terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Militar brasileiro no Comando Sul dos EUA - RFI

Indicação de brasileiro às Forças Armadas dos EUA não implica em intervenção do Brasil na Venezuela, diz especialista

mediaO general Alcides Valeriano de Faria Junior foi indicado para ocupar o cargo de subcomandante de interoperabilidade das Forças Armadas dos Estados Unidos. Captura de vídeo
A indicação de um militar brasileiro para o Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos (Southcom) gerou uma enxurrada de especulações sobre uma possível participação do Brasil em uma intervenção militar na Venezuela. Entrevistado pela RFI, o professor Vinicius Mariano de Carvalho, do Departamento de Estudos sobre Guerra do King’s College, em Londres, descartou a hipótese: “De uma perspectiva de diplomacia de defesa brasileira, não há nenhuma intenção ou interesse que haja uma intervenção militar na Venezuela”, afirma. 

Pela primeira vez, o Brasil terá um oficial no Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos. O general de Brigada Alcides Valeriano de Faria Junior teve seu nome confirmado há poucos dias para ocupar o cargo de subcomandante de interoperabilidade do Southcom. 
A informação teve forte repercussão no Brasil. Há especulações que, com a nomeação do general brasileiro, os Estados Unidos estariam contando com a ajuda do Brasil para uma intervenção militar na Venezuela. 
Ajuda humanitária ou pretexto para intervenção?
Desde o início deste mês, toneladas de ajuda humanitária enviadas pelos Estados Unidos estão bloqueadas na fronteira da Colômbia com a Venezuela. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, proibiu que os carregamentos de alimentos e remédios entrem no país, alegando que o envio do material é um pretexto para a ingerência dos Estados Unidos. 
Carvalho reconhece o interesse americano no fim do regime chavista, mas descarta uma colaboração do Brasil em uma operação militar. “É claro que esse apoio humanitário que tem sido mandado pelos Estados Unidos à Venezuela está vindo com um rótulo de mudança de regime. Mas embora o Brasil venha se manifestando contra Maduro desde a presidência anterior, também se mostra contrário a qualquer tipo de intervenção militar nesse nível”, diz.
Ao contrário das especulações, um brasileiro no Southcom poderia, segundo o especialista, evitar um conflito na região. “Podemos pensar que a presença brasileira no Comando Sul seja de certa forma até um contrabalanço desta percepção ou sonho de uma intervenção militar na Venezuela”, avalia. 
Segundo ele, ter um brasileiro dentro deste comando não fere a soberania militar nacional e pode ser algo positivo para o Brasil. “Ao contrário, esse representante dentro do Southcom é alguém que pode defender o interesse nacional em relação à segurança e à estratégia nacional de defesa em um ambiente diplomático externo.”
Primeiro brasileiro no Southcom
O anúncio da nomeação de um militar brasileiro foi realizado pelo almirante Craig Faller, chefe do Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos, durante uma audiência na Comissão das Forças Armadas do Senado americano, em 7 de fevereiro. Já a decisão pela indicação do general Alcides Valeriano de Faria Junior teria acontecido após uma visita de Faller ao Ministério da Defesa ao Brasil, em 11 de fevereiro. 
O Ministério da Defesa do Brasil nega, no entanto, que a visita de Faller tenha relação direta com a nomeação do general brasileiro ao Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos. Em nota, o governo brasileiro afirmou que o objetivo da visita do oficial foi “promover a cooperação no âmbito da defesa entre o Brasil e os Estados Unidos, além de fortalecer os laços de amizade entre as duas nações”. 
Em Brasília, o almirante americano se reuniu com o comandante da Marinha do Brasil, Ilques Barbosa Júnior, que a apresentou as operações desenvolvidas pelas forças brasileiras, no país e no exterior, além de projetos estratégicos, como o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub). Faller também se encontrou com o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, Raul Botelho, segundo ele, para discutir “possíveis tratativas entre os dois países”.  
Para Carvalho, a nomeação de Faria Junior tem relação direta com a aproximação do governo Bolsonaro com a administração americana. “O governo que assumiu o Brasil em 2019 declarou-se claramente mais favorável a uma política externa alinhada com os Estados Unidos. Consequentemente, uma série de linhas de relações exteriores vão se estabelecer neste sentido. Portanto, é um momento favorável ou oportuno para que essas relações de diplomacia e de defesa também se reforcem.”
Como atua o Southcom
Ligado ao Departamento de Defesa americano, o Comando Sul dos Estados Unidos ou Southcom é uma das dez unidades de combate do país e integra tropas do Exército, Força Aérea, da Marinha e guarda costeira dos Estados Unidos. O órgão é responsável pelo planejamento de contingência e por operações de cooperação no setor de segurança para as Américas do Sul, Central e Caribe. 
O especialista do King’s College não se surpreende com indicação de um brasileiro para integrar o Comando Sul dos Estados Unidos e considera que a decisão não passou de “um procedimento”. De acordo com Carvalho, o Southcom conta com a presença de outros militares de vários países sul-americanos.
“Faz parte de instrumentos de diplomacia de defesa esse convite para que militares de outros países participem até mesmo de tomadas de decisão entre nações amigas. Eu, pessoalmente, não sou pessimista sobre a nomeação do general brasileiro”, conclui.

