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quarta-feira, 13 de abril de 2011

Governo Dilma: 100 dias - avaliacao complacente (Murillo Aragao)

Devo dizer que nao condordo em absoluto com o autor abaixo, que provavelmente por ser um analista político que necessita preservar pontes, diálogo e amizades entre os meios políticos, tende a ser mais generoso do que a realidade o permitiria.
Na verdade, até o momento, o governo se caracterizou por enorme improvisação: cortes anunciados em janeiro, detalhados um mês e meio depois, ainda não implementados, criação de ministério -- um dos quais dito que seria para "desburocratizar" (!!!???; sic três vezes) --, entrega de dinheiro para o BNDES em volume ainda maior do que os cortes anunciados e não concretizados.
Enfim, o governo pensa que somos idiotas?
Paulo Roberto de Almeida

Cem dias de governo Dilma
Murillo de Aragão
13/04/2011

A presidente Dilma Rousseff completou cem dias de governo. O balanço da atual administração é, em geral, positivo. Dilma conseguiu se consolidar com chefe de estado e não resta dúvida de que governa com personalidade e atitude.
Os resultados que o governo obteve no Congresso foram bons. Os candidatos apoiados pelo Planalto foram eleitos para as presidências da Câmara e do Senado: Marco Maia (PT-RS) e José Sarney (PMDB-AP), respectivamente. O governo venceu na votação do salário mínimo e do projeto de lei do decreto legislativo que renegocia o acordo com Brasil com o Paraguai pelo excedente de energia da Hidrelétrica de Itaipu.
Na economia, o governo também tem demonstrado compromisso com a questão fiscal, monetária e cambial. Foram anunciados cortes de R$ 50 bilhões no Orçamento da União para este ano, conforme expectativa do mercado.
Na linha do seu discurso de posse, Dilma reforçou seu compromisso de combate à inflação. O Banco Central subiu os juros nas duas reuniões que realizou este ano. Na semana passada, a Fazenda decidiu aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para operações de crédito. Foram divulgadas ainda medidas para conter a valorização do real frente ao dólar.
Na política externa, a postura de Dilma tem sido bem-recebida pela comunidade internacional. Sobre a posição do Brasil na votação de moção pela ONU condenando violações de direitos humanos no Irã, inclusive o apedrejamento de mulheres, a presidente afirmou não concordar.
Dilma também sinalizou com uma posição mais pragmática frente aos EUA. A visita de Barack Obama foi um gesto simbólico importante, visto como uma mudança na postura da gestão anterior. Ainda que nada do que tenha sido feito destoe do que Lula pensa sobre o tema.
Por conta disso, Dilma Rousseff tem o melhor início de governo de todos os presidentes desde 1989 (Collor, Itamar, FHC e Lula), conforme revelou recentemente o instituto Datafolha.
Se por um lado, isso é positivo porque garante a presidente um acumulo de popularidade para enfrentar os temas de difícil consenso com, por exemplo, a divisão dos royalties do pré-sal e a reforma tributária, de outro, aumenta as expectativas da opinião pública em relação a presidente.
Porém, existem aspectos negativos que merecem ser destacados. O governo continua muito fechado e o acesso é difícil, especialmente ao chamado núcleo duro. Percebem-se, ainda, alguns atritos no primeiro escalão.
No início do ano, por exemplo, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, criticou publicamente o fato de o governo insistir no salário mínimo de R$ 550. Foi obrigado a recuar depois que a presidente disse que divergências internas não deveriam ser tratadas pela imprensa.
Depois que o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, sinalizou com possível aumento no preço da gasolina, os ministros Guido Mantega e Edison Lobão afirmaram que essa hipótese não está nos planos do governo. A imprensa explora, ainda, eventuais divergências entre Mantega e Antonio Palocci.
A questão da troca de comando na Vale foi muito conturbada. Existem, também, os atritos na base aliada decorrentes da demora nas indicações de cargos de segundo e terceiro escalões.
Mas, de um modo geral, o saldo é positivo. Além do fato inconteste que Dilma conseguiu imprimir uma marca ao seu governo sem descaracterizar o fato de ser uma continuidade da era Lula. Isso está evidente no resultado das pesquisas de opinião divulgadas recentemente e nos resultados obtidos no Congresso Nacional.

Para os iPad-maniacos: nao esperem preço baixo...

Não contem pagar menos do que a tradicional exploração brasileira: no máximo vai ser reduzido do dobro para dois terços do preço original nos EUA...

Apple prepara lote de iPads brasileiros
Camila Fusco, de São Paulo
Folha de S. Paulo, sábado 09/04/2011

Contêiner inicial de componentes já está a caminho do país; produção permanente dependerá de isenção fiscal
Fabricação será "teste" de mercado enquanto se discute incentivo e deve acontecer em unidade da Foxconn em SP

Em meio às negociações com o governo brasileiro por incentivos à fabricação de tablets, a Apple já enviou ao país os primeiros lotes de componentes para montagem local do iPad.
Segundo a Folha apurou, um carregamento com componentes já está a caminho do Brasil em contêineres embarcados a partir da Ásia, que hoje concentra a fabricação dos produtos Apple.
A previsão de chegada é de até dois meses, tempo suficiente para que as várias instâncias de governo formalizem as políticas de incentivo.
Além de redução de 9,25% de PIS e Cofins, que a Apple poderia aproveitar com a classificação dos tablets como computadores - como já sinalizado pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo-, há a possibilidade de a produção também ser beneficiada por incentivos fiscais dos Estados.
Hoje, o ICMS aplicado sobre a cadeia de distribuição chega a 33%.
O candidato natural à produção da Apple é São Paulo, na região de Jundiaí e Indaiatuba, onde estão unidades da Foxconn, fabricante do iPad, do iPhone e do iPod.
No Estado, o governo já ratificou benefícios fiscais para fabricantes de eletrônicos como isenção de IPI, redução de ICMS de 18% para 7% e incentivos sobre máquinas para a produção local.
Se a Apple decidir fazer do país um polo de exportação de seus produtos para a América Latina, poderá complementar os incentivos estaduais com as medidas federais já previstas para PCs.
"Esses incentivos combinados para a importação de máquinas e equipamentos poderiam permitir corte de preços de até 40% no preço do tablet", afirma Julio Semeghini, secretário de Gestão Pública de São Paulo.
O percentual estaria em linha com as expectativas da Apple. Hoje, se houver só a redução de PIS e Cofins, os iPads teria redução de apenas 5% no varejo.
Segundo Semeghini, o governo estadual está empenhado em incentivar as empresas a fazer do Estado tanto um polo para exportação quanto um centro para abastecer o mercado interno.
Questionado diretamente sobre o acordo com a Apple, o secretário preferiu não comentar o assunto.

MONTAGEM LOCAL
Esse primeiro lote de componentes tem a intenção de "testar" o mercado e vai gerar os primeiros iPads brasileiros enquanto acontece a negociação dos tributos.
Eles devem ser produzidos nas fábricas já operacionais da Foxconn, que fabricam para Sony e HP, já que o volume inicial para iPad não deve ser expressivo.
Estudo da Apple no país mostra que há demanda por ao menos 5.000 iPads mensais. Se combinadas com incentivos, até questões sensíveis, como mão de obra -4,5 vezes mais cara que na China-, são resolvidas.

NEGOCIAÇÕES
O futuro da produção dos produtos da Apple no Brasil pode depender do encontro de Dilma Rousseff com o líder global da Foxconn, Terry Gou, na China.
Segundo a Folha apurou, está na pauta oficial reunião com Gou, que está interessado em trazer ao Brasil a produção de outros eletrônicos, incluindo o iPhone e o Mac.
Para fabricar os produtos, a Foxconn procura terreno em Jundiaí para montar nova unidade, na qual também poderia ser feito o iPad.
Procurada, a Apple não comenta a informação.

Incentivo para tablet no país ainda é dúvida
Embora a Apple já tenha dado os primeiros passos para trazer os componentes para fabricar o iPad no Brasil, os incentivos para a fabricação ainda são uma incógnita.
Segundo a Folha apurou, fabricantes como Positivo, Itautec, Samsung e da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) estiveram na semana passada com o secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, para discutir estímulos à produção nacional, mas nada foi definido.
O principal objeto de discussão é o PPB (Processo Produtivo Básico) que vai determinar quais partes podem ser importadas e os incentivos fiscais.
Os fabricantes pedem classificação de notebooks, com isenção de 9,25% de PIS e Cofins.
No entanto, para a Receita, notebooks são apenas os aparelhos que possuem teclado.
Outra possibilidade é que os tablets tenham um PPB próprio, o que os faria perder a isenção.
Barreto pediu 15 dias para discutir o tema.
A importação dos componentes do iPad, porém, não foi "no escuro".
A opção da Foxconn foi trazer os componentes desmontados no formato conhecido pela indústria como CKD, em que todas as etapas de montagem são feitas por aqui.
Com isso, não haveria o risco de perder os incentivos caso o governo decida pela montagem completa local, em vez dos formatos importados pré-montados (SKD).

Brics ma non troppo: how to be united separately (Financial Times)

Brics summit: few details, low expectations
Jamil Anderlini
Financial Times, April 12, 2011

Getting the leaders of the world’s largest developing nations together on the tropical Chinese resort island of Hainan is apparently no easy feat.

With just a day to go before the third annual Brics summit – the only multilateral grouping to be named after a Goldman Sachs marketing campaign – the Chinese organizers have not revealed exactly who will attend, what is on the agenda or even the exact time and location of the meeting.

Probably some of this reticence has to do with security concerns. The national leaders of Brazil, Russia, India, China and South Africa together in one spot presumably make a tantalizing target for any terrorist group hoping to make a big splash.

But it is also symbolic of just how difficult it is to align the interests of these big “emerging markets”, not to mention the schedules of their leaders.

It is hard to see these countries agreeing on anything much beyond their increasing relative importance vis-à-vis the West in general and the United States in particular.

Indeed, you might be forgiven recently for concluding that President Barack Obama’s international travel schedule is being decided based on where China’s influence is growing fastest.

Late last year we saw a much-hyped presidential visit to India and last month Obama swept through Brazil on a Latin American tour that comes as Beijing is ramping up its trade, investment and diplomacy in the region.

For decades China has portrayed itself as a leader and spokesman for developing nations.

But China’s investments and interests around the world are now more akin to those of the western powers and its posture on the global stage has started to change to fit this new reality.

China’s enormous role in global trade – it is now the largest exporter of manufactured goods in the world – and the friction it causes with trading partners is perhaps the second big area of consensus between the four other Brics nations.

All of the other countries have made more balanced trade with China a key discussion topic in bilateral relations.

The problem for Brazil, Russia, India and South Africa is that China mostly imports their raw materials, feeds them into its manufacturing juggernaut and then sends them back as finished products

The Chinese have decided to make “Looking into the future, sharing prosperity” the theme of the Hainan Brics meeting.

But all the other Brics nations have complained that not enough prosperity is coming their way in their bilateral relationships with China and that this has got to change.

One thing that China, as host of this meeting, has said will definitely not be on the agenda is any discussion of the value of its currency, a big concern for most trading partners, including its fellow Brics nations.

Topics for discussion for the one-day event are “the international situation, global economic and financial affairs, development issues and cooperation within Brics,” China’s foreign ministry said at a briefing earlier this month.

One seasoned diplomat from another of the Brics countries was a bit more direct:

“Frankly speaking, nobody’s expecting anything to come out of this meeting. If you consider the diversity of the countries involved and the lack of collective interests among them then it’s understandable to have low expectations.”

Profissao de politico: ganhar para gastar o dinheiro alheio...

