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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Seminário sobre Globalismo no Itamaraty - resumo por Paulo Roberto de Almeida


Seminário sobre globalismo no Itamaraty

Notas de Paulo Roberto de Almeida
Seminário “Globalismo”, Palácio Itamaraty, Brasília, DF
Auditório Wladimir Murtinho 10 de junho de 2019
  
Introdução: Paulo Roberto de Almeida
Em meus quarenta anos de serviço diplomático, nem todos passados no Itamaraty, assisti ou participei de centenas de seminários, organizei pessoalmente várias dezenas, todos eles de interesse objetivo da diplomacia brasileira, ou da política externa do Brasil, num sentido amplo, ou seja, englobando temas de política econômica externa, uma vez que muitos seminários podem ter sido realizados fora do Itamaraty, com sua cooperação ou participação. Geralmente os seminários se dedicaram a discutir questões relevantes das relações exteriores ou internacionais do Brasil, de maneira quase sempre objetiva, ou seja, abordando, de maneira analítica, temas dessas relações internacionais e suas implicações concretas para o Brasil. Poucas vezes, tive a impressão de ter perdido tempo, embora muitas vezes aproveitei “buracos negros” nesses seminários para adiantar trabalhos pessoais em meu computador.
Esta é provavelmente a primeira vez em que participo de um empreendimento oficial de mistificação política, qual seja, a tentativa de enquadrar as “novas” relações internacionais do Brasil na paranoia de um monstro metafísico definido como “globalismo”, que pretenderia supostamente retirar soberania ao Brasil. Observando o currículo/apresentação dos palestrantes deste seminário, constato que NINGUÉM ali sequer trabalhou, alguma vez na vida, no mundo real, ou seja, o mundo da produção, o mundo da criação de riqueza; todos eles são acadêmicos, ou funcionários de Estado, ou seja, pessoas distanciadas do mundo real, aquele que os alimenta e financia com a criação de riqueza. Um debate puramente teórico, ou conceitual, revelado nas palestras. Eles pretendem afirmar a realidade do globalismo com base em suas próprias declarações não com base numa análise objetivamente fundamentada em dados empíricos e demonstrações cabais dessa “dominação” perniciosa do globalismo. Em outros termos, seus argumentos correspondem exatamente a falácias, as mesmas que os sofistas da antiga Grécia pretendiam que fossem aceitas como verdades cabais. 
A palestra do chanceler, que pode ser vista em vídeo gravado, foi absolutamente patética; ele perdeu quarenta minutos tentando nos provar que os cem anos que vão de 1889 a 1989 foram dominados pelo niilismo nietzscheano, e que o problema atual do globalismo deriva do fato que as democracias liberais se afastaram de Deus. Como ele mesmo afirmou: “O globalismo é o niilismo, o triunfo daquela concepção ateia proposta por Nietzsche”. Ou seja, uma palestra inútil sob qualquer ponto de vista, totalmente inepta no plano de uma exposição objetiva sobre o que seria o globalismo concreto, num terreno não teológico, desvinculado dessa concepção de que todos os problemas da modernidade se prendem ao afastamento de uma moral religiosa. Imagino que deva ter sido extremamente doloroso para os poucos diplomatas estrangeiros ali presentes ter tentado entender o que, exatamente, o ministro de Estado das Relações Exteriores do Brasil pretendia transmitir à audiência com a sua concepção peculiar do globalismo. Acredito também que o próprio Nietzsche se sentiria lisonjeado ao ouvir que suas tergiversações balbuciantes sobre a morte de Deus foram tão poderosas a ponto de ter dominado todo o pensamento ocidental ao longo de um século.
Quanto à palestra do assessor presidencial para assuntos internacionais, ela apenas revelou que ele foi um bom aluno do sofista da Virgínia, o homem que conseguiu convencer alguns verdadeiros crentes atualmente influentes no governo de que a sua teoria conspiratória sobre o globalismo apresenta-se efetivamente como um fenômenos verificável, algo terrível para a soberania e a individualidade dos brasileiros, mas que felizmente podemos contar com eles para nos livrar dessa conspiração perversa de burocratas internacionais que tentam nos retirar o poder sobre nossas próprias políticas nacionais.
O que posso dizer sobre essas duas palestras iniciais? Acredito que o condutor da política externa, e o assessor presidencial, para serem absolutamente coerentes com suas ideias, deveriam retirar o Brasil do Mercosul, da OMC, da ONU, desistir de foros como BRICS ou IBAS, e renunciar de vez a esse acordo já maduro, nunca concluído, entre o Mercosul e a União Europeia, o bastião mesmo do globalismo castrador das soberanias nacionais dos países europeus. Esse globalismo insidioso é o que de mais inútil pode existir para uma política externa soberanista.
Os aloprados da política externa bolsonarista, os fundamentalistas olavistas conseguiram degradar a diplomacia brasileira a um ponto irreconhecível de delírio ideológico e de puro besteirol pretensamente filosófico (na verdade, com sofismas e falácias deploráveis). Coisas nunca vistas no Itamaraty nos últimos 200 anos: o chanceler passou 40 minutos lamentando que as democracias liberais tivessem perdido o sentido de deus, e isso por causa de um personagem menor na filosofia do último século chamado Nietzsche. O assessor presidencial quer nos libertar do monstro metafísico do globalismo, que ele afirma existir sem jamais provar empiricamente sua existência. Ambos insistem em fazer uma política externa em nome do povo, com seus conceitos totalmente abstratos e etéreos, a anos-luz das preocupações do povo.
Ambos entram na categoria das olavices debiloides, a coisa mais nefasta a que assistimos hoje. Meu diagnóstico: a destruição da inteligência no Itamaraty, infelizmente!

