sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Resoluções de Ano Novo: minhas promessas (críveis?) para 2015 - Paulo Roberto de Almeida


Resoluções de Ano Novo: minhas promessas (críveis?) para 2015
(sem garantia de cumprimento, porém...)

Paulo Roberto de Almeida

Assim como existem as avaliações e balanços que empreendemos todo final de ano, assim como também existem as previsões que fazemos para cada ano que se inicia – de modo profissional ou amador, segundo as vocações; eu, por exemplo, sempre insisto nas minhas previsões imprevidentes, que são justamente aquelas que não devem se realizar –, existe uma categoria literária muito usada nos veículos de entretenimento que são as promessas de ano novo. É o que vemos nos programas de entrevistas com personalidades famosas, ou nas colunas de assuntos mundanos, quando o animador ou o colunista se põe a imaginar, ou a idealizar, tudo de bom, de útil, de agradável, ou, no limite, o que de necessário será preciso empreender no novo ano que se inicia para que ele seja, se não perfeito, pelo menos um pouco melhor, ou diferente, daquele que acaba de terminar (ano miserável, incompleto, frustrante). É um fato que as promessas nunca se realizam por completo, ou que falhamos miseravelmente nas intenções proclamadas um ano antes, mas como somos humanos, nunca desistimos, nem desacreditamos, e continuamos apostando no que possa ocorrer de melhor, como essas apostas no jogo, ou a compra renovada de bilhetes de loteria, imaginando o que fazer, depois, com todo aquele dinheiro que poderia, ou deveria, pingar na nossa conta.
Promessas de ano novo são uma especulação contra o futuro, uma espécie de aposta na esperança, contra a dura realidade da vida diária, invariavelmente feita de muita correria para ficar no mesmo lugar, mas sempre achando que, por uma vez, vai ser diferente. Sempre é diferente, obviamente, mas não necessariamente para melhor, muito embora os políticos e líderes partidários que nos governam estejam sempre prometendo que haverá trabalho para todos, que a renda vai crescer, que os serviços públicos vão melhorar e que as tarifas vão ser corrigidas no mínimo necessário para assegurar a qualidade da prestação daquilo que já pagamos com todos os impostos, taxas e contribuições, mas que somos abrigados a contratar privadamente nos mercados de bens e serviços. O que será que explica essa crença ingênua que mantemos nas promessas dos políticos? Seriam elas equivalentes às que fazemos nós mesmos para nosso uso pessoal, e que falham miseravelmente em se realizar integralmente? Se for assim, melhor largar toda esperança, caros ingênuos irrecuperáveis...
Não obstante, vou tentar a sorte eu também, talvez pela primeira vez em muitos anos, uma vez que minhas previsões imprevidentes se referem, quase sempre, a fatos da vida política e da conjuntura econômica do país, não a itinerários de vida ou a recortes da vida pessoal. Sem ter o hábito deste tipo de exercício, vejamos o que a minha mente já ocupada por mil e uma obrigações programadas – na vida professional, nas atividades acadêmicas, ou nas ocupações pessoais – poderia imaginar como promessas válidas de serem proclamadas, e inscritas, no calendário deste ano da graça de 2015, no contexto do trabalho profissional, ou na minha agenda de atividades previstas para o ano.
Começo, como teria de ser, pela produção intelectual, a faceta de minhas atividades pessoais que mais me absorve como simples vivente, além e acima das demais ocupações de natureza mais prosaica, que são aquelas, em todo caso, que são responsáveis pelo meu sustento material e financeiro. Prometo iniciar, finalmente, e se possível terminar, aquele segundo volume de minha história da diplomacia econômica no Brasil, desta vez voltada mais para as relações econômicas internacionais do Brasil, circunscritas ao período da República Velha e à primeira era Vargas (mais exatamente até Bretton Woods). Há anos, praticamente desde que terminei, entre 1999 e 2001, o primeiro volume – atrevidamente intitulado Formação da Diplomacia Econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império –, venho prometendo a mim mesmo, e aos meus leitores, terminar e entregar esse segundo volume, provisoriamente intitulado A Ordem Internacional e o Progresso da Nação: as relações econômicas internacionais do Brasil na era republicana. A concepção será um pouco diferente do primeiro volume, menos aborrecidamente baseado nos relatórios anuais da Secretaria de Estado do Ministério das Relações Exteriores, e mais fundamentado na literatura já acumulada em torno da história econômica do Brasil, mas sempre bem apoiado nos dados primários das relações econômicas externas do país: em comércio, finanças, investimentos estrangeiros, importação de mão-de-obra (ou seja, não mais tráfico ou escravidão e sim imigração europeia e asiática), relações regionais, multilateralismo e organização institucional e extensão geográfica do ministério. Como obra de fôlego, essa também deve ocupar-me por meses e meses, talvez durante o ano inteiro, se conseguir terminar, não obstante o fato de que várias partes já se encontram escritas, outras pesquisadas, e várias outras já tenham sido mapeadas mentalmente, com base em leituras anteriores e no conhecimento adquirido ao longo de muitos anos de pesquisas.
Teria ainda dois pequenos – ou grandes, dependendo da disposição – livros para terminar, ambos já escritos, em grande medida, mas faltando completar algumas partes imaginadas ou projetadas, e revisar o que já está pronto: um seria a compilação, ainda para ser agregada de mais três ou quatro capítulos, de minha série sobre as Falácias Acadêmicas, uma espécie de manual politicamente incorreto de todos os equívocos, ou bobagens, repetidamente ensinadas por professores ingênuos (ou mal formados, senão simplesmente deformados pelo gramscismo de botequim que vigora em nossas mal designadas academias) e que são ministradas a um público cativo, geralmente crédulo, de alunos passivos, submetidos impunemente ao besteirol que conhecemos; o segundo pode ser a minha outra série de minitratados, bem mais um divertimento do que um trabalho sério, feito de considerações jocosas sobre situações de vida, ou até de quase vida, como pode ser, por exemplo, a reencarnação.
Tenho muitos outros projetos de trabalho, alguns sérios, outros de pura diversão (para não dizer de gozação), já que a vida no Brasil já é suficientemente preocupante para que ainda agreguemos aos dilemas dominantes (na economia, na política, na mera esfera da ética pública e da moral ambiente). Não sei o que vou fazer, além do que já foi programado nos parágrafos precedentes, pois o mais provável que ocorra, e o que mais temo, é que me chamem para participar de algum livro coletivo, me solicitem muitos pareceres para artigos submetidos a revistas de sou consultor editorial, me convidem para palestras ou contribuições a publicações diversas, ademais da minha já prometida colaboração ao boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros, sob a forma de mini-resenhas para a seção Prata da Casa, ou seja, dos livros publicados por diplomatas. Tudo isso vai desviar-me dos trabalhos mais séries, e tomar um precioso tempo que tento usar para leituras, reflexões e escritos de ocasião, geralmente objeto de postagens em meu blog Diplomatizzando (um mero divertissement, como sempre o classifico).
Terei tempo, disposição, condições de realizar tudo isso em 2015? Não tenho ideia, mas o ideal seria começar imediatamente, sem esperar essas acalmias que sempre imaginamos que possam ocorrer, sem que elas realmente aconteçam. Vou colocar os projetos em minha agenda eletrônica, para que luzes, trinados e alarmes disparem a cada semana, para lembrar-me o quão atrasado estou no cumprimento de todas essas promessas. Em todo caso, declarando assim, e tornando públicas, elas se tornam ainda mais constrangedoras, obrigando-me a avançar no programado, ainda que seja para não passar vergonha. Será? Vamos marcar rendez-vous para daqui a seis meses, em meados do ano, portanto, esperando que algo tenha sido adiantado até lá. Inch’Allah!