Seria para uma boa causa. Do ponto de vista microeconômico vai aumentar o preço das diárias nos hotéis e o das tarifas dos motéis (seria por hora?):

Motéis e hotéis podem ser obrigados a oferecer preservativos de graça
Projeto, aprovado em comissão, segue para votação na Câmara
(O Globo, 13/04/2011)

Políticos adoram fazer bondades com o dinheiro alheio...

Ipea volta a apresentar estudo competente: comercio do Brasil com os Brics

Depois de uma longa e tenebrosa noite -- quando o Ipea, certamente inspirado por "almas cândidas", como diria Raymond Aron, chegou a publicar estudos pavorosos, como aquele sobre a produtividade do setor público, ou sobre o peso do Estado e da tributação na economia brasileira, tudo segundo critérios metodológicos surrealistas -- aquela ex-augusta casa de estudos sérios voltou a publicar um estudo relevante.
Esperemos que continue assim, e abandone a ideia de fazer vodoo economics, como se diria em outros círculos...
Paulo Roberto de Almeida

Ipea divulga estudo sobre relações comerciais do Brasil com os demais BRICS
Comunicado da Presidência n.86, 12/04/2011

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apresenta nesta quarta-feira, dia 13, às 14h30, o Comunicado do Ipea n° 86: Relações comerciais e de investimentos do Brasil com os demais países do BRICS. O estudo será apresentado no auditório da sede do Instituto, em Brasília, (SBS, Quadra 1, Bl. J, Ed. BNDES) pela chefe da Assessoria Técnica da Presidência do Ipea, Luciana Acioly, e pelo técnico da Diretoria de Relações Econômicas e Políticas Internacionais (Dinte) Flávio Lyrio.

O Comunicado tem como objetivo analisar o intercâmbio comercial e a realização de investimentos entre o Brasil e os demais países que formam o BRICS: Rússia, Índia, China e recentemente convidada a África do Sul. O estudo aborda a crescente importância destes cinco países na demanda mundial, que contribuíram com mais de 60% do crescimento da economia global nos anos 2008-2009.

A ampliação da participação do BRICS no comércio mundial, também é objeto do estudo. O BRICS foram responsáveis por mais de 15% das importações mundiais em 2009, com destaque para a China, responsável por 10,7%. A China tem destaque especial não só pela pujança de sua economia, mas pelo seu dinamismo. As relações comerciais do Brasil com os demais países do BRICS são limitadas pelas assimetrias entre estas economias que devem ser mais bem explicitadas.

O Comunicado do Ipea nº 86 é o último de uma série de três estudos que têm como tema os países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), com enfoque na China. Na quarta-feira, dia 6, foi apresentada em Brasília a primeira pesquisa da série, intitulada Internacionalização das empresas chinesas: as prioridades do investimento direto chinês no mundo (disponível pelo Portal Ipea – www.ipea.gov.br). E na sexta-feira, dia 08, o Instituto divulgou o Comunicado do Ipea n° 85 As relações bilaterais Brasil-China: a ascensão da China no sistema mundial e os desafios para o Brasil.

A divulgação do Comunicado coincide com a ida de três técnicos do Ipea à China, no fim do março, para participar do Simpósio de Think-Tanks dos BRICS que correspondeu ao quarto encontro realizado entre centros de pesquisa dos BRICS. Os pesquisadores do Ipea também participaram de reunião política com o Conselheiro de Estado e Vice-Ministro de Relações Exteriores Dai Bingguo, na qual os participantes tiveram a oportunidade de apresentar algumas das questões tratadas no seminário e de ouvir explanação do Conselheiro sobre as linhas de ação da política externa chinesa.

Neste link: http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/comunicado/110413_comunicadoipea86.pdf

Agora seriamente: tribulacoes na OTAN na Libia, a coalizao dos "empurrados"...

SPIEGEL Interview with NATO Head Rasmussen
'There Is No Military Solution to the Libya Conflict'
Der Spiegel, 13/04/2011

Even after weeks of NATO air strikes, the conflict in Libya appears no closer to being resolved. SPIEGEL spoke with NATO Secretary General Anders Fogh Rasmussen about whether bombs can lead to democracy, the possibility of Libya becoming a failed state and Germany's reluctance to get involved.
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About Anders Fogh Rasmussen
Anders Fogh Rasmussen, 58, has been NATO Secretary General since 2009. Prior to taking over the top post at the trans-Atlantic alliance, he led a conservative governing coalition as Danish prime minister. In 2003, he threw his support behind US President George W. Bush's invasion of Iraq. Turkey initially blocked his nomination to lead NATO because Ankara considered him to be anti-Islam. In office, Rasmussen has proven to be a flexible negotiator and recently steered the alliance toward greater cooperation with Russia.
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SPIEGEL: Mr. Secretary General, the military leadership of the Libyan rebel government has leveled serious charges against NATO, saying the alliance has been active enough in flying air strikes against troops loyal to Libyan dictator Moammar Gadhafi and is thus partly responsible for the deaths of countless civilians. Is NATO failing?

Rasmussen: I can assure you that we are fully implementing United Nations Security Council Resolution 1973 to protect the Libyan civilian population. The scope and speed of our operation remain high. During the first week of our NATO operation alone, we flew more than 1,000 sorties. We have already destroyed a third of Gadhafi's military machinery.


NATO air strikes in Libya have been ongoing for weeks now. Forces loyal to Libyan dictator Moammar Gadhafi have been stalled in their attempts to wipe out the pro-democracy rebellion. But the rebels have been unable to make advances and a stalemate would seem to have ensued.



SPIEGEL: The foreign minister of the Libyan transitional council, Ali al-Issawi, says that the problems began after the initial coalition -- led by the US, Great Britain and France -- turned over the command to NATO. According to Issawi, NATO is obstructing and even betraying the resistance.

Rasmussen: That's not fair. To some extent, we have been hampered by bad weather, which may have created the impression that we have scaled down our campaign. But that was unavoidable, and it has long since changed again. We are currently flying at least as many air strikes now as we were before.


The US has ceased flying missions in Libya and the French and British continue to take the lead in the effort. Here, a French Mirage 2000 approaches an airborne refuelling tanker.


SPIEGEL: But not necessarily with more success. And there remains the high risk of civilian casualties. Was it not to be expected that Gadhafi would abuse civilians as human shields?

Rasmussen: Yes, you're right. He has changed his tactics. But that also points to our successes. Now that he has to hide his tanks and other heavy weapons, he can no longer use them as easily against civilians. The fact that the regime is using people as human shields also points to its unbelievable brutality. Gadhafi knows that we have to do everything, and want to do everything, to avoid civilian casualties, and he's taking advantage of that.
SPIEGEL: Some rebel leaders are encouraging you to accept this "collateral damage" and, if necessary, to bombard central neighborhoods of the embattled city of Misurata if you could decisively weaken Gadhafi's forces by doing so. Is it a question of strategy, or of morality?

Rasmussen: Some chastise us because we are supposedly too cautious, while others criticize us for doing what we are doing. It's a difficult line to walk. Our mission is to protect the civilian population. After all, we don't have any troops on Libyan soil.

SPIEGEL: Can this war be won without ground troops?

Rasmussen: The honest answer is that there is no military solution to this conflict. We need a political solution, and it's up to the Libyan people to come up with one. We can only call upon the leadership in Tripoli to put an end to its acts of violence, to grant the people their legitimate rights and to permit a peaceful transition to democracy.

SPIEGEL: What happens if Gadhafi doesn't comply with these demands? Wouldn't NATO at least have to provide for weapons parity and begin supplying tanks and missiles to the rebels?

Rasmussen: All I can say to that is this: We are responsible for the implementation of UN Resolution 1973. This resolution states that we are to participate in the implementation of the arms embargo against Libya. We will strictly adhere to the resolution. That's our mission.

SPIEGEL: On the other hand, though, Resolution 1973 expressly allows for the protection of the civilian population "with all means necessary." British Defense Secretary Liam Fox has said that Gadhafi could indeed be a possible target of operations. Some international law experts agree.

Rasmussen: I will not enter into a legal dispute over questions of interpretation. We are focusing on implementing the resolution.

SPIEGEL: This isn't just a question of legal interpretation. The greatest threat to the civilian population stems from the dictatorial regime, from the despotism of Gadhafi and his clan. How can a solution be possible in Libya without Gadhafi and his clan leaving the country or being arrested?

Rasmussen: Of course the threat against the civilian population comes from the Gadhafi regime. The UN Security Council has clearly stated that the actions of the regime could constitute crimes against humanity. And Gadhafi could be tried for such crimes in the International Criminal Court.

SPIEGEL: What criteria have to be met so that you can call the NATO operation "Unified Protector" a success?

Rasmussen: If we manage to stop the violence, so that there is no longer a threat to the Libyan civilian population.

SPIEGEL: The implementation of a no-fly zone alone is extremely costly. Such zones had to be maintained for years in the Balkans and Iraq.

Rasmussen: I very much hope that we will be able to find a political solution in the near future. The worst outcome would be a military stalemate or a de facto partition of Libyan society, in which Libya would become a failed state and a breeding ground for terrorist groups -- and that so close to Europe's borders.

SPIEGEL: At the moment, it's looking like a military stalemate is a very real possibility. Libya is already de facto divided. Is peace in a divided Libya possible?

Rasmussen: In the end, it will be up to the UN to help Libya achieve a political solution to this crisis. The territorial integrity of Libya must be maintained.

SPIEGEL: Would you welcome a cease-fire? Would it have to be tied to conditions?

Rasmussen: The UN resolution calls for a cease-fire. It should be credible and verifiable. The protection of the civilian population must be guaranteed. Under no circumstances may a cease-fire cement the current situation. On the contrary, it must create the conditions for a constructive political process.

SPIEGEL: From whom do you receive the coordinates for air strikes -- from the rebels, who may not always be trustworthy, or from CIA agents on the ground?

Rasmussen: I cannot comment on operational details.

SPIEGEL: Can you imagine a future for Libya without the entire Gadhafi clan leaving the country?

Rasmussen: The message of UN Resolution 1973 is clear: Any solution must take the legitimate wishes of the Libyan people into account.

SPIEGEL: German Chancellor Angela Merkel has said that if one intervenes in Libya, then intervention in other trouble spots becomes unavoidable. Is she wrong?

Rasmussen: The chancellor has raised a legitimate question that requires a pragmatic response. The international community cannot solve all the world's problems. We have to decide on a case-by-case basis. A massacre threatened to unfold in Libya. That was the reason why we, as the international community, became active.

SPIEGEL: It wasn't NATO but a "coalition of the willing," including France, Great Britain and the United States, that launched the initial air strikes against Gadhafi's positions.

Rasmussen: I was very supportive of this rapid commitment by the coalition. The air strikes began literally at the last minute.

SPIEGEL: NATO was unable to achieve a rapid consensus over military intervention. The French were opposed to NATO leadership of the mission and wanted to play the leading role themselves, the Germans refused to get involved militarily and the Turks long obstructed an intervention.

Rasmussen: Many lengthy meetings were necessary before we reached a joint decision. But compared with the past, we reached agreement relatively quickly this time. In the 1990s, when NATO became active over the Balkans, it took the alliance several months to prepare a campaign. This time it took only a week.

SPIEGEL: Germany's abstention from the UN Security Council vote on Resolution 1973 has been widely criticized. You called it "absurd" that the Germans opted not to make its military capabilities available to the alliance.

Rasmussen: I will not comment on internal discussions within the NATO council.

SPIEGEL: In response to your criticism, the German NATO ambassador walked out of the room in protest.

Rasmussen: We have many long meetings in the NATO council, during which people are constantly coming in and going out. What counts is that we agreed in the end.

SPIEGEL: The Germans are still waiting for an apology.

