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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Petrobras: escandalo sobre escandalo por parte dos companheiros

Os companheiros devem ter algum problema psicológico com os tucanos, uma obsessão doentia -- o que já é uma redundância, pois toda obsessão é doentia, embora no caso dos companheiros essas obsessões sejam perversamente doentias -- pois a todo momento eles querem jogar a culpa pelos seus "malfeitos" -- segundo o conceito leve que eles introduziram, para mim são crimes e patifarias mesmo -- nos pobres dos tucanos, que não tem sequer capacidade para responder à altura.
Qualquer coisa que acontece no Brasil, a culpa está sempre no governo FHC, ou nos 500 anos anteriores, já repararam.
Deve ser um tique nervoso, que vai exigir muito psicanalista para curar...
Paulo Roberto de Almeida


Petrobrás identifica autor da mudança do perfil de Costa

MARIANA SALLOWICZ
Texto sobre ex-diretor da estatal na Wikipédia foi alterado para incluir relação com governo FHC



Economia companheira: a Bolsa Burguesia, e a conta vai para cada um de nos...

Cresce o custo do Tesouro com o BNDES
Por Tainara Machado e Marta Watanabe | De São Paulo
Valor Econômico, 15 de setembro de 2014

Uma renegociação de R$ 194,2 bilhões em dívidas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com o Tesouro Nacional em março deste ano elevou consideravelmente o custo financeiro para o governo dos empréstimos para o banco de fomento. A ampliação de carências e prazos de amortização de contratos assinados entre 2000 e 2010 resultou em um custo adicional ao Tesouro que pode chegar aos R$ 40 bilhões. O valor, dizem analistas, corresponderia, na prática, a uma "capitalização implícita" adicional do Tesouro para o BNDES. Em junho deste ano o Tesouro já aportou R$ 30 bilhões no banco.

O custo adicional para o Tesouro acontece porque, com a renegociação, o BNDES ganha prazos a perder de vista nos oito contratos que somam os R$ 194,2 bilhões, o que faz o valor total do empréstimo encolher até 42% a valor presente. Além disso, o banco ganhou mais prazo de carência e paralisou o pagamento de juros e amortizações que vinha fazendo ao Tesouro em relação a esses contratos.

Antes da repactuação, dois desses empréstimos, somados, estabeleciam que o BNDES iniciaria em 2014 amortização de um principal de R$ 75 bilhões -- R$ 40 bilhões em abril e R$ 35 bilhões em agosto. Esse pagamento se estenderia por 25 anos, até março de 2039. Com a renegociação, porém, o BNDES começará a pagar esses R$ 75 bilhões apenas a partir de março de 2040, quando, pelas condições originais, a dívida já estaria paga. Em outros quatro contratos pelos quais o BNDES já amortizava o principal em março, a nova carência também foi estendida para 2040. Em todos os oito contratos o banco já estava pagando ao menos parte dos juros. Com a renegociação, porém, foi estabelecida para todos os oito contratos uma nova carência até 2020, quando o BNDES começará a pagar parcialmente os juros.

O impacto da repactuação no fluxo de caixa do banco não é pequeno. Até junho o BNDES já havia desembolsado um total de R$ 42,6 bilhões ao Tesouro em amortização ou juros nos oito contratos. Com a repactuação, o banco deixa de fazer ao Tesouro quaisquer pagamentos relativos a esses contratos até os novos prazos de carência: março de 2020 para juros e março de 2040 para o principal. Procurados, o BNDES não comentou o assunto e o Tesouro não respondeu.

A pedido do Valor, Marcos Mendes, consultor técnico do Senado, montou um fluxo de pagamentos do BNDES ao Tesouro e comparou o custo "original" e "renegociado" dos empréstimos, com base em diferentes cenários para a evolução da taxa de juros até 2060.

Com a renegociação, no cenário mais otimista para o Tesouro, com juros nominais de 8% ao ano, o custo financeiro para o governo em relação aos oito contratos aumenta em R$ 17,5 bilhões em relação às condições anteriores. Considerando hipótese mais favorável para o BNDES, com juros nominais de 12% ao ano, essa diferença sobe para R$ 40,2 bilhões. Levando em conta cenário intermediário, de juros nominais de 10% ao ano, o valor presente da dívida renegociada implica custo financeiro adicional para o governo federal de R$ 34 bilhões.

O custo adicional do Tesouro nas operações foi levantado com base na diferença entre o valor presente dos contratos após a negociação e o valor presente nas condições anteriores, usando como taxa de desconto a Selic, que expressa o custo de captação do Tesouro no mercado. Os cálculos foram feitos com base em dados do BNDES sobre captações com recursos do Tesouro e em informações publicadas pelo jornalista do Valor Ribamar Oliveira, na coluna "Dívida do BNDES tem carência até 2040", veiculada em 28 de agosto.

Para Mendes, ao postergar prazos de pagamento e de vencimento das obrigações do BNDES, é natural que o custo financeiro do Tesouro aumente, já que vai demorar mais tempo para o recebimento desses valores. Ao mesmo tempo, afirma, sem necessidade de fazer frente a esse passivo no curto prazo, o lucro do BNDES e a capacidade de distribuição de proventos tendem a aumentar. "Essa é a essência da contabilidade criativa: um lucro espúrio do BNDES vira receita primária do Tesouro por meio de pagamento de dividendos", afirma.

Conforme Mendes, ao ampliar em 20 anos o prazo para quitação da dívida, além de postergar o pagamento de juros para contratos em que já havia fluxo de pagamento, houve um aporte "implícito" no banco.

Desde o fim de 2013, as autoridades econômicas têm afirmado a intenção de reduzir os aportes para o BNDES. Neste ano, em junho, o Tesouro aportou R$ 30 bilhões no banco. A renegociação vai na contramão desse discurso e ainda piora a transparência das contas públicas, diz Mendes, já que há poucas informações disponíveis para calcular o custo da dívida para o Tesouro. Por causa dessas restrições, o consultor faz a ressalva que sua hipótese levou em consideração apenas o alongamento de prazo, de 341 meses nos contratos antigos para 553 meses no contrato novo. Mendes considerou condições de carência e de prazo médios no conjunto dos oito contratos. As estimativas, diz, podem estar subestimadas porque as condições originais contavam com diversos índices de correção, como IPCA e taxa de câmbio, que podem ter evolução mais negativa que a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP).

Mendes pondera que, como cada contrato tinha indexadores, juros e prazos diferentes, idealmente deveria se levar em conta o fluxo de pagamentos esperado para cada contrato para se chegar ao valor presente da dívida. O consultor do Senado também preferiu trabalhar em todo o horizonte de tempo com o teto para essa taxa, de 6% ao ano, o que também pode ter subestimado o custo para o Tesouro Nacional. Atualmente, por exemplo, a TJLP está em 5% ao ano.

Gabriel Leal de Barros, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), também procurou estimar o custo para o Tesouro das mudanças de condições financeiras nos empréstimos do Tesouro para o BNDES e chegou à mesma conclusão, de que houve aporte de recursos implícito com a renegociação. Barros tomou como base dois contratos, datados de 20 de abril e 4 de maio de 2010, com pagamento parcial de juros até 2025 e principal até 2030. O último pagamento previsto era em abril de 2050. Como as novas regras dilataram os prazos, o efeito financeiro da alteração é de uma "capitalização implícita" de R$ 69,8 bilhões ao longo de todo o contrato, na comparação com o que o Tesouro receberia nas condições originais.

"A alteração das condições contratuais para o pagamento de juros e principal do BNDES com o Tesouro pode ser entendida como uma nova capitalização, à medida em que permite economia do banco na rubrica de despesa financeira, ainda que ao custo da elevação da posição passiva do BNDES com o TN", afirma Mendes. O fluxo interrompido de pagamento de juros tende a ampliar a capacidade de empréstimos do banco junto ao setor privado e, ao mesmo tempo, remeter essa economia sob a forma de dividendos.