Savannah, Georgia, 1o. de janeiro de 2015

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Ah, esses capitalistas bonzinhos: os Rockefellers e o progresso das ciencias sociais (book review)

A Fundação Rockefeller começou bem cedo a ajudar o Brasil. Não estou falando do apoio às ciências sociais a partir dos anos 1960, o que foi essencial para garantir a boa "substituição de importações" também na construção da pós-graduação no Brasil (até derivar para o politicamente correto do afro-brasileirismo e outros besteirois de gênero e sociais), mas do financiamento e expertise técnica no campo da saúde e da profilaxia desde os anos 1920. Já existe tese sobre os programas de saúde sustentados pelos Rockefellers logo depois da primeira guerra mundial: nossas faculdades de medicina, especialmente em SP, foram consolidadas graças ao dinheiro desses capitalistas malvados...
Paulo Roberto de Almeida

David L. Seim, Rockefeller Philanthropy and Modern Social Science. London: Pickering and Chatto, 2013.  ix + 265 pp. $120 (cloth), ISBN: 978-1-84893-391-0.

Reviewed for EH.Net by Donald T. Critchlow, Department of History, Arizona State University.

In this age of excessive wealth, the Rockefellers, John D. and his son John D. Jr., in the early twentieth century provide an example of how great wealth can be used to better the world.  Through the establishment of the Rockefeller Foundation, huge sums of money were given to philanthropic causes.  The Rockefeller Foundation’s greatest contribution arguable lay in the advancement of medicine, but its efforts in education and the social sciences were notable.

Historian David Seim focuses his short book on the Rockefeller philanthropy in the social sciences from 1900 through 1920.  Seim eschews deep analysis for a straight-forward narrative of Rockefeller involvement in a wide-range of projects to support individual social scientists, advance social science research and education, and institutionalize the social sciences within universities and inter-disciplinary research institutions.  His book reads like a lengthy institutional report on a dizzying array of projects, but the wealth of information contained in his study is rewarding for any scholar interested in the history of the social sciences, university education, race relations, and public policy in the twentieth-century.

The period from the late nineteenth century up to the Great Depression starting in 1929 can be described as the “Golden Age” of the American social sciences. The emergence of the modern social sciences in this period, so ably described by historians such as Thomas Haskell, Barry Karl, Lawrence Cremin, Mary Furner, and others, projected an optimism that empirical social science research could better the world. The accumulation of empirically derived knowledge about human behavior and nature, these early social scientists maintained, was critical to reforming society, ensuring progress, and overcoming what they believed was a lag between scientific and technological advancement and traditional culture and customs. The confidence of early social scientists in their role in advancing society manifested hubris, but in the process American higher education was transformed and the social sciences became institutionalized. John D. Rockefeller, his son, and a brilliant staff played a critical role in this transformation.

