quarta-feira, 27 de julho de 2016

Celso Amorim rebaixa uma politica externa que se diferencia da diplomacia lulopetista - Outras Palavras

Transcrevendo, apenas, sem comentários, no momento, mas posso adiantar que não estou de acordo com a maior parte, senão a quase totalidade do que vai transcrito abaixo.
Apenas uma amostra da entrevista:
"Chanceler nos dois governos Lula, Amorim protagonizou, junto com o então presidente, uma espécie de exceção transformadora. Em sua área, houve de fato uma virada estrutural. O Brasil abandonou a posição da subalternidade às potências hegemônicas – estabelecida desde a Colônia – e ensaiou no mundo sua condição diversa, mulata e, em certo sentido, moleque contra os poderes estabelecidos. A primeira vítima foi a ALCA...".
O vídeo pode ser visto no link abaixo.
Paulo Roberto de Almeida

Outro Brasil: hora de um novo projeto de país
Outras Palavras e Canal Mova lançam entrevistas em vídeo para enfrentar a grande enrascada brasileira formulando alternativas. 
Celso Amorim abre a série: “não estamos condenados à pequenez!
Por Antonio Martins

Dois meses após o golpe parlamentar que levou ao poder um projeto várias vezes rejeitado pelas urnas, o cenário é de devastação. Por não ter pretensões eleitorais futuras, o governo Temer avança sobre direitos sociais e conquistas históricas sem pudores ou vacilações. Sente-se confortável pra mirar tanto objetivos imediatos (como o congelamento dos gastos sociais) quanto para promover retrocessos estratégicos (entrega do pré-sal, privatizações irrestritas, ataque aos direitos previdenciários e às garantias conquistadas pelos trabalhadores há décadas). Conta com confortável maioria parlamentar. Bloqueia o debate público de seus atos graças à blindagem de uma mídia que, agora, julga razoável tais medidas serem comandadas por um ministério repleto de denunciados pela Lava Jato. Desnorteada, a esquerda institucional ajuda a eleger, para a presidência da Câmara, um deputado claramente comprometido com o programa das contra-reformas. Como recuamos tanto, tão rapidamente? Como sair desta enrascada?

Em parceria com a produtora de vídeos Mova Filmes, Outras Palavras lança esta semana uma iniciativa que busca ajudar a encontrar respostas. Uma série de entrevistas, com pensadores e ativistas que se destacam pela profundidade e pelo compromisso com as lutas sociais, serão convidados a refletir sobre outro projeto para o país. A sequência é aberta por Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores. Ao comentar o abandono da postura internacional ativa e o retrocesso à velha posição subalterna, comandados por José Serra, Amorim reage e dispara: “Não estamos condenados à pequenez”.