Todos os filhos do presidente - Deutsche Welle

Análise: Todos os filhos do presidente

Deutsche Welle, 19 FEV 2019 

Interferência, escândalos e "fritura". Como a prole de Jair Bolsonaro vem exercendo influência e transformando o governo em uma operação familiar.O processo de desgaste e a saída barulhenta do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, explicitou mais uma vez o que já vem se tornando uma marca do governo Bolsonaro: a influência e a disposição dos filhos mais velhos do presidente em causar instabilidade no governo. 
Controvérsias envolvendo parentes de presidentes não são exatamente novidade na recente história republicana brasileira. A ex-primeira-dama Rosane Collor nomeou parentes e se viu alvo de suspeitas de corrupção envolvendo a antiga Legião Brasileira de Assistência (LBA). Um dos filhos de Lula enriqueceu de maneira suspeita durante o governo do pai. Fernando Henrique Cardoso foi acusado de nepotismo quando nomeou o genro para a Agência Nacional do Petróleo.
Mas nunca desde a redemocratização houve registro de parentes de um presidente exercendo tanta influência e ganhando tanta visibilidade em assuntos de governo. Nem mesmo os filhos de José Sarney, chefe de um clã político notório, desempenharam com tanta desenvoltura no governo do pai um papel tão barulhento como "01", "02", "03" - a forma como Bolsonaro se refere aos filhos: o senador Flávio, o vereador Carlos e o deputado Eduardo.
Oficialmente, nenhum dos filhos tem cargo na administração federal, mas isso não vem servindo de empecilho para que eles assumam protagonismo, seja na condução da diplomacia brasileira, da articulação política, da comunicação do governo ou da "fritura de ministros" como Bebianno. A preponderância da prole tem despertado inquietação entre aliados e membros do governo, entre eles a ala militar. 
Por enquanto, Jair Bolsonaro não demonstrou disposição para frear ou desautorizar os filhos de maneira sistemática. Pelo contrário. No caso da demissão de Bebianno, deixou claro que está disposto a agir em concerto com a ambição dos filhos.
Após Carlos ter chamado o agora ex-ministro e rival de mentiroso nas redes sociais, o presidente reforçou os ataques até que a situação se tornasse insustentável para Bebianno. Apenas em algumas ocasiões, Bolsonaro se limitou a dar reprimendas pontuais nos filhos, a quem se refere como "garotos".
Eduardo, o chanceler informal 
Em diferentes momentos desde a metade do ano passado, quando Bolsonaro se projetou como o favorito para vencer o pleito presidencial, os filhos se revezaram na eclosão de episódios que provocaram instabilidade para a candidatura e para o governo do pai.
Em outubro, na reta final da campanha, foi revelado um vídeo em que Eduardo, o "03", afirmava que seria fácil fechar o Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, bastava "um soldado e um cabo" para a tarefa, avaliando ainda que o fechamento não causaria comoção pública. 
Logo após a vitória do pai, Eduardo também passou a posar como uma espécie de chanceler informal do Planalto e promotor da extrema direita pelo mundo. Em novembro, durante viagem aos Estados Unidos, se encontrou com Jared Kushner, genro do presidente americano, e se deixou fotografar com um boné em que se lia "Trump 2020".