Rasmussen: I have no problems whatsoever with the Germans.

SPIEGEL: Do you see a tendency toward pacifism in Germany?

Rasmussen: I greatly value Germany's contribution to NATO. When I meet Berlin politicians, no matter what their politician affiliation, I sense a strong commitment to the trans-Atlantic partnership. Germany has been very involved in NATO operations, especially in Afghanistan, but also in Kosovo.

SPIEGEL: Now you're painting a rather rosy picture. The United States, Great Britain and France voted for the Libya resolution in the Security Council, while Germany joined China and Russia in abstaining. How is that consistent with commitment to the trans-Atlantic alliance?

Rasmussen: Even though the Germans abstained in the Security Council, which some found incomprehensible, their role in the ensuing NATO meetings was very constructive. Berlin didn't obstruct the mission. On the contrary, it has now even issued a mandate for German involvement in AWACS reconnaissance flights over Afghanistan.

SPIEGEL: In doing so, Germany essentially bought its way out of the Libyan campaign. Only two months earlier, Berlin was still refusing to take part in an AWACS mission in Afghanistan.

Rasmussen: But this also highlights the flexibility of the Germans. Berlin abstained in the Security Council, but in NATO it supported the Libya campaign and assumed more responsibility in Afghanistan.

SPIEGEL: Germany has now agreed to provide military protection for a European Union humanitarian mission in Libya. Is this more than a gesture of good will?

Rasmussen: I welcome all contributions that improve the situation in Libya. I am very concerned about the humanitarian situation there, but NATO does not assume a leading role on this issue. The United Nations should handle the coordination of humanitarian aid. The EU can play a supporting role.

SPIEGEL: When it comes to Afghanistan, there is growing war fatigue in all NATO countries, and Afghan President Hamid Karzai has made it clear that he wants the ISAF mission to end quickly. How much longer do you see NATO in Afghanistan?

Rasmussen: At the NATO summit in Lisbon last fall, we agreed to a timetable together with the Afghans. I have complete confidence in President Karzai. We plan to begin a gradual transition process in July. The control of seven regions will be handed over to the Afghans. Hopefully this process will be complete by the end of 2014. However, we will continue to conduct our mission there after the combat portion is over, supporting the Afghans in the development and training of their troops. We will not leave behind a vacuum.

SPIEGEL: In August you will have been head of the defense alliance for two years. Did you expect so many difficulties? As a result of the WikiLeaks publications, we now know that an American mole secretly forwarded documents and the minutes of meetings from your office to Washington.

Rasmussen: I have been in politics for so long that nothing surprises me anymore.

SPIEGEL: At the beginning of your term, you said that you wanted to be more of a general than a secretary. Some in the alliance are taken aback by your assertive manner. Do you need to be more gentle and compromising, or is banging on the table with one's fist simply a part of the top job at NATO?

Rasmussen: I am not a patient person by nature. But I was the head of a minority government in Denmark and have spent countless hours forging majorities. There are 28 members of NATO, and all decisions must be made unanimously. This means that I often have to be more of a secretary and focus on mediation.

SPIEGEL: Mr. Secretary General, thank you for this interview.

Translated from the German by Christopher Sultan
Interview conducted by Erich Follath and Christoph Schult

Pausa para... piadas involuntarias: avisos paroquianos

Tal como recebido dessas correntes de internet que dão várias vezes voltas ao mundo e acabam pousando novamente no seu computador pela quinta vez.
Como já esgotei minhas possibilidades de riso, coloco à disposição dos incautos, dos ignaros, e das que são mães sem o saber...

Pérolas paroquiais
Estes avisos paroquiais foram fixados nas portas de igrejas.
Todos eles são reais, escritos com boa-vontade e má redação.

AVISO AOS PAROQUIANOS
Para todos os que têm filhos e não sabem, temos na paróquia uma área especial para crianças.

O torneio de basquete das paróquias vai continuar com o jogo da próxima quarta-feira. Venham nos aplaudir, vamos tentar derrotar o Cristo Rei!

Quinta-feira que vem, às cinco da tarde, haverá uma reunião do grupo de mães. Todas as senhoras que desejem formar parte das mães, devem dirigir-se ao escritório do pároco.

Na sexta-feira às sete, os meninos do Oratório farão uma representação da obra Hamlet, de Shakespeare, no salão da igreja. Toda a comunidade está convidada para tomar parte nesta tragédia.

Prezadas senhoras, não esqueçam a próxima venda para beneficência. É uma boa ocasião para se livrar das coisas inúteis que há na sua casa. Tragam seus maridos!

Assunto da catequese de hoje: Jesus caminha sobre as águas.
Assunto da catequese de amanhã: Em busca de Jesus.

O coro dos maiores de sessenta anos vai ser suspenso durante o verão, com o agradecimento de toda a paróquia.

O mês de novembro finalizará com uma missa cantada por todos os defuntos da paróquia.

O preço do curso sobre Oração e Jejum não inclui as refeições.

Por favor, coloquem suas esmolas no envelope, junto com os defuntos que desejem que sejam lembrados.

Ministerio das Relacoes Sexuais: Berlusconi homenageia o deus Priapo

Bem, confesso que o assunto foge um pouco dos temas habituais desta lista, que deveriam incidir mais sobre o Ministério das Relações Exteriores do que, digamos, interiores...
Mas é que esse processo do Berlusconi revela que ele é apreciador do deus Príapo, aquele deus com uma verga enorme, cultuado em festinhas gregas e importado nos bacanais romanos da antiguidade (parece que da modernidade também).
Isso me lembrou uma resenha que fiz de um livro de um colega, Marcelo Cid, grande latinista, que traduziu poemas eróticos em honra ao deus Príapo.
Transcrevo primeira a curta nota que fiz sobre o livro, ainda não publicada, e depois a matéria sobre as lides pornográficos do primeiro-ministro italiano.

Marcelo Cid (introdução, tradução e notas):
Priapeia: Poesia erótica latina em honra ao deus Príapo – edição bilíngue
(Jundiaí, SP: Editora Literarte, 2010, 80 p.; ISBN: 978-85-7487-044-3).

Os latinistas ficarão com as páginas pares, onde estão os poemas originais; os voyeurs e obcecados vão direto as páginas picantes da direita, que tratam de nádegas e outras partes pudendas envolvidas na lascívia de poetas despudorados. O deus Príapo sempre foi representado com um membro enorme, o desejo secreto dos homens da Grécia antiga e da Roma clássica (não só lá). Os que conseguirem se destacar das insinuações maliciosas – quem sabe, até, pornográficas? –, poderão comprovar o excelente latinista que é Marcelo Cid, qualidade já revelada em uma obra anterior, Philobiblion, do erudito inglês do século XIV, Richard de Bury, cuja versão dessa homenagem aos livros ele assegurou com notável competência. As poesias eróticas são, talvez, um divertissement, mas podem conquistar, ou excitar, latinistas práticos...
Nota por:
Paulo Roberto de Almeida

Mulheres beijavam estátua nua em festas de Berlusconi, dizem testemunhas
BBC, 13 de abril de 2011

Jornais italianos divulgam trechos de depoimento sobre festas 'bunga-bunga' do premiê
Em depoimento a magistrados italianos, duas novas testemunhas descreveram, com detalhes inéditos, as festas eróticas chamadas de "bunga-bunga", que seriam promovidas pelo primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi.
Segundo elas, as convidadas beijavam a estátua nua de um deus grego da virilidade na casa do premiê em Milão.
Trechos dos depoimentos de Chiara Danese e Ambra Battilana, ambas de 19 anos, foram publicados nesta quarta feira, 13, pelos jornais italianos Corriere della Sera e La Repubblica.
Os advogados de Berlusconi dizem que as declarações publicadas pelos jornais não têm fundamento, em contraste com "numerosas indicações em sentido totalmente oposto".
Os depoimentos foram feitos por escrito e entregues no dia 4 de abril aos promotores que cuidam do caso conhecido como "Rubygate", no qual Berlusconi é acusado de abuso de poder e por pagar por sexo com a dançarina marroquina Karima El Mahroug, conhecida como Ruby, quando ela era menor de idade.

"Rituais eróticos"
Conforme as declarações de Chiara e Ambra, as festas na mansão de Arcore, em Milão, não eram jantares elegantes, e sim "rituais eróticos".
Elas disseram ter ficado surpresas com o que viram e afirmaram não ter participado das brincadeiras eróticas propostas pelo premiê a suas convidadas.
As jovens afirmaram ter ido a uma das festas em 22 de agosto de 2010, onde teriam sido levadas por um colaborador de Berlusconi, o jornalista Emilio Fede, com quem teriam feito testes para um programa de televisão.
A noite, segundo elas, teria começado com um jantar do qual participaram cerca de 15 pessoas. Elas teriam sido informadas por uma das moças presentes que, se Berlusconi as tivesse notado, poderiam fazer "uma bela carreira".
"O presidente não comeu quase nada e contou muitas piadas vulgares. Tão vulgares que fiquei sem vontade de comer", afirmou Ambra, em um dos trechos do depoimento publicados pelos jornais.
"Ainda estávamos à mesa quando algumas moças descobriram os seios e os ofereciam a Berlusconi".
Segundo o texto entregue pelas duas jovens aos promotores de Milão, após contar as piadas, Silvio Berlusconi teria mandado entrar uma estátua de Príapo, personagem da mitologia grega, símbolo da virilidade e da fertilidade.
De acordo com os depoimentos, Berlusconi fez a estátua circular entre as moças e pediu que elas beijassem o órgão sexual da escultura. "As moças se aproximavam então do premiê e todos se tocavam numa espécie de ciranda, até que ele perguntou se estavam prontas para o 'bunga-bunga'. Todas respondem que sim", afirmou Chiara.

Dança do poste
Com base nas declarações das duas jovens, na casa de Berlusconi havia uma pequena discoteca onde, naquela noite, a conselheira da região da Lombardia, Nicole Minetti, teria feito uma "dança do poste" e, depois, um strip tease.
"Nicole Minetti ficou totalmente nua e dançou na barra, depois aproximou-se de Berlusconi, dançando de forma provocante diante dele".
Minetti, Fede e o empresário Lele Mora estão sendo acusados de indução à prostituição em um processo paralelo ao "Rubygate".
As jovens afirmaram que Berlusconi e Fede pediram que elas também ficassem nuas.
"Berlusconi e Fede queriam que as outras nos envolvessem nas brincadeiras e que tirássemos a roupa. E quando dissemos que queríamos ir embora, Fede concordou, mas disse que, se fôssemos embora, não iríamos trabalhar na televisão, nem participar da Miss Itália".
As duas novas testemunhas do "Rubygate" justificaram os depoimentos como sendo necessários para defender a própria imagem.
"Eu não queria falar, mas fui obrigada, pois em minha cidade sou injustamente considerada uma garota de programa", disse.
"Silvio Berlusconi defendeu publicamente quem teve atitudes inadequadas em sua casa e não disse nada em nosso favor, quando nos comportamos de forma totalmente diferente".
As jovens disseram que decidiram falar após consultar a advogada Patrizia Bugnano. Elas afirmaram, no entanto, não ter conhecimento de que a advogada é parlamentar, membro do partido de oposição Itália dos Valores, do ex-magistrado Antonio Di Pietro, um dos símbolos da Operação Mãos Limpas, que investigou vários chefes da máfia.

