sábado, 11 de janeiro de 2025

Venezuela: toma de presidencia por la tercera vez por Maduro - CFRS

Venezuela: toma de presidencia por la tercera vez por Maduro

20250110 **Análisis Nocturno - 10 de enero de 2025**

**1. Contexto Político en Venezuela**

El 10 de enero de 2025, Nicolás Maduro asumió su tercer mandato como presidente de Venezuela en un ambiente de protestas y cuestionamientos sobre la legitimidad de los resultados electorales. En respuesta, el líder opositor Edmundo González Urrutia se autoproclamó presidente electo, instando a las fuerzas armadas a desconocer a Maduro, a quien considera ilegítimo. Esta situación ha intensificado la crisis política en el país, con detenciones y liberaciones de figuras opositoras como María Corina Machado durante las manifestaciones. La comunidad internacional se encuentra dividida entre aquellos que reconocen a Maduro y quienes apoyan la proclamación de González.

**2. Asistencia Internacional en la Toma de Posesión de Maduro**

**Mandatarios presentes:**

- Daniel Ortega (Nicaragua)

- Miguel Díaz-Canel (Cuba)

- Brahim Gali (República Árabe Saharaui Democrática)

- Gaston Browne (Antigua y Barbuda)


**Delegados importantes:**

- Viacheslav Volodin (Presidente de la Duma de Rusia)

- Ibrahim Boughali (Presidente del partido oficialista de Argelia)

**Delegaciones clave:**

- China

- India

**Delegaciones adicionales:**

- Manuel Zelaya (Expresidente de Honduras, no actual mandatario)

(Más abajo aparecen otros representantes latinoamericanos).


**3. Sanciones Internacionales contra Venezuela**

- **Unión Europea:** Impuso sanciones a 15 funcionarios, sin reconocimiento a Maduro ni a Edmundo González.

- **Canadá:** Sanciones a 14 funcionarios y reconocimiento de Edmundo González como presidente electo.

- **Estados Unidos:** No reconoce a Maduro, aumentando la recompensa a 25 millones de dólares por información sobre su captura, además de imponer diversas sanciones.


**4. Posturas de Líderes Latinoamericanos que indica un creciente aislamiento con América Latina,**

- **Gabriel Boric (Chile):** Critica al régimen, sin representación oficial.

- **Gustavo Petro (Colombia):** Expresa preocupación por las detenciones, envía embajador.

- **Luis Ignacio Lula da Silva (Brasil):** Envía solo a su embajadora, mostrando distanciamiento.

- **Claudia Sheinbaum (México):** No interviene en asuntos internos ni reconoce a Maduro, representada por el embajador Leopoldo de Gyvés de la Cruz.


**5. Políticas Tecno/Económicas Internacionales Relacionadas con Venezuela**

Estados Unidos ha elevado la recompensa por la captura de Maduro a 25 millones de dólares y ha impuesto sanciones adicionales. La Unión Europea también ha anunciado nuevas sanciones. En contraste, países como Rusia, China, Cuba e Irán han enviado delegados especiales, reafirmando su alianza con el gobierno de Maduro.


**6. Políticas del Régimen de Maduro en Venezuela**

- **Económicas:** Venezuela enfrenta una crisis económica caracterizada por hiperinflación, escasez de productos básicos y bajos salarios.

- **Sociales:** Persisten problemas en servicios públicos como el suministro de combustible, electricidad y educación.

- **Laborales:** El salario mínimo es insuficiente para cubrir necesidades básicas.


**7. Coyuntura en México Relacionada con Venezuela**

La presidenta Claudia Sheinbaum ha defendido la soberanía de Venezuela, afirmando que en México no se persigue a nadie por sus ideas. Por otro lado, el expresidente Ernesto Zedillo ha criticado las reformas impulsadas por Sheinbaum y Morena, tildándolas de destructivas para la democracia en México. Se han generado debates sobre la Reforma Judicial y el proceso electoral del Poder Judicial. La presidenta se muestra benevolente con el INE, órgano que ha pedido 1000 millones de pesos más.


**8. Causas de la Crisis Actual **

La crisis política y económica en Venezuela es resultado de la polarización, acusaciones de fraude electoral y la falta de consenso sobre la legitimidad del gobierno de Maduro. La inestabilidad política y la mala gestión económica del régimen chavista han exacerbado la crisis social y de derechos humanos.