Having earned a fortune in oil, John D. Rockefeller, a devout Baptist, believed that his wealth should be put to use in bettering the world.  At first he directed his charity toward mostly missionary organizations, educational institutions, and projects. From the outset he gave significant funds to African-American and Native American causes, including black seminaries and Indian schools. Overwhelmed by requests for support — sometimes reaching hundreds of letters each day — Rockefeller hired Dr. Frederick T. Gates, a Minneapolis minister, to organize his philanthropic activities. After retiring in 1896 from business, John D. Rockefeller joined with his son, John D. Junior, to direct his philanthropy. In 1901, they decided to establish the Rockefeller Institute for Medical Research. This was followed by the establishment of the General Education Board, which directed much of its money toward the South and black education. In 1913, they established the Rockefeller Foundation. With the specific goal of serving “The Well Being of Mankind throughout the World” (Seim, pp. 58-59). The Rockefeller Foundation collaborated with the Carnegie Institution and the Russell Sage Foundation in promoting the social sciences.

The first efforts of the Rockefeller Foundation were small, providing financial support to the Bureau of Social Hygiene, a Division of Industrial Relations, and an Institute of Economics (1922), which later developed into the Brookings Institution.  The Bureau of Social Hygiene provided support for research into the “prostitution problem,” eugenics, and the establishment of Margaret Sanger’s American Birth Control League.

The turning point in Rockefeller’s involvement in the social sciences came with the establishment of the Laura Spelman Rockefeller Memorial Fund in 1918, named after Rockefeller’s late wife. With an original endowment of $13 million, later extended to $74 million, an extensive program developed providing funds to assist the well-being of women and children and providing major resources to an effort to promote the broad advancement of knowledge, methods and application in the social sciences. The first years of the Spelman Memorial Fund focused on women and children, including support for the East Harlem Health Center, the Maternity Center Association of Manhattan, the YMCA and YWCA, the Boy Scouts and Girl Scouts, the Salvation Army, and the American Child Health Association. Headed by Beardsley Ruml, a University of Chicago trained Ph.D., who had studied with James R. Angell, the Memorial Fund turned its attention to the advancement of the social sciences in 1923. Key advisers such as Abraham Flexner, Raymond Fosdick, and Henry Embree played important roles in shaping the Memorial Fund program.

Seim details the multiple activities of the Spelman Memorial Fund through specific grants to educational institutions, individual research projects, the creation of research centers, and areas of research.  Seim ably outlines the full extent of these projects, showing how Ruml and his associates carefully developed and directed a program to fund the social sciences in America.  The major focus of this program was to redress what was seen as a cultural lag in American society, and to develop knowledge useful to maintaining what was described at the time as “social control” in human behavior. By social control, as Seim observes, Rockefeller people meant social advancement. This was a reform agenda that sought to distinguish between narrow business and class interests and empirical research by non-partisan expertise.

As these research programs developed, Ruml and his advisers expressed particular concern that funds be targeted toward institutional advancement within the universities and interdisciplinary organizations. Ruml did not limit funding to only American universities. In 1923, the London School of Economics began a long-term relationship with the Rockefeller Foundation.

In America, Ruml targeted funding major institutions, including the University of Chicago, which was founded largely with John D. Rockefeller money in 1892. Spelman Memorial funds provided vital in developing what became known as the Chicago School in Sociology. Much of the Chicago school of sociology focused on studies of ethnic and race relations. This focus on race relations was evident as well in funding to the University of North Carolina, where major research was conducted on the state and the means of bettering race relations in the South. At Columbia University in New York, Rockefeller funded major research on black southern migration to the North. Major Spelman Memorial grants went to Harvard University, especially to support the pioneering work of G. Elton Mayo.  Other funding — also on race relations — went to Western Reserve University in Cleveland, and Charles S. Johnson at Fisk University. A graduate student of Robert E. Park at University of Chicago, Johnson published in 1930 The Negro in American Civilization.

Spelman Memorial funds were directed to China, the Soviet Union, Sweden, and Western Europe, often toward research in what now would be called economic development. Seim notes that one of the black marks on Spelman Memorial funding during this period was support of eugenics research in the United States, as well as in Australia and Germany, where funds were used to support the Kaiser Wilhelm Institute for Psychiatry and the Kaiser Wilhelm Institute for Anthropology, Eugenics and Human Heredity. At the same time, Ruml supported research in international relations with a particular goal of aiding the League of Nations. Major funding helped launch the Social Science Research Council, under the direction of University of Chicago political scientist Charles Merriam. Less attention was given to the humanities, although the fund directed some funding toward historians, especially in France.

Seim ends his study with the merging of the Spelman Fund into the Rockefeller Foundation in 1929.  In accomplishing his intent to explain “the creation of the ideal of neutral, public-oriented social scientists (p. 239), Seim does not evaluate more fundamental questions raised by the rise of specialized, empirical social science research. The mindset of Ruml and the Rockefeller Foundation assumed that empirical social science research would improve the world. In many ways, it did and continues to do so today. Yet the mindset of early Rockefeller Foundation officers often precluded larger fundamental questions that had been explored by earlier philosophers and political thinkers: The ancient Greeks, Plato and Aristotle, asked basic questions as to the meaning of truth, justice, and a good society?  Adam Smith and David Hume examined what makes for a well-ordered society?  Alexis de Tocqueville, less than a century before the founding of the Rockefeller Foundation, asked about the relationship of equality and liberty in a democratic society, while warning of a “soft-despotism” that comes with a breakdown in civil society and the rise of a bureaucratic state. Already in the 1920s, political thinkers such as Ludwig von Mises and F.A. Hayek were challenging the hubris of economic planners and regulators. Earlier thinkers may have reached wrong conclusions, but debate over these fundamental issues rests generally outside the realm of narrow empirical social science research, as envisioned by the “new” social science in the early twentieth century.