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A Humanidade e suas Fronteiras- livro de Eduardo Matias (Resenha PRA)

Um leitor me escreve para dizer que não encontrou a resenha que fiz do livro abaixo. Deveria estar no site do Observatório da Imprensa, mas provavelmente já não está mais disponível.
Como se trata de livro importante, transcrevo aqui esta resenha.
Paulo Roberto de Almeida

Fronteiras da sociedade global
Resenha de Eduardo Felipe P. Matias:
A Humanidade e suas Fronteiras: do Estado soberano à sociedade global
(São Paulo: Paz e Terra, 2005, 556 p; ISBN: 85-219-0763-X).
Publicada em formato digital no site do Observatório da Imprensa (ano 11, nº 421; 20/02/2007; ISSN: 1519-7670).
Relação de Trabalhos n. 1724; Publicados n. 751.

Fronteiras da sociedade global

Eduardo Felipe P. Matias
A Humanidade e suas Fronteiras: do Estado soberano à sociedade global
(São Paulo: Paz e Terra, 2005, 556 p; ISBN: 85-219-0763-X)

Este livro é uma tese, aprovada, aliás, com distinção numa banca da USP. O livro também contém várias teses, sendo a mais importante a que figura no seu subtítulo, ou seja, que estamos saindo do paradigma do Estado soberano para o da sociedade global. Pode-se admirar o livro, sua estrutura ideal enquanto tese acadêmica, sua perfeita cobertura dos mais importantes temas e problemas do direito internacional contemporâneo, mas cabe uma ou duas ressalvas quanto ao novo paradigma proposto pelo autor.
A primeira ressalva seria de ordem propriamente conceitual. No sentido mais corriqueiro da palavra, o termo paradigma refere-se a um padrão ou modelo de algo, tangível ou intangível, mas sempre definido de modo explícito. No que se refere ao modelo proposto neste livro, não se sabe bem a qual tipo específico de nova configuração civilizacional corresponderia à “sociedade global”, uma vez que seus atributos restam indefinidos. Pode-se dizer, paradoxalmente, que ela não tem fronteiras, ou então que suas fronteiras ainda são, justamente, as dos Estados nacionais. No sentido mais filosófico, ou “kuhniano”, da expressão, trata-se de um conjunto de crenças ou “teorias”, aceitas como verdadeiras, até serem desbancadas por algum outro conjunto superior de explicações racionais que, a partir de certo momento – usualmente definido como “revolução científica” –, passam a ser consideradas como a nova verdade estabelecida. Em nenhum desses dois sentidos, porém, o novo paradigma da sociedade global proposto por Matias parece já ter sido estabelecido e reconhecido no âmbito acadêmico.
Mas, há igualmente um enorme problema de ordem prática: se eu quiser falar com a tal de sociedade global, telefono para quem? Para falar com chefes de Estado ou com o secretário-geral da ONU , sei que posso encontrar os números em diretórios, mas o telefone do novo paradigma ainda é desconhecido, na verdade inexistente. Ou seja, ela não possui institucionalidade. Ao que tudo indica, continuará a ser assim no futuro previsível, por mais que a globalização empurre as “coisas” na direção desse novo paradigma. Os Estados nacionais continuarão a dar as cartas no jogo global, ainda que as regras de conduta e o substrato mesmo dos intercâmbios internacionais deixem a esfera do bilateralismo e se projetem, cada vez mais, nos planos multilateral e global.
Independentemente, porém, destas ressalvas feitas à “tese” principal de Matias, pode-se considerar que a “sociedade global” constitui, de fato, um bom arquétipo, ou modelo, de como foram e são importantes as transformações nos sistemas econômico e político internacional, desde o final da contestação “alternativa” – socialista ou outra – ao moderno regime democrático de mercado, para a conformação da nova ordem internacional, cujos contornos ainda não estão precisamente definidos. Esta tese acadêmica apresenta um pouco da nova arquitetura naquilo que constitui a especialidade do autor: o direito internacional e os mecanismos de regulação e de cooperação existentes no mundo contemporâneo. Desse ponto de vista, ele representa uma das melhores tentativas de síntese, já conhecidas na comunidade acadêmica brasileira, para apreender o que há de especificamente novo no cenário internacional com incidência sobre o campo do direito e das organizações internacionais.
A estrutura quadripartite da tese, presumivelmente mantida no livro, é relativamente simples: uma parte introdutória trata do Estado soberano, isto é, das fronteiras tradicionais que dividem, desde Westfália, os Estados-nacionais reconhecidos como tal, e reciprocamente, desde o século XVII. A primeira parte se ocupa da globalização em geral, na qual o subtítulo explicita seu objeto: “o papel da globalização e da revolução tecnológica na alteração do modelo do Estado soberano e na ascensão do modelo da sociedade global”. A segunda parte, “globalização jurídica”, se ocupa especificamente – e talvez repetitivamente – do papel da globalização jurídica e das organizações internacionais “na alteração do modelo do Estado soberano e na ascensão do modelo da sociedade global”. A parte final chega à “sociedade global”, definida como as novas fronteiras da humanidade. Uma conclusão de apenas três páginas e a bibliografia se estendendo por mais de trinta páginas completam este imponente volume de doze capítulos bem escritos e abundantes remissões bibliográficas.
Os estudiosos da história do direito encontrarão, no primeiro capítulo, um resumo de como os teóricos da política – Maquiavel, por exemplo – e da ciência jurídica – Grotius, Bodin, entre outros – trataram da emergência e da afirmação do Estado soberano a partir do Renascimento. O segundo capítulo aprofunda a construção do modelo de Estado soberano, seus significados (poder e supremacia, por exemplo), assim como as distinções entre soberania de direito e de fato. Seguem-se as duas partes centrais, com quatro capítulos cada uma, descrevendo e discutindo as forças principais da globalização contemporânea, a revolução tecnológica e o papel das empresas transnacionais, incluindo aqui os operadores financeiros. O interessante a observar em relação ao tratamento dado pelo autor a esse fenômeno tão suscetível de receber abordagens dicotômicas é que ele integra de modo satisfatório análises de autores notoriamente contrários à globalização com trabalhos de estudiosos bem mais favoráveis a esse processo.
Na parte da globalização jurídica – segunda parte da tese –, o foco do autor é posto na regulamentação internacional e no fortalecimento das organizações internacionais de cooperação e de integração. Ele constata, por exemplo, como as entidades mais notoriamente vinculadas a esses processos, a OMC, o FMI e o Banco Mundial, ao mesmo tempo em que preservam certos atributos da tradicional soberania dos Estados, acabam por minar as bases do poder e do arbítrio alocado exclusivamente às políticas de base nacional. Paradoxalmente, isto ocorre com o próprio consentimento dos Estados. De fato, como confirma o autor, permanecer à margem ou retirar-se dessas instâncias de regulação trans- ou supranacional representaria custos enormes, que poucos Estados estariam dispostos a pagar, uma vez que os benefícios advindos da regulação internacional são patentes e visíveis, no comércio e nas transações financeiras.
A parte final contém o que o autor chama de “novo paradigma”, isto é, o estabelecimento de um “novo contrato social” e de uma “nova soberania”. Os mecanismos para a criação dessas novas realidades são a cooperação e a interdependência entre os Estados, o que acaba resultando num novo tipo de contrato. Uma nova lex mercatoria, por exemplo, se impõe, por via do método arbitral, à margem e fora do alcance do poder dos Estados. No tratamento da questão da supranacionalidade, implícita em alguns modelos de integração, o autor acaba mencionando a Comunidade Andina, onde esse atributo, previsto originalmente nos tratados constitutivos, foi totalmente teórico e na prática inexistente. De todo modo, as bases do novo pacto estão postas, e elas corroem os fundamentos da soberania westfaliana.
Os motivos que levam os Estados a diluírem a sua própria soberania nas novas formas de organização inter- ou supra-estatais não derivam tanto da harmonia que existiria entre eles, como da necessidade de superar as fontes de conflito, substituindo-o pela cooperação. O cenário hoje se aproxima de uma soberania compartilhada, ou de uma “governança sem governo”, e o próprio direito deixa de ser, nas palavras de Celso Lafer, um “direito internacional de coexistência” – baseado em normas de mútua abstenção – para tornar-se um “direito internacional de cooperação”, com a missão de promover interesses comuns. Quais seriam, então, os elementos que compõem o novo paradigma da “sociedade global”, segundo o autor deste livro?
Entre eles se situam a sociedade civil organizada, composta pelas ONGs, e os fenômenos de natureza trans- ou supranacional já analisados no livro: as empresas multinacionais e os esquemas de integração econômica e política. Esses atores integram os novos regimes criados para regular a cooperação entre os atores tradicionais, os Estados soberanos (ma non troppo, poder-se-ia dizer). Como diz o autor, o novo sistema de governança global possui aspectos internacionais, transnacionais e supranacionais. Porém, a diluição da soberania estatal trazida pela globalização econômica interessa sobremodo às empresas transnacionais, em especial as do setor financeiro.
Dois problemas permanecem para a nova “sociedade global”: ela não dispõe de um poder judiciário – já que a corte da Haia só trabalha sob convocação e aprovação dos Estados – e ela não dispõe de um poder militar, ou policial, próprio, uma vez que a ONU nunca foi dotada, pelos Estados membros – a fortiori os cinco grandes do seu Conselho de Segurança – de forças armadas atuando sob um comando unificado a seu serviço (sem mencionar o poder de veto, que é atribuição individual de cada um dos cinco permanentes). Um terceiro problema seria a dimensão do desenvolvimento, uma vez que a pobreza e a desigualdade continuam a caracterizar boa parte da humanidade. Paz, segurança, justiça e desenvolvimento parecem ser, de fato, os obstáculos atuais à plena consecução da sociedade global almejada pelo idealismo jurídico. Não é certo que esses aspectos venham a ser resolvidos no plano global, pela “comunidade internacional”, como pretendem alguns; o mais provável é que eles ainda dependam, basicamente, da atuação dos Estados soberanos para sua resolução.
O autor acredita que “somente no momento em que os indivíduos de cada nação viessem a compartilhar um amplo conjunto de valores e interesses seria possível esperar que os conflitos hoje provocados pela divisão do mundo em Estados pudessem deixar de existir” e que o direito tem um papel fundamental nesse processo de confluência de valores (p. 515). Examinando-se o estado atual do mundo e a “educação” das massas, tal perspectiva aparece como sumamente idealista. Mas, ele também reconhece que a soberania pode ser uma das últimas salvaguardas para Estados fracos ou vulneráveis. Os princípios legitimadores da nova “sociedade global” deveriam ser os da democracia e das liberdades individuais, algo ainda distante do modo de vida de milhões de indivíduos na face da terra.
Em sua conclusão, o autor frisa bem que a sociedade global não é uma sociedade sem Estados ou sem fronteiras. Ele também acredita que a riqueza global esteja se concentrando e que a humanidade se torna cada vez mais desigual, daí sua afirmação segundo a qual o “bom combate é aquele em favor da justiça social na sociedade global” (p. 523). Essas “realidades”, no entanto, vêm sendo desmentidas por estudos empíricos solidamente embasados em dados sobre a distribuição de renda na dimensão individual (como por exemplo em diversos trabalhos de Xavier Sala-i-Martin). O autor diz lutar para que as “políticas adotadas por essas instituições [que assumem parte da antiga soberania estatal] sejam não apenas justas, mas socialmente justas, para que a parte do planeta que pouco ou nada tem seja resgatada por aqueles que conseguiram alcançar grau maior de desenvolvimento -- seja por seu mérito próprio, seja por uma história desigual” (p. 523). Essa “nova utopia”, encarregada de efetuar a redução da exclusão social em escala global, estaria baseada na “idéia de fraternidade”.
Pode até ser que o autor tenha razão, mas o que a história e a experiência da cooperação internacional nos ensinam, justamente, é que depois de mais de meio século de ajuda oficial ao desenvolvimento, em especial aquele dirigido à África, o “resgate” pela assistência e pela ajuda financeira não foram e não são suficientes para retirar essas massas da miséria mais abjeta ou da simples pobreza. Apenas o crescimento econômico, em bases propriamente nacionais, tem sido capaz de fazê-lo, como ensinam os casos recentes da China e da Índia. Que a África e, em certa medida, a América Latina não tenham sido capazes de superar os aspectos mais pungentes da pobreza e da desigualdade não deve ser visto como um fracasso da globalização ou das políticas econômicas ditas “neoliberais”, como pretendem aqueles que militam na antiglobalização. O fato é que esses continentes ainda estão muito longa da “sociedade global” proclamada pelo autor. Isso por decisão própria, por insistirem nas chamadas “políticas soberanas” de desenvolvimento – ou no caso da África, por corrupção mesmo, que se traduz no fenômeno da falência dos Estados – não porque o capitalismo global tenha pretendido excluir esses continentes de suas redes e fluxos integradores.
Em outros termos, a construção da “sociedade global”, a tese principal defendida neste livro, parece ser, ainda, uma obra essencialmente dependente da vontade dos Estados nacionais, vale dizer da capacidade de ação de seus dirigentes, nem todos estadistas, para dizer o mínimo. Isto, obviamente, em nada diminui o interesse desta tese de doutorado para o avanço dos estudos de direito internacional no Brasil. Que sua tese principal seja aprofundada e debatida…

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 1724: 11 fevereiro 2007.