Para o professor da PUC-Rio Vinicius Carrasco, uma renegociação de empréstimo que resulte em um período de carência de 26 anos caracteriza quase que uma "ausência de compromisso de pagar". "Isso não fica muito distante de uma operação de equity, de uma forma não muita clara de capitalização."

Carrasco diz que a renegociação de março é mais uma evidência da necessidade de analisar o custo-benefício da atuação do BNDES. Uma instituição como o BNDES, afirma, é importante, porque há linhas de financiamentos para projetos de cunho social com nível de retorno que os bancos privados não fariam. "Mas é preciso fazer uma avaliação, uma discussão para explicitar os custos do que parece uma capitalização disfarçada e os benefícios à sociedade com a destinação feita pelo banco dos recursos transferidos pelo Tesouro."

Enquanto isso, naquela democracia em excesso, ao lado: 64 detidos em protestos

Como diria o chefe da máfia, existe excesso de democracia na Venezuela, e só por isso as pessoas saem às ruas para protestar. Elas estão tão saciadas de democracia, que agora querem outras coisas, como papel higiênico, por exemplo,,,
Paulo Roberto de Almeida

64 People arrested after Venezuela protests, NGO says

At least 64 people were arrested in Venezuela following anti-government protests in Caracas and the western city of Barquisimeto, the executive director of the non-governmental organization Foro Penal Venezolano, Alfredo Romero, said Saturday.
"Yesterday, Sept. 12, there were demonstrations in Barquisimeto...there were 47 arrests as a result of protests where certain violent demonstrations are said to have occurred," Romero told Efe.
People found hiding in two apartment buildings that were searched during the night were taken to Detachment 47 of the Bolivarian National Guard, or GNB, Romero said.
He said the District Attorney's Office in Lara state, west of Venezuela, told the NGO about the 47 people who were arrested there.
He also added that in the Venezuelan capital, after staging some "flamboyant" demonstrations that sparked "a lot of disturbances," 17 people were arrested who had hidden in a shopping mall, among whom were two minors.
"Among the protesters are a number of students, we don't know exactly how many, we haven't been able to contact them or their families directly," he said.
The protesters arrested in Caracas were taken to headquarters of the Sebin intelligence service where, Romero said, "they are being interrogated."
He recalled that authorities have 48 hours to present detainees in court.
Venezuela went through a wave of protests against the Nicolas Maduro government that started last February and went on with great intensity for four months, with violent incidents and an official toll of 43 dead, hundreds injured and thousands arrested. EFE

China: uma ditadura aliada dos companheiros...

...que fariam igual no Brasil, se pudessem. 
Paulo Roberto de Almeida 

Police Detain Tie Liu, Beijing Writer and Underground Publisher

HONG KONG — At 81 years old and after decades imprisoned in labor camps as a foe of the Communist Party, the Beijing writer and underground publisher Tie Liu had said that he was too old to seriously worry the security police anymore. But they raided his home over the weekend and detained him on a charge of “creating a disturbance,” his wife and friends said on Monday.

In the dark of early Sunday, the police banged on the door of Mr. Tie’s house in a suburb of eastern Beijing, handed him a summons, made him dress and then led him away, his wife, Ren Hengfang, said in a telephone interview. Officers searched their home, hauling away four laptop computers, an iPad and his cellphone, as well as piles of books and periodicals, many of them privately published by Mr. Tie, she said.

“He asked, ‘What disturbance have I been stirring up?’ and they said, ‘You’ll find out when it’s time to find out,'” Ms. Ren said. “We’d warned him to think twice before publishing his essays, but he’s a stubborn character.”

Later on Sunday, the police put Mr. Tie under criminal detention, allowing them to hold him for at least 30 days, Liu Xiaoyuan, a lawyer who has been his friend for many years and has followed his case, said in a telephone interview. Ms. Ren said the police also detained Huang Jing, Mr. Tie’s domestic helper, who also helped his publishing, on suspicion of “creating a disturbance.” Nobody would answer questions at the detention center where his wife said Mr. Tie was being held.

Mr. Tie is among the oldest, if not the oldest, Chinese dissenters recently detained for “creating a disturbance,” one of the vague, capacious charges that the government has increasingly used against critics of the party, said Mr. Liu, the lawyer. Mr. Tie could be released on bail or with a warning, but the move shows how far the government of Xi Jinping, the president and party leader, is willing to go to stifle dissent, Mr. Tie’s friends said.

“It’s virtually unheard of for someone of his age to be put under criminal detention for something he wrote,” Mr. Liu said. “When I asked him before if he worried about trouble, he said the most they’d do is question or warn him.”

Not that Mr. Tie had grown mild in his old age. He has been a vigorous, argumentative embodiment of links joining China’s current generation of dissidents to earlier generations of persecuted intellectuals. He was purged as a “Rightist” in 1957 and became a prolific private publisher of memoirs of other, aging victims of Mao’s purges and campaigns of the 1950s and 1960s.

“There’s naturally a continuity,” said Hu Jia, a prominent Beijing dissident who is the son of former Rightists. “My parents and their generation of Rightists had experiences and views that you would never find in the People’s Daily or a classroom, and many of them passed them down.”

Despite his vehement criticism of the Communist Party, Mr. Tie had nursed hopes that the current leader, Mr. Xi, would eventually use his growing power to lead China in a more liberal direction, a hope ridiculed by many other dissidents, Mr. Hu said. But Mr. Tie’s detention was probably related to an essay he recently published denouncing Liu Yunshan, Mr. Xi’s trusted subordinate in charge of ideology and propaganda, Ms. Ren said.

Mr. Tie’s real name is Huang Zerong, although he is universally known by his pen name, which means something like “Iron Flow.” (The pen name was possibly inspired by a character in a Soviet-era Russian novel, Ms. Ren said.) He was born in 1933 in southwest China, and he traveled from ardent revolutionary youth to persecution and then disillusionment in the party, she said.

In 1957, when he was a reporter and budding author, Mr. Tie was denounced with the Rightist label, used for people who took up Mao’s invitation to vigorously criticize the party’s policies and then found themselves cast as counterrevolutionary foes of Mao. Mr. Tie spent nearly a quarter of a century in labor camps, often famished and fearful, until he was politically rehabilitated in 1980, an experience recorded in his memoirs.

Mr. Tie made a living in journalism and public relations, and in recent years devoted himself to publishing books and pamphlets of memoirs of other former Rightists and people persecuted under Mao. Such memoirs are banned in China, but Mr. Tie’s dozens of books and booklets, cheaply printed and unadorned, circulated among friends, former Rightists and historians, an antidote to the party’s silence about Mao’s misdeeds.

Ms. Ren said there was a menacing incident before her husband’s detention. On Saturday morning the couple found someone had used laced meat to poison their dog, a large cross between a Tibetan mastiff and other breeds that Mr. Tie had named Mao Mao, in ironic tribute to Mao Zedong. She denied that neighbors could have killed the dog, and she suspected hard-left supporters of Mao, who have long loathed Mr. Liu and sent him threatening messages on his phone.

“He was too naïve,” she said of her husband. “Before this happened, he said they couldn’t do much against someone like him. He thought that at worst he’d be invited to drink tea,” she said, referring to a common phrase for informal interrogation, sometimes really over tea, by the state security police.