**9. Soluciones Propuestas**

Se han realizado llamados desde la oposición y la comunidad internacional para que las fuerzas armadas desconozcan a Maduro y reconozcan a Edmundo González como presidente legítimo. Además, se proponen sanciones y presión internacional para aislar al gobierno de Maduro, así como iniciativas de diálogo y negociación entre el gobierno y la oposición para resolver la crisis.


**10. Escenarios Futuros**

1. **Continuidad del régimen de Maduro:** Se profundizará la crisis económica y social, con mayor represión y aislamiento internacional.

2. **Transición negociada:** Diálogo y acuerdos entre el gobierno y la oposición que permitan una solución pacífica a la crisis.

3. **Cambio de régimen insurreccional:** Levantamiento popular o intervención militar que derroque a Maduro y lleve a la oposición al poder.

**Referencias Bibliográficas:**

- Agencias de noticias: Reuters, AFP, DW, Uno TV, Infobae, BBC Mundo.

- Medios de comunicación: El Economista, Milenio, Reforma, La Nacional, Latinus, Animal Político, El Universal, CNN, 0negocios, Proceso, SinEmbargo, El País.

**Autor-Red:** CFRS & AI

**Nota:** Este informe se basa en la información disponible y puede contener omisiones o distorsiones derivadas de las fuentes o su procesamiento digital.

O Ranking dos Políticos está em risco! - Comunicado importante

 

O Ranking dos Políticos está em risco!

Na última segunda-feira, 6 de janeiro, fomos vítimas de um ataque hacker. Os invasores conseguiram acessar nossa conta no Instagram e, por pouco, não perdemos nosso perfil. Agimos rapidamente para remover o acesso criminoso, mas o dano já estava feito.

Os hackers publicaram conteúdo fraudulento em nosso perfil, tentando aplicar golpes na nossa audiência. Apesar de termos excluído a publicação imediatamente, o Instagram identificou a atividade como irregular e aplicou três punições graves à nossa conta:

  • • Nosso conteúdo não será recomendado para quem não nos segue.
  • • Estamos proibidos de fazer lives por um ano.
  • • O plano de assinaturas de conteúdos pagos está suspenso até abril.

Embora entendamos que a Meta precise agir contra atividades fraudulentas, nesse caso, fomos vítimas de uma invasão criminosa.

Para piorar, as opções de suporte do Instagram pouco ou nada ajudam. Não conseguimos um canal em que podemos relatar o ocorrido e mostrar o contexto da publicação que gerou todo o problema, para que a Meta reverta essas restrições.

Por isso, temos 3 pedidos a você que nos segue, confia no nosso trabalho e acredita que pode nos ajudar:

  1. 1. Primeiro, envie este e-mail para a sua base de contatos para que ele chegue a mais pessoas, e quem sabe alguém consiga nos colocar em contato direto com um representante da Meta, e com isso tenhamos chance de esclarecer a situação.
  2. 2. Você tem um contato que trabalha no Instagram, ou que é próximo de alguém que trabalha? Encaminhe este e-mail para essa pessoa, ou nos responda com o contato dela. Toda ajuda é bem-vinda neste momento.
  3. 3. Com o bloqueio da opção de assinar o nosso perfil, parte das nossas receitas também é prejudicada. Como todos sabem, o Ranking dos Políticos se mantém através do apoio financeiro voluntário de quem acredita que este projeto tem o poder de informar melhor os brasileiros, contribuir para que os políticos votem de acordo com a vontade do povo e não em benefício próprio e, com isso, transformar o Congresso Nacional e o Brasil.

Quem nos acompanha aqui sabe que em 2024 tivemos atuação forte em muitas das pautas que precisavam ser barradas, como o PL da Censura e a volta do aumento automático para juízes, assim como tivemos influência direta no avanço de outros projetos fundamentais para a melhoria do país.

É por isso que pedimos também a sua ajuda na nossa campanha de financiamento coletivo.

Clique para fazer parte da campanha

Esta situação vai exigir esforços redobrados para compensarmos a perda de alcance e de capacidade de impacto nas redes, e isso só será possível com a sua ajuda.

Quem produz conteúdo para as redes sociais sabe que só é possível crescer, viralizando, e sem o mecanismo de recomendação, a nossa capacidade de crescer é extremamente prejudicada, o que exige um esforço muito maior para, pelo menos, mantermos a nossa voz sendo ouvida.

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Seja como puder, compartilhando nossos conteúdos, nos colocando em contato com alguém da Meta ou se juntando à nossa campanha no apoia.se, se você acredita no projeto, nos ajude.