Seguindo o itinerario do Estado americano no ultimo seculo - Ron Johnson (senador americano)

Uma visão geral de como o Estado avançou sobre as vidas de todos e cada um. Inevitável, de certa maneira.
Paulo Roberto de Almeida

Back to the Future
By RON JOHNSON
The Wall Street Journal, April 13, 2011

In his first floor speech, Senator Ron Johnson reviews more than a century of bigger government.

Thank you Mr. President. It is my honor to represent the good people of Wisconsin in the United States Senate. It is an awesome responsibility - a responsibility I take very seriously.

Today, it is my distinct privilege to address this historic body for the first time. It is a moment in time when our nation is in peril. Not only do we continue to face the very real threat of international terrorism, but we also face a threat of our own making - one that challenges the very foundation of this republic.

Our nation was founded on the basis of God-given rights and individual liberty. The genius of our Founding Fathers' vision was rooted in their recognition that more often than not, government was something to fear. Government necessarily limited individual freedom, and therefore, government itself must be limited; its potential for growth, highly constrained.

During America's first century, this vision was largely upheld. The last century, however, has been an entirely different story.

In 1902, the federal government spent 2% of the nation's gross domestic product. State and local governments spent 5%. Government was close to the governed. The size, scope, and cost of the federal government was constrained by the Constitution's enumerated powers. The individual was preeminent, and government's role was modest and pedestrian.

This body played a key role in limiting federal government expansion. Debate in the Senate was unlimited. The cloture vote did not exist. As George Washington had said, the Senate really was the saucer that cooled the tea.

All that changed in the 20th century's second decade. The Senate adopted the cloture vote, and America adopted the 16th Amendment. The federal government now had the power to tax income, and the Senate had made it easier for government to grow. And guess what, government grew.

It grew in reaction to real problems. Trusts had been formed that concentrated power and created monopolies that threatened free-markets. Capital did exert too much power over labor. Balance was needed.

And as our nation's prosperity grew, the elimination of poverty and retirement insecurity became a public responsibility. Private charity was simply deemed not up to the task.

So government acted and government grew. From 2% in 1902 to today, where the federal government spends 25% of our nation's economy, and combined, all levels of government in the U.S. now consume 39%. By comparison, the size of government in Norway is 40%; in Greece, 47%; and in France, 53%. In the end, I don't believe Americans want to be like France or Greece. We haven't reached that tipping point yet, but we are extremely close.

There is a reason America holds 5% of the world's population, and yet accounts for 24% of the world's GDP. It is because of freedom, the free market system, and the American people.

America became a land of unlimited opportunity because we were a nation of self-reliant people. Hard work was valued, personal responsibility expected, and success was celebrated, not demonized. I grew up in that America.

I am sad to say, what I have witnessed during my lifetime, is a slow but steady drift, and I would argue over the last two years, a lurch, toward a culture of entitlement and dependency. This is not an America I recognize. It is not an America that will work.

Even worse, we have granted entitlements and encouraged dependency with little thought as to how we would pay for it. We have racked up enormous debt, and now the bill is coming due.

Time is running out. Last week, the government almost shut down because we were arguing over a few billion dollars. But our debt and deficits are measured in the trillions. Our problem is a thousand times larger than the current debate.

Most of us recognize this is simply unsustainable. Most of us know what programs need to be reformed. And most of us want to fix the problem. So let's start addressing these issues now, before it is too late.

These are enormous problems, and it is easy to be pessimistic. But there is reason to be hopeful.

I've done a fair amount of traveling throughout Wisconsin over the last year, speaking to all kinds of people: Republicans, Democrats, union members and Tea Party folks. I talked about America. About how incredibly precious and exceptional it is, and how I fear we may be losing it.

What I will never forget is how many people came up to me after my speeches with tears in their eyes, or tears rolling down their cheeks. Not because I'm a great public speaker, but because people love this country. Their political affiliation makes absolutely no difference. Americans want this nation preserved, and they are counting on us to do just that. The good news is that they will support us, if we make the hard choices together.

So together, let's roll up our sleeves, and do what needs to be done.

Mr. President, I yield the floor."

Mitos e fatos sobre o declinio do poder americano - Charles Wolf Jr. (Wall Street Journal)

Números, como sempre, são apenas uma parte da realidade.
Paulo Roberto de Almeida

OPINION
The Facts About American 'Decline'
By CHARLES WOLF JR.
The Wall Street Journal, April 13, 2011

In absolute terms, the U.S. increased its GDP, population and military spending from 2000 to 2010. In relative terms, the story is not always as good, especially in GDP.
Between the inclines and declines are other data to be considered.

It's fashionable among academics and pundits to proclaim that the U.S. is in decline and no longer No. 1 in the world. The declinists say they are realists. In fact, their alarm is unrealistic.

Early declinists like Yale historian Paul Kennedy focused in the 1980s on the allegedly debilitating effects of America's "imperial overstretch." More recently, historians Niall Ferguson and Martin Jacques focus on the weakening of the economy. Among pundits, Paul Krugman and Michael Kinsley on the left and Mark Helprin on the right sound the alarm.

The debate involves issues of absolute versus relative decline and concepts like "resilience" and "passivity." Some issues are measurable, like gross domestic product (GDP), military power and demographics. Others are not measurable or less measurable.

In absolute terms, the U.S. enjoyed an incline this past decade. Between 2000 and 2010, U.S. GDP increased 21% in constant dollars, despite the shattering setbacks of the Great Recession in 2008-09 and the bursting of the dot-com bubble in 2001. In 2010, U.S. military spending ($697 billion) was 55% higher than in 2000. And in 2010, the U.S. population was 310 million, an increase of 10% since 2000.

The notion that demography is destiny may be a stretch, but demographics are important when, as in the U.S., population increase—due to higher birth and immigration rates than other developed countries—cushions the impact of an aging population.

But there were also some important declines relative to the rest of the world. In 2000, U.S. GDP was 61% of the combined GDPs of the other G-20 countries. By 2010, that number dropped to 42%. In 2000, U.S. GDP was slightly more than eight times that of China, but it fell to slightly less than three times in 2010. Japan is a contrasting case: U.S. GDP was twice as large as Japan's in 2000 but 2.6 times as large in 2010, before the tsunami and nuclear disasters of 2011.

In absolute terms, the U.S. increased its GDP, population and military spending from 2000 to 2010. In relative terms, the story is not always as good, especially in GDP.

U.S. military spending inclined substantially to more than twice that spent by all non-U.S. NATO members in 2010 from 1.7 times in 2000; to 17 times Russian spending in 2010 from six times in 2000; and to nine times Chinese spending in 2010 from seven times in 2000.

Demographically, the U.S. population in 2000 (282 million) was 4.6% of the global population; by 2010, the U.S. population (310 million) had risen to 4.9% of the global figure. The U.S. population was 59% as large as that of the 15-member European Union in 2000; that figure increased to 78% by 2010 (counting only 2000's 15 members) and 62% if we count the 12 new EU members added between 2004 and 2007.

The U.S. population grew by 10% more than that of Japan and 13% more than that of Russia between 2000 and 2010. Relative to the huge populations of China and India (1.3 billion and 1.2 billion, respectively), the U.S. population during the past decade increased slightly (0.16%) compared to China and decreased by a similar margin compared to India.

What matters more than absolute numbers is the population's composition of prime working-age people versus dependents. Compared to most developed economies and China, the U.S. demographic composition is relatively favorable.

So what do all these numbers tell us about decline or incline?

Despite the Great Recession, the three crude indicators—GDP, military spending and population growth—show that the U.S. inclined in absolute terms.

But in relative terms, the picture is more complicated. Although U.S. GDP grew substantially in real terms during the decade, relative to the G-20 countries as a group U.S. GDP declined by 19%. Relative to China, the U.S. decline was even larger.

As noted, military spending by the U.S. increased across the board relative to NATO, China and Russia. Whether this suggests the U.S. is allocating too much, or other countries too little, is not evident from numbers alone. And numbers also don't indicate whether high military outlays have a positive or negative effect on economic growth.

As for demography, there was a small U.S. increase relative to global population, a moderate increase relative to the EU, large increases relative to Japan and Russia, and slight and opposite changes relative to China and India.

And there you have it: Some numbers show inclines, some show declines and some numbers are mixed. What the numbers omit is as significant as what they convey. Omissions include the societal and systemic factors that stimulate or impede creativity, innovation, entrepreneurship and new ventures.

Numbers also ignore the effects of culture, property rights, law and political freedom in the near and long terms. Nor do the numbers foretell how China's so-called "Red Capitalism" will fare in long-term competition with the multi-hued U.S. prototype. As for comparing and forecasting the resilience of countries and regions, the numbers ignore more than they convey.

The overall picture is far more complex than the simple one portrayed by declinists. The real world is complicated, so a portrait in one dimension distorts rather than reflects reality.

Mr. Wolf holds the distinguished corporate chair in international economics at the RAND Corporation, and is a senior research fellow at Stanford University's Hoover Institution.

Ginasio Vocacional Oswaldo Aranha -- um depoimento feito, outro a prestar

Dos meus 12 aos 15 anos estudei no Ginásio Vocacional Oswaldo Aranha, a mais excepcional aventura educacional que tive em minha vida e que jamais existiu no Brasil.
Prestei um depoimento sobre minha experiência vivida naqueles anos de 1962 a 1965 através deste texto:

What a difference a School Makes
neste link:
http://diplomataz.blogspot.com/2010/01/31-what-difference-school-makes-meu.html

Vou proximamente prestar um outro depoimento, ao vivo, cujo roteiro será este aqui:


GT Memória & Depoimentos – GVive
Gvive – Associação de ex-alunos, ex-colaboradores e amigos do serviço de ensino vocacional

ROTEIRO PARA PROFESSORES E SUPERVISORES E TÉCNICOS

SITUAR O ENTREVISTADO NO CONTEXTO DO VOCACIONAL
O que você fazia antes do Vocacional e o que significou ingressar no Vocacional?
Perguntas exploratórias: Como foram os primeiros tempos? A adaptação? Você sentiu alguma dificuldade? Quais as lembranças positivas ou negativas que você tem desses primeiros momentos?

Você passou pelo curso de treinamento? Conte sobre essa experiência.
Perguntas exploratórias: Como você percebeu e se sentiu durante o treinamento? O que ele significou para você? Mudou alguma coisa na sua visão de educação? Você tem alguma crítica a como era desenvolvido esse treinamento?