The new social scientists in this golden age rejected the deductive reasoning of the past –the ancient Greeks and Christian theologians. The new social scientists found such debate maddening and ultimately irresolvable.  Yet, without dismissing the importance of the contributions that empirical modern social science can impart to our understanding of the world — often funded then and today by philanthropic foundations — the question that should have confronted the promoters of the new social sciences was simply: Are we too narrow, too exclusive, and too confident as to the ultimate contribution which we can make to what makes for a just, well-ordered, liberal society in our often facile dismissal of previous thinkers?

Donald T. Critchlow is Director of the Arizona State University Center for Political Thought and Leadership. His most books include The Brookings Institution: Expertise and the Public Interest in a Democratic Society; When Hollywood Was Right: How Movie Moguls, Film Stars, and Big Business Remade American Politics; and A Very Short Introduction to American Political History (forthcoming).

Copyright (c) 2014 by EH.Net. All rights reserved. This work may be copied for non-profit educational uses if proper credit is given to the author and the list. For other permission, please contact the EH.Net Administrator (administrator@eh.net). Published by EH.Net (December 2014). All EH.Net reviews are archived at http://eh.net/book-reviews/

A frase do inicio do ano: Vladimir Putin’s Unhappy New Year

It’s often said that Russian history veers between chaos and despotism. Vladimir Putin is the rare Kremlin leader to span both. 
Matthew Kaminski, The Wall Street Journal, January 1, 2015

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Fukuyama e o Fim da Historia, 25 anos depois, o que ficou? - Paulo Roberto de Almeida (2009)

Sou informado, pelo editorial do Professor Antonio Carlos Lessa ao boletim 88 (dezembro de 2014) de Mundorama (aqui), que o meu artigo, reproduzido parcialmente abaixo, foi um dos mais acessados desde quando foi publicado, em janeiro de 2010, pouco depois, justamente, dos vinte anos do artigo seminal de Francis Fukuyama sobre o "fim da História", que foi muito pouco lido pelos seus críticos e geralmente rejeitado pelas más razões, inclusive por pessoas que jamais o leram, e viram nele uma demonstração de cabotinismo imperial. Ele continuou sendo acessado desde então: somente em 2014, ele foi acessado 4.382 vezes, o que certamente me teria permitido comprar um supercomputador, se eu recebesse alguma coisinha a cada vez.
Como considero que o debate levantado por Fukuyama, bem como seus principais argumentos, ainda permanecem válidos, permito-me reproduzir aqui o início de meu artigo (escrito, devo esclarecer, em meados de 2009), mas apenas numa pequena parte, puramente introdutória, remetendo depois os leitores ao link de Mundorama, onde ele pode ser lido em sua íntegra.
Boas festas de final de ano, aos que ainda não passaram a marca do calendário. Dentro de meia hora saio para jantar com Carmen Lícia, e depois vamos ver fogos na baia de St. Petersburg, FL.
Paulo Roberto de Almeida

O “Fim da História”, de Fukuyama, vinte anos depois: o que ficou?, por Paulo Roberto de Almeida


25 Votes
Boletim Mundorama, 21/01/2010

1. O que restou, vinte anos depois, da tese controversa de Fukuyama?
No verão de 1989, a revista americana National Interest publicava um ensaio teórico – mais exatamente de filosofia da História – do intelectual nipo-americano Francis Fukuyama sobre os sinais – até então simplesmente anunciadores – do fim da Guerra Fria, cujo título estava destinado a deslanchar um debate ainda hoje controverso: “The End of History?”.[1] Vinte anos depois, em vista das muitas críticas feitas naquela conjuntura – e ainda hoje –  às principais teses do autor, vale a pena retomar seus principais argumentos e verificar se eles ainda conservam alguma validade para nossos tempos, que poderiam ser considerados como de pós-Guerra Fria, mas que alguns interpretam, ou consideram efetivamente, como de volta à Guerra Fria, ainda que sob novas modalidades (com uma Rússia singularmente diminuída e uma China hesitante em se posicionar como contendor estratégico dos Estados Unidos).
Antes, contudo, de ingressar numa descrição linear desses argumentos, qualquer que seja sua validade relativa ou absoluta para o tema que nos interessa – qual seja, o da natureza das opções abertas aos países em termos de reforma e desenvolvimento paralelos do sistema econômico e do  regime político, que Fukuyama identificava com a redução dessas opções à democracia de mercado – cabe chamar a atenção para uma peculiaridade geralmente descurada no debate anterior (e talvez atual) sobre a validade das teses de Fukuyama, sobretudo por aqueles que recusavam, in limine, a essência mesma do argumento do autor. Esta peculiaridade tem a ver, basicamente, com um simples sinal diacrítico: o ponto de interrogação ao final do título, geralmente ignorado pelos críticos das teses de Fukuyama, e provavelmente também por aqueles que apóiam, em grande medida, o sentido dos seus argumentos. Ou seja, Fukuyama não fazia uma afirmação peremptória, mas levantava uma hipótese, a do final presumido da história, numa análise de corte essencialmente conceitual, ainda que fortemente embasada nos fatos históricos, e nunca pretendeu formular uma sentença de caráter terminativo, indicando um “congelamento” das formas possíveis de organização social, econômica e política. O interrogante básico de seu argumento tem a ver com a possibilidade de alternativas credíveis às democracias liberais de mercado, ponto.
O ponto de interrogação, por si só, tem o poder de desmantelar boa parte das críticas superficiais, embora ele não elimine uma discussão responsável sobre a essência de sua tese, que caberia discutir, após o resumo inicial de seus argumentos. A tese – vale a pena resumir desde o início – tem a ver com o caráter incontornável da democracia de mercado como sendo uma espécie de ‘horizonte insuperável de nossa época’, como poderia argumentar – mas a propósito do marxismo – Jean Paul Sartre, um dos estudantes, junto com Raymond Aron, da tese original de Hegel, através de Alexandre Kojève.