Ele também tem feito elogios a líderes internacionais como o húngaro Viktor Orbán, se encontrado com opositores venezuelanos e dialogado pelo Twitter com outros políticos de direita estrangeiros, como o italiano Matteo Salvini.
Vem ainda promovendo com entusiasmo propostas que ainda dividem setores do governo, como a mudança da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém. Também foi o único parlamentar a acompanhar Bolsonaro no Fórum Econômico Mundial, em Davos.
O próprio processo de escolha de Ernesto Araújo para chefiar o Itamaraty teve influência decisiva de Eduardo, e a nomeação foi encarada como um trunfo pessoal.
Já na política interna, Eduardo tentou influenciar a eleição do novo presidente da Câmara. Algo normal para um deputado federal, mas, em uma mensagem de Whatsapp que vazou para a imprensa, Eduardo disse que estava agindo em nome do pai. Em novembro, afirmou que o governo "talvez não consiga" votos para aprovar a reforma da Previdência, gerando apreensão entre investidores.
Flávio, o encrencado
Se Eduardo havia atingido a campanha com suas declarações sobre o STF, o primogênito do presidente, o senador Flávio, levou tensão para a equipe de transição e, desde janeiro, para o governo.
No início de dezembro, a imprensa revelou a partir de uma investigação do Ministério Público que um assessor de Flávio e amigo pessoal de Bolsonaro, o ex-policial militar Fabrício Queiroz, movimentou 1,2 milhão de reais de maneira suspeita enquanto o filho do presidente cumpria mandato como deputado estadual.
Parte desse dinheiro tinha como origem depósitos feitos por outros funcionários, levantando a suspeita de "rachadinha" ou "pedágio", a prática de entregar parte dos salários a um deputado. Em janeiro, foi a vez de a imprensa revelar que os valores teriam chegado a 7 milhões de reais entre 2015 e 2017. Acuado, Flávio decidiu recorrer ao STF para frear as investigações, apelando para o foro privilegiado, o que contraria o discurso moralista da família contrário à persistência da prerrogativa.
Flávio trouxe a crise para ainda mais perto do Planalto. Ainda em janeiro, uma operação da polícia contra milicianos do Rio de Janeiro mostrou que Flávio havia empregado a mãe e a mulher de um ex-PM suspeito de integrar um grupo de extermínio investigado pela morte da vereadora Marielle Franco. O episódio colocou em nova perspectiva discursos elogiosos e homenagens prestadas por Flávio a milicianos em seus tempos como deputado. Ele afirma que as denúncias são fruto de "perseguição política".
Diante dos escândalos, o pai adotou posturas contraditórias. Primeiro, disse que, se Flávio errou, "terá de pagar". Depois, afirmou: "Não é justo usar um garoto para me atingir".
Carlos, o "pit bull"
Nas últimas semanas, Carlos, o "02", passou a se destacar como o filho mais barulhento. Do trio, é o que mantém mais proximidade com o pai. Nos últimos dez anos, foi responsável pelas publicações de Bolsonaro nas redes sociais. Mesmo após a vitória, o atual vereador do Rio continuou a controlar a conta de Bolsonaro no Twitter, assumindo também um papel de porta-voz oculto do governo.
Em sua própria conta, Carlos também se notabiliza pelo tom virulento. Levantamento do jornal O Globo em 500 mensagens de Carlos mostrou que mais de 70% do que ele escreve são ataques. O próprio Bolsonaro já chamou o filho de "pit bull", como forma de elogio.