Conte conosco. Nós contamos com você.

Equipe Ranking dos Políticos.

Diplomacia brasileira criou uma armadilha para si e caiu nela na Venezuela - Vitelio Brustolin, Arthur Ambrogi (CNN)

Comentário inicial de Paulo Roberto de Almeida:

A politica externa brasileira apresentou certa consistência conceitual com a diplomacia profissional desde o segundo governo da ditadura militar até o segundo governo FHC, uma diplomacia presidencial mas fortemente amparada na metodologia prática do Itamaraty. Essa coerência foi rompida desde o primeiro governo Lula, quando são introduzudos os primeiros elementos de uma diplomacia partidária de um partido sectário e anacronicamente antiamericano e de uma diplomacia presidencial extremamente personalista. Um apparatchik a serviço dos interesses cubanos passou a desviar algumas vertentes da politica externa oficial para objetivos partidários inconsistentes com os interesses nacionais e em desconformidade com as práticas do Itamaraty (contatos clandestinos conduzidos mais pelos “mestres” cubanos que influenciaram as pressões partidários).

A incoerência foi exacerbada sob o bolsolavismo diplomático, quando o Itamaraty foi dominado por ignorantes submissos a um dirigente incompetente fascinado pelo personalismo trumpista. Nunca o Itamaraty foi tão humilhado quanto nesse periodo de isolamento internacional.

Lula 3 representa o retorno confuso a uma diplomacia partidária que é também um exagero no presidencialismo personalista, tornando a politica externa ainda mais incoerente e inconsistente.

O artigo abaixo reflete um dos aspectos dessa politica externa incoerente e inconsistente com os valores e princípios da diplomacia brasileira tradicional, aliás valores e principios que já estão consolidados constitucionalmente e que são desprezados pelos dirigentes despreparados que ocupam o poder no Brasil atualmente. Mais um período de submissão do Itamaraty a desígnios contraditórios com os interesses nacionais.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 11/02/2025

Análise: Diplomacia brasileira criou uma armadilha para si e caiu nela na Venezuela

Vitelio Brustolin, colaboração de Arthur Ambrogi

CNN, 10/01/2025


O governo brasileiro está reconhecendo Nicolás Maduro como o chefe de Estado da Venezuela. No entanto, já que o governo brasileiro não vai validar o resultado das eleições venezuelanas de 2024, está implícito que o Brasil reconhece Maduro como ditador daquele país. Em outras palavras: Maduro não venceu, mas ganhou.

Pelo Direito Internacional, o reconhecimento de um governo pode ocorrer por meio de duas formas: expressa ou tácita. A forma expressa se dá por escrito – publicando uma declaração ou nota diplomática. A forma tácita se dá pelo relacionamento com esse governo. Na prática, só muda o formalismo, os efeitos são os mesmos.

Conforme resume Hildebrando Accioly, em seu “Manual de Direito Internacional Público”, os Estados Unidos sustentam, desde a sua independência, que se deve reconhecer como legítimo o governo oriundo da vontade nacional, claramente manifestada.

A esse princípio foi adicionado, posteriormente, o da intenção e capacidade do governo de cumprir as obrigações internacionais do estado. A doutrina brasileira se aproxima muito dessa formulação, no entanto, historicamente o Brasil leva em conta, também, as seguintes circunstâncias:

  • Primeiro, a existência real de governo aceito e obedecido pelo povo;
  • Segundo, a estabilidade desse governo;
  • Terceiro, a aceitação, por este, da responsabilidade pelas obrigações internacionais do respectivo estado.

É bastante questionável que o governo de Maduro seja “aceito pelo povo”, já que seu poder é imposto com punho de ferro, por meio da opressão. Maduro seguiu os passos de Hugo Chávez, cooptando as Forças Armadas da Venezuela.

O país é um dos que têm maior proporção de generais no mundo: são mais de 2 mil. Para fins de comparação, o Brasil tem cerca de 300 generais, embora a quantidade de militares nos dois países seja praticamente a mesma: 360 mil.

Promoções, benesses e salários comparativamente elevados para as maiores patentes tornam os militares parte fundamental do regime. A isso soma-se o temor de responderem pelos crimes contra a população.

Relatórios produzidos por uma missão criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) elencam os seguintes crimes cometidos há anos pelo aparato opressivo: tortura, espancamento, asfixia, violência sexual, prisões arbitrárias, censura, repressão e violações de direitos humanos.