Reconstruir um novo projeto nacional é indispensável por ao menos duas grandes razões. A primeira prende-se aos erros do passado recente. Aos poucos, fica claro: entre 2003 e 2016, o Brasil viveu um período de mudanças sociais importantes – porém, frágeis e superficiais. As estruturas que asseguraram cinco séculos de dominação jamais foram arranhadas. Preservou-se o sistema político oligárquico, o poder da aristocracia financeira, as isenções e privilégios tributários dos mais ricos, a concentração da propriedade da terra, o oligopólio que controla as comunicações de massa. Acreditou-se ingenuamente que poderiam seguir a orientação dos novos governos. Quando os verdadeiros donos do poder enxergaram uma conjuntura favorável, foi-lhes muito fácil livrar-se dos intrusos no Planalto e ministérios.
Mas se as reformas estruturais foram por tanto tempo adiadas, é porque se acreditou que não era necessário pensar um outro país. Bastava lutar para que, mantidas as mesmas dinâmicas, uma parcela maior da riqueza nacional fosse apropriada pelos desfavorecidos. Não se tratava de questionar a submissão das cidades ao automóvel – mas de estender a todos a chance de comprar um carro novo. Não era o caso de questionar o controle da terra pelo agronegócio (e todas as suas consequências devastadoras), mas de garantir que ninguém passasse fome, e que a proteína animal comparecesse mais vezes no prato de cada brasileiro.
A segunda razão crucial para Outro Brasil é a potência incompleta das novas lutas sociais – que têm como marco o Junho de 2013. Ecos das Jornadas continuam a ressoar. Reverberam hoje nas ocupações urbanas (dos sem-teto, dos secundaristas, dos produtores culturais). Ressurgem nos que teimam em acompanhar e solidarizar-se à luta indígena. Refermentam-se nos coletivos de jovens dispostos a articular trabalho profissional com ações pelo Direito à Cidade. Reaparecerão, em breve – agora com cheiro de multidão — nas campanhas dos trabalhadores para defender os direitos previdenciários e laborais, que o governo ilegítimo tentará atropelar com ímpeto, caso o golpe seja consumado.
Mas não parece claro, igualmente, que estas lutas precisam tramar um horizonte coletivo? Que país novo construiremos, se nos limitarmos a atitudes de defesa? Uma escola sem as velhas relações hierárquicas; um plano de preservação da Amazônia preservando a natureza e as culturas dos povos originários; uma nova inserção do Brasil na divisão internacional do trabalho e da produção; uma modelo agrícola que nos livre dos agrotóxicos e transgênicos; cidades onde Centro e Periferia não sejam reencarnações de Casa Grande e Senzala – nada disso sera possível sem a dura tarefa de voltar a formular um projeto de pais. De enxergar tanto as forças sociais reprimidas que ele poderá liberar quanto as resistências que enfrentará; os caminhos para vencê-las; as possíveis brechas no cenário mundial e brasileiro.
* * *
Por diversos motivos, uma entrevista com o ex-chanceler Celso Amorim abre Outro Brasil. A vocação internacional de Outras Palavras é evidente. Acreditamos que não e possível enxergar os problemas estratégicos do Brasil sem situá-los – para o bem e para o mal – na dinâmica do capitalismo globalizante. Breves exemplos: dois dos setores que mais devastaram o pais, e que mais elegeram parlamentares favoráveis ao impeachment – agronegócio e mineração – agigantaram-se devido a um cenário internacional que inflacionou os preços dos produtos primários e deu força politica inédita a seus “lideres”. Em contrapartida, movimentos sociais e culturais de todo o planeta inspiraram-se, no inicio do século, na luta pós-industrial do MST, na resistência à ALCA tramada durante os Fóruns Sociais Mundiais, ou nas inovações de Gilberto Gil à frente do ministério da Cultura.
Outro fato determinou nossa opção por Amorim. Chanceler nos dois governos Lula, ele protagonizou, junto com o então presidente, uma espécie de exceção transformadora. Em sua área, houve de fato uma virada estrutural. O Brasil abandonou a posição da subalternidade às potências hegemônicas – estabelecida desde a Colônia – e ensaiou no mundo sua condição diversa, mulata e, em certo sentido, moleque contra os poderes estabelecidos.
A primeira vítima foi a ALCA – área de “livre” comércio sob a qual os EUA pretendiam submeter o continente. Foi uma satisfação acompanhar, na metade da década passada, os lances em que Amorim desarmou as armadilhas pouco a pouco. Trabalhou com mão sutil de quem evita o confronto direto com o inimigo mais poderoso – mas esgota as forças deste submetendo-o ao peso de suas próprias contradições.
O chanceler não se limitou, no entanto, à defesa eficiente. Num mundo marcado pelos riscos de consolidação da ordem imperial, participa ativamente da construção de saídas. Esteve presente em cada um dos atos que constituíra o BRICS – antecipado pelo Ibas. Ajudou a cimentar a Unasul, uma articulação sul-americana que nega, enquanto existir de forma autônoma, a condição de quintal de Washington a que a região estava resignada. Ousou o inédito: por exemplo, a reunião inédita em 2010, em Brasília, entre América do Sul e Mundo Árabe, que contrariava tanto geopolítica quanto geografia tradicionais.
Celso Amorim aborda todos estes temas, na entrevista que fizemos em seu apartamento à beira do mar de Copacabana, no final de maio. Em quase duas horas, ficam claros tanto a criatividade de suas iniciativas quanto a pequenez do retrocesso ensaiado agora por José Serra. A conversa não é um elogio dos governos de que o chanceler participou. Amorim reconhece, por exemplo, que os esforços para tornar a América do Sul mais independente, do ponto de vista geopolítico, foram confrontados pelo retrocesso dos países da região à condição de exportadores de produtos primários.
Ainda assim, sua diplomacia altiva e ativa produziu enormes resultados. Segue como um dos sinais de Outro Brasil – possível e, em muitos sentidos, indispensável.
Conseguiremos construí-lo juntos? É a grande pergunta a ser respondida nas próximas décadas. A resposta só poderá ser construída coletivamente. Outro Brasil expressa, desde já, nosso esforço, nosso desejo e nossa aposta.