Os atritos entre Carlos e Gustavo Bebianno começaram ainda durante as eleições de 2018, quando o ex-ministro e então presidente interino do PSL se tornou o homem-forte da então estrutura amadora da campanha de Bolsonaro.
A situação piorou na fase de transição. À época, Bebianno afirmou em entrevistas que Carlos estava sendo cotado para assumir a função de secretário de Comunicação. As falas foram encaradas por Carlos e seus irmãos como forma de "fritar" seu nome antes que fosse estudada a viabilidade da nomeação. Furioso, Carlos abandonou a equipe em novembro.
Após o episódio, ele comentou no Twitter que "caráter não se negocia". No mesmo mês, escreveu: "A morte de Jair Bolsonaro não interessa somente aos inimigos declarados, mas também aos que estão muito perto", no que foi interpretado como um recado para Bebianno ou para o vice-presidente, Hamilton Mourão.
Bebianno também pressionou para que a comunicação do Planalto ficasse na sua pasta, a Secretaria-Geral da Presidência. Um esboço inicial das funções do ministério chegou a contemplar essa previsão, mas no final a comunicação ficou mesmo com o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos dos Santos Cruz. A mudança foi atribuída à influência de Carlos.
O prestígio do vereador com o pai ficou aparente na posse, quando "02" acompanhou o presidente e a primeira-dama no desfile em carro aberto. A imprensa brasileira também relatou que Carlos já participou de reuniões de governo e teve permissão para ficar com o celular durante um encontro de ministros, enquanto os titulares das pastas tiveram que entregar seus aparelhos na porta.
Segundo o jornal Estado de S. Paulo, Carlos também destacou um primo, Leonardo Rodrigues de Jesus, como seus "olhos e ouvidos" no Planalto. Mesmo sem cargo no palácio, Leonardo já registrou presença 58 vezes no prédio e circula livremente por ambientes restritos.
Quando Bebianno se viu envolvido em um escândalo de direcionamento de verbas do Fundo Partidário para candidaturas laranjas no PSL, Carlos deu o troco e chamou o ministro de mentiroso no Twitter, precipitando sua saída.
Nas redes, militantes de direita têm propagandeado a demissão como parte de uma espécie de faxina ética e que Bebianno seria um "traidor", desconsiderando a disputa de poder entre Carlos e Bebianno. Ignoram ainda que outro ministro, Marcelo Álvaro Antônio, do Turismo, também é suspeito de direcionar dinheiro para candidaturas laranjas.
Segundo a imprensa brasileira, vários membros do governo, em especial da ala militar, vêm pressionando Bolsonaro para que o filho deixe de controlar as redes sociais do pai e volte a cumprir seu mandato no Rio. O mesmo ocorre com vários parlamentares do PSL, que ficaram espantados com o novo padrão de "fritura" ministerial estabelecido por Carlos e pelo presidente.
Na semana passada, Hamilton Mourão afirmou "que os filhos são um problema de cada família". "Tenho certeza que o presidente, em momento aprazado e correto, vai botar ordem na rapaziada dele", disse o vice-presidente. Enquanto isso não ocorre, o país espera o próximo capítulo da novela familiar do governo.
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Vaticano: poder, corrupção, homossexualidade - novo livro