Também é questionável que o governo seja estável, já que as pessoas que fogem do país denunciam os abusos do regime para se perpetuar no poder.

Segundo a Agência da ONU para as Migrações, em agosto de 2023, havia mais de 7,7 milhões de refugiados e migrantes venezuelanos em todo o mundo. A maioria deles vive em países da América Latina.

Desde 2017, mais de 800 mil venezuelanos entraram no Brasil, quase todos a partir de Roraima, que faz fronteira com aquele país. São 7,7 milhões de pessoas que fugiram de um país cuja população é de 28 milhões.

A estabilidade também não é percebida nas eleições. As últimas a que se pode creditar alguma legitimidade foram em 2015, quando a coalizão oposicionista conquistou 99 dos 167 assentos da Assembleia Nacional.

Essa oposição passou a levar questões contra o governo para o Supremo Tribunal de Justiça (TSJ). Maduro então iniciou um processo de aposentadoria dos juízes do TSJ e a substituição deles por correligionários seus. As eleições seguintes passaram a ser boicotadas pela oposição, que não encontrava condições justas para concorrer.

Por fim, é questionável que o governo Maduro aceite cumprir as “obrigações internacionais” da Venezuela. A dívida da Venezuela com o Brasil ultrapassa R$ 15 bilhões, na cotação de hoje.

Em dólares, são US$ 1,5 bilhão via BNDES, mais cerca de US$ 1 bilhão em exportações de produtos brasileiros ao país. Hoje não há qualquer expectativa de que o Brasil venha a receber esses valores. A Venezuela também não cumpre as resoluções da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Em agosto, os países-membros aprovaram por consenso a cobrança da publicação das atas das eleições presidenciais de 2024.

Maduro não publicou e não irá publicar as atas. Não fará isso, porque perdeu as eleições, conforme demonstra o Centro Carter, que foi um dos poucos observadores internacionais autorizados pela Venezuela para as eleições de 28 de julho de 2023.

Em outubro, o Centro Carter apresentou cópias feitas por conta própria das atas à OEA, explicitando que Edmundo González obteve mais de 67% dos votos e Nicolás Maduro conseguiu 31%.

A oposição tinha conseguido fotografar 80% das atas, que já demonstravam a vitória de González. O Centro Carter, no entanto, conseguiu registrar todas as atas, incluindo seus códigos QR. Trata-se de uma prova incontestável da vitória de González no pleito.

A ONU já havia atestado que as atas apresentadas pela oposição eram verídicas, com base em um relatório produzido por um painel de seus especialistas que observaram as eleições na Venezuela. Tanto os funcionários da ONU quanto os do Centro Carter tiveram que sair do país após as eleições.

Em 2023, Lula posicionou o Brasil como observador dos Acordos de Barbados. Os Acordos garantiriam que as sanções impostas à Venezuela pelos Estados Unidos, União Europeia e outros países fossem retiradas. Em troca disso, seriam promovidas eleições justas.

Maduro sempre criticou as sanções como principal motivo de empobrecimento do país, a despeito dos 300 bilhões de barris de petróleo confirmados – a maior reserva do mundo.

Apesar desse discurso, as sanções da União Europeia são apenas um embargo às armas e ao equipamento que o regime usa para repressão interna.

Foi imposta a proibição de viajar e o congelamento de bens de 54 funcionários responsáveis por violações de direitos humanos e por minar a democracia e o Estado de direito na Venezuela.

Por sua vez, os Estados Unidos impuseram sanções de bloqueio de bens a 11 indivíduos e 25 empresas que possuem ligações com o governo Maduro, designando-os como narcotraficantes.

Seja como for, é evidente que a retirada das sanções nunca foi uma prioridade para Maduro, pois bastaria que tivesse promovido eleições justas para que elas fossem eliminadas.

Ocorre que após as denúncias da oposição sobre a fraude nas eleições de 2024, bem como a apresentação de fotos das atas, não restou opção ao governo brasileiro, a não ser exigir a apresentação das atas eleitorais por parte de Maduro.


Isso, a despeito do partido de Lula, o PT, ter reconhecido a suposta vitória de Maduro, além de enviar representantes para sua posse, juntamente com o MST.

A opressão ditatorial de Maduro que se seguiu à eleição, com a prisão de mais de 2 mil opositores, sepultou qualquer avanço na reaproximação com a Venezuela, que vinha sendo operacionalizada pelo assessor Celso Amorim.