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 10 de junho de 2019, 14:25hs.

Resumo das palestras por Paulo Roberto de Almeida
10:00-10:30 Abertura:
Embaixador Ernesto Araújo, Ministro de Estado das Relações Exteriores
(Nota PRA: se o texto aparece muito confuso, a culpa não é minha: a confusão mental, as hesitações, as idas e vindas são próprias do palestrante: o vídeo pode confirmar isso: https://m.youtube.com/watch?feature=youtu.be&v=PpNNLl4wZXw)

Addendum em 12/06/2019: 
Depois de postado o link acima, fui verificar e, surpresa!: 
Vídeo indisponível

Abre com leitura de Nietzsche: “vou contar a história dos próximos 200 anos”, ou seja, o niilismo, em Vontade de Poder. O pensamento de Nietzsche, famoso pela sua frase, “Deus está morto”, é uma descrição e uma superação do niilismo. Essa ideia de que Deus está morto se tornou o postulado central de todo o pensamento posterior; uma ruptura radical, que explica o marxismo-leninismo e o comunismo; trata-se da destruição da moral burguesa, anunciada por Marx, que é responsável pelo leninismo e pelo fascismo; isso já está na Ideologia Alemã, de Marx e Engels, e na Genealogia da Moral, de Nietzsche, são obras paralelas; o comunismo e o nazi-fascismo dependem da morte de Deus; ambos instalam um antropocentrismo radical. Mais interessante é uma frase do psicanalista Jacques Lacan, “se Deus não existe, nada é permitido”, eu [EA] me identifico com essa frase, pois ela transmite essa falsa liberdade trazida pelo niilismo moral.
Frase do Nietzsche: para um cristão isso não representa um problema. O próprio Nietzsche é um profeta herético, desse renascimento/ Existem cartas que ele escreveu no período de sua loucura, a partir de 3 de janeiro de 1889; ele assina como “crucificado”, diz “o mundo está esclarecido porque Deus está sobre a terra”; existem cartas para Cosima Wagner, que Nietzsche assina como Dionísio, o deus da morte e do renascimento na Grécia antiga; essa oposição entre apolíneo e dionisíaco é típica do pensamento de Nietzsche; de certa forma, Nietzsche se apresenta como o próprio crucificado, se entrega ao abismo da angústia intelectual, como uma figura para-cristã: Ecce Homo. Nietzsche anuncia o século XXI, que é tempo que nós estamos vivendo. Nos últimos dias antes da sua loucura, um dos textos diz: “eu trago a guerra, não a guerra entre povo e povo, entre classe e classe, mas entre a subida e a descida, entre a vontade da vida e a vingança contra a vida”. Nietzsche já nega a concepção da luta nacional, e nega também a luta de classes, concepção do comunismo. Podemos ler a história posterior entre a subida e a descida. Trata-se da história do espírito (aqui entramos em Hegel), é uma prosopopeia da história posterior; uma maneira de ver a história do século XX e XXI, de qual participamos.