RELATED COVERAGE

  1. Chinese Dissident’s Trial Is Cut Short After Lawyers Refuse to Attend SEP 12, 2014
  2. Sinosphere Blog: German Broadcaster Is Urged to Speak for Press Freedom in China SEP 1, 2014

Across the Empire, 2014 (17): De Missoula, MT, ao Mount Rushmore, SD, via Little Big Horn


Across the Empire, 2014 (17): De Missoula, Montana, ao Mount Rushmore, South Dakota, via Little Big Horn

Paulo Roberto de Almeida

Dois dias memoráveis de viagens e visitas, que resumo numa única postagem por absoluta falta de tempo e cansaço de viagem: depois de viajar 600 milhas, de Vancouver a Missoula, no Montana, deixando para trás os estados de Washington e um pedacinho norte do Idaho, continuamos nosso périplo, agora num ziguezague maluco subindo e descendo num itinerário tendencialmente apontado para o leste. Na sexta-feira, adiantados três dias sobre o planejamento original – nós sempre exageramos nas distâncias, nas visitas, no adensamento das viagens – viajamos mais de 600 milhas para chegar a Missoula, sem qualquer parada pelo caminho, a não ser as normais para descanso e reabastecimento, e a chateação da espera na fronteira americana. Reproduzo aqui, todo o trajeto percorrido neste sábado e domingo, 13 e 14 de setembro (o Google maps informa que de carro são 752 milhas, que poderiam ser percorridas em 12h21mns, se percorridas de modo contínuo).
No sábado, 13 de setembro, foram “só” 390 milhas (ou 624km), de Missoula até Billings, ainda em Montana, mas subindo até Great Falls, para depois baixar outra vez, e isso por estradas nacionais, de duas vias, e não as tradicionais inter-states que costumam facilitar a vida, com suas duas ou três faixas para cada lado. O objetivo era mesmo Great Falls, onde pretendíamos – e conseguimos – visitar com vagar o Lewis & Clark Interpretive Center, um museu histórico dedicado à exploração do Missouri e da região noroeste dos EUA, por dois exploradores em missão presidencial, no caso Thomas Jefferson, em 1804. 


Ele decidiu a missão ainda antes dos EUA “comprarem” o território da Louisiana, uma imensa faixa de território, central na América do Norte, terminando por um funil muito pequeno na Nouvelle Orleans, que Napoleão vendeu por uma barganha aos americanos, por um lado porque precisava de dinheiro para continuar sua guerra contra os britânicos, por outro lado por saber que não conseguiria defender esse território, se os mesmos britânicos decidissem dele se apossar (já que tinham arrancado dos franceses, alguns anos antes, o que era a Nouvelle France do Quebéc e Labrador).

Esse território do alto Missouri, chegando até a costa oeste (no Pacífico), não era inteiramente desconhecido dos europeus, pois navegadores espanhóis, a partir do México, já tinham subido a costa da Califórnia, até onde está o estado de Washington atualmente, e ingleses e franceses mercadores de peles de animais – que compravam dos indígenas caçadores para a Hudson Bay Company – já tinha percorrido aleatoriamente a região. Mas, a constituição do Corps of Discovery, pelo presidente Thomas Jefferson foi um gesto de estadista, aliás premonitória, pois ele tomou a decisão sem saber se as negociações com a França – uma aliada dos EUA na luta contra a velha Albion, que ainda incendiaria Washington na guerra de 1812, aliás queimando os livros que Jefferson tinha vendido à Library of Congress – dariam certo. Deram. E lá foram os dois destemidos exploradores, Merewith Lewis e William Clark, acompanhados por três dezenas de outros homens (vários militares), a partir de Saint Louis, no Missouri, justamente. Eles subiram o rio, depois tiveram de trocar suas embarcações mais pesadas por pirogas cavadas em troncos de madeira, e sempre negociando com os índios, que praticavam uma espécie de diplomacia, como ensina este cartaz que foi a primeira foto que tirei no museu. 
Aliás não só os índios praticavam diplomacia, como também se dedicavam ao comércio internacional, como demonstra esse outro painel devidamente fotografado por um outro estudioso do comércio internacional que sou eu mesmo. Obviamente os índios estavam interessados não só nas bugigangas – espelhinhos e miçangas que eram trazidas pelos europeus – mas também em suas armas: machados, facas, sobretudo armas de fogo, talvez até alguma bebida mais forte, e muitos deles não conheciam o tabaco, que vinha da região atlântica. 

Não tenho ideia se eles se baseavam em alguma teoria das vantagens comparativas, mas suponho que fizessem um cálculo aproximado da utilidade dos novos objetos e também estimassem o custo-oportunidade de comerciar com aqueles brancos barbudos que apareciam por lá, em lugar de se dedicar àquela vidinha de caçar búfalos, guerrear contra as tribos vizinhas, explorar novas fontes de recursos.
O museu foi uma das melhores visitas que fizemos até agora, saindo do cenário déjà vu dos museus de arte (estamos por aqui de impressionistas, que me perdoem os próprios) e daquelas coisinhas arrumadas do oeste americano, mais para Hollywood do que para a dura realidade da conquista, exploração, conflito entre povos diferentes. O museu tem tudo isso e muito mais: um documentário excelente de meia hora sobre todo o percurso dos dois exploradores, com mapas, fotos, imagens e até re-encenação por atores de certos episódios da missão (que durou muito mais do que o previsto e não cumpriu o objetivo inicial, que era o de encontrar uma passagem do Atlântico ao Pacífico pelos rios do noroeste), completado depois por um African-American de Nova York que tentou nos convencer a fazer pelo menos uma parte do trajeto em bicicleta. Perguntei ao final se ele já tinha feito, e com um sorriso amarelo ele me disse que tinha feito uns pedaços (deduzi que não tinha feito praticamente nada, e que era um bicicleteiro urbano, ainda mais vindo de Nova York).

Carmen Lícia ainda me fez duas fotos: uma com um búfalo psicodélico, pintado por uma artista (mas não descobri a função daquela placa bem embaixo da ferramenta do búfalo),  e outra junto a uma pequena embarcação, feita de pele de búfalo, justamente, que os índios do alto Missouri usavam para atravessar o rio, e quem sabe para pescar de vez em quando. Não deviam usar essas iscas de minhoca viva, que encontramos em vários trading posts pelo caminho, uma até com uma propaganda genial de uma minhoca fortona, carregando um baita peixe (desses de história de pescador), e dizendo que a pesca era garantida, ou então ela morreria na tarefa...

De Missoula a Great Falls foram aproximadamente 173 milhas, percorridas em cerca de 3hs. Depois ainda fizemos mais 213 milhas até Billings, sempre por estradas nacionais, onde dormimos num Holiday Inn Express, nossa outra rede preferida para etapas de viagem. Foi cansativa esta etapa, mas uma das melhores que fizemos, não só pelas paisagens de Montana, sempre magníficas – e Carmen Lícia vai fazendo dezenas de fotos ao longo do caminho, mas perdeu um ou outro animal que nos contemplava beatamente à margem da estrada, e não teria como, eu estava andando a mais de 120kms por hora, na média – mas sobretudo pelas lições de história da colonização do território americano que estamos tendo em diversas passagens do noroeste americano.

O domingo, 14 de setembro, foi ainda mais cansativo, mas igualmente rico: saímos de Billings direto a Little Big Horn, na extremidade de Montana, o território de encontros e desencontros entre vários tribos de índios das planície e dos colonizadores pioneiros (e os homens do gold rush), apoiados pela cavalaria. O lugar está identificado com o “last stand” do tenente-coronel Custer, mas o verdadeiro herói é este aqui.
Junto de sua foto, no centro de informação do campo de batalha (que é também um dos dois únicos cemitérios do soldado desconhecido existente nos EUA, o outro sendo em Washington), está a foto do então presidente, Ulysses Grant, ex-herói da guerra civil, que comandou a política de tratar os índios recalcitrantes – ou seja, os que que não se resignavam a viver confinados em reservas criadas pelo Congresso – como “tribos hostis”, e nessa condição podendo ser reprimidos (suprimidos seria a palavra mais exata) pelos corpos da cavalaria do Exército (numa tarefa pouco gloriosa para todos os padrões de civilização conhecidos). Não reproduzo a foto do presidente, mas sim os seus dizeres, ao lado dos de Touro Sentado.