A relação entre Lula e Maduro continuou esfriando. Maduro acusou “a diplomacia brasileira” de ter vetado o ingresso da Venezuela no BRICs+. Também insinuou que Lula deveria “tomar um chá de camomila” para se acalmar, entre outras farpas lançadas publicamente.

Nesse contexto, e diante do rompimento das relações diplomáticas de vários países com a Venezuela, dentre os quais, Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai, o governo brasileiro deixou claro que não desejaria seguir pelo mesmo caminho.

Há cerca de 20 mil brasileiros na Venezuela e romper relações seria potencialmente prejudicial a eles. Além disso, em julho de 2024, o Brasil assumiu a Embaixada da Argentina na capital venezuelana.

O precedente do chefe da representação brasileira na Nicarágua, Breno Souza da Costa, em agosto, já havia deixado o Itamaraty em alerta. Ao não comparecer ao evento de aniversário da Revolução Sandinista, comemorado no dia 19 de julho, o diplomata brasileiro foi expulso pelo ditador Daniel Ortega.

Antes que o Brasil adotasse o princípio de reciprocidade e expulsasse a embaixadora da Nicarágua, Fulvia Castro, ela foi chamada de volta para Manágua.

O envio da embaixadora brasileira em Caracas, Glivânia de Oliveira, para a posse de Nicolás Maduro constitui um reconhecimento tácito do governo Maduro. A diplomacia ‘presidencial’ brasileira avançou demais e criou uma armadilha para si.

Historicamente, Lula foi um apoiador dos governos Chávez e Maduro. Receber este com honrarias de chefe de Estado em Brasília, em 2023, no entanto, foi um erro.

Também foi um erro ter relativizado o conceito de democracia. Já naquela época eram públicos os relatórios sobre as violações de direitos humanos, crimes generalizados e a opressão do ditador venezuelano.

Também era notório o fluxo de refugiados venezuelanos para o Brasil. Alguns poderiam acusar o governo brasileiro de ingenuidade, porém Lula seguiu apenas o modus operandi que sempre teve com os governos do país vizinho.

Fórum CNN

Os artigos publicados pelo Fórum CNN buscam estimular o debate, a reflexão e dar luz a visões sobre os principais desafios, problemas e soluções enfrentados pelo Brasil e por outros países do mundo.

Os textos publicados no Fórum CNN não refletem, necessariamente, a opinião da CNN.

**Texto em colaboração com Arthur Ambrogi – Mestre em Direito Político e Econômico pela Universidade Mackenzie.


Análise: diplomacia brasileira criou uma armadilha para si e caiu nela na Venezuela - Vitelio Brustolin e Arthur Ambrogi (CNN)

 Vitelio Brustolin e Arthur Ambrogi escrevem sobre o caso de afinidade pouco eletiva do Brasil com a ditadura venezuelana:


Análise: diplomacia brasileira criou uma armadilha para si e caiu nela na Venezuela

Segue artigo sobre a Venezuela que escrevi com o colega Arthur Ambrogi e que acaba de ser publicado pela CNN Brasil. O enfoque foi no Direito Internacional e nos princípios da diplomacia brasileira para o reconhecimento de governos. Eles seriam aplicáveis ao governo Maduro? Segue um trecho e o link para leitura na íntegra: 

“Pelo Direito Internacional, o reconhecimento de um governo pode ocorrer por meio de duas formas: expressa ou tácita. A forma expressa se dá por escrito – publicando uma declaração ou nota diplomática. A forma tácita se dá pelo relacionamento com esse governo. Na prática, só muda o formalismo, os efeitos são os mesmos. 

Conforme resume Hildebrando Accioly, em seu “Manual de Direito Internacional Público”, os Estados Unidos sustentam, desde a sua independência, que se deve reconhecer como legítimo o governo oriundo da vontade nacional, claramente manifestada.

A esse princípio foi adicionado, posteriormente, o da intenção e capacidade do governo de cumprir as obrigações internacionais do estado. A doutrina brasileira se aproxima muito dessa formulação, no entanto, historicamente o Brasil leva em conta, também, as seguintes circunstâncias:

- Primeiro, a existência real de governo aceito e obedecido pelo povo;

- Segundo, a estabilidade desse governo;

- Terceiro, a aceitação, por este, da responsabilidade pelas obrigações internacionais do respectivo estado. (…)” 

Leia o artigo na íntegra aqui: https://www.cnnbrasil.com.br/forum-opiniao/analise-diplomacia-brasileira-criou-uma-armadilha-para-si-e-caiu-nela-na-venezuela/


sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

CFP: Encyclopedia of South American History since Independence (Bloomsbury Academic)

 

Greetings Paulo Roberto Almeida,
A new Announcement has been posted in H-LatAm.