Nesse texto, Nietzsche prega uma quebra da história total, como Lênin faria depois. Coloca o desdobramento da luta entre a subida e a descida, como os passos onde se desdobrarão esse movimento; trata-se da história do homem como pura fisiologia, como Lênin e o NSAPD (partido nazista) tentam implementar. O que existe ao longo do século XX é esse terrível mergulho sem Deus; é preciso saber se um dia conseguiremos emergir desse mergulho. Essas duas ideologias, comunismo e nazismo lutaram por sua preeminência durante o século XX. Mas quem lutou contra? Foram as democracias liberais, quando ainda existia um pouco da ordem antiga, quando não se tinha rompido com a ideia de Deus; onde havia liberdade e espaço para a ideia de Deus; no corpo das democracias liberais continuava a bater um coração conservador; essa foi a espinha dorsal do Ocidente que lhe permitiu vencer primeiro o nazi-fascismo, depois o comunismo. Ao longo da Guerra Fria, esse modelo acabou se impondo ao modelo totalitário; o Plano Reagan, por exemplo, foi uma epitome dessa fé e desse liberalismo: ele não teve problema em chamar o comunismo de “mal”; o papa João Paulo II também lutou contra essa tendência niilista. Caráter conexo das duas dimensões da crença de João Paulo II.
Depois de 1989, da vitória do Ocidente, linha da fé cristã venceu; mas logo se afirmou: “ninguém mais precisa de Deus” e resolveram expulsar Deus das democracias liberais. O comunismo já vinha se preparando para ocupar por dentro as democracias liberais, com o marxismo cultural, o gramscismo, eles foram ocupando o coração das sociedades liberais; e isso é o globalismo. É a ocupação das sociedades liberais; de 1889 a 1989 foi o baluarte da Niedergang, descida no sentido nietzscheano. A sociedade liberal achou que a disputa tinha sido exclusivamente econômica, e quase perderam a luta contra o niilismo, por terem perdido a ideia de Deus.
Palestrantes vão falar de alguns dos mecanismos do fisiologismo do globalismo, o desconstrucionismo linguístico, o nominalismo, a ideologia de gênero, o racialismo e o ecologismo, que é a ecologia transformada em ideologia. Áreas de pensamento que deixam de ter contato com a realidade e se impõem como absolutas. Todos esses instrumentos pressupõem a ausência de Deus, e criam uma nova moral, de opressão psicológica. Nietzsche previa isso: uma moral sem a base de uma ordem estruturada.
No ápice desses movimentos que vivemos, estamos vivendo um caráter opressivo, um moralismo pesado; o globalismo tenta formular de maneira canhestra, uma nova espécie de religião; ideologias que são o oposto dos valores antigos, da ideia de Deus. Existe um problema na concepção de uma falsa religião globalista, o globalismo abre a porta para um tipo de retorno de Deus, se cria um estranho humanismo, que desmerece o homem; a Inteligência Artificial significa a máquina aprendendo a pensar como o ser humano, isso é um programa globalista, pode ser o contrário: o homem sendo subjugado pela concepção mecanicista. O globalismo é o niilismo, o triunfo daquela concepção ateia proposta por Nietzsche.
Estamos num momento de recomposição; o fisiologismo é a estrutura filosófica dessa dominação; o liberalismo dispensou Deus. Estamos tentando reintroduzir Deus na sociedade liberal no seio da sociedade liberal politicamente correta; o Brasil está engajando nesse combate. Em Davos, o presidente Jair Bolsonaro reintroduziu a ideia de Deus em seu discurso, deve ter sido a primeira vez na história de Davos que um chefe de Estado introduziu Deus em Davos; isso significa uma mudança nos últimos 100 e tantos anos.
“Então é isso, Deus em Davos”. Muito obrigado.