Carmen Lícia fez uma foto minha em frente ao “last stand”, a pedra comemorativa da colina final que assistiu à morte de parte dos mais de 200 soldados da tropa de Custer (outros pereceram em outros combates nas cercanias). Eu também fiz várias, mas deixo de postar, pois não encontro glória nenhuma na missão dos soldados. 

Abaixo, um dos quadros que retrata epicamente esse final, que mereceria uma reinterpretação pelo outro lado. Na verdade, o filme a que assisti no centro de informações de Little Big Horn é bastante equilibrado, com vários depoimentos de descendentes dos indígenas que foram de toda forma massacrados em batalhas posteriores e depois confinados em reservas. 


Aliás, saindo do Little Big Horn, que fica na reserva Crow, ainda atravessamos uma imensa reserva cheyenne, provavelmente mais pobre do que os negros americanos consolidados nos food stamps em zonas urbanas. Mas, também cruzamos com vários cassinos, alguns até precários, talvez porque os índios desta região não sejam tão capitalistas quanto os da costa leste.
De Billings a Little Big Horn foram apenas 53 milhas, quase todo por auto-estrada. Mas de Little Big Horn até o Mount Rushmore foram 280 milhas, numa estrada desolada. Só tivemos uma parada um pouco melhor em Broadus, ainda em Montana, mas já fora da reserva cheyenne.
Chegamos ao Mount Rushmore ainda hesitando se deveríamos ir para o hotel em Rapid City descansar, e deixar a visita para o dia seguinte, segunda-feira dia 15, mas resolvemos esticar as 25 milhas até a montanha, já no final da tarde. Foi bom: não somos muito de natureza, nem de patriotadas, e o monumento esculpido na montanha de South Dakota por Gutzon Borglum durante mais de uma década, entre 1927 e 1941, é tudo o quê os americanos patriotas gostam: o panegírico dos pais da pátria, os grandes homens que construíram este país de fato magnífico, mas com muita mistificação histórica também. Carmen Lícia conseguiu uma foto mais clara, da estrada, do que eu, em face do monumento, mas já com o sol ponente. Reproduzo as duas abaixo.


Voltamos a Rapid City, onde decidimos nos alojar num confortável Sleep Inn Suites, quase de volta à inter-state 90, que devemos retomar amanhã (ou melhor, hoje, segunda-feira). Ainda vamos decidir que caminho tomar na continuidade das visitas mais a leste. Temos Minneapolis como objetivo, mas talvez façamos algum detour antes da cidade-irmã com St.Paul, no Minnesota. Até a próxima

Paulo Roberto de Almeida
Rapid City, 14-15 de setembro de 2014

Congresso Ibero-Americano de Jovens Empresarios: Brasilia, 18 e 19 de setembro

Empresário no Brasil é um herói, pior, é um ser temerário, além do mais, pois além de enfrentar as dificuldades naturais dos mercados -- sabem como é, concorrência, cálculos de custos, inovação, sacrifício pessoal, essas coisas menores da vida -- ainda tem de enfrentar as dificuldades anti-naturais e eu até diria perversas, artificiais, rentistas, burocráticas, expropriatórias, criadas por um Estado balofo, ineficiente, e pior ainda, dominado, como o nosso atualmente, por um bando de sanguessugas incompetentes.
Quem é o cidadão normal que topa uma parada dura? Poucos. Muitos receberam o negócio da família, e tentam tocar o barco adiante, na procela do governo, nas tempestades criadas pelos incompetentes (e são muitos, infelizmente, pois nossas escolas não preparam os alunos para a vida real, pois estão infestadas de saúvas freireanas), e mais ainda, precisam enfrentar os monstros marinhos da Receita Federal, aquela coisa mitológica que engole todo mundo, mesmo um Ulisses destemido...
E quem são esses jovens que se lançam assim ao mar, temerários e corajosos?
São a nossa salvação como país.
Por isso eu não hesito em apoiar este evento, que me foi comunicado por um amigo do peito, Mario Machado, que tem a seu cargo um dos melhores blogs que conheço da nossa área, o Coisas Internacionais (de vez em quando eu o copio, de vez em quando ele me copia).
Aqui vai: quem puder, compareça; quem não puder, tente contatar os organizadores, para saber o que se passou.
Repito, eles são a salvação do Brasil.
Paulo Roberto de Almeida

Oportunidade: Congresso Ibero-Americano de Jovens Empresários, Brasília, 18 e 19 de setembro

CIJE
Entre os dias 18 e 19 de setembro, em Brasília, jovens empresários de toda Ibero-América irão se reunir para o V CIJE Congresso Ibero-Americano de Jovens Empresários e debater integração e competitividade do ponto de vista de quem empreende, arregaça as mangas e assume o risco dos negócios. O Evento será aberto a visitantes que poderão assistir aos painéis e fazer network.
Os profissionais de qualquer campo sabem quão importante é o network para desenvolver suas atividades e essa é uma excelente oportunidade para os estudantes de Relações Internacionais começarem a somar vivência de negócios internacionais a sua formação acadêmica.
V CIJE – Congresso Ibero-Americano de Jovens Empresários

O QUE É O CIJE

Os Congressos Ibero-Americanos têm por missão promover o intercâmbio de experiências exitosas dos setores produtivos das regiões, favorecer circunstâncias que permitam a criação e a sustentabilidade das iniciativas empresariais, promover o turismo de negócios, bem como buscar a integração econômica regional e a formação de lideranças empresariais.

"FIJE: POR UMA IBERO-AMÉRICA MAIS COMPETITIVA E INTEGRADA"

A FIJE promoverá um projeto de fortalecimento do ambiente de negócios para o desenvolvimento econômico dos países ibero-americanos. O projeto é composto por três ações: Brasil: A Bola da Vez! – reuniões em 10 países ibero-americanos filiados à FIJE, para apresentar o projeto e fomentar o desenvolvimento do turismo de negócios no Brasil; Realização do V CIJE – Congresso Ibero-Americano de Jovens Empresários, cujo tema será “Por uma Ibero-América mais Competitiva e Integrada”; JE Negócios – lançamento da plataforma web para o desenvolvimento de negócios entre os países filiados à FIJE.
O público estimado é de 300 jovens líderes empresariais provenientes de 20 países da Ibero-América. Durante o evento haverá uma área de negócios e de relacionamento e o público estimado de visitantes é de 2.000 pessoas.

CONGRESSOS ANTERIORES

Desde 2010, a FIJE organiza anualmente o Congresso Ibero-Americano de Jovens Empresários – CIJE para promover a interação entre os jovens empresários e o compartilhamento de experiências. O objetivo do evento e seu público alvo têm despertado interesse de pessoas ilustres, como D. Felipe de Bourbon, Príncipe das Astúrias; o prêmio Nobel da Paz 2006, Muhammad Yunus; o Presidente da República do Brasil quando em exercício, José Alencar, bem como outros Presidentes de República e autoridades, de diversos países, que simpatizam com o movimento de jovens empresários.