Message from a proud sponsor of H-Net:

Eunice Paiva: indigenista e lutadora pelos DH dos indígenas brasileiros - Betty Mindlin (Jornal da USP)

 

Palácio do Governo: a porta de vidro forçada, o contrário do 8 de janeiro de 2023

Por Betty Mindlin, antropóloga e membro do Conselho Deliberativo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin da USP

  Jornal da USP, 07/01/2025 às 18:12

Marcelo Paiva desponta como ser grandioso no centro do Roda Viva de 23 de dezembro de 2024. Mesmo com as marcas indeléveis da tragédia familiar e pessoal, extrai de si a alegria vital para a luta por justiça, em trajetória combinada de escritor, roteirista, cineasta, jornalista, múltiplos dons de arte e feitos. É de uma simpatia encantadora, no olhar arguto ao acolher as perguntas dos entrevistadores. Como sua mãe, combativo e hábil, nunca dogmático, sempre firme. Lembra expositores e/ou expositoras como Orlando Villas Boas, Darcy Ribeiro, Ana Maria Gonçalves, Ailton Krenak, caudal de fala magnética arrastando ouvintes – quase uma gafe interromper sua densidade.

Eunice Paiva tornou-se um ícone da resistência à ditadura (1964-1985) com o belo livro de Marcelo de 2015, e com o filme magnífico de 2024, ambos com o título Ainda estou aqui. Entre muitos temas, em cenas breves, ali aparece a magnitude de Eunice jurista em defesa dos povos indígenas. No livro, Marcelo se estende mais que seu amigo cineasta Walter Salles sobre o currículo da mãe na aliança com indígenas.

A história profissional de Eunice com os povos e direitos indígenas poderia – e deveria – ser objeto de um livro em si, ou de um filme. Mas há um episódio que nunca vi por escrito, do qual participei, e que, no caso de Eunice, poderia ser um emblema da causa indígena, dado o feliz alcance nacional e internacional de Ainda estou aqui.

Eu ousaria chamar o episódio de “O oposto do 8 de janeiro de 2023: empurrando a porta de vidro do Palácio do Planalto”.

Eunice Paiva foi a jurista do conselho administrativo da Fundação Mata Virgem (FMV), de 1989 a 1992, e até 1994 do conselho consultivo.

Em 10 de janeiro de 1990, um grupo de ativistas, estudiosos, artistas e indígenas foi em comitiva ao Palácio do Planalto. Há tempo exigiam do presidente Sarney uma audiência para reivindicar a demarcação de 4.938.100 hectares das terras Kayapó Mekranogti. O cantor Sting, fundador da Rainforest Foundation, parceira da FMV, prometera pagar os custos da demarcação com a renda de seus shows, embora esse fosse o dever do Estado brasileiro. Os manifestantes eram Eunice Paiva, Raoni Metuktire, Sting, Gilberto Gil, Rita Lee, Roberto de Carvalho, Arnaldo Antunes, Olympio Serra, então presidente da Fundação Mata Virgem, Megaron Metuktire, diretor do Parque Nacional do Xingu, Jorge Terena, da União das Nações Indígenas, mais representantes do Conselho da FMV, como Carmen Junqueira, André Villas Boas, Roberto Baruzzi, Sidney Possuelo, Walter Alves Neves e eu mesma, como conselheira da FMV e, mais tarde, da Rainforest Foundation.

Apesar de marcada a audiência, que não seria concedida por Sarney e sim pelo chefe do gabinete civil, parecia impossível entrar no Palácio, fomos barrados e barradas.

Não admitimos a proibição e, unidos, empurramos a porta de vidro. Os funcionários de segurança, pasmos de ver grandes artistas solicitando com respeito a entrada, mas forçando o vidro, mais de forma simbólica que efetiva, acabaram cedendo, nos deixaram passar, cada vez uns poucos, por fim todos; Sarney foi obrigado a fazer o mesmo. Lembro nitidamente de estar junto com Rita Lee, Roberto de Carvalho e Gilberto Gil, associada a suas fortes mãos ao tocar a cancela do Poder Executivo.