In the Closet of the Vatican

Power, Homosexuality, Hypocrisy

A startling account of corruption and hypocrisy at the heart of the Vatican.  


In the Closet of the Vatican exposes the rot at the heart of the Vatican and the Roman Catholic Church today. This brilliant piece of investigative writing is based on four years' authoritative research, including extensive interviews with those in power. 

The celibacy of priests, the condemnation of the use of contraceptives, countless cases of sexual abuse, the resignation of Benedict XVI, misogyny among the clergy, the dramatic fall in Europe of the number of vocations to the priesthood, the plotting against Pope Francis – all these issues are clouded in mystery and secrecy.

In the Closet of the Vatican is a book that reveals these secrets and penetrates this enigma. It derives from a system founded on a clerical culture of secrecy which starts in junior seminaries and continues right up to the Vatican itself. It is based on the double lives of priests and on extreme homophobia. The resulting schizophrenia in the Church is hard to fathom. But the more a prelate is homophobic, the more likely it is that he is himself gay.

"Behind rigidity there is always something hidden, in many cases a double life." These are the words of Pope Francis himself and with them, the Pope has unlocked the Closet.

No one can claim to really understand the Catholic Church today until they have read this book. It reveals a truth that is extraordinary and disturbing.


In the Closet of the Vatican is the first global account of the dishonesty about homosexuality which is endemic in the structures of the modern Roman Catholic Church” –  James Alison, Theologian

MEC nao sabe ainda o que fazer, mas quer dar "liberdade" 'as familias (OESP)

Patética essa entrevista: o MEC não tem ideia do que deve ser feito para melhorar a educação no Brasil, mas acha que as famílias, deixadas livres da educação compulsória, saberão educar os seus filhos melhor que as nossas péssimas escolas. Só posso desejar boa sorte. Mas tenho pena das mães, que terão uma quádrupla jornada agora...
Paulo Roberto de Almeida



'Liberdade é o principal ponto do Ministério da Educação', diz número 2 da pasta

Para Luiz Antonio Tozi, secretário executivo, nova equipe trabalha para 

a 'liberdade do cidadão'

Isabela Palhares e Renata Cafardo, O Estado de S.Paulo
18 Fevereiro 2019 | 15h16

SÃO PAULO - O principal ponto para orientar os trabalhos da nova equipe do Ministério da Educação  (MEC) tem sido a busca pela "liberdade do cidadão", segundo Luiz Antonio Tozi, secretário executivo da pasta. 
"Temos um consenso e o próprio presidente (Jair Bolsonaro) tem também colocado como prioridade o aprendizado, para que o jovem tenha liberdade e discernimento para ser o que quiser", disse na manhã desta segunda-feira, 18, em São Paulo, durante a abertura do seminário  "Prioridades para a Educação Básica", promovido pelo Todos pela Educação.

General vai compor equipe do alto escalão do MEC
Fachada do Ministério da Educação (MEC), em Brasília Foto: Marcos OliveiraAgência Senado
Dentre as primeiras ações previstas pelo novo comando do MEC, está a regulamentação para o ensino domiciliar. A modalidade, conhecida como homeschooling, não é liberada no País e a sua regulamentação foi colocada como prioridade para os cem primeiros dias de governo - apesar de apenas cerca de 3,2 mil famílias no País aderirem ao modelo, atendendo cerca de 6 mil crianças, o governo diz que quer dar liberdade para os pais que optam por esse tipo de ensino. 
Tozzi também elencou outros objetivos que são vistos como importantes para melhorar a educação no Brasil, mas para elas ainda não há nenhuma ação elaborada. "Ninguém duvida que nós temos que aumentar as possibilidades de aprendizagem efetiva, que nós temos que profissionalizar a carreira dos professores, fazer um novo processo de redistribuição  (de recursos) para os Estados e municípios", disse.

"Não sabemos ainda como fazer de forma precisa e sem errar", acrescentou.

Novo curso do Itamaraty quer 'distanciar' novos diplomatas de suas 'amarras ideologicas' - O Globo

Minha opinião sobre isso é muito simples: se o curso do Instituto Rio Branco visa capacitar e aperfeiçoar alunos que já são excepcionalmente bem preparados para o exercício da carreira diplomática, pois que submetidos a requerimentos altamente sofisticados de seleção, o melhor a fazer seria simplesmente consultá-los sobre as matérias, línguas e outras tecnologias operacionais que eles poderiam conceber como sendo úteis em sua formação complementar, ou especialização técnica, para o desempenho na carreira. 
Acredito que esses alunos não são animais de laboratório para serem submetidos a experimentos ideológicos, que ainda são determinados de cima, sem consulta aos interessados.
Por vezes, consultar os clientes é a melhor solução. Pelo menos é assim que funciona no capitalismo, ou nas economias de mercado de orientação liberal.
Esta é a minha opinião e eu a partilho, como diriam os policiais Dupont e Dupond da série Tintin.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 19 de fevereiro de 2019