PROGRAMA

17 de setembro, quarta-feira
Local: Sala de Reuniões, Hotel Base Concept
Endereço: Aeroporto Internacional de Brasília, Setor de Concessionárias, Lote 2, Brasília, DF, CEP: 71608-900
10h - 12h: Visita técnica ao Aeroporto Internacional de Brasília (Somente para presidentes de AJEs, Diretoria da FIJE e convidados)
12h - 14h: Almoço da FIJE
14h - 18h: Assembléia Geral e Assembléia Eleitoral da FIJE
20h: Confraternização de boas-vindas para delegação da FIJE
18 de setembro, quinta-feira
Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães
Endereço: SDC Eixo Monumental, Lote 05, Ala Norte, Térreo, Brasília, DF, CEP: 70070-350
09h - 12h: Abertura do evento com autoridades e parceiros - Café Político Internacional com presidentes das AJEs da Ibero-América
12h - 14h: Almoço de confraternização
14h30 - 16h: Painel sobre Educação Empreendedora
16h - 16h30: Intervalo
16h30 - 18h: Painel sobre Energias Renováveis
18h - 20h: Happy hour e Lounge de relacionamento FIJE
20h - 23h30: Jantar do Bloco Mercosul de Jovens Empresários (somente para convidados)
19 de setembro, sexta-feira
Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães
Endereço: SDC Eixo Monumental, Lote 05, Ala Norte, Térreo, Brasília, DF, CEP: 70070-350
08h30 - 09h30: Reunião Bloco Mercosul de Jovens Empresários (Somente para presidentes de AJEs, Diretoria do Bloco Mercosul e convidados)
10h - 12h: Palestra sobre financiamento de projetos para juventude
12h30 - 14h30: Almoço de confraternização
15h - 16h: Visita técnica ao Estádio Nacional Mané Garrincha (aberta a todos os participantes do evento)
16h - 18h: Palestra sobre a experiência da Copa do Mundo no Brasil e o esporte como ferramenta de desenvolvimento social
18h: Encerramento do evento: Happy hour e Lounge de relacionamento FIJE
19h - 21h: Jogo de futebol da Ibero-América
Mais informações em: http://cije.fije.org/index_pt.php
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ver este link: http://www.coisasinternacionais.com/2014/09/oportunidade-congresso-ibero-americano.html

Politica economica: a distribuicao de renda as avessas dos companheiros, dando dinheiro para os ricos...

Os companheiros dizem querer fazer justiça social. Fazem, só que ao contrário. Dão umas migalhas para os pobres, não para tirá-los da pobreza, mas para fazer um curral eleitoral e deixá-los eternamente dependentes de sua demagogia. E dão um bolão de dinheiro para quem já é rico, como os industriais, por exemplo.
Só a Bolsa BNDES consome muito mais do que dão para os pobres.
É que eles estão construindo um novo tipo de capitalismo, entenderam?
Um que faz com que os capitalistas fiquem manietados numa rede de compromissos de toma lá, dá cá -- e na verdade, para cada toma lá para os ricos e os pobrezinhos, tem um bocado de dá cá para o próprio Estado, que recolhe muito mais com a mão escondida, o que aparentemente concede com a mão ostensiva -- e apenas serve para mantê-los no poder, com seu jogo sujo de barganhas não explícitas.
Isso por uma parte. Por outra parte, eles não querem matar o ganso -- ou a gansa -- dos ovos de ouro, por isso não são tão estúpidos quanto seus amigos bolivarianos, ao estatizar tudo e expropriar todos os capitalistas. Eles precisam dos capitalista, do contrário como é que eles iriam enriquecer e viver bem, consumindo um pouco de tudo, e até fazendo uma poupança externa.
Por isso eu acho essa Bolsa BNDES um escândalo. Extinguiria tudo isso, e privatizaria todos os bancos estatais, todas as companhias estatais, até as penitenciárias...
Paulo Roberto de Almeida

Custo dos subsídios do Tesouro ao BNDES chega a R$ 23 bilhões este ano

O Estado de S. Paulo, 12/09/2014

Número se refere à diferença entre o custo de captação dos recursos emprestados ao banco de fomento e o que é pago de volta; em 2013, volume foi de R$ 10,6 bilhões

O governo calculou em cerca de R$ 23 bilhões o custo do subsídio concedido pelo Tesouro Nacional nos empréstimos ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2014, segundo apurou o ‘Broadcast’, serviço em tempo real da ‘Agência Estado’. O valor é mais do que o dobro do subsídio de R$ 10,6 bilhões verificado no ano passado.
O custo elevado desses subsídios aumenta a dívida pública brasileira e tem sido alvo dos críticos da política econômica do governo Dilma Rousseff de garantir recursos ao banco de desenvolvimento para financiar os empréstimos às empresas com taxas mais baratas. Essa política também vem sendo contestada pelas agências internacionais de classificação de risco.
Os empréstimos ao BNDES contêm um subsídio chamado de “implícito”, representado pela diferença entre o custo de captação do Tesouro ao se financiar, vendendo seus títulos ao mercado, e a remuneração que recebe do BNDES pelo aporte dos recursos. Os empréstimos foram repassados ao banco por meio de títulos públicos.
A estimativa inicial era de que o subsídio ficaria em torno de R$ 15,6 bilhões em 2014. A projeção aumentou por causa do impacto da alta da taxa Selic. A elevação dos juros básicos para 11% tem impacto no subsídio porque fica mais caro para o Tesouro se financiar no mercado. O BNDES pagará os empréstimos feitos pelo Tesouro com correção pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), hoje na casa dos 5% ao ano.
Procurado, o Tesouro não comentou o assunto.
Oposição- De acordo com uma fonte do Ministério da Fazenda, que falou sob a condição de anonimato, o valor do subsídio será encaminhado nos próximos dias ao Congresso Nacional como informação complementar à proposta de Orçamento de 2015 elaborada pelo Executivo.
Há uma preocupação na área econômica de que o custo mais alto do que o previsto inicialmente possa ser usado na campanha eleitoral pelos candidatos de oposição à presidente Dilma Rousseff.
O primeiro grande empréstimo do Tesouro ao BNDES, de R$ 100 bilhões, foi concedido em 2009, como resposta à crise financeira internacional que abateu a economia brasileira. O objetivo do empréstimo era alavancar os investimentos e o crescimento da economia. De lá para cá, o governo já repassou R$ 400 bilhões de empréstimos ao banco.
O último empréstimo, no valor de R$ 30 bilhões, foi repassado em junho deste ano. O reforço no caixa do banco, que não causa impacto diretamente sobre o superávit primário das contas públicas, acabou sendo usado, nos últimos anos, em triangulações financeiras feitas pelo Tesouro para reforçar as receitas do governo e garantir o cumprimento da meta fiscal. Por causa da reação negativa do mercado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, prometeu no ano passado reduzir os aportes ao BNDES.

Conferencia Nacional dos Estudantes pela Liberdade: o Brasil melhora, demora, mas melhora...

Sim, vai demorar mais uns 50 anos para entrar na modernidade, mas aos poucos, quem sabe, as pessoas vão ficando um pouco mais atiladas.
Os Estudantes Pela Liberdade devem ajudar nesse esforço.
Cada vez que vejo uma coisa assim, me lembro da frase imortal de Mário de Andrade, que deve ter sido escrita aí em torno de 1928:
"Progredir, progredimos um tiquinho, que o progresso também é uma fatalidade..."
Pois é, sendo o progresso uma fatalidade, pode ser que a gente chegue lá, algum dia...
Os EPL devem ajudar...
Paulo Roberto de Almeida

Conferência Nacional EPL 2014

EPL Conferência Nacional EPL 2014
A Conferência Nacional dos Estudantes Pela Liberdade (CNEPL) é um evento voltado para os estudantes e organizações pró-liberdade do Brasil. Este ano a conferência vai ocorrer nos dias 13 e 14 de setembro no Comedians, em São Paulo, SP.
A programação do evento inclui os painéis Guerra: Inimiga da Liberdade, com Tom Palmer, e Política e Cultura, com Diogo Costa e Gregorio Duvivier.
 Clique aqui para acessar a programação completa!

Na sua primeira edição, em 2012, a conferência teve 150 ouvintes, a CNEPL cresceu rapidamente para incluir 280 participantes em 2013. Mais do que uma conferência estudantil, a CNEPL está se tornando o evento imperdível do movimento libertário para organizações e indivíduos que visam mostrar seu trabalho, ganhar atenção da mídia e conectar-se com outros defensores da liberdade.