10:30-11:00 “Globalismo: teoria da conspiração ou fenômeno político observável?”
Filipe G. Martins, Assessor Especial para Assuntos Internacionais do Presidente da República
Muito interesse, uma fila longa de assistentes.
Breve apresentação sobre o assunto: tese: ao longo do século XX, o confronto foi entre totalitarismos e ideologias liberais; no século XXI, entre democracias liberais, e o globalismo. Pessoas que sequer reconheciam o globalismo como existe; não há consenso sobre a existência ou não do globalismo; teorias da conspiração. Motivo que é um fenômeno político observável, dentro da teoria política. Teoria da conspiração: especulação sobre a coordenação secreta para determinados fins. São parte do nosso dia a dia, globalmente. Fenômenos políticos observáveis se manifestam de diferentes maneiras: certa corrente política tem ou não relevância para nossa vida. Estamos tratando aqui de um fen. Observ.
Onde se encaixa o globalismo? Definição do próprio globalismo: é a tentativa de instrumentalização política e ideológica das políticas nacionais por um grupo de tecnocratas não eleitos; é a transposição de poder político a serviço de diversas finalidades, é um método de exercício do poder, de domínio político; é tão velho quanto a humanidade. Grandes impérios na antiguidade, os grandes mitos, torre de babel, domínio global, no que foi o império romano, expandir a lei romana para todo o mundo conhecido. A queda do império romano deixou no imaginário um vácuo, e diferentes projetos de dominação global, como o comunismo e o nazi-fascismo; estes são próximos do que temos hoje. Tanto o comunismo como o nazi-fascismo são ideologias; o comunismo não foi introduzido na prática.
Então, temos as ideologias, que defendem certas ideias, ainda que na prática não se manifestem concretamente. Não existe um governo mundial, mas o que há é uma tentativa de instrumentalizar certas ideias que têm como efeito prático mudar o eixo de decisão dos estados nacionais para o domínio daqueles que têm certo saber técnico; “Why a World State is Inevitable?”, Alexander Wendt. Hans Morgenthau trata da viabilidade ou não de um governo global; só haveria paz nessa hipótese, mas não seria possível a curto ou médio prazo; ele defendia a transição gradual para um mecanismo global, diluindo os interesses nacionais, parecida com a dos liberais utópicos. Necessário construir uma consciência de uma comunidade global, via regionalismo, planificação e compartilhamento dos ideais cosmopolitas se poderia concretizar. David Mitrany: transitar de um domínio territorialista, para um princípio funcionalista. Essas ideias existem e estão ativas.
Vou trazer algumas biografias de pessoas que estão envolvidas com esses projetos. Criação da OMS: retirar da mente das pessoas individualidades próprias. É preciso retirar o patriotismo e os dogmas religiosos, colocar uma moral compartilhada. Nacionalismos foram responsáveis por duas guerras mundiais, mas é que as ideias eram globalistas; as imagens dos nacionalismos eram execráveis, Hitler, Mussolini; mas Ghandi e Ben Gurion eram nacionalistas. Comunismo e nazi-fascismo eram imperialistas, não nacionalistas, são o oposto do nacionalismo. Há uma difamação do nacionalismo. A maior parte das pessoas não sabem como defender os estados nacionais, pois existiriam outros mecanismos, globais.
Realidade: Brexit, 2016, campanha influenciada por essa ideia de que o país possa ser influenciado por uma “arquitetura do poder global”, que nega as leis nacionais; daí a reação de Nigel Farage, Boris Johnson, Thatcher, ideia do Churchill também, dar ao nosso parlamento o poder de decidir. Nos EUA, vitória do Trump: frase: “Não mais vamos render a nossa nação, o nosso povo para a falsa canção do globalismo”, América em primeiro.
Qual é o elemento que precisa ser introduzido? Soberania nacional: velha definição weberiana não é verdade, monopólio do uso da força. No centro está a decisão de quem decide: são burocratas anônimos, livres de qualquer mecanismo de controle, sem qualquer possibilidade de intervenção do povo? É uma questão de fato de confiar de que sejam as populações nacionais possam retomar o seu poder de decisão. No UK, 90% das leis eram vindas de fora; no Brasil, existem ideias que são colhidas de agências internacionais e não são de iniciativa dos parlamentares eleitos pela população. Uma das críticas que se fazem é que o esse novo nacionalismo está culminando numa nova internacional nacionalista. O nacionalismo hoje não está defendido porque é uma coisa grande demais, mas porque ele é pequeno; democracia liberal é o consentimento dos governados, e a restrição desse governo, aquilo que protege os indivíduos; em nome de certos direitos temos visto a coerção e a repressão de direitos individuais, direito à vida. Caso essa ideologia seja efetivamente implementada teremos a morte das sociedades, pelo cosmopolitismo, um instrumento de corrosão das tradições morais, da religiosidade tradicional. Temos hoje a politização total das vidas; Yuval Noah Harari, fala de um grande embate entre nacionalismo e globalismo, o que ele considera positivamente.
Não se pode ignorar, como se fosse teoria da conspiração, pois influencia cada vez nossas vidas, e então precisamos reagir. Uma bibliografia recomendada aos interessados nesse fenômeno: Alexander Wendt, “Why a World State is Inevitable” [link: http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.322.9672&rep=rep1&type=pdf]; Manfred Steger: The Rise of Global Imaginary; Todd Huizinga: The New Totalitarian Temptation: global governance and the crisis of European democracy; John Fonte: Sovereignty or submission: will Americans rule themselves or be ruled by others?; Yoram Hazony: The virtue of nationalism; Strobe Talbott: The Great Experiment: the story of ancient empires, modern states and the quest for a global nation; Mark Plattner, Journal of Democracy; Olavo de Carvalho: O Jardim das Aflições.
Pede contestação às suas ideias...