Eunice, a caminho da sala de Sarney, afirmava que não entraria – como dar a mão a quem se aliara aos responsáveis pelo assassinato de Rubens? Foi persuadida a nos acompanhar, jurista ponderada capaz de argumentar e comprovar o direito às terras reivindicadas pelos Kayapó. Sarney prometeu, mas a demarcação demorou muito a ser realizada. Foi homologada pelo presidente Itamar Franco em 1993.

Depois do 8 de janeiro de 2023, o gentil empurrão na porta de vidro de 1990, ousadia de um movimento social, artístico, de nossos povos indígenas, anteriores ao estado nacional, pela igualdade, clima e respeito, assume o significado do presente. É o paradigma oposto ao golpe contra a eleição de Lula, na forma de abrir o portão e o portal do governante pelo cumprimento da lei.

Necessário para a visibilidade do movimento indígena, com a insígnia da seguidora fiel Eunice Paiva.

É curioso que esse gesto tão simbólico não tenha sido escrito ou falado por nenhum dos participantes. Rita Lee não o menciona em sua tão boa autobiografia. Não sei se Gilberto Gil ou Arnaldo Antunes, se é que este esteve também, lembraram em algum momento – poderia ter virado hino. Com eles dois está em tempo. Dr. Roberto Baruzzi, defensor magistral da saúde indígena, já se foi. Eu, tão impressionada com o evento, nunca escrevi. Contei muitas vezes em conversas. No velório de Eunice, comentei com Veroca, e ela me fez contar à TV Globo. Não sei se foi ao ar. Eu me sinto com o peso de ser guardiã e testemunha única, enquanto não consigo que outros relembrem e que ouça se têm o mesmo espanto que eu.

***

A primeira lembrança que tenho de Eunice Paiva é de fevereiro ou março de 1971, quando ela vinha ao hospital visitar meu tio Henrique Mindlin, que acabou falecendo em julho. Rubens Paiva desaparecido, nada se sabia sobre ele; compartilhávamos duplo desespero, por causas tão diversas. Tio Henrique era cunhado de Baby Bocayuva Cunha, irmão de tia Vera. Penso que foi assim que se tornou amigo de Rubens e Eunice. Todos moravam no Rio. Não sei se meus pais chegaram a conhecer Rubens, mas a Eunice ligaram-se há muitas décadas.

A proximidade de meus pais e minha com ela, e mais tarde com as quatro filhas e filho, aumentou quando se mudaram para São Paulo, e ela se fez advogada. Meus pais a incluíram em seu círculo de amizades e viam-se com frequência. Marcelo é amigo de minha irmã Sonia, tocava violão com ela em casa de meus pais, os dois estudaram no Colégio Santa Cruz.

Na Comissão Pró-Índio de São Paulo (CPI-SP), fundada em 1978, a presença de Eunice era marcante. Foi em casa de Eunice que conheci Ailton Krenak, talvez nesta época. Eunice insistia em me apresentar a “um rapaz brilhante, excepcional, indígena de Minas Gerais”. A CPI-SP era o centro de debates, parcerias, figuras indígenas, aula para a antropóloga aprendiz que eu era, seguidora de Carmen Junqueira.

Entre 1983 e 1987, Eunice fez parte como jurista de uma equipe de consultores encarregados de avaliar a situação indígena dos povos afetados pelo Programa Polonoroeste (1983-1987). Eu era a coordenadora da avaliação na Fipe-USP, a instituição universitária a nos contratar e prover recursos para as viagens aos povos indígenas. O Programa Polonoroeste tinha financiamento parcial do Banco Mundial e contrapartida do governo brasileiro, e destinava-se à pavimentação da rodovia BR-364, Cuiabá-Porto Velho, e a projetos de colonização. Compreendia uma pequena parcela a ser paga pelo Brasil, destinada aos povos indígenas e ao ambiente, impactados e degradados pelo projeto. Cláusula mínima conquistada por antropólogos-raridade no banco, como Robert Goodland, e ativistas. Parcela insuficiente diante os objetivos econômicos do Polonoroeste, idealizado como se a região fosse inabitada, se não existisse terra ancestral indígena, demais habitantes, povos, ribeirinhos, quilombos e uma floresta e ambiente grandiosos a preservar. As grandes construtoras ditavam o sistema econômico omitindo o social. Foi no quadro dessa avaliação que Eunice fez pareceres magistrais para a causa indígena, como o que analisa a exploração madeireira ilegal nas terras indígenas, ou o parecer fundamental para a demarcação da Terra Indígena Zoró em 1987.