PERCURSO E DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO NO VOCACIONAL
Como e qual foi seu percurso dentro do Vocacional?
Perguntas exploratórias: Como era seu trabalho? Qual o apoio técnico que você recebia? Como você, as técnicas, e o trabalho como um todo, eram avaliados? O que tudo isto mudou na sua atividade profissional? Durante seu trabalho no vocacional, você mudou para outras funções, ou para outras unidades de ensino ? Qual (ais)is? Como foi essa experiência de mudança? O que o surpreendeu no Vocacional? O que deixou a desejar? Como você compara essa vivência com a que tinha antes de ingressar no Vocacional? No que o Vocacional contribuiu para sua condição de educador?

ELAÇÕES AFETIVAS E FUNCIONAIS NA ESTRUTURA DO VOCACIONAL
Como era a relação professor/aluno? Como era o aluno do Vocacional e qual seu diferencial ao longo dos anos de estudo? E a relação professor-orientação educacional? Professor-assessoria técnica? Professor – Diretoria / Coordenação?

IDENTIFICAÇÃO DA PROPOSTA DO VOCACIONAL
Se fosse contar para alguém, de forma sucinta, o que era o Ensino Vocacional, o que diria?
Explorar: à partir da definição, explorar os principais aspectos colocados. Como você situa essa proposta no contexto educacional da época? Como você via a possível extensão da filosofia e metodologia do Vocacional para a rede pública de ensino? Qual foi ou poderia ter sido a contribuição do Vocacional para a Educação Pública?
Que razões você vê para a extinção do Vocacional? Você vê outras razões além das diretamente políticas?

PERCURSO PÓS VOCACIONAL
Com a extinção do Vocacional, o que você foi fazer? No que foi trabalhar?
Explorar escolhas profissionais , a adaptação em outras atividades e mesmo como professor na rede pública ou privada. O que você fez depois do fim oficial do Vocacional? (Para quem permaneceu nele): Como foi essa experiência de permanecer na escola?( Para quem saiu) Como foi trabalhar em outras escolas ou com educação no comparativo com os tempos de Vocacional? ? Se continuou como professor como sentiu que era visto, percebido? Que facilidades ou dificuldades encontrou no trabalho, ao sair do vocacional? ?Sofreu alguma limitação ou restrição pelo fato de ter pertencido ao Vocacional? Em que o aprendizado no Vocacional colaborou para o seu desenvolvimento profissional fora dele?

VISÃO ATUAL
Com o distanciamento dos anos, como você vê hoje a experiência do Vocacional? Seus erros e seus acertos? Sua influência na Educação em geral? E quanto à possibilidade de um resgate da sua metodologia e uma releitura para o aluno de hoje?

MARIA NILDE
Para finalizar, qual o testemunho que você pode nos dar sobre a Maria Nilde Mascellani?

LEMBRANÇAS
Você tem fotos, souvenires, documentos ou outras lembranças do Vocacional. Poderia me dizer o que tem como forma somente de registro, no momento..

O papel da Oposicao - Fernando Henrique Cardoso (revista Interesse Nacional)

FHC me acompanha, sendo pretensioso, ou eu o acompanho, sendo mais modesto, neste número 13 (que número minha gente, mas foi pura coincidência), da revista Interesse Nacional, criada pelo embaixador Rubens Antônio Barbosa para discutir exatamente o que diz o seu título.
Não vou comentar o meu próprio artigo, objeto de dois posts abaixo, pois seria muita arrogância e pretensão, mas vou transcrever o artigo do ex-presidente, que como presidente de honra da "oposição" -- continuo colocando esse nome entre aspas, pois ela não merece o título, pelo menos por enquanto -- elabora uma argumentação positiva e propositiva sobre a dita cuja.
Meu próprio artigo é muito mais corrosivo e negativo -- a começar pelo título: "Miséria da Oposição" -- pois acredito que ela merece uma sacudida, para ver se cria vergonha e se transforma em verdadeira oposição, não essa "oposição" de araque que é hoje.
Dito isto, deixo vocês com o artigo do ex-presidente.
Comentarei num post ulterior.
Paulo Roberto de Almeida

O papel da oposição
Por Fernando Henrique Cardoso
Revista Interesse Nacional, n. 13, abril-junho 2011

Há muitos anos, na década de 1970, escrevi um artigo com o título acima no jornal Opinião, que pertencia à chamada imprensa “nanica”, mas era influente. Referia-me ao papel do MDB e das oposições não institucionais. Na época, me parecia ser necessário reforçar a frente única antiautoritária e eu conclamava as esquerdas não armadas, sobretudo as universitárias, a se unirem com um objetivo claro: apoiar a luta do MDB no Congresso e mobilizar a sociedade pela democracia.

Só dez anos depois a sociedade passou a atuar mais diretamente em favor dos objetivos pregados pela oposição, aos quais se somaram também palavras de ordem econômicas, como o fim do “arrocho” salarial.

No entretempo, vivia-se no embalo do crescimento econômico e da aceitação popular dos generais presidentes, sendo que o mais criticado pelas oposições, em função do aumento de práticas repressivas, o general Médici, foi o mais popular: 75% de aprovação.

Não obstante, não desanimávamos. Graças à persistência de algumas vozes, como a de Ulisses Guimarães, às inquietações sociais manifestadas pelas greves do final da década e ao aproveitamento pelos opositores de toda brecha que os atropelos do exercício do governo, ou as dificuldades da economia proporcionaram (como as crises do petróleo, o aumento da dívida externa e a inflação), as oposições não calavam. Em 1974, o MDB até alcançou expressiva vitória eleitoral em pleno regime autoritário.

Por que escrevo isso novamente, 35 anos depois?

Para recordar que cabe às oposições, como é óbvio e quase ridículo de escrever, se oporem ao governo. Mas para tal precisam afirmar posições, pois, se não falam em nome de alguma causa, alguma política e alguns valores, as vozes se perdem no burburinho das maledicências diárias sem chegar aos ouvidos do povo. Todas as vozes se confundem e não faltará quem diga - pois dizem mesmo sem ser certo - que todos, governo e oposição, são farinhas do mesmo saco, no fundo “políticos”. E o que se pode esperar dos políticos, pensa o povo, senão a busca de vantagens pessoais, quando não clientelismo e corrupção?

Diante do autoritarismo era mais fácil fincar estacas em um terreno político e alvejar o outro lado. Na situação presente, as dificuldades são maiores. Isso graças à convergência entre dois processos não totalmente independentes: o “triunfo do capitalismo” entre nós (sob sua forma global, diga-se) e a adesão progressiva - no começo envergonhada e por fim mais deslavada - do petismo lulista à nova ordem e a suas ideologias.

Se a estes processos somarmos o efeito dissolvente que o carisma de Lula produziu nas instituições, as oposições têm de se situar politicamente em um quadro complexo.

Complexidade crescente a partir dos primeiros passos do governo Dilma que, com estilo até agora contrastante com o do antecessor, pode envolver parte das classes médias. Estas, a despeito dos êxitos econômicos e da publicidade desbragada do governo anterior, mantiveram certa reserva diante de Lula. Esta reserva pode diminuir com relação ao governo atual se ele, seja por que razão for, comportar-se de maneira distinta do governo anterior.

É cedo para avaliar a consistência de mudanças no estilo de governar da presidente Dilma. Estamos no início do mandato e os sinais de novos rumos dados até agora são insuficientes para avaliar o percurso futuro.

É preciso refazer caminhos
Antes de especificar estes argumentos, esclareço que a maior complexidade para as oposições se firmarem no quadro atual - comparando com o que ocorreu no regime autoritário, e mesmo com o petismo durante meu governo, pois o PT mantinha uma retórica semianticapitalista - não diminui a importância de fincar a oposição no terreno político e dos valores, para que não se perca no oportunismo nem perca eficácia e sentido, aumentando o desânimo que leva à inação.

É preciso, portanto, refazer caminhos, a começar pelo reconhecimento da derrota: uma oposição que perde três disputas presidenciais não pode se acomodar com a falta de autocrítica e insistir em escusas que jogam a responsabilidade pelos fracassos no terreno “do outro”. Não estou, portanto, utilizando o que disse acima para justificar certa perplexidade das oposições, mas para situar melhor o campo no qual se devem mover.

Se as forças governistas foram capazes de mudar camaleonicamente a ponto de reivindicarem o terem construído a estabilidade financeira e a abertura da economia, formando os “campeões nacionais” - as empresas que se globalizam - isso se deu porque as oposições minimizaram a capacidade de contorcionismo do PT, que começou com a Carta aos Brasileiros de junho de 1994 e se desnudou quando Lula foi simultaneamente ao Fórum Social de Porto Alegre e a Davos.

Era o sinal de “adeus às armas”: socialismo só para enganar trouxas, nacional–desenvolvimentismo só como “etapa”. Uma tendência, contudo, não mudou, a do hegemonismo, ainda assim, aceitando aliados de cabresto.

Segmentos numerosos das oposições de hoje, mesmo no PSDB, aceitaram a modernização representada pelo governo FHC com dor de consciência, pois sentiam bater no coração as mensagens atrasadas do esquerdismo petista ou de sua leniência com o empreguismo estatal.

Não reivindicaram com força, por isso mesmo, os feitos da modernização econômica e do fortalecimento das instituições, fato muito bem exemplificado pela displicência em defender os êxitos da privatização ou as políticas saneadoras, ou de recusar com vigor a mentira repetida de que houve compra de votos pelo governo para a aprovação da emenda da reeleição, ou de denunciar atrasos institucionais, como a perda de autonomia e importância das agências reguladoras.

Da mesma maneira, só para dar mais alguns exemplos, o Proer e o Proes, graças aos quais o sistema financeiro se tornou mais sólido, foram solenemente ignorados, quando não estigmatizados. Os efeitos positivos da quebra dos monopólios, o do petróleo mais que qualquer outro, levando a Petrobras a competir e a atuar como empresa global e não como repartição pública, não foram reivindicados como êxitos do PSDB.

O estupendo sucesso da Vale, da Embraer ou das teles e da Rede Ferroviária sucumbiu no murmúrio maledicente de “privatarias” que não existiram. A política de valorização do salário mínimo, que se iniciou no governo Itamar Franco e se firmou no do PSDB, virou glória do petismo.

As políticas compensatórias iniciadas no governo do PSDB - as bolsas - que o próprio Lula acusava de serem esmolas e quase naufragaram no natimorto Fome Zero - voltaram a brilhar na boca de Lula, pai dos pobres, diante do silêncio da oposição e deslumbramento do país e… do mundo!

Não escrevo isso como lamúria, nem com a vã pretensão de imaginar que é hora de reivindicar feitos do governo peessedebista. Inês é morta, o passado… passou. Nem seria justo dizer que não houve nas oposições quem mencionasse com coragem muito do que fizemos e criticasse o lulismo.

As vozes dos setores mais vigorosos da oposição se estiolaram, entretanto, nos muros do Congresso e este perdeu força política e capacidade de ressonância. Os partidos se transformaram em clubes congressuais, abandonando as ruas; muitos parlamentares trocaram o exercício do poder no Congresso por um prato de lentilhas: a cada nova negociação para assegurar a “governabilidade”, mais vantagens recebem os congressistas e menos força político-transformadora tem o Congresso.

Na medida em que a maioria dos partidos e dos parlamentares foi entrando no jogo de fazer emendas ao orçamento (para beneficiar suas regiões, interesses - legítimos ou não - de entidades e, por fim, sua reeleição), o Congresso foi perdendo relevância e poder.

Consequentemente, as vozes parlamentares, em especial as de oposição, que são as que mais precisam da instituição parlamentar para que seu brado seja escutado, perderam ressonância na sociedade.