11:00-11:10 Intervalo

11:10-11:40 “Educação globalista e a proposta de secundarizar as instituições”
Christine Nogueira dos Reis Tonietto, Deputada Federal – PSL/RJ
PRA: Iniciou dizendo que não pretendia ser entendida no assunto, e começou se referindo ao “Prof. Olavo de Carvalho”, quando me retirei do auditório, pois já me bastava isso.

11:40-12:10 “O ativismo judicial a serviço do globalismo”
Ludmila Lins Grilo, Juíza de Direito do Tribunal de Justiça de Minas Gerais
(Tampouco registei a palestra)
12:10-13:00: Debate (aparentemente não houve debate, por atraso de mais de 1 hora)
13:00-15:00: Almoço

15:00-15:45: “How globalism threatens national sovereignty, self-determination, and individual liberty” - Chris Buskirk, editor da revista American Greatness
Os dois países estão agora juntos, graças aos dois presidentes, patriotas, e uma atitude comum de rejeição das ONGs, das entidades globalistas. Outros lutadores contra o globalismo: vice-primeiro ministro italiano Mateo Salvini. Diferenças entre globalização e globalismo. Eliminação dos vistos brasileiros para visitantes americanos: confiança entre os dois países. Globalismo foi resumido por Trump em seu discurso na AGNU em setembro passado: uma ideologia. (O resto foi puro bla-bla-bla trumpista).

15:45-16:15 “A evolução do globalismo”
Alexandre Costa, autor dos livros Introdução à Nova Ordem Mundial e O Brasil e a Nova Ordem Mundial
(Não se tratava de um professor, apenas um “escritor”, que refez a trajetória das conspirações através dos tempos, sendo que o marxismo pertence a esse universo, conjuntamente com a maçonaria, os Illuminati, etc.)

16:15-16:30 Intervalo

16:30-17:00 “Democracia, povo e representatividade na era do globalismo”
Flávio Morgenstern, escritor, analista político e editor do site Senso incomum – pensando contra a corrente
Democracia se apresenta como perversão, pois os globalistas deformam os sentimentos democráticos da população...
17:00-18:00 Debate
            As perguntas eram ainda mais bizarras do que as exposições...

3 comentários:

Tiago Pedreiro disse...

Realmente não entendi a presença de alguns palestrantes e o chanceler tem uma oratória Dilmista.
Só fiquei chateado de minha pergunta ter sido considerada debiloide, rs...

Foi uma honra conhecê-lo pessoalmente hoje. Na próxima pretendo ter o livro impresso em vez de um áudio livro.

Carlos U Pozzobon disse...

Uma salada mista com maionese de beira de estrada, capaz de causar dor de barriga em qualquer leitor atento. Esse segmento ideológico tem em Nietzsche o divisor d'água do pensamento Ocidental, exatamente por ele ter manifestado (creio que pela primeira vez) a ideia do niilismo na Europa, referindo-se ao descontentamento generalizado e apontando indiretamente para o socialismo. Conheço de mais de uma leitura Genealogia da Moral e posso garantir que não há nada do que falam no livro. Nietzsche sabia que a Revolução Industrial havia introduzido a democracia e esta o desapego aos dogmas do passado, o desmoronamento das superstições, o encurralamento do clero reacionário e a perda da noção do sagrado. Por tudo isso, passou a ser considerado um filósofo-herege carregando as mais esdrúxulas interpretações como a bipolaridade entre o apolíneo e o dionisíaco. Para o filósofo alemão, o dionisíaco era tudo aquilo que colocava o homem na esfera da celebração, do hedonismo, do ludismo. E também o apolíneo não tem nada a ver com o homem "crucificado".
Eles tratam desesperadamente de tentar recuperar a fé cristã num mundo em que o cristianismo fenece lentamente, porque a sociedade tecnológica libertou o homem do cativeiro da pobreza, da escassez e da privação que eram necessidades que justificavam o sacrifício no exemplo de Cristo, capaz de servir de exemplo para as multidões despossuídas, como vemos ainda no Brasil.
Enfim, acho que o olavismo vai fincar raízes no MRE porque se trata de um ministério que suporta qualquer discurso e dispensa a eficiência administrativa de um MEC, Economia, Infraestrutura, etc. Falar de teorias é coisa que emociona os filósofos exatamente porque não os compromete com a ação. E quando o engajamento externo do Brasil fica limitado a seminários, apoio a correntes políticas internacionais, ao palavreado inócuo, estratégia de botequim e proselitismo ideológico, ficamos abrigados no guarda-chuva de Brasil Acima de Tudo e Deus Acima de Todos.

Pedro Freitas disse...

Vou comentar aqui só pra você não se sentir sozinho.