Com os estudos e resultados da equipe de avaliação, incluindo e transmitindo a voz indígena e suas reivindicações, mais de 30 demarcações dos 60 povos afetados foram realizadas, além da defesa de povos isolados até então ignorados. A atuação da avaliação da Fipe-USP ficou conhecida por ter, com aliança da antropóloga Maritta Koch-Weser, responsável pelo programa ambiental do Banco Mundial na região, conseguido interromper em 1985 o financiamento da instituição enquanto quatro terras escolhidas como paradigmáticas não fossem demarcadas e livres de invasões (Urueu-au-au, Zoró, IkolenGavião/ Arara Karo e Nambiquara).

Em 1985 foi publicado o livro de Eunice Paiva em coautoria com Carmen Junqueira, O estado contra o índio, publicado pela PUC-SP em 1985, tão válido hoje como então. Um estado no qual grandes interesses econômicos e concentração de riqueza são proeminentes, sem compreensão da vida indígena voltada para o coletivo ou comunitário.

Em 1987, Eunice Paiva fundou com Carmen Junqueira, Rinaldo Arruda, Mauro Leonel e eu, além de outros estudiosos, a ong IAMÁ, Instituto de Antropologia e Meio Ambiente, organização não governamental que atuou até 2001 com forte centro em Rondônia e Mato Grosso e em assuntos nacionais de defesa dos direitos indígenas e criação de projetos de educação, saúde, autonomia econômica e política de muitos povos. Tivemos como generoso padrinho o professor Aziz Ab´Saber, que dirigiu no IAMÁ o plano ambiental da candidatura de Plinio de Arruda Sampaio ao governo do estado de São Paulo em 1990.

Além da parceria profissional e o ativismo contra a ditadura, a intimidade nos unia. Eunice, Carmen, Mauro e eu, por vezes com meus pais e com meu compadre Adão Pinheiro, passamos inumeráveis fins-de-semana fora de São Paulo, juntos em longas conversas, uma convivência deliciosa. Adão nunca chegou a dizer a ela, mas, como muitos outros que a conheceram, sempre a descrevia como mulher sedutora, com uma feminilidade atraente e original – traço somado à guerreira ousada e competente em seu ofício de advocacia.

No livro, Marcelo faz um bonito apanhado do currículo de sua mãe junto aos povos indígenas. A defesa dos Pataxós em 1983, em conjunto com Manuela Carneiro da Cunha, ambas atuando na Comissão Pró-Índio de São Paulo, bem como Lux Vidal, Carmen Junqueira, Dalmo de Abreu Dallari, Carlos Frederico Marés, Ailton Krenak e tantos outros. Marcelo se mostra informado sobre a situação indígena na época da ditadura. Comenta a Comissão Nacional da Verdade, depoimentos de vítimas, os genocídios no Reformatório Krenak, nos Cinta-Larga do Paralelo 11, os dos Xetás e Avás-Canoeiros. Fala do debate na TV Cultura, Eunice ao lado de Ailton, Dalmo Dallari, Sylvia Caiuby e Carmen Junqueira, uma de muitas apresentações que se seguiram. Sua atuação em defesa dos povos atingidos pela Cia. Vale do Rio Doce – era o grupo de antropólogos com a liderança de Lux Vidal, em crítica do Projeto Carajás, projeto semelhante ao Polonoroeste, as duas equipes sempre ligadas enfrentando o Banco Mundial, a Eletronorte e o governo brasileiro. Eunice representando o Brasil no Congresso Mundial das Populações Nativas em Estrasburgo, em 1984. As idas aos povos indígenas, o embate com a Funai. Indígenas e OAB, Eunice consultora da Assembleia Nacional Constituinte em 1988. No filme, pinceladas sobre seu papel, como sua parceria com a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, uma das mais proeminentes brasileiras na defesa de indígenas.

Não seria possível, nem no livro nem no filme, explorar a obra completa das ações de Eunice. São no mínimo 300 povos indígenas, cada um uma saga, um enredo, uma história de costumes, línguas, enfrentamentos, resistência. Tarefa para estudiosos, há muitos arquivos e documentos, buscas a fazer com os colaboradores e instituições que Eunice assessorou. Algo, no seu caso, como o que fez Rubens Valente no livro Os fuzis e as flechas, mergulhando em cada caso e situação de um povo.

Que a versão Eunice na visita ao Planalto em 1990 sirva de estímulo. Um brasão, fogo reavivado por Marcelo Paiva e pelo filme, ela está aqui.

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