OUTRAS PALAVRAS, AGORA EM VÍDEO
Acompanhe nossos experimentos: análises e informações que você não encontra na velha mídia
Assine nosso canal do YouTube e receba todas as atualizações


V Congresso Latino-americano de historia economica: resumo do evento (FEA-USP)

FEA recebe Congresso Latinoamericano de História Econômica

Público do Congresso
Veja as fotos do evento
Espaço acadêmico para debater as recentes pesquisas de histórica econômica da América Latina, assim como abordar as perspectivas globais e comparativas com outras regiões, o Congresso Latinoamericano de História Econômica (CLADHE) realizou sua 5˚ edição entre os dias 18 e 21 de julho, na FEAUSP. Organizado pelo prof. Alexandre Machionne Saes, com apoio do Departamento de Economia FEA-USP e da Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE), nessa edição, o CLADHE contou com a participação de nomes importantes, como os pesquisadores Victor Bulmer-Thomas, da University College London e Gareth Austin, da Cambridge University. “A análise da história econômica é um instrumento poderoso para explicar tendências do presente, como polarizações políticas, culturais e religiosas, e pode influir diretamente para solucionar problemas da nossa sociedade”, explicou o professor Saes durante o evento de abertura do Congresso.
Criado em 2007, o CLADHE continua sendo um ponto de encontro importante para pesquisadores latinoamericanos, ao apoiar a criação de agendas de pesquisas comuns e incentivar a formação de novos pesquisadores, garantindo assim a vitalidade da área, além de contemplar os diferentes estudos feitos por pesquisadores da região. Segundo o professor Saes, apesar do grande número de participantes do Congresso, ainda existem muitos desafios que os historiadores econômicos devem enfrentar: “temos um desafio institucional, de justificarmos recorrentemente aos nossos pares a relevância do ensino da história como disciplina, tanto para as faculdades de economia como de história. É importante garantir que a formação dos historiadores e economistas contemplem essas perspectivas de compreensão e análise da realidade, derivadas de estudos que permitam formações mais amplas e plurais”, explicou. Marta Teresa Arreche, pró-reitora adjunta da Pesquisa da Universidade de São Paulo, acrescentou: “as questões de longo prazo têm ganhado relevância nos últimos anos. São temas difíceis de serem tratados, que exigem um esforço de pesquisa que não é trivial pelos nossos colegas”.

Imperialismo na América Latina
Um dos destaques da programação foi a conferência do pesquisador britânico Victor Bulmer-Thomas sobre o tema “História Econômica e Imperialismo na América Latina: quais são as conexões?”. Partindo do ponto de vista das relações internacionais entre os países e analisando os efeitos do imperialismo, Bulmer-Thomas procurou responder a difícil questão de por que os Estados Unidos, que em 1700 tinham um PIB comparável ao do resto da América Latina, em três séculos se tornou a maior potência mundial.
“Quando começou a guerra da independência dos EUA, o PIB da América Latina caiu para um terço, em comparação ao dos Estados Unidos e, durante o século XIX, o PIB latinoamericano continuou sua caída; essa época foi o momento do auge dos Impérios Europeus”, disse o pesquisador, analisando o histórico colonial desses países para procurar responder qual foi o impacto do imperialismo nas economias das Américas. Em 1700, o sistema comercial dominante era o mercantilismo. Nesse sistema, as colônias eram obrigadas a realizar comércio apenas com suas metrópoles. Nesse sentido, desde aquela época, os Estados Unidos se beneficiaram em relação ao resto da América Latina, pois sua economia estava ligada à Inglaterra, que já era uma potência muito mais dinâmica que Portugal e Espanha. “As exportações em 1775 eram muito diferentes entre essas colônias. As exportações dos EUA, nessa época, eram duas vezes maiores. O impacto do imperialismo nesse caso foi muito diferente para a América Latina e para os Estados Unidos”, explicou.
A partir da independência dos Estados Unidos, as diferenças cresceram ainda mais. Para o pesquisador, o imperialismo foi muito bom para os Estados Unidos e ruim para a América Latina. Assim, o período entre 1780 e 1830, foi a época em que os EUA se converteram em um império e aumentaram seu tamanho significativamente. Durante esse mesmo período ocorreram as guerras de independência de grande parte dos países latinoamericanos, o que prejudicou o comércio exterior da região. Somado a isso, a rápida industrialização dos Estados Unidos e seu crescimento populacional, permitiram que sua economia se dinamizasse ainda mais, enquanto que a América Latina continuou dependente da exportação de commodities com pouco valor agregado e que sofriam com constantes flutuações de preço no mercado internacional. “A história imperialista não explica tudo, mas ajuda a entender a caída do PIB da América Latina em relação aos EUA. Tanto antes da independência como depois, os impérios europeus complicaram o desenvolvimento da economia latinoamericana”, concluiu.