Com a aceitação sem protesto do “modo lulista de governar” por meio de medidas provisórias, para que serve o Congresso senão para chancelar decisões do Executivo e receber benesses? Principalmente, quando muitos congressistas estão dispostos a fazer o papel de maioria obediente a troco da liberação pelo Executivo das verbas de suas emendas, sem esquecer que alguns oposicionistas embarcam na mesma canoa.

Ironicamente, uma importante modificação institucional, a descentralização da ação executiva federal, estabelecida na Constituição de 1988 e consubstanciada desde os governos Itamar Franco e FHC, diluiu sua efetividade técnico–administrativa em uma pletora de recursos orçamentários “carimbados”, isto é, de orientação político-clientelista definida, acarretando sujeição ao Poder Central, ou, melhor, a quem o simboliza pessoalmente e ao partido hegemônico.

Neste sentido, diminuiu o papel político dos governadores, bastião do oposicionismo em estados importantes, pois a relação entre prefeituras e governo federal saltou os governos estaduais e passou a se dar mais diretamente com a presidência da República, por meio de uma secretaria especial colada ao gabinete presidencial.

Como, por outra parte, existe - ou existiu até a pouco - certa folga fiscal e a sociedade passa por período de intensa mobilidade social movida pelo dinamismo da economia internacional e pelas políticas de expansão do mercado interno que geram emprego, o desfazimento institucional produzido pelo lulismo e a difusão de práticas clientelísticas e corruptoras foram sendo absorvidos, diante da indiferença da sociedade.

Na época do mensalão, houve um início de desvendamento do novo Sistema (com S maiúsculo, como se escrevia para descrever o modelo político criado pelos governos militares).

Então, ainda havia indignação diante das denúncias que a mídia fazia e os partidos ecoavam no Parlamento. Pouco a pouco, embora a mídia continue a fazer denúncias, a própria opinião pública, isto é, os setores da opinião nacional que recebem informações, como que se anestesiou. Os cidadãos cansaram de ouvir tanto horror perante os céus sem que nada mude. Diante deste quadro, o que podem fazer as oposições?

Definir o público a ser alcançado
Em primeiro lugar, não manter ilusões: é pouco o que os partidos podem fazer para que a voz de seus parlamentares alcance a sociedade.

É preciso que as oposições se deem conta de que existe um público distinto do que se prende ao jogo político tradicional e ao que é mais atingido pelos mecanismos governamentais de difusão televisiva e midiática em geral.

As oposições se baseiam em partidos não propriamente mobilizadores de massas. A definição de qual é o outro público a ser alcançado pelas oposições e como fazer para chegar até ele e ampliar a audiência crítica é fundamental.

Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os “movimentos sociais” ou o “povão”, isto é, sobre as massas carentes e pouco informadas, falarão sozinhos. Isto porque o governo “aparelhou”, cooptou com benesses e recursos as principais centrais sindicais e os movimentos organizados da sociedade civil e dispõe de mecanismos de concessão de benesses às massas carentes mais eficazes do que a palavra dos oposicionistas, além da influência que exerce na mídia com as verbas publicitárias.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Carmen Licia garibaldina (ou anitiana, se ouso dizer) - Semana da Italia na UnB

Minha querida esposa, companheira de leituras e estudos, Carmen Licia Palazzo, "italiana" como o nome indica, fará uma exposição sobre Anita Garibaldi, no quadro desta semana italiana na Universidade de Brasilia.
Eu a estou vendo em plena preparação, selecionando imagens fotográficas que ele mesma fez, em nossos périplos garibaldinos pela Itália, desde a Sicília até Ravenna, onde faleceu Anita Garibaldi, depois de acompanhar o "herói dos dois mundos" por guerras e combates, na América do Sul e na Itália do Risorgimento.
Abaixo a transcrição do programa completo, do qual destaco esta parte:

28 de abril (quinta-feira)
10h – Mesa: As italianas do Brasil – Anita Garibaldi e Thereza Cristina de Bourbon
Palestra: Vida, paixão e morte de Thereza Cristina de Bourbon, a italiana Imperatriz do Brasil (1822-1889), com o professor Dr Aniello Angelo Avella, da Universitá di Roma Tor Vergata Itália e Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)
Palestra: Imagens de Anita Garibaldi no Brasil e na Itália, com a dra Carmen Lícia Palazzo, consultora do Projeto de Estudos Judaico-Helenísticos (PEJ/UnB)
Mediador – Gehad Ismail Hajar, do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná

Tenho de estar, não posso faltar, do contrário terei de prestar contas a Garibaldi em pessoa, extremamente vingativo. Ou será que estou sonhando?
Paulo Roberto de Almeida

A Casa da Cultura da América Latina (CAL/DEX/UnB) realiza, de 25 a 29 de abril, a I Semanas Latinas 2011. Com o tema O Brasil Italiano: uma visão da contribuição italiana à cultura brasileira o evento reúne diversas atividades nos períodos matutino, vespertino e noturno, todas com inscrições gratuitas e abertas ao público em geral.

- Ciclo de Debates
No período da manhã, no Auditório do Memorial Darcy Ribeiro, acontecerá o Ciclo de Debates que abordará questões relacionadas ao tema. Os interessados em participar devem se inscrever no local ou no Interfoco (Campus Darcy Ribeiro, Prédio Multiuso I, sala AT57, e-mail – interfoco@unb.br). Todos os inscritos receberão certificado da UnB.

Confira a programação:
25 de abril (segunda-feira)
10h – Abertura com apresentação do Coro Italiano da UnB
10h15 – Mesa de abertura:
Reitor da UnB – José Geraldo de Sousa Júnior
Decano de Extensão – Oviromar Flores
Embaixador da Itália – Gherardo La Francesca
Diretora da CAL/UnB – Ana Queiroz
Coordenadora das Semanas Latinas – Ariane Abrunhosa

11h – Mesa: As relações Brasil e Itália
Palestra: Depois da imigração-economia e cultura italiana no Brasil, com o professor dr Amado Cervo, do Instituto de Relações Internacionais da UnB;
Palestra: A presença do Brasil na Itália, com o Conselheiro Paulo de Tarso Jardim
Mediadora: Professora Ariane Abrunhosa (CAL/UnB)

26 de abril (terça-feira)
10h – Exibição do documentário Lina Bo Bardi, direção de Aurélio Michiles
Local: Auditório do Memorial Darcy Ribeiro
11h – Mesa Redonda – Lina Bo Bardi: uma existência brasileira
Debatedores:
Aurélio Michiles – cineasta
Professor dr Cláudio Queiroz, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/UnB)
Evandro Salles – produtor cultural
Mediador – Cláudio Valentinetti - jornalista

27 de abril (quarta-feira)
10h – Exibição do documentário In vino veritas (Ittala Nandi – 1982)
11h – Mesa Redonda: Ittala Nandi, a artista e a mulher
Debatedores:
Cláudio Valentinetti – jornalista e biográfo
Professor Paulo José Cunha, da Faculdade de Comunicação (FAC/UnB)
Participação especial da atriz e diretora Ittala Nandi

28 de abril (quinta-feira)
10h – Mesa: As italianas do Brasil – Anita Garibaldi e Thereza Cristina de Bourbon
Palestra: Vida, paixão e morte de Thereza Cristina de Bourbon, a italiana Imperatriz do Brasil (1822-1889), com o professor Dr Aniello Angelo Avella, da Universitá di Roma Tor Vergata Itália e Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)
Palestra: Imagens de Anita Garibaldi no Brasil e na Itália, com a dra Carmen Lícia Palazzo, consultora do Projeto de Estudos Judaico-Helenísticos (PEJ/UnB)
Mediador – Gehad Ismail Hajar, do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná


29 de abril (sexta-feira)
10h – Mesa: Expressões artísticas: das letras às formas

Palestras: A poesia e a pintura em Annalisa Cima, com a professora Dra Aurora Bernardini, da Universidade e São Paulo (USP);
- A contribuição italiana nas obras públicas de Brasília, com a Dra Ana Queiroz (CAL/UnB);
- Arte contemporânea: Brasil-Itália, com a professora Marília Panitz , do Instituto de Artes (IDA/UnB)
Mediador – professor Roberto Max Storai Lucich, do Decanato de Extensão (DEX/UnB)

- Oficinas de Gastronomia
No período da tarde serão realizadas as Oficinas de Gastronomia, no laboratório do Departamento de Nutrição da UnB (Faculdade de Ciências da Saúde, Campus Darcy Ribeiro). Serão oferecidas trinta (30) vagas e as inscrições devem ser feitas pelo e-mail cursoscal@unb.br. Informações: (61) 3321 5811.

Confira a programação:
25 de abril (segunda-feira), às 15h
Prato: Maiale al Latte
Chef: Francesco Bruno

26 de abril (terça-feira), às 15h
Prato: Pasta e Fagioli Amalfitana
Chef: Rosário Tessier

27 de abril (quarta-feira), às 15h
Prato: Tiramisù e Torta Gianduia
Chefs: Bruno Rappel e Mauro Rappel

- Oficinas Culturais
No período da noite serão realizadas as Oficinas Culturais. Os interessados em participar podem se inscrever nos locais das atividades.

Confira a programação:

Dia 25 de abril (segunda-feira), às 19h
Oficina Panorama Italiano: Oriundos, brasileiros de raízes italianas – parte I
Coordenador – Roberto Max Storai Lucich, professor do Instituto de Letras (IL/UnB)
Local: Auditório do Memorial Darcy Ribeiro

Dia 26 de abril (terça-feira), às 19h
Oficina Música Italiana
Apresentação do Coro Italiano da UnB
Regente: Adilude Passos Valadão, coordenadora do Núcleo Sonoro da UnB
Local: Instituto Central de Ciências (ICC Sul, Campus Darcy Ribeiro)

Dia 27 de abril (quarta-feira), às 19h
Oficina Panorama Italiano: Oriundos, brasileiros de raízes italianas – parte II
Coordenador – Roberto Max Storai Lucich, professor do Instituto de Lestras (IL/UnB)
Local: Auditório do Memorial Darcy Ribeiro

Dia 28 de abril (quinta-feira), às 19h
Oficina Encontro Poético: Palavras e Imagens
Lançamento do livro Estação poética, de Jandira Costa
Apresentação de curtas em animação e vídeo, de Gustavo Tomazi, diretor de Animação e Vídeo
Local: Auditório do Memorial Darcy Ribeiro

Realização: Casa da Cultura da América latina (CAL/DEX/UnB)
Apoio: Instituto e Letras (IL/UnB); Faculdade de Saúde (FS/UnB); UnBTV; Trattoria da Rosário; Confeitaria Rappel; Grupo de Estudos José Ortega y Gasset: Ciência e Arte

Brasília, 12 de abril de 2011
Núcleo de Comunicação da CAL

Um balanco dos 100 dias da presidente, mais para balanca mas nao cai... (editorial O Estado de S.Paulo)

A presidente (com "e") merece um balanço de sua gestão, embora eu ache esse ritual dos 100 dias desnecessário. Balanços devem ser feitos toda vez que uma determinada política produzir efeitos que possam ser aferidos, avaliados, sopesados, comparados com efeitos reais ou potenciais de outras política, enfim, fazer o tipo de análise crítica que todo governo merece (afinal, somos nós que estamos pagando para que ele governe).
Eu, por exemplo, considero que a marca principal deste governo, no que ele fez até agora, foi a improvisação, total e absoluta.
Um ministério enorme, que é, em sua grande maioria, composto de mediocridades desconhecidas, e que foi herdado, por outra parte, do governo anterior, não pode mesmo se distinguir por brilhantes políticas econômicas ou sociais. Pretende ser continuidade, mas não consegue, pois a herança maldita que lhe foi deixada pelo governo irresponsável anterior o está precipitando numa espiral inflacionária que, no seu populismo otimista, o governo atual não sabe debelar.
Pagaremos caro por essa herança, por um governo exacerbado de pretensões e parco de soluções.
Paulo Roberto de Almeida

Os primeiros cem dias
Editorial - O Estado de S.Paulo
12 de abril de 2011 | 0h 00

A presidente Dilma Rousseff completou 100 dias de governo com a economia em crescimento, elevado nível de consumo e ampla oferta de emprego, mas também com inflação acelerada, câmbio em perigosa valorização, gasto federal em rápido crescimento e sinais de alerta nas contas externas. Cem dias podem ser um prazo muito curto para a solução de problemas complexos, mas devem ser suficientes para um governo definir seu estilo. Este deve ser o foco de um primeiro balanço da nova administração: a orientação adotada até agora levará a um crescimento prolongado e seguro ou agravará os desajustes e levará o País a uma nova sucessão de crises? O governo tem dado - na avaliação mais otimista - uma resposta dúbia a essa questão.