2. O que Fukuyama de fato escreveu?
(...)

Governo: se vc ainda nao decorou a lista dos ministros, aqui vai um ajutorio...

Sei que é difícil lembrar, já não digo os nomes próprios, mas a própria lista de ministérios, secretarias e outros órgãos dependentes do chefe de Estado.
Se você ainda não decorou, não digo que o faça, mas pelo menos tem aqui uma referência:

NOVOS MINISTROS escolhidos pela PR:

  • valdir simão, controladoria-geral
  • nilma gomes, igualdade racial
  • jacques wagner, defesa
  • eliseu padilha, aviação civil
  • edinho araújo, portos
  • helder barbalho, pesca
  • kátia abreu, agricultura
  • gilberto kassab, cidades
  • cid gomes, educação
  • eduardo braga, minas e energia
  • joaquim levy, fazenda
  • nelson barbosa, planejamento
  • alexandre tombini, banco central
  • antonio c. rodrigues, transportes
  • carlos gabas, previdência
  • patrus ananias, desenv. agrário
  • gilberto occhi, integ. nacional
  • miguel rossetto, secretaria-geral
  • armando monteiro, indústria
  • george hilton, esporte
  • ricardo berzoini, comunicações
  • pepe vargas, rel. institucionais
  • aldo rebelo, ciência e tecnologia
  • vinicius lages, turismo
  • juca ferreira, cultura
  • josé eduardo cardozo, justiça
  • ideli salvatti, direitos humanos
  • mauro vieira, relações exteriores
  • josé elito, segurança institucional
  • aloizio mercadante, casa civil
  • afif domingos, microempresa
  • arthur chioro, saúde
  • eleonora menicucci, mulheres
  • izabella teixeira, meio ambiente
  • tereza campello, desenv. social
  • luis inácio adams, agu
  • thomas traumann, comunicação
  • manoel dias, trabalho
  • marcelo néri, assuntos estratégicos
Não foi por falta de ajuda...
Paulo Roberto de Almeida 
PS.: Grato ao meu amigo Luiz Gonzaga Coelho Jr. pela produção deste ajutório

Triste fim de Policarpo Mercosul - Editorial Estadao

 O apoio do Mercosul a Maduro

 Editorial O Estado de S. Paulo, 26/12/2014

 

Multiplicam-se as denúncias de violações de direitos humanos na Venezuela. Diversas entidades vêm relatando nos últimos tempos vários casos de perseguição a dissidentes, de uso de tortura, de constrangimentos à imprensa independente e de submissão da Justiça ao governo. Diante desse cenário de ruína acelerada da democracia naquele país, a União Europeia e os Estados Unidos tomaram providências para deixar clara sua insatisfação e pressionar o autocrata Nicolás Maduro a respeitar os direitos dos venezuelanos.

Enquanto isso, Maduro foi recebido como estadista na última reunião do Mercosul, cujos associados não fizeram nenhuma menção à deterioração da democracia na Venezuela - ao contrário, condenaram os críticos do regime chavista, acusando-os de ingerência. Atitudes como essa só servem para aumentar a certeza de que o Mercosul está descolado da realidade e, pior, que aceitou o papel de cúmplice de um regime que se notabiliza cada vez mais pelos excessos.

Foi graças a essa truculência que o Parlamento Europeu aprovou, na semana passada, uma resolução em que condena em duros termos o governo de Maduro. Depois de relacionar as diversas vezes em que a entidade se manifestou a respeito das graves violações de direitos humanos na Venezuela desde 2007, o documento diz que o governo fez uso de "força desproporcional" para conter os opositores que foram às ruas protestar ao longo de 2014. Afirma também que os responsáveis pela violência desenfreada não foram punidos e que "a perseguição da oposição democrática por parte das forças de segurança ainda continua".

Em seguida, o texto relata os diversos casos de opositores presos sem o devido processo legal e que foram vítimas de tortura sistemática. Lembra que uma comissão da ONU que recentemente analisou os casos de tortura na Venezuela denunciou "a impunidade vigente e os maus-tratos a prisioneiros políticos, o uso excessivo da força, a aquiescência e a cumplicidade com as ações de grupos armados pró-governo, as detenções arbitrárias e a ausência das garantias processuais fundamentais".

Diante disso tudo, o Parlamento Europeu "condena veementemente a repressão à oposição democrática", diz que "o diálogo construtivo é impossível enquanto líderes da oposição continuarem arbitrariamente detidos" e incita o governo da Venezuela a "respeitar a sua própria Constituição e as obrigações internacionais" em relação às instituições democráticas.

Já nos Estados Unidos, o Congresso aprovou e o presidente Barack Obama sancionou um projeto que impõe sanções econômicas a todos os funcionários do governo venezuelano, ou pessoas que atuem em seu nome, que tenham cometido ou permitido violações de direitos humanos contra opositores. A punição é o bloqueio de bens e a revogação de vistos. O projeto americano ressalta ainda a necessidade de trabalhar em conjunto com a União Europeia para obrigar o governo de Maduro a dialogar com a oposição.