Matéria: Isabelle dal Maso
Fotos: Ismael Belmiro do Rosário
Data do Conteúdo: 
terça-feira, 26 Julho, 2016

Departamento:

Pensamiento Diplomatico Brasileno: livro disponivel na Funag

FUNAG lança, na coleção História Diplomática, a versão em espanhol dos três volumes do "Pensamento Diplomático Brasileiro"

O “Pensamiento Diplomático Brasileño - Formuladores y Agentes de la Política Exterior (1750-1964)” trata das concepções fundadoras e dos protagonistas do pensamento diplomático desde Alexandre de Gusmão, passando pelo Império e República, até o início da década de 1960, cobrindo amplo período de modernização da diplomacia nacional. Vinte e seis autores, acadêmicos e diplomatas, analisaram a contribuição de alguns dos principais personagens da história diplomática do Brasil. A obra enriquece a literatura sobre relações internacionais e política externa brasileira e está disponível para download gratuito na Biblioteca Digital da Fundação.
Neste link: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=797

Meus dois capítulos são estes aqui: 

No volume 1: Pensamiento diplomático brasileño: Introducción metodológica a las ideas y acciones de algunos de sus representantes”; In: Pensamiento diplomático brasileño : formuladores y agentes de la política exterior (1750-1964) / José Vicente de Sá Pimentel (organizador) ; Paola Citraro (traducción). – Brasília: FUNAG, 2016; 3 v. – (História diplomática); Título original: Pensamento diplomático brasileiro: formuladores e agentes da política externa (1750-1964); ISBN: 978-85-7631-588-9; vol. I, 340 p., p. 19-42. Disponível no link: http://www.funag.gov.br/boletim-editorial/PDB-ES/livros/pdb_vol_1_es.pdf.

 No volume 3: “Oswaldo Aranha: en la continuidad del estadismo de Rio Branco”, com João Hermes Pereira de Araújo; In: Pensamiento diplomático brasileño : formuladores y agentes de la política exterior (1750-1964) / José Vicente de Sá Pimentel (organizador) ; Paola Citraro (traducción). – Brasília: FUNAG, 2016; 3 v. – (História diplomática); Título original: Pensamento diplomático brasileiro: formuladores e agentes da política externa (1750-1964); ISBN: 978-85-7631-588-9; vol. III, 496 p. sequenciais; p. 663-707. Disponível no link: http://www.funag.gov.br/boletim-editorial/PDB-ES/livros/pdb_vol_3_es.pdf.

Paulo Roberto de Almeida

Economia internacional: previsões do Banco Mundial para mercados de commodities

Desvalorização das commodities será menor que o previsto e petróleo terá alta, destaca Banco Mundial

Ricardo Bergamini  

26/07/2016

 

Preço do barril de petróleo deve aumentar dois dólares, pressionado por interrupções na oferta associadas a problemas domésticos no Canadá e na Nigéria. Queda dos valores de produtos básicos da mineração, energia e agricultura será menos acentuada do que estimativas indicavam há três meses.

Demanda por petróleo no mercado internacional aumento no segundo trimestre de 2016, segundo levantamento do Banco Mundial.

Em atualização sobre a situação das commodities no mercado internacional, divulgada na terça-feira (26), o Banco Mundial aumentou suas previsões de 2016 para os preços do petróleo bruto e reduziu a perspectiva de desvalorização de produtos básicos da mineração, energia e agricultura.

Pressionado por interrupções no suprimento e por uma forte demanda no segundo trimestre, o valor do petróleo deverá subir para 43 dólares/barril — preço que representa um aumento de dois dólares em relação a estimativas anteriores.

O Banco Mundial destaca que os valores do petróleo aumentaram 37% no segundo trimestre desse ano devido a quedas no fornecimento — provocadas principalmente pelos incêndios no Canadá e por sabotagens de instalações na Nigéria.

“Prevemos preços do petróleo ligeiramente mais altos no segundo semestre de 2016 à medida que diminuir o excesso da oferta do mercado do petróleo,” afirmou o economista sênior e principal autor do documento Commodities Markets Outlook — onde foram publicadas as previsões revisadas do organismo financeiro internacional —, John Baffes.

O especialista alertou que “os inventários continuarão altos e levará certo tempo para baixarem”.

Desvalorização das commodities será menor que o previsto

Apesar da recuperação prevista para o petróleo e muitos outros produtos básicos no segundo semestre, a maioria dos índices desses produtos monitorados pelo Banco Mundial deverá diminuir neste ano. Os motivos incluem a oferta persistentemente elevada dessas cadeias.