Novo curso do Itamaraty quer 'distanciar' novos diplomatas de suas 'amarras ideológicas'

Ementa da disciplina de Política Internacional provoca estranheza e críticas de especialistas por sugerir ‘reeducação’ dos alunos do Instituto Rio Branco; professor diz que foi mal entendido e que aulas terão pluralismo

André Duchiade
O Globo, 18/02/2019

O novo curso de Política Internacional do Instituto Rio Branco, instituição que forma os novos diplomatas brasileiros, tem como um dos objetivos distanciar os futuros diplomatas de “amarras ideológicas eventualmente adquiridas em sua formação anterior”.
“Em vez de ensinar ao estudante-diplomata uma determinada concepção da 'ordem internacional' contemporânea” e “cobrar a assimilação daquele conteúdo”, o curso terá como um dos propósitos treiná-lo a "conscientizar-se das amarras ideológicas eventualmente adquiridas em sua formação anterior, tomar distância delas, e passar a organizar seu trabalho com base em fatos, não em lugares-comuns e frases feitas", segundo sua ementa.
O curso será ministrado pelo embaixador Achilles Zaluar Neto, que mantém um blog sobre “literatura, religião, filosofia, pensamento político conservador”, entre outros. As aulas do curso serão debates sobre temas concretos, como a invasão do Iraque e o abandono do Euro, e em cada uma delas uma dupla de alunos defenderá posições contrárias.
A ementa diz que o curso treinará os estudantes para “diferenciar entre os especialistas verdadeiros — com pesquisa e análise reais e conhecimento prático do terreno e do tema — e os ‘fazedores de opinião’ onipresentes na mídia”, além de “respeitar e considerar uma ampla pluralidade de pontos de vista e ideias sobre temas internacionais, inclusive de fontes consideradas pela 'doxa' acadêmica e midiática como heterodoxas e não convencionais".
Zaluar é tido por colegas como um diplomata competente. Sua proposta de organizar o curso a partir de debates é considerada auspiciosa por alunos e especialistas, mas o tom e o vocabulário da ementa foram criticados por embaixadores e professores de relações internacionais.
— Esta formulação insinua uma abordagem de lavagem cerebral ideológica. Quando se fala em “liberar os diplomatas de amarras ideológicas da formação anterior”, o que se propõe é mudar opiniões e convicções de estudantes que se encontram em situação vulnerável, na necessidade de serem aprovados — afirma o embaixador aposentado e historiador da política externa brasileira Rubens Ricupero.  — Nunca vi o uso desse tipo de expressão em nenhuma universidade daqui ou do exterior. 
Para Ricupero, a premissa de que os outros têm amarras ideológicas é um “sinal claro de que você as tem”, o que, acrescenta, é “o que os comunistas faziam”.
— Partiam da premissa de que todos vinham com ideologia burguesa e tinham que ser reeducados. Isso é próprio de regimes totalitários. O que vejo é uma expressão do tipo de posição do atual ministro [das Relações Exteriores, Ernesto Araújo]. É uma tentativa de institucionalizar posições como as dele, que são o que chamamos de “lunatic fringe” [a franja lunática]. São opiniões que não têm nenhum tipo de legitimidade acadêmica. 
No Instituto Rio Branco, que passou por uma reforma curricular neste semestre, a influência do chanceler já se fez sentir com a exclusão das disciplinas sobre história da América Latina e sobre organizações internacionais, que abordava o multilateralismo — um dos principais adversários de Araújo, que entende ser esta uma expressão do “globalismo”.
Segundo o professor de relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas Oliver Stuenkel, o vocabulário sugere uma acusação aos estudantes:
— Ideologia é um termo bastante subjetivo. Quando falamos de pensamento ideológico, implicitamente dizemos que há interpretação mais objetiva. O conceito é empregado em tom acusatório, o outro é sempre ideológico e a própria opinião é livre de amarras ideológicas e traz uma perspectiva supostamente mais objetiva — afirma.
Stuenkel aponta ainda uma contradição entre os supostos “especialistas verdadeiros” e a recomendação de “fontes consideradas heterodoxas”.
— São expressões altamente subjetivas. O autor diz que é importante diferenciar especialistas verdadeiros com pesquisa e análise reais de fazedores de opinião, mas em seguida afirma ser necessário considerar pensamentos não convencionais. Mas, em geral, quem é visto como não convencional tem esse estatuto por não fazer pesquisa convencional. O programa tem um elemento de preocupação com supostas influências  ideológicas, mas dependeria muito da perspectiva do coordenador do curso saber quem são os supostos acadêmicos reais e quem são os "fazedores de opinião".