Essa forma de pressão é uma maneira de enfrentar a truculência de Maduro e de tentar salvar a Venezuela do colapso econômico e social. No entanto, os companheiros do Mercosul parecem não pensar assim e decidiram dar apoio explícito ao regime autoritário chavista, que causa sofrimentos cada vez maiores aos venezuelanos.

No comunicado da última reunião do Mercosul, os países-membros manifestaram seu "profundo rechaço" à imposição de sanções por parte dos Estados Unidos. "Medidas unilaterais dessa natureza ameaçam o princípio de não intervenção nos assuntos internos de outros Estados e em nada contribuem para a estabilidade e a tranquilidade social na região", diz o texto final.

No mesmo documento, a entidade dá parabéns à Venezuela por sua eleição para o Conselho de Segurança da ONU - considerando que esse mesmo país, cujo governo chama a atenção do mundo civilizado por sua truculência, será capaz de "defender os interesses do Mercosul" naquele órgão.

Balanço geral ao final de 2014: algumas estatísticas - Paulo Roberto de Almeida


Balanço geral ao final de 2014: algumas estatísticas:
Contabilidade elementar de um ano produtivo

Paulo Roberto de Almeida


Todo final de ano, assim como os começos de um novo ano, na verdade as grandes etapas cronológicas e de calendário civil que balizam as nossas vidas, servem invariavelmente para fazer algum balanço quantitativo, se possível qualitativo também, do período encerrado, com alguma contabilidade rudimentar e alguma avaliação do que foi feito. Os mais precavidos, ou organizados – o que não é exatamente o caso deste que aqui escreve – também aproveitam para fazer para algum planejamento para o período mais à frente, que pode ser um ano mais, ou vários, até uma década inteira, dependendo dos horizontes que podem ser descortinados para cada um, em função de seus objetivos de vida, de suas prioridades, ou até de seus compromissos já assumidos, ou de simples necessidades corriqueiras.
Não é diferente comigo, a despeito do fato que tenho feito, regularmente, um simples registro contábil dos trabalhos produzidos, bem como daqueles publicados, duas listas separadas, e regularmente revistas e corrigidas, que mantenho desde o dia, aí no começo dos anos 1980, em que percebi que eu estava me perdendo na pletora de cópias em papel (alguns até no velho carbono, ou em xerox descoloridas) que mantinha de meus antigos trabalhos (os que se salvaram das muitas mudanças de residência desde a juventude), e da dispersão de vários outros, em formatos diversos, nos lugares mais impossíveis. Comecei então a organizar esses trabalhos em ordem cronológica, desde o mais antigo recuperado (que não era, obviamente, o mais antigo produzido) até o mais recente salvo da desordem anterior; coloquei-os em pastas, que eram os antigos classificadores de escritório, com os dois tradicionais furos à esquerda, embora eles fossem de tamanhos diversos, papeis enegrecidos por máquinas de escrever manual, até o modelo mais recente de que dispunha então: uma IBM elétrica, de esferas, que comprei especificamente para redigir a tese de doutorado, junto com uma copiadora pessoal, ambos me custando, na Suíça, o equivalente de um carro usado, pelo menos.
Na verdade, comecei a fazer o registro, e a guarda dos papeis, depois de terminada a tese de doutorado, dois alentados volumes, em francês, sobre a revolução burguesa no Brasil – já em transição de uma explicação tipicamente marxista, ou “florestânica”, do processo, para uma interpretação mais eclética do fenômeno – e já de volta ao Brasil, depois de um primeiro período como diplomata no exterior, entre a Suíça e a Iugoslávia (com dezenas de viagens por toda a Europa, e uma reflexão profunda sobre regimes econômicos e sistemas políticos, justamente, numa fase de socialismo terminal). Ao dar início, ou ao retomar, uma carreira acadêmica antes iniciada mas interrompida por razões profissionais e familiares, decidi, portanto, colocar em ordem os papeis sobreviventes, e começar a anotar sistematicamente tudo o que eu escrevia (de definitivo, ou seja, trabalhos terminados) e tudo o que era publicado (até então pouca coisa, inclusive algumas com nom de plume, dado o regime militar). As duas listas foram continuadas invariavelmente em todas as circunstâncias, geralmente em bases anuais, embora no começo, e retrospectivamente, juntando vários anos, o que tem sido feito com algum cuidado nos últimos 30 anos.
Todas essas listas encontram-se à disposição dos poucos curiosos em meu site, onde existem, justamente, duas seções em destaque, uma dedicada aos originais, outra aos publicados. Nem todas as listas foram atualizadas – pois ocorreram correções ulteriores – mas elas registram com absoluta fidelidade e transparência o que tenho produzido como esforço intelectual, para fins profissionais (dispensando os expedientes oficiais, obviamente), para finalidades acadêmicas, ou de simples divertimento pessoal. Ao longo do período, melhorias tecnológicas foram sendo introduzidas, a mais relevante sendo a passagem da máquina de escrever, condenada ao produto único, ao computador, esse monstro obediente que veio incrementar a produtividade e até algumas más práticas, como pode ser o recurso exagerado ao Lavoisier (para quem não sabe, trata-se daquele sábio francês do Iluminismo e da Revolução, que disse uma vez algo do tipo “na vida, nada se perde, nada se ganha, tudo se transforma”).