Diplomacia: o G20 esquizofrenico e a India atrasada - Rodrigo Galvão Pinho Lins

az de reformar as estruturas econômicas e sociais do país (com suas 2 mil castas) e colocá-lo na modernidade capitalista. A Índia sabotou a última tentativa de acordo na OMC para defender um modelo atrasado de produção agrícola, que o comentarista abaixo parece aprovar. A Índia está fazendo o mundo de refém de seu modelo anacrônico. Aliás, não só o mundo. O Brasil também, a começar pelos diplomatas companheiros que criaram um G20 comercial esquizofrênico, com Índia e China, que querem o contrário do que quer o Brasil do agronegócio. Os companheiros do MDA adoraram: eles gostam mesmo de subsídio e proteção, não de agricultura moderna. O Brasil dos companheiros é assim: apostam em tudo o que é atrasado...
Paulo Roberto de Almeida 

A insegurança alimentar na Índia
 Rodrigo Galvão Pinho Lins
Mundorama, 13 Sep 2014 09:24 AM PDT

Em agosto deste ano a Índia frustrou a implementação do Trade Facilitation Agreement (TFA), acordado entre os ministros do Comércio dos países com representantes na Organização Mundial do Comércio (OMC). Tal acordo, firmado no encontro realizado em Bali, em novembro de 2013, deveria ser adotado a partir do dia primeiro de agosto deste ano com o propósito de diminuir barreiras comerciais entre as nações. No entanto, devido ao caráter de unanimidade das decisões da OMC, ele foi bloqueado pela não adoção indiana.

Críticas severas se originaram em países da Europa e nos Estados Unidos. Um grupo liderado pela Austrália também afirmou que esta atitude poderia minar a capacidade da OMC em atuar no futuro. Apesar de tais críticas, a comissão indiana argumentou que nenhum tratado de facilitação de comércio mundial, sobretudo os que versam sobre produtos agrícolas, pode ser firmado sem que antes seja encontrada uma solução permanente para a questão de segurança alimentar do país.

Atualmente, a Índia mantém uma rede de subsídio com duas finalidades: para que pequenos agricultores possam desenvolver sua cultura de subsistência e para repassar alimentos para os que mais precisam. O governo, assim, compra produtos com valores artificialmente mais caros e, em seguida, revende as mercadorias a preços simbólicos para os mais pobres do país. Esse modelo vai no mesmo caminho da prioridade apontada por Sen (2010). “O enfoque tem de ser sobre o poder econômico e a liberdade substantiva dos indivíduos e famílias para comprar alimento suficiente, e não apenas sobre a quantidade de alimento disponível no país em questão” (Sen, 2010, p. 211). Essa política abrange arroz e trigo – principais alimentos da dieta de um indiano comum (Iqbal e Amjda, 2010) –, mas só é realizada com sucesso nos estados de Punjab, Haryana, Andhra Pradesh e Madhya Pradesh. Esse serviço é tocado pela Food Corporation of India (FCI), que utiliza a ferramenta de preço de suporte mínimo (minimum support price) e garante a estabilidade dos preços. As normas da OMC limitam o valor do subsídio em 10% do valor total da produção de grãos de alimento. O cálculo, no entanto, é baseado em valores de 1986. A revisão dessa base de cálculo é um dos pedidos da Índia para que o acordo do TFA possa seguir em frente.

Para entender a necessidade indiana de manter os subsídios para o setor agrícola, é primordial entender não só a dinâmica econômica do país, mas também a social. É compreensível a preocupação de um governo em uma nação em que 568 milhões de pessoas sobrevivem ao cotidiano com menos de US$ 1,25/dia. A consequência pode ser sentida ainda na infância: entre os anos de 2005 e 2011, 48% das crianças com menos de cinco anos de idade eram mal nutrida. Ambos os dados são do Banco Mundial (2013). De acordo com o relatório do Global Hunger Index de 2013, dos 78 países com piores índices, apenas 15 se encontram em situação pior que a Índia (que obteve resultado de 21,3). Vizinhos como Sri Lanka (15,6) e Paquistão (19,2) estão em melhor colocação. Apontado como um dos principais fatores da causa da insegurança alimentar (Sen, 2010), o aumento populacional é especialmente alarmante na Índia, uma vez que até 2020 o país se torne o mais populoso do mundo (Banco Mundial, 2013). Entre outras fontes, também pode ser citado o baixo investimento no setor agrícola nos últimos anos, (Iqbal e Amjda, 2010).

Preocupado com essa situação, o governo indiano aprovou, no ano passado, The National Food Security Act (NFSA). O objetivo é cobrir 75% das áreas rurais – onde existe maior concentração dos pobres no país – e 50% das áreas urbanas, fornecendo 5 quilos de alimentos por pessoa a cada mês em famílias tidas como prioritárias. Cada estado está responsável pelo levantamento e cadastramento dos lares que se encaixem no perfil. Essas informações, publicadas pelo Economic Survey 2013-2014 realizado pelo Ministério do Planejamento indiano, dão conta da necessidade de gerar uma política pública voltada para a segurança alimentar do país.

Ainda assim, aproximadamente 40% do valor total da produção anual é desperdiçada. Dessa forma, duas características podem ser destacadas: o modelo de armazenamento dos alimentos e a distribuição dos mesmos. Apesar da declaração de Roma (1996) apresentar uma definição mais ampla, Pinstrup-Andersen (2009) ressalta que os principais pontos do termo segurança alimentar deve ir da preocupação de haver comida suficiente para todos até o formato de distribuição desse alimento. Para o autor, “the distribution of the available food is critical” (Pinstrup-Andersen, 2009). No que diz respeito ao armazenamento, a Índia parece começar a se atentar. O Food Bank of SAARC (States of South Asian Association for Regional Cooperation) aprovou, em 2013, que sejam realizados treinamentos para o armazenamento dos produtos.

A história do país mostra que a fome é, de fato, endêmica, e que ela se repete. Em 1943, na iminência da independência indiana, a Grande Fome de Bengala – gerada pela má administração, que decidiu desviar grãos do campo para as cidades após a interrupção das importações de arroz da Birmânia – pode ter matado 2 milhões de pessoas (Metcalf e Metcalf, 2013). Já em meados da década de 1960, com a Índia já soberana, Indira Gandhi (1917-1984) precisou buscar a ajuda dos Estados Unidos e importar alimentos para evitar mais um desastre.

A atual política de gerenciamento de alimentos serve para o alívio imediato da população mais pobre, mas ainda mantém o país em uma situação crítica. Em países com situações sociais tão críticas como a Índia, é preciso que o governo central tenha uma margem de manobra dentro de seu próprio país para poder cuidar da população. Instituições internacionais – tais como a OMC – precisam levar em considerações as situações específicas de cada membro no momento de adoção das políticas propostas. A posição tomada pela Índia serve para chamar atenção para um dos problemas mais sérios enfrentado pelos países do Sul Asiático especificamente e por países em desenvolvimento de forma geral.

Por fim, é importante ressaltar que segurança alimentar não é a mesma coisa que segurança nutricional. Para que esta última seja alcançada, outros fatores não alimentares – como qualidade da água e condições sanitárias – precisariam ser mensurados. Nesse sentido, devido à dificuldade de obter serviços de necessidades básicas por parte de boa parcela da população, parece uma meta ainda mais difícil de ser alcançada pela Índia.

Bibliografia:

COSTA LIMA, Marcos. (2013). “A Experiência Indiana: crescimento predatório e manutenção da pobreza”. Estudos Internacionais, vol. 1, n. 2, pp. 185-203, jul-dez 2013.

GLOBAL HUNGER INDEX. (2013). The Challenge of Hunger: building resilience to achieve food and nutrition secutiry. Disponível em: http://www.ifpri.org/sites/default/files/publications/ghi13.pdf

GUHA, Ramachandra. (2007). India After Gandhi: the history of the world’s largest democracy. New York: HarperCollins Publishers.