No caso de produtos básicos industriais — que incluem energia, metais e matéria-prima agrícola —, as perspectivas de baixo crescimento nos mercados emergentes também estão entre as causas da desvalorização das commodities. Porém, a maior parte dessa redução deverá ser inferior a previsões mais pessimistas divulgadas em abril.

O preço da energia — que inclui o do petróleo, gás natural e carvão — deverá ter queda de 16,4% em 2016, uma redução mais gradual do que os 19,3% previstos há três meses.

Commodities como metais e minerais, produtos agrícolas e fertilizantes deverão registrar desvalorização de 3,7% em 2016. A contração é mais moderada do que a redução de 5,1% prevista anteriormente.

Preço da energia afeta valor de alimentos

Como a energia representa mais de 10% do custo da produção agrícola, a oscilação dos preços da energia tem sido um fator importante para o cálculo dos valores dos alimentos.

A análise do Banco Mundial lembra que os preços da energia caíram 45% em 2015 e, segundo o previsto, deverão cair novamente neste ano. Cerca de um terço da provável queda de 32% nos valores dos produtos básicos de cereais e soja de 2011 a 2016 foi provocado pelo declínio dos preços da energia.

“Tanto os países exportadores de energia, como os países exportadores de produtos agrícolas básicos precisam intensificar iniciativas de diversificação econômica para impulsionar a resiliência às flutuações de preços dos produtos básicos”, alertou o diretor do Grupo de Perspectivas do Banco Mundial, Ayhan Kose.

Previsões para 2017

A avaliação do Banco Mundial inclui ainda previsões para o próximo ano, quando o preço dos metais deverá registrar uma queda de 11%. A desvalorização estimada agora é mais acentuada do que os 8,2% calculados previamente.

Segundo a análise da agência da ONU, esse cenário é reflexo da fraca expectativa de demanda

Já os preços da agricultura deverão cair menos do que o projetado em abril, como resultado da redução das colheitas na América do Sul e da estabilização da demanda por biocombustíveis.


terça-feira, 26 de julho de 2016

Novo Diretor do IPRI: Instituto de Pesquisa de Relacoes Internacionais - Paulo Roberto de Almeida

Novo Diretor do IPRI: Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais
New IPRI Director: International Relations Research Institute
Nouvel Directeur de l’IPRI : Institut de Recherche de Relations Internationales
Director del IPRI: Instituto de Investigaciones de Relaciones Internacionales

Mensagem em quatro versões enviada a lista de endereços da Funag; telefone e email suprimidos:

Caros amigos, colegas de pesquisas em temas de relações internacionais,
Fui designado, recentemente, para o cargo de Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, braço assemelhado a um think tank criado em 1987 no âmbito da Fundação Alexandre de Gusmão, entidade vinculada ao Itamaraty, que está completando 45 anos de existência no próximo mês de outubro.
O IPRI tem por objetivos realizar pesquisas e divulgar estudos sobre temas de relações internacionais em geral, e de diplomacia brasileira em particular, assim como estimular o intercâmbio científico com entidades similares, sobretudo nos meios acadêmicos, brasileiros e internacionais. Veja a página: http://www.funag.gov.br/ipri/ (atualmente em construção em outras línguas).
Gostaria de explorar as possibilidades de cooperação, por meio de programas estruturados ou mesmo atividades tópicas, em todas as áreas onde existam interfaces comuns de interesse intelectual ou prático. Apreciaria receber sugestões de possíveis empreendimentos conjuntos ou indicações para a minha agenda de trabalho em 2017 nas coordenadas abaixo:

          Paulo Roberto de Almeida (diplomata, professor)
          Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais
          Ministério das Relações Exteriores, Anexo II, térreo
          Brasília, DF – 70170-900 Brasil
          www.funag.gov.br/ipri

Dear friends, research colleagues in international relations,
I have been recently nominated to chair, as Director, the International Relations Research Institute (IPRI), a think tank-like entity created in 1987 within the framework of Alexandre de Gusmão Foundation, linked to Itamaraty, the Brazilian Ministry of Foreign Relations, soon to be commemorating its first 45 years of existence next October.
Among the various objectives of IPRI are the tasks of undertaking research and publications related to international relations in general, and of Brazilian diplomacy in especial, as well as to stimulate scientific exchanges with similar entities, both in Brazil and abroad. See our page: http://www.funag.gov.br/ipri/ (currently being translated to other languages).
I would like to explore with you possibilities for cooperation, through structured programs or even topical activities, in all areas where we can found common grounds and interfaces of an intellectual or practical interest. Suggestions for possible joint undertakings or simple indications to compose my work agenda for 2017 are welcome in the following coordinates:

          Paulo Roberto de Almeida (diplomat, professor)
          Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais
          Ministry of Foreign Affairs, Annex II
          Brasília, DF – 70170-900 Brazil
          www.funag.gov.br/ipri


Chers amis, collègues de recherche en relations internationales,
J’ai été récemment désigné en tant que Directeur de l’Institut de Recherche de Relations Internationales, une sorte de think tank crée en 1987 au sein de la Fondation Alexandre de Gusmão, entité associée à l’Itamaraty, le Ministère brésilien des Affaires Étrangères, et qui complète 45 ans d’existence ce prochain mois d’Octobre.
IPRI a comme objectifs accomplir des recherches et publier des études sur des sujets relations internationales en général, et de diplomatie brésilienne en particulier, tout comme stimuler des échanges scientifiques avec des entités similaires, surtout dans les milieux académiques, brésiliens et étrangers. Voyez notre page: http://www.funag.gov.br/ipri/ (actuellement en confection dans d’autres langues).
J’aimerais explorer les possibilités de coopération, au moyen de programmes structurés ou même dans des activités spécifiques, dans tous les domaines où des interfaces communes d’un intérêt intellectuel ou pratique existent. Je souhaite recevoir des suggestions sur des possibles initiatives conjointes ou des indications pour composer mon agenda de travail en 2017 dans les coordonnées suivantes :

          Paulo Roberto de Almeida (diplomate, professeur)
          Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais
          Ministère des Affaires Étrangères, Annex II
          Brasilia, DF – 70170-900 – Brésil
          www.funag.gov.br/ipri


Caros amigos, colegas de investigaciones en temas de relaciones internacionales,
He sido recién designado al puesto de Director del Instituto de Investigaciones de Relaciones Internacionales, un think tank creado en 1987 como órgano de la Fundación Alexandre de Gusmão, entidad vinculada al Itamaraty, Ministerio brasileño de las Relaciones Exteriores, y que completa sus primeros 45 anos de existencia en el próximo mes de Octubre.
O IPRI tiene como objetivos realizar investigaciones y publicar estudios sobre temas de relaciones internacionales en general, y de diplomacia brasilera en particular, así como estimular el intercambio científico con entidades similares, sobretodo en los medios académicos, brasileros e internacionales. Vea nuestra página: http://www.funag.gov.br/ipri/ (actualmente construyéndola en otras lenguas).
Me gustaría explorar las posibilidades de cooperación, por medio de programas estructurados o mismo actividades tópicas, em todas las áreas donde existan interfaces comunes de interés intelectual o práctico. Mi deseo seria recibir sugerencias de posibles iniciativas conjuntas o indicaciones para a minha agenda de trabajo para 2017 en las coordinadas abajo:

          Paulo Roberto de Almeida (diplomático, profesor)
          Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais
          Ministerio de las Relaciones Exteriores, Anexo II
          Brasilia, DF 70170-900 - Brasil
          www.funag.gov.br/ipri

Defesa Nacional: componente da industria e do crescimento nacional - Rubens Barbosa (OESP)

DEFESA NACIONAL: POR UM PAÍS MAIS SEGURO
Rubens Barbosa
O Estado de S. Paulo, 26/07/2016

