo na cara da soberana

Corajosa e destemida, além de sincera, claro, do contrário não teria feito o que fez.
Merece a medalha da bravura do ano:

 IDOSA METE A MÃO NA CARA DE DILMA
EM PLENO RESTAURANTE POPULAR
Dilma e a idosa
Esta imagem havia sido censurada a todo custo pelo coordenador
da campanha da atual presidente, mas vazou na internet. Na foto
uma senhora humilde põe o dedo na cara de Dilma e parece lhe
falar algo desagradável.  Segundo testemunhas presentes, chegou-nos
a informação que a idosa disse as seguintes palavras: " a senhora acha
que a gente é trouxa?Eu tenho 80 anos.Você é a mulher mais sorrateira
e mentirosa que já vi.Ferrou com a minha aposentadoria.Come caviar as
minhas custas e agora quer dar uma de boazinha comendo essa lavagem?
Toma vergonha na cara e vê se some porque aqui ninguém gosta de você.
Fonte: Grupo - Que Brasil nós queremos

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