O computador entrou na minha vida no ano tardio de 1987 –  os chamados PCs já existiam desde o início da década, mas na época eles eram absurdamente caros, e no Brasil o dobro, sempre o dobro, talvez até o triplo, como vocês podem imaginar – e só quando eu já tinha um salário razoável no exterior, e ainda assim foi caro. Lembro-me até hoje do meu primeiro, e único, MacIntosh Plus, sem disco rígido, tudo cabendo num pequeno floppy disk de 720kb: sistema operacional, programa de redação, e todos os arquivos. Muita coisa não cabia, obviamente, assim que a minha segunda aquisição da era da informática foi um disco rígido externa, na época fabricado na Irlanda, e não no México, o que chamou a minha atenção para esse pequeno país europeu que ainda era um dos mais pobres da então Comunidade Econômica Europeia. Logo passei a um Mac SE, com disco rígido interno (mas ainda limitado) e os mesmos floppy disks de arquivo e transferência de dados. A internet ainda não tinha vigência, ou pelo menos não existia comercialmente, o que veio a ocorrer no início dos anos 1990, quando me associei à Compuserve, um dos primeiros serviços nessa área, mas ainda dependentes de lentíssimos modens utilizando a linha telefônica discada. Que atraso magnífico, que progressos fantásticos!
A opção pelo sistema da Apple, excludente e exclusivamente proprietário, sempre teve um custo adicional, em relação aos horríveis PCs, da linha MS-DOS, então disponíveis amplamente, a um custo mais baixo; esse custo se traduzia não apenas pelo preço superior de comercialização dos Macs, mas também pela quase ausência de comunicação direta com o mundo dos PCs, então como agora dominantes no mundo profissional. A decisão da Apple de nunca licenciar sua tecnologia para terceiros fabricantes impunha esse custo adicional à sua clientela fiel, que se dispunha a pagar em torno de um terço a mais para dispor de uma tecnologia superior. No universo pré-Windows – que sempre foi uma cópia mal feita do Mac-OS, um Rwuindows, como dizíamos – éramos obrigados a ter filtros especiais para transpor determinados arquivos preparados no Mac para a plataforma MS-DOS, bem mais atrasada e limitada.
Depois, a grande briga entre Apple e Microsoft amainou – os processos recíprocos por infração à propriedade intelectual descontinuados – e o diálogo se estabeleceu perfeitamente, sem que exista, atualmente, qualquer dificuldade de transposição de arquivos, muito embora os programas e as plataformas ainda continuem incompatíveis em grande medida (com exceção, atualmente, das ferramentas via web, que usam praticamente a mesma linguagem). E por que digo tudo isso? Porque, no início de minha “vida informática” eu era a trabalhar em ambiente hostil, no trabalho e especialmente no Brasil, onde os Macs eram raríssimos, obrigados os usuários a se manter em contato quase que numa verdadeira confraria de iniciados.
Mas eu me desvio do tema principal deste texto, que é apenas dedicado ao balanço deste ano que se encerra, não a uma história completa de minha proliferação produtiva, reconhecidamente exagerada, sob diversos critérios. Pois bem, o que podemos sumarizar a partir das estatísticas disponíveis? Vamos dividir este balanço segundo as grandes seções correntemente usadas nos registros: originais, publicados e trabalhos variados em plataformas específicas (como podem ser meus blogs e os de terceiros). Comecei o ano de 2014 pelo trabalho de número 2.551, terminando por este de n. 2.740, o que perfaz, portanto, 189 trabalhos completos (e eu só dou um número quando o trabalho é considerado finalizado, deixando os incompletos em diversas pastas de working files). Alguns desses 189 trabalhos representam mera assemblagem de textos anteriores, o que significaria diminuir ligeiramente o volume total, mas também seria válido considerar algumas dezenas de outros que ficaram incompletos no decurso do ano, a despeito de acumularem um número indefinido de páginas produzidas.
Considerando, portanto, esses 189 trabalhos, eles totalizaram 2.641 páginas, com alguma repetição no ano, como afirmado acima, como resultado da recuperação de trabalhos de anos anteriores, e por incorporação de artigos já escritos anteriormente em um volume maior (é o caso dos livros), mas que de toda forma implicaram em revisão de cada um deles, página por página, linha por linha, e a introdução de correções e novos acréscimos e modificações em diversas partes. Tal volume representa a redação, ou trabalho equivalente, de 220 páginas por mês, ou cerca de 7,3 páginas por dia, o que representa esforço considerável, para todos os efeitos. Mesmo se descontarmos todas as “repetições” (ou recuperações), ainda assim teríamos aproximadamente cinco páginas diárias de redação, o que também representa algum esforço de pesquisa e de reflexão.
Em termos de dimensão dos trabalhos produzidos existe grande disparidade entre eles, já que a média aparente representaria quase 14 páginas por trabalho. Mas aqui seria preciso novamente considerar que a maior parte dos trabalhos permanece na casa de um único dígito, mas os livros distorcem o número de páginas para cima. De fato, se formos computar apenas o total de páginas dos livros produzidos, do qual já descontei pelo menos a metade considerando a “recuperação” com breve revisão, o número pode representar algo em torno de 1.600 páginas, não integradas de forma completa naquela contagem acima. Desses livros, apenas um se destinou a editora comercial, sendo quatro outros elaborados em formato digital e disponibilizados via Kindle ou na plataforma Academia.edu, livremente, portanto. Haveria também de considerar os capítulos de livros escritos, em total de três, tendo sido apenas um publicado no ano (em inglês e em edição Kindle), outros dois reservados para 2015.