            No momento em que a crise econômica afunda o Brasil em grave recessão e desemprego, obrigando o governo de transição a reduzir os gastos públicos de forma drástica de modo a diminuir o tremendo desequilíbrio fiscal, todos os setores da administração pública são afetados. É esta a herança dos treze anos de governo do PT.
            Nesse quadro conjuntural que deve se estender por alguns anos, torna-se ainda mais difícil justificar recursos para um dos setores mais importantes para a manutenção da soberania e da segurança do pais: aquele da Defesa, que detém apenas cerca de 1,5% do orçamento geral da União.
            País pacífico, cuja constituição advoga a solução negociada dos conflitos, a única guerra com vizinhos em que o Brasil se viu envolvido foi contra o Paraguai em 1865. Todos os conflitos de fronteiras foram resolvidos em entendimentos bilaterais ou por arbitragem.  Com esse pano de fundo, não é difícil explicar a falta de uma forte cultura de Defesa, como nos EUA, na Rússia e na Europa. Os 21 anos de autoritarismo contribuíram, por outro lado, para as restrições à renovação do equipamento militar obsoleto pelo medo talvez de estimular o ressurgimento do poder militar no Brasil. Hoje conhecemos os nomes do juízes da suprema corte, mas, ao contrário do que ocorreu entre 1964 e 1984, não sabemos quem são os comandantes militares, apenas a identidade do ministro civil da Defesa.          
            A ausência dessa cultura de Defesa explica, em grande parte, as constantes reduções de recursos públicos para a manutenção da capacidade operacional das três forças. E isso não parece despertar qualquer preocupação na sociedade quanto aos riscos para a proteção de nosso território terrestre (fronteiras) e marítimo (plataformas de exploração de petróleo) e para uma reação adequada às novas ameaças globais, como o tráfico de armas, de drogas, do terrorismo e da guerra cibernética. 
            O mundo se tornou mais complexo e ameaçador. O terrorismo exige recursos e atenção redobrada para tornar o pais mais seguro. O Brasil não é uma ilha e não se pode esperar que sempre estaremos livres de atentados de facções terroristas ou do crime organizado.
Nos dias que correm, não somente o reequipamento das forças armadas -  seguidamente chamadas a desempenhar funções na área de segurança pública, como agora nos jogos olímpicos - mas programas essenciais para a defesa nacional tiveram recursos cortados. Entre outros, o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON) que, com o atraso previsto pela falta de recursos, só estará finalizado em 2040, o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SISGAAZ) e o Programa Espacial Brasileiro. Este adiamento vem afetando toda a cadeia produtiva, com grande número de falências das empresas participantes e crescente taxa de desemprego no setor.  Para se ter uma ideia da gravidade da situação, a quase totalidade dos projetos que deveriam ser executados até 2021 foram postergados para 2031, quando a tecnologia utilizada já estará desatualizada e terá de ser substituída.
            Segundo dados do Ministério da Defesa, a falta de recursos deixa 46% da frota da marinha parada, sem navios de escolta necessários para dar proteção às plataformas do pré-sal. No exército, os frequentes contingenciamentos exigiram a redução drástica da linha de produção do carro blindado Guarani, que poderá levar a empresa construtora do equipamento a suspender a produção por falta de pagamento. Na aeronáutica, quase metade da frota aérea está parada. A construção do avião cargueiro KC 390 só prossegue porque a Embraer , mesmo sem receber mais de R$ 1,5 bilhão devido pelo governo federal, está bancando o projeto sozinha, com o custo de atraso de dois anos.
            Em breve, o governo brasileiro deverá atualizar a Estratégia Nacional de Defesa, o Plano Nacional de Defesa e o Livro Branco de Defesa. Realista e pragmaticamente, esses documentos deverão enfrentar esses problemas e prever formas para melhor utilização dos recursos e previsibilidade na liberação dos financiamento dos projetos mais estratégicos, pois não há uma percepção generalizada da necessidade da continuação desses programas de governo. Seria importante que a discussão desse documentos não ficasse restrita ao Ministério da Defesa, mas que o Congresso, através das Comissões de Relações Exteriores e Defesa (CRED) da Câmara dos Deputados e do Senado, além de instituições privadas interessadas no assunto pudessem participar do debate e contribuir para seu conteúdo. A CRED do Senado divulgou excelente relatório do Senador Ricardo Ferraço sobre as políticas públicas relacionadas à indústria nacional de defesa, com recomendações que deveriam ser examinadas e debatidas.  O Instituto de Relações Internacionais e de Comércio Exterior (IRICE) já programou para setembro um encontro em São Paulo para começar a discutir esses temas que são de grande relevância para o Brasil.
            A industria brasileira de defesa, em especial a empresa estratégica, terá de se associar e formar "joint ventures" com empresas estrangeiras para ter acesso a novas tecnologias e financiamento, enquanto não houver avanço autóctone significativo em inovação e  financiamento. Formas criativas terão de ser examinadas, como, entre outras, por exemplo, o desconto adiantado de títulos de recebimento de pagamentos do governo para haver disponibilidade imediata de recursos.         
            A recuperação da economia e a volta ao crescimento permitirão que a discussão sobre o papel das Forças Armadas na defesa de nosso território seja ampliada. Nenhum pais pode se dar ao luxo de ignorar essa necessidade. O "soft power" representado pela ação do país no exterior, através de sua política externa, para ser efetivo, deve estar fundado num "hard power" que respalde o interesse nacional.

Rubens Barbosa, Diretor Alterno do Comdefesa (Fiesp) e presidente do IRICE.

domingo, 24 de julho de 2016

Impeachment: o mentiroso discurso do golpe pelo PT - Itamar Garcez

Transcrevendo a partir de envio de Ricardo Bergamini:

O golpe como fraude e lenitivo ao fracasso

Para jornalista, o PT se valeu da propaganda política para dissimular o fracasso de seu modelo após 13 anos no poder e, em vez de reconhecer os erros que cometeu, preferiu adotar o discurso do golpe como escapatória.