Outro lado

Ao GLOBO, Zaluar disse que pode ter usado um tom “incisivo, para sacudir as premissas” e “liberar o debate” , mas que “foi mal entendido” e sua intenção é “estimular a liberdade de pensamento, o oposto à doutrinação”. Sua proposta, acrescentou, é permitir aos estudantes, quaisquer que sejam suas convicções políticas, identificar “as próprias premissas ideológicas” e “se autoanalisar”, de modo a encontrar as ferramentas mais apropriadas para o cotidiano diplomático.
— Todos nós temos nossa própria ideologia, resultado de nossa educação. O processo de educação é o de saber identificar as premissas ideológicas, quaisquer que sejam. O objetivo é refletir se os esquemas mentais que o aluno usa para as situações que encontrará no dia a dia são os mais adequados. O curso parte da premissa de estimular a total liberdade de expressão e pensamento. É o contrário da doutrinação ideológica —  afirmou.
Zaluar diz que deseja ensinar os alunos a consultar “fontes primárias” com a maior frequência possível, como relatórios, pareceres e discursos. Textos de autores canônicos das relações relacionais que escrevem na imprensa e assinam artigos de opinião são bem-vindos, assegura.
— A finalidade do curso é provocar o debate. Muitas vezes, quando chegamos ao problema, estamos com nossa história anterior. Pessoas chegam com determinada fundamentação filosófica, mas ela não é a melhor para responder ao problema.

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A ementa insinua uma lavagem cerebral ideológica. O que se propõe é mudar opiniões  de estudantes que se encontram em situação vulnerável.
Rubens Ricupero, embaixador

Todos nós temos nossa própria ideologia. O processo de educação é o de saber identificar as premissas ideológicas.
Achilles Zaluar Neto, embaixador e professor do Instituto Rio Branco

Quando falamos de pensamento ideológico, implicitamente dizemos que há outra interpretação objetiva. 
Oliver Stuenkel, professor da FGV

OMC: livro e seminario - SP, 13/03

Palestra: 
"O Futuro da OMC"
Palestrante: Victor do Prado, Diretor do Conselho e Comitê de Negociações Comerciais da OMC
Debatedores: Professor Celso Lafer, Ministro das Relações Exteriores do Brasil (2001-2002)
Professor Luiz Olavo Baptista, Presidente do Órgão de Apelação da OMC (2007-2008)
E
Lançamento do Livro:
"The WTO Dispute Settlement Mechanism"
editado por Alberto do Amaral Jr; Luciana M. de Oliveira Sá Pires; Cristiane Lucena Carneiro
13 de março de 2019
09.00 -- 13.00
Rua Itapeva, 474, 6º andar, São Paulo/SP

As inscrições podem ser realizadas por aqui.

Research Gate: minhas estatísticas de acesso

Research Gate, a segunda plataforma de interação acadêmica, ao lado de Academia.edu, que utilizo, enviou-me (acho que pela primeira vez) algumas estatísticas de acesso, mas relativas à última semana, apenas, sendo que eu não tenho meios de acompanhar a evolução, ou a cumulatividade, desses visitas a trabalhos meus.
Estão neste link: https://www.researchgate.net/profile/Paulo_Almeida2/stats
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