Não estou computando todos os pareceres que ofereci a revistas da minha área, alguns deles representando certo volume de observações tópicas e considerações gerais que poderiam facilmente agregar mais duas dezenas de páginas. Tampouco computo aqui as dezenas, provavelmente centenas de comentários iniciais a postagens de materiais diversos no meu blog Diplomatizzando, o considero impossível de ser agora estimado quanto ao equivalente em número de páginas, dado o efêmero da produção. Alguns desses comentários iniciais acabaram representando certo esforço analítico e, talvez, originalidade, e acabaram sendo recuperados ex-post para a série “oficial”, mas os que entram nesse caso foram muito poucos, menos de uma dezena, dentre as centenas, milhares de postagens com alguma “introdução” de minha parte. Apenas para se ter uma ideia desse volume de comentários iniciais, registre-se que o blog conheceu em 2014 mais de 3.125 postagens (digo “mais de” porque o ano ainda não terminou e é bem provável que eu continue postando até o calendário virar automaticamente).
Quanto à contabilidade de trabalhos publicados, ela é mais simples já que necessariamente menos numerosa. Se meus registros não falham – eles falham, por vezes, já que alguns trabalhos são publicados à minha “revelia”, sem que eu saiba exatamente quando; daí a existência de alguns números-bis na lista de publicados – eu comecei o ano com o trabalho n. 1.119 e termino com o de n. 1.158, sendo, portanto, de 39 o número total de trabalhos públicos, dos quais um livro por editora comercial, um dotado de ISBN no Kindle (em inglês, em conjunto com meu amigo brasilianista Ted Goertzel), e mais quatro outros no Kindle, apenas coletando trabalhos anteriores, que andavam dispersos ou já não estavam disponíveis. A maior parte dos publicados o foi em revistas, impressas ou digitais, dos quais vários com pareceres incógnitos. Uma consulta à lista de publicados (que estou atualizando, mas é possível que eu só receba no decorrer de 2015 alguns periódicos que são datados de 2014) revela a diversidade de veículos e a gama de assuntos abordados, o que corresponde ao que efetivamente leio, anoto e acaba servindo como reflexão e matéria prima para novos trabalhos.
Quanto ao blog Diplomatizzando, especificamente, que não foi feito para registrar ou divulgar produção – senão episodicamente – ele se situa, como já dito diversas vezes, no quadro de diversos outros blogs anteriores, criados e interrompidos por clara incompetência deste blogueiro inepto. Em todo caso, ele é uma ferramenta a mais de disseminação de materiais interessantes que acabam cruzando meu itinerário de leituras cotidianos – um vasto mundo, feito de todos os tipos de informações diárias, boletins especializados, estudos de instituições, e muito do recebo em minha caixa postal, que são processadas, geralmente comentadas, ou “introduzidas”, e postadas nesse espaço que acaba sendo uma espécie de arquivo ou repositório de material útil, para referência em caso de necessidade (esperando que as ferramentas de indexação não falhem na hora de alguma busca). Meu acesso às estatísticas do blog – assim como às do site pessoal – é muito errático e precário: de vez em quando me lembro de consultar os dados disponíveis, não tanto para me vangloriar quanto aos números, e mais para ver o que andam buscando como informação e trabalhos meus, para algum trabalho na base do “copy and paste” (tampouco me dou o trabalho de verificar o que andam copiando por aí, o que seria de toda forma inútil). Em todo caso, talvez pudesse referir alguns números, mas não tenho nenhuma base comparativa para aferir sua validade, nem pessoal, própria, como o que eu “tinha” anteriormente, nem com outros blogs.
O que eu me lembro, uma vez que ofereci um dos meus livros gratuitamente, é que em janeiro de 2012, eu tinha alcançado 500 “seguidores”, mas não me perguntem o que isso significa, ou se todos eles acessam ou recebem minhas postagens a cada vez: simplesmente não sei e não me importo muito com isso. Atualmente, ou seja, quase dois anos depois, o número de seguidores registrado numa das janelas do blog é de 797, ou seja, quase 60% a mais (tampouco sei se existe alguma sobreposição com o Google+).
No momento em que escrevo, o total de visualizações de página no blog Diplomatizzando é de 3.168.368, mas tampouco sei distinguir entre os acessos e visitas legítimas – ou seja, de pessoas direcionadas exatamente ao que buscavam – e aquelas “intrusões” dos instrumentos de busca ou até dos serviços de informações de potências poderosas, para ser redundante, buscando sabe-se lá o que neste modesto veículo. Exatamente um ano atrás, em 30/12/2013, o número de visualizações totais marcava exatamente 1.948.037 (o blog existe com este título desde junho de 2006).
Existem lições, ou pelo menos alguma lição, a tirar deste pequeno relatório sobre a produção anual? Certamente, não sei se para os leitores, mas obviamente para mim: a de que eu devo deixar de me dispersar em dezenas de pequenos trabalhos sem maior profundidade – e sobretudo com os divertissements do blog e do Facebook, quando muito besteirol vem junto com uma ou outra coisa válida – e concentrar-me nas pesquisas mais sérias que devem integrar meu segundo volume sobre a história da diplomacia econômica no Brasil, desta vez cobrindo o período 1889-1944 (terminando, portanto, em Bretton Woods, por razões mais do que evidentes). Este é o programa para 2015, e vou ter de demonstrar disciplina e foco no alvo central para tentar terminar aquilo que já deveria ter feito há pelo menos oito ou dez anos.
Com isto encerro esta avaliação, e desejo a todos um ano tão produtivo quanto eu espero manter igualmente. Meus bons votos para o ano que começa em poucas horas.

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 2740, 30 dezembro 2014

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...