Itamar Garcez *

A resiliência da esquerda aos reveses sucessivos que a história lhe desferiu é resultado em parte de sua característica de seita e, portanto, da crença de que detém com exclusividade a verdade única. As derrotas são apenas batalhas perdidas; no final, a guerra será vencida com a redenção do proletariado que, para evitar desvios no itinerário, será conduzido com mão de ferro ao paraíso.

Transposta para a realidade que vivenciamos no Brasil, no limiar do julgamento da presidente Dilma Rousseff (PT), a afastada, o PT se valeu da propaganda política para dissimular o fracasso de seu modelo após 13 anos no comando da Nação com o apoio do status quo. No confronto político restavam poucas opções: reconhecer os erros que levaram o país a pior crise econômica, política e ética de sua história ou adotar uma escapatória.

Ora, o PT não tem como justificar a gestão fiscal fraudulenta da presidente. O PT não tem como justificar as derrapagens administrativa e econômica, carreadas por uma mandatária incompetente e presunçosa, que redundaram em quebradeira, carestia e desemprego. O PT não tem como justificar que boa parte dos delatores da Operação Lava Jato são companheiros ou neocompanheiros, como os grandes empreiteiros.

O PT não tem como justificar que, no poder, exerceu a política da mesma forma que seus adversários, qual seja, na base da barganha de compra de apoios. O PT não tem como justificar que, eleito com uma pregação de detentor exclusivo da ética, atolou-se nos mesmos desvãos do uso espúrio do erário.

O PT não tem como justificar que seus heróis se transmutaram de militantes por princípio em políticos sem princípios. O PT não tem como justificar que tramou o impeachment dos três antecessores imediatos do lulopetismo. Mais importante, o PT não tem com justificar o golpe com o qual aniquilou a esperança na política. Não se o fizer com sincera autocrítica.

Portanto, para não enfrentar o debate honesto, com choro e ranger de dentes, restou aos companheiros fraudar a história e amparar-se no refrão golpista como leitmotiv. Para tanto, fugiu da lógica comezinha.

Propaganda fraudulenta como lenitivo

 

O impeachment estribou-se num Judiciário permissivo, que adotou ao extremo a regra in dubio pro réu como na sessão da Corte Suprema de dezembro de 2015, contestada por juristas eminentes. O impeachment sustentou-se na Suprema Corte, cujos membros foram quase todos escolhidos pelo PT. O impeachment foi garantido pela neutralidade silenciosa das Forças Armadas.

O impeachment foi respaldado pela ampla e legítima maioria da população – exaurida pela economia em pandarecos, enojada da corrupção. O impeachment teve a aprovação majoritária do Legislativo, movido, como em 1992, por eleitores desiludidos. O impeachment ancorou-se na Constituição.

Como carece de coerência e sobeja desfaçatez, a narrativa petista – risível diante da hodierna, sangrenta e concreta tentativa de golpe na Turquia – optou por falsear a realidade. Não se trata de ação impensada, mas engendrada em eficiente propaganda política.

Na ânsia de desqualificar o impedimento da mandatária, sustenta-se em estratégia que vai da autoindulgência à sobrevivência. Primeiro, provê conforto à militância atordoada com os crimes conduzidos por suas lideranças. Repetir ad nauseam que o impeachment foi ilegítimo anestesia a decepção.

Segundo, fornece à patuleia simplificação retórica à narrativa que pretende converter a presidente Dilma em vítima. Terceiro, ao adotar discurso monotemático foge do debate direto sobre a débâcle petista. Quarto, tenta constranger néscios e desavisados.

Implacável, a história aplicou reveses sucessivos na esquerda. Os percalços levaram-na a contornar o mais notório déspota comunista, Josef Stalin (que tiranizou seus camaradas), a relevar os gulags, a ignorar a derrocada soviética (simbolizada pela queda do Muro de Berlim), a condescender com a revolução cultural chinesa, a defender a ditadura cubana, a compactuar com os desmandos do comandante venezuelano.

Tudo justificado por dogmas e mitos, como o de que só a esquerda representa os pobres ou do Estado forte e onipresente. A exemplo de uma seita, que tem a conversão dos ímpios e a salvação dos fiéis como alvos, a sigla busca no discurso fraudulento o lenitivo ao fracasso.


* Itamar Garcez é jornalista. Graduou-se na UFRGS. Trabalhou no Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil e Diário Catarinense. Acompanha política no Congresso Nacional e Palácio do Planalto desde 1988.

 


 

 

 

 

 

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...