As opções do governo foram discutidas com notável clareza pelos economistas Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, e Pedro Cavalcanti Ferreira, professor da Fundação Getúlio Vargas, em artigo no Estado de domingo. A partir de 2008, quando se agravou a crise internacional, a administração petista vem-se mostrando inclinada a ressuscitar o modelo de crescimento em vigor entre os anos 1950 e 1980. O modelo caducou e o País entrou numa fase de quase estagnação, com breves surtos de crescimento interrompidos por longos e penosos períodos de crise.

Esse padrão só foi rompido quando os governantes se dispuseram a promover, a partir de 1994, um ajuste real, sem truques, no sistema de preços, na gestão pública e nas contas externas. Erros foram cometidos durante esse esforço, mas o resultado, altamente positivo, foi uma ampla renovação da política econômica, de seus instrumentos e de seus critérios.

O trinômio metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário passou a sintetizar o novo padrão de política macroeconômica, mas, ao lado disso, consolidou-se uma nova divisão de papéis entre o setor privado e o Estado. Idealmente, esse não deveria ser um Estado omisso, mas empenhado em cumprir com austeridade e eficiência funções indispensáveis ao bom funcionamento da sociedade e ao desenvolvimento econômico e social.

Em vez de dar continuidade à construção desse Estado, a administração petista vem demonstrando, especialmente a partir do segundo governo Lula, uma inquietante nostalgia do velho desenvolvimentismo. "Nostalgia", palavra usada pelos economistas Armínio Fraga e Pedro Cavalcanti Ferreira, é um rótulo quase simpático para uma tendência muito perigosa. Eles apontam o risco: a tentativa de repetir a experiência dos anos 50 a 80 poderá levar o País a espatifar-se em mais uma década perdida. Mas o quadro se torna muito mais assustador quando se acrescentam os detalhes do dia a dia, como a pobreza estrutural, a concentração de renda e de riqueza nas mãos dos grupos escolhidos para protagonizar o crescimento, a persistência da inflação e a recorrência de penosas crises de balanço de pagamentos.

A crise de 2008 impôs a todos os governos importantes ações intervencionistas. Maiores gastos públicos, maior oferta de crédito e operações de socorro a grupos privados constituíram o grosso das políticas anticíclicas. Algumas dessas ações foram adotadas no Brasil. Mas, passada a crise, o governo brasileiro resiste a abandonar inteiramente as ações anticíclicas. A resistência não é só do governo, mas também, é claro, de grupos beneficiados pelo aumento dos gastos, pela expansão de empréstimos subsidiados e por outros benefícios distribuídos pelo poder público.

Ao mesmo tempo, os desajustes se acumulam. O saldo da conta corrente do balanço de pagamentos, hoje deficitário, diminuiu 4 pontos porcentuais do PIB enquanto a relação de preços entre produtos exportados e importados aumentou 40%. Com uma evolução de preços tão favorável, como explicar a sensível deterioração das contas externas, a não ser por um grave desajuste interno?

A escolha correta é simples. Em vez de ressuscitar um modelo falido, deve o governo cuidar de tarefas de importância evidente, como arrumar suas contas, investir em educação e qualificação profissional e criar condições para a expansão do investimento, limitado a insuficientes 18,4% do PIB. Não é preciso criar um setor público empreguista, balofo e intervencionista para cumprir essas tarefas.

Oposicao nao precisa disputar povao, diz FHC - artigo de Reinaldo Azevedo

Continuando na mesma linha do post anterior, transcrevo aqui post retirado do blog do jornalista Reinaldo Azevedo, que concorda com o ex-presidente quando diz que a oposição não precisa disputar "povão".
Discordo, radicalmente.
Ao formular sua mensagem às classes médias, como pretendem os dois citados acima, acredito que a oposição, quando existir, deveria igualmente se dirigir à classe média, mostrando que, bondades e esmolas à parte, o "povão", na verdade, é a principal vítima das políticas distributivistas das novas máfias no poder, na medida em que essas políticas perpetuam sua situação de marginalidade relativa, ao preservar esses mecanismos puramente de "assistência", com manutenção de alta tributação indireta, péssima educação, insegurança geral e outras perversidades indiretas, não detectadas pelo mesmo "povão".
Já considero esse termo "povão" ofensivo, por negar dignidade aos milhares de trabalhadores humildes, sem qualificação, e que também precisam ser educados politicamente a lutar por seus direitos, em lugar de ficar demandando "políticas públicas" enganosas em conteúdo e forma.
Discordo, portanto, embora creio que o debate é importante.
Paulo Roberto de Almeida

FHC diz que oposição não tem de disputar “povão” com o PT. E ele está certo!
Reinaldo Azevedo, 12 de abril de 2011

A Folha de hoje dá a seguinte manchete: “Oposição deve desistir de buscar ‘o povão’, diz FHC”. Muita gente vai ignorar o conteúdo do texto. Os petistas e parte da imprensa (a imprensa petista!) usarão a manchete para satanizar o tucano. E, no entanto, ele está certíssimo. Embora eu me considere um conservador, e FHC seja de centro-esquerda, concordo com ele nesse particular. E, vocês sabem, já escrevi um texto gigantesco defendendo essa tese, que foi publicado na última edição de 2010 da VEJA. Já chego lá. Leiam trechos da reportagem da Folha. Volto em seguida.

*
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defende em artigo que será publicado nesta semana uma revisão profunda da estratégia adotada pelo PSDB e pelos demais partidos de oposição para voltar ao poder. Numa espécie de manifesto, ele afirma que a oposição deveria desistir de conquistar as camadas mais pobres do eleitorado e se conectar com a nova classe média produzida pelo crescimento econômico dos últimos anos. “Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os “movimentos sociais” ou o “povão”, falarão sozinhos”, diz o ex-presidente.
(…)
FHC critica os governos que o sucederam e o próprio partido. “Uma oposição que perde três disputas presidenciais não pode se acomodar e insistir em escusas que jogam a responsabilidade no terreno “do outro’”, afirma.
(…)
FHC diz que a oposição não defendeu seu legado. “Segmentos numerosos das oposições de hoje aceitaram a modernização representada pelo governo FHC com dor de consciência”, avalia. O ex-presidente deu a seu artigo o título “O papel da oposição”, o mesmo de um texto célebre que publicou na década de 1970, quando fazia oposição à ditadura militar. Aqui

Voltei [Reinaldo Azevedo:]
No meu longo artigo do ano passado, trato justamente do papel das oposições. A íntegra está aqui. Afirmo explicitamente que é necessário defender as conquistas do PSDB, que é inútil disputar os movimentos sociais com o PT e que é preciso buscar a classe média. E digo ainda que é necessário ter a coragem para falar com o Brasil conservador. Nesse particular, eu e FHC certamente divergimos. No resto, concordamos. Leiam trechos do meu texto.

(…)
A pergunta óbvia é com que discurso articular o dissenso, sem o qual a democracia se transforma na ditadura do consentimento?

Não existem receitas prontas. Mas me parece óbvio que o primeiro passo consiste em libertar a história do cativeiro onde o PT a prendeu. Isso significa mostrar, e não esconder, os feitos e conquistas institucionais que se devem aos atuais oposicionistas e que se tornaram realidade apesar da mobilização contrária bruta e ignorante do PT. Ajuda também falar a um outro Brasil profundo, que não aquele saído dos manuais da esquerda, sempre à espera de reparações e compensações promovidas pelo pai-patrão dadivoso ou a mãe severa e generosa, à espera da “grande virada”, que nunca virá!

Temos já um Brasil de adultos contribuintes, com uma classe média que trabalha e estuda, que dá duro, que pretende subir na vida, que paga impostos escorchantes, diretos e indiretos, a um estado insaciável e ineficiente. Milhões de brasileiros serão mais autônomos, mais senhores de si e menos suscetíveis a respostas simples e erradas para problemas difíceis quando souberem que são eles a pagar a conta da vanglória dos governos. É inútil às oposições disputar a paternidade do maná estatal que ceva mega-currais eleitorais. Os órfãos da política, hoje em dia, não são os que recebem os benefícios - e nem entro no mérito, não agora, se acertados ou não -, mas os que financiam a operação. Entre esses, encontram-se milhões de trabalhadores, todos pagadores de impostos, muitos deles também pobres!

Esse Brasil profundo também tem valores - e valores se transformam em política. O que pensa esse outro país? O debate sobre a descriminação do aborto, que marcou a reta final da disputa de 2010, alarmou a direção do PT e certa imprensa “progressista“. Descobriu-se, o que não deixou menos espantados setores da oposição, que amplas parcelas da sociedade brasileira, a provável maioria, cultivam valores que, mundo afora, são chamados “conservadores”, embora essas convicções, por aqui, não encontrem eco na política institucional - quando muito, oportunistas caricatos os vocalizam, prestando um desserviço ao conservadorismo.

Terão as oposições a coragem de defender seu próprio legado, de apelar ao cidadão que financia a farra do estado e de falar ao Brasil que desafia os manuais da “sociologia progressista”? Terão as oposições a clareza de deixar para seus adversários o discurso do “redistributivismo”, enquanto elas se ocupam das virtudes do “produtivismo”? Terão as oposições a ousadia de não disputar com os seus adversários as glórias do mudancismo, preferindo falar aos que querem conservar conquistas da civilização? Lembro, a título de provocação, que o apoio maciço à ocupação do Complexo do Alemão pelas Forças Armadas demonstrou que quem tem medo de ordem é certo tipo de intelectual; povo gosta de soldado fazendo valer a lei. Ora, não pode haver equilíbrio democrático onde não há polaridade de idéias. Apontem-me uma só democracia moderna que não conte com um partido conservador forte, e eu me desminto.

Antes de saber quem vai liderar um dos pólos, é preciso fazer certas escolhas. O Congresso aprovou há pouco, por exemplo, o sistema de partilha para o pré-sal. Não se ouviu a voz da oposição, a exceção foi a senadora Kátia Abreu (TO). O PT inventou a farsa, amplamente divulgada na campanha eleitoral, de que não passava de “privatização” o sistema de concessão, que conduziu o país à quase auto-suficiência e que fez dobrar a produção de petróleo no governo FHC. Mentiu, mas venceu o embate. Podem vir por aí as reformas. Quais setores da sociedade as oposições pretendem ter como interlocutores? Continuarão órfãos de representação milhões de eleitores que não se reconhecem na ladainha pastosa do “progressismo”? As oposições têm de perder o receio de falar abertamente ao povo que trabalha e estuda. Que estuda e trabalha. Em vez de tentar dividir os louros da caridade, tem de ser porta-voz do progresso.