IQBAL, Muhammad e AMJAD, Rashid (2010): “Food security in South Asia: strategies and programmes for regional collaboration”. Regional Integration and Economic Development in South Asia, Edgar Elgar Publisher, Cheltenham

METCALF, Barbara D. e Metcalf, Thomas R. (2013). História Concisa da Índia Moderna. São Paulo: Edipro.

PINSTRUP-Andersen, Per. (2009). “Food Security: definition and measurement”. Food Security Journal, vol. 1, pp. 5-7, 2009.

PROJECT SYNDICATE. (2014). India’s Homemade Food Crisis. Disponível em: http://www.project-syndicate.org/commentary/asit-k–biswas-and-cecilia-tortajada-attribute-shortages-and-undernourishment-to-widespread-wastage-of-output

SEN, Amartya. (2010). Desenvolvimento como Liberdade. São Paulo: Companhia das Letras.

WORLD BANK. (2013). Atlas of Global Development: a visual guide to the world’s greatest challenges. Washington, DC: World Bank.

Rodrigo Galvão Pinho Lins é mestrando em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco e Bolsista do CNPq

Eleicoes 2014: a prostituicao da politica e do empresariado pelos companheiros - Alexandre Rands

Pela primeira vez, ever, eu vejo um nordestino descartando Celso Furtado. Isso jamais tinha ocorrido antes, e nunquinha da silva na academia. Não só os campineiros, mas a imensa maioria da academia, dos economistas, dos homens públicos (e privados também), acham Celso Furtado o máximo. Há anos que venho dizendo que o economista já estava errado desde os anos 1950, ao pregar o seu keynesianismo improvisado para o Brasil. Não podia dar certo, como não deu.
Paulo Roberto de Almeida

Dilma trata os empresários como prostitutas'
Entrevista Alexandre Rands
O Globo, 14/09/2014

Principal assessor econômico de Eduardo Campos, Alexandre Rands mergulhou na campanha de Marina Silva (PSB) após a morte do amigo de infância. Não tem com Marina a mesma relação direta que tinha com Campos, já que o economista mais próximo dela é Eduardo Giannetti, mas diz que o grupo em torno da candidata mantém um consenso: a rejeição à atual política econômica do governo, que julga excessivamente influenciada por economistas da Unicamp, onde Dilma foi doutoranda e aluna do presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

Que diferença haveria entre um governo de Campos e um de Marina?
Pouca. Talvez ele fizesse as mudanças na gestão mais rapidamente, pela experiência em Pernambuco. Pode ser que Marina não consiga a mesma velocidade, mas ela tem o mesmo compromisso. E tem uma qualidade: sabe ouvir.

PT e o PSDB acusam o programa econômico de Marina de copiar ideias tucanas. Qual a diferença?
O PSDB adora dizer que a gente está copiando. De fato, numa discussão, vamos concordar em 80% (dos temas). Não é porque os economistas de Marina são tucanos, mas porque hoje há alguns consensos na teoria econômica. Estão em todas as universidades americanas, em 98% das europeias, em 95% das asiáticas e 97% das brasileiras. Só uma universidade aqui não tem articulação internacional: a de Campinas (Unicamp). Ela é endógena. Mas tem uma força no governo Dilma que não tinha no de Lula, que era muito mais próximo do que Marina defende hoje. Dilma pensa com a cabeça de Campinas, que hoje é uma ilha que parou no tempo. Pela primeira vez, cada candidato tem propostas de desenvolvimento baseadas em concepções diferentes.

Quais são essas concepções?
Na visão de Marina, reformas institucionais são importantes, mas mais importante é o impulso da educação, que aumenta a produtividade. Para os tucanos, bastaria manter o gasto sob controle e crescer. Depois, isso se resolve. Dilma tem a visão estruturalista de privilegiar um ou outro setor com políticas discricionárias. O governo fica tentando aumentar o crédito para estimular a demanda. É um modelo econômico altamente inflacionário, baseado no (economista) Celso Furtado. A escola de Campinas e grande parte da esquerda brasileira não conseguiram se libertar de Celso Furtado. Só que é um modelo que gera uma crise dentro dele próprio. O que são R$ 500 bilhões do Tesouro no BNDES para subsidiar empresários? É dinheiro direto na veia dos grandes empresários. Tem coisa mais de direita do que isso?

Celso Furtado não faz mais sentido?
Não mais hoje, pelo menos. A questão, inclusive, é se já fez. Lá atrás, quem seguiu modelo diferente se deu melhor. A ditadura da Coreia do Sul, que na década de 1960 era mais pobre que o Brasil, industrializou, mas sobretudo investiu na educação.

Mas defensores da atual política industrial e do BNDES dão como exemplo justamente a Coreia. Qual a diferença?
A diferença é que a Coreia gastava 10% dos seus recursos para promover setores industriais, e 90% para garantir educação, oportunidades iguais. O governo dava prazo e meta. Aqui, temos um governo subjugado ao empresariado. Dilma detesta os empresários, mas todas as políticas são para eles fazerem o que bem entenderem. O governo bate, mas depois convida para um drinque. Trata os empresários como prostitutas. Quer estar com elas, desfrutar de suas benesses, mas depois vai denegrir sua imagem.

Se os empresários lucram, como explicar a resistência à reeleição de Dilma?
Seguindo o exemplo: você acha que as prostitutas confiam nos homens que recebem? Chamariam um deles para a festa de aniversário do filho? Claro que não. Só têm interesse e medo. E tem outra coisa: um homem agrada a três, quatro, dez prostitutas, mas não a todas as outras que não estão participando da festa.

Parte dos empresários está de fora?
Sim, boa parte. Não adianta só dar crédito barato. Eu mesmo fiz investimentos na minha empresa com linhas de 5% ao ano do BNDES. Se fossem juros de 8%, eu teria investido? Sim, do mesmo jeito. O governo escancarou o subsídio desnecessariamente. Só que o mesmo empresário que se beneficia disso tem que enfrentar Receita, INSS, regulação instável, licenciamento demorado, greves... Por que vai gostar de um governo que joga a burocracia contra o empresariado?

Marina quer mandato fixo no Banco Central. Que diferença faria para o atual presidente, Alexandre Tombini?
Ele teria subido os juros antes. Não ficaria subjugado à presidente. Poderia dizer para ela: cuida do seu quadrado e eu cuido do meu.

Campos defendeu reduzir meta de inflação dos atuais 4,5% para 3% até 2018. Isso penalizaria emprego?
Não. Conduzir a economia gradualmente para esse patamar é possível. Inflação atrapalha o crescimento. Chegar a 3% em quatro anos é possível, geraria um crescimento de mais longo prazo.

Qual seria o crescimento da economia com Marina?
O ano que vem vai ter crescimento medíocre de novo, e o segundo ano de governo ainda será difícil. Mas acho que, no quarto ano, Marina conseguiria algo em torno de 4%. O começo será difícil por causa das caveiras dentro do armário.

Roberto Setubal, presidente do Itaú, elogiou Marina. É preciso apoio do mercado financeiro para vencer?
Não estamos aqui para agradar a banco. Marina não seria como Dilma, que gosta de prometer coisas para agradar a determinados setores. Assim como Lula, Marina é uma legítima representante do povo. Ela não quer penalizar ninguém, mas não vai sacrificar a maioria pelos interesses da minoria. Se o setor financeiro apoiar, ótimo. Se não, paciência.

domingo, 14 de setembro de 2014

Mister Kissinger and his world order: in fact, more of the same (The Economist)

My initial comment:
Kissinger is a Richelieu of modern politics; he stands with the raison d'Etat, but has been incapable of producing a new Westfalia, that is, a new World Order. He seems to be more like Talleyrand, or perhaps the two other guys with whom he loves to emulate, Metternich and Castlereagh, but he has also been incapable of deliver another world order besides the arrangement with Soviet Union, as a new equlibrium of power. The men who closed the Cold War did not act by Kissinger standards, instead, they believe in their ca
pacity in containing the evil: Reagan and Pope John Paul II.
Paulo Roberto de Almeida

Geopolitics

A bit of a mess

On geopolitics Henry Kissinger is grand and gloomy


Still a man of influence 40 years on
World Order. By Henry Kissinger. Penguin Press; 420 pages; $36. Allen Lane; £25. Buy from Amazon.com, Amazon.co.uk
DESPITE being out of office for almost four decades, Henry Kissinger—who left America’s State Department in 1977—still has remarkable influence. Reading this book, you can see why. As Russia plays grandmother’s footsteps in Ukraine, the Middle East falls prey to anarchy and China tests its growing strength, Mr Kissinger analyses the central problem for international relations today: the need for a new world order. He never quite says so, but he is deeply pessimistic.
“World Order” sets out how the modern state arose almost by accident, from the interminable warfare of early 17th-century Europe. Worn down, the architects of the Peace of Westphalia agreed to disagree. Each state pledged to accept the realities of its neighbours’ values. There was no single prevailing truth. Ambition would be kept in check through an equilibrium of power. As imperialism receded, and colonies turned the arguments of Westphalian self-determination against their distant rulers, the European concept of international order spread until, with American sponsorship, it was eventually enshrined in the apparatus of Bretton Woods and the UN. Today this order is under attack from all sides. Europe and America have come to demand that states everywhere observe a Western set of liberal values. European power, diminished by two world wars, has disappeared down the rabbit-hole of European Union integration. America, still the pre-eminent superpower, may be able to prevent geopolitics from spinning out of control, but it has become reluctant to act as enforcer and balancer. Asia contains rising states, including India and China, which have no tradition of thinking about power in Westphalian terms and may want to revise the system. And in the Middle East, rampaging Islamists are committing mass murder to impose a caliphate run according to the rules of the Koran.
Mr Kissinger is often presented as an arch-realist: an adherent of the supposedly sophisticated idea that foreign policy is purely about power and interests, and that values and morals are for the feeble-minded. But his world view is more subtle. If a system is built on power, but lacks legitimacy, then it will destroy itself; if it asserts moral truths, but lacks the power to enforce them, then it will unravel. The problem today is that from the perspective of almost all sides, power and legitimacy are out of kilter. The West cannot enforce its disputed view of a liberal order. China may not get what it thinks its growing wealth and power should command. Russia sees Western norms as a Trojan horse for the expansion of Western power—at its own expense. The Islamists reject the whole idea of a temporal, secular order.
What is the solution? Mr Kissinger sketches his answer in only four brief pages. It consists of a vague appeal to strike a new balance between power and legitimacy—which, earlier in “World Order”, he acknowledges is very hard, especially on a world scale, in societies struggling with the anarchic effects of new media.
Mr Kissinger is now a wealthy consultant. His failure to drive the bad news home is like his habit of sugaring his criticism of living statesmen with compliments that are, presumably, designed to spare their client’s embarrassment. (“I want to express here my continuing respect and personal affection for President George W. Bush”, he writes, “who guided America with courage, dignity and conviction in an unsteady time.”) That is a pity, as the wit, clarity and concision of his earlier chapters on Europe, America and jihadism are bracing. Perhaps, though, Mr Kissinger supposes that people can read between the lines: you do not need to be Metternich to grasp that this elder statesman thinks the future is bleak.

Eleicoes 2014: candidata governista continua mentindo fraudulentamente

Enfim, como é do espírito salafrário dos companheiros. O que esperar de gente assim? Nada. Só merecem um chute no traseiro.
Paulo Roberto de Almeida

Dilma e o Banco Central

Rogerio Werneck
O Globo, 14/09/2014
Marina Silva defende a independência formal do Banco Central. Já Aécio Neves acha que não é preciso ir tão longe. Que a simples restauração da independência de facto, assegurada ao Banco Central nos governos FH e Lula, já seria um grande avanço em relação à situação atual. E Dilma Rousseff? O que tem a dizer sobre essa questão?
A posição de Dilma foi explicitada no programa eleitoral do PT da noite de sábado, 6 de setembro: “Em suas propostas, Marina chega a dar passos mais atrás do que os tucanos. Defende a autonomia legal do Banco Central ...”, criticou Dilma.
A argumentação que supostamente daria respaldo a tal crítica foi deixada a cargo de dois jovens, que se alternavam, em jogral: “Tornar o Banco Central independente é tirar do presidente da República e do Congresso, eleitos pelo povo, as decisões sobre a política econômica do país, para entregá-las aos bancos. Ou seja, os banqueiros e seus técnicos passam a decidir sobre juros, preços, salários, câmbio, política externa e orçamento.”
No programa do PT de terça-feira, dia 9, a questão voltou a ser abordada. Depois de ter dedicado mais da metade do tempo ao inarredável compromisso de Dilma com o combate à corrupção, o programa tentou relacionar a proposta de Banco Central independente à corrupção. “O que mais dói na corrupção é saber que o dinheiro público que deveria ser usado para o bem de todos vai para o bolso de alguns poucos aproveitadores. Mas também devemos estar atentos a outras formas mais sutis de desvio da riqueza da nação para o bolso de uns poucos privilegiados. É o que acontece com certas decisões econômicas erradas. Por exemplo, dar autonomia jurídica ao Banco Central é privilegiar o interesse de poucos em prejuízo dos que mais precisam.”
Para perceber quão estapafúrdios são tais argumentos, o leitor deve ter em mente que países tão respeitáveis como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Nova Zelândia, Austrália, Coreia do Sul, Israel e Chile asseguram todos autonomia legal aos seus bancos centrais. E que o Banco Central Europeu também opera nessas mesmas bases
Passaria pela cabeça de qualquer pessoa razoável que o eleitorado desses países poderia ter concordado com a concessão de autonomia legal do Banco Central, se isso significasse “entregar aos bancos” as decisões sobre “juros, câmbio, salários, política externa e orçamento”?
É inacreditável que, numa discussão tão importante como a que envolve o grau de autonomia que deve ser atribuído ao Banco Central, a presidente Dilma se tenha permitido subscrever argumento de tão baixo nível. Brandindo essa empulhação eleitoreira na televisão, a candidata pode até soar convincente entre eleitores menos informados, mas queima de vez qualquer possibilidade de ser levada a sério em questões relacionadas à condução da política econômica.
Se quisesse, Dilma poderia recorrer a argumentos perfeitamente razoáveis contra a independência formal do Banco Central e a favor de uma independência de facto, tácita, como a que foi concedida à instituição nos governos de seus dois predecessores. Mas tudo indica que a presidente já não tem qualquer preocupação com sequer manter as aparências na discussão dos rumos da política econômica. Em desesperada tentativa de se reeleger, rasgou completamente a fantasia. Já não vê qualquer problema em recorrer a uma argumentação tão despropositada, primitiva e populista como essa no horário nobre da propaganda eleitoral.
Não há como alimentar ilusões. O que se configura, de forma cada vez mais clara, é uma lamentável involução. Há 12 anos, na campanha presidencial de 2002, o país não pôde conter seu assombro quando, em súbita e espetacular metamorfose, o PT se desfez de seu velho discurso econômico e se dispôs a adotar uma política macroeconômica sensata, na linha que sempre criticara. Tudo indica que, com Dilma, o prazo de validade dessa mágica conversão do PT venceu. O filme está sendo rodado ao contrário. A borboleta está voltando ao casulo. E o PT, ao seu velho discurso. Só não vê quem não quer.
Rogério Furquim Werneck é economista e professor da PUC-Rio