O Brasil está engajando recursos consideráveis na ajuda ao Haiti: já engajava antes e agora passará a comprometer muito mais recursos financeiros e humanos numa aeantura diplomática que foi escassamente discutida pela sociedade e pelo Congresso quando da primeira decisão.
Agora, no rescaldo de uma terrível tragédia humana que requer, sem nenhuma dúvida solidariedade e despreendimento, o fervor nacionalista e patriótico -- e de aparente "concorrência" com esforços similares ou paralelos do 'Império' -- impede que uma discussão apropriada se faça, e aí começamos a rodar uma roda de aprofundamento do engajamento, e de compromissos financeiros, que ficará muito difícil parar em algum momento.
O Haiti, propriamente, já era, e se converterá cada vez mais, em um Estado totalmente assistido, tutelado pela ONU e outros organismos internacionais, por países "solidários" e por ONGs humanitárias e assistencialistas, e se acostumará, como sempre ocorre, com a droga da ajuda externa, ficando totalmente dependente do afluxo contínuo de recursos.
Pode ser que o Haiti escape da maldição da ajuda externa -- que é a de passar a fazer parte do orçamento "normal" do Estado, quando existe um, ou do país, e que vai frequentemente parar nos bolsos da elite -- mas o mais provável é que continue dependente dessa droga durante o futuro previsível.
O Brasil, sem dúvida alguma é um país generoso. Pena que essa generosidade não é adequadamente debatida pela sociedade...
Paulo Roberto de Almeida (26.01.2010)
Congresso aprova envio de 1,3 mil homens para missão no Haiti
O Estado de S. Paulo, 26.01.2010
O Congresso Nacional autorizou nesta segunda-feira, 25, o envio de mais 1,3 mil militares para compor a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah). A aprovação do decreto legislativo dobra o número de militares na missão passando de 1266 militares para 2600.
A medida visa atender uma mensagem do Presidente Lula feita em 21 de janeiro, solicitando autorização para reforçar a tropa brasileira no Haiti. A mensagem presidencial também foi assinada pelos ministros da Defesa, Nelson Jobim, e das Relações Exteriores, Celso Amorim.
A aprovação foi por meio de votação simbólica, e a única manifestação contrária ao envio das tropas foi declarada pelo senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), afirmando que "o Brasil não está em condições de ajudar, e sim de ser ajudado", além de citar as enchentes que atingem as regiões sudeste e sul do país.
Brasil doará R$ 375 milhões para o Haiti, diz ministro em Montreal
O Brasil está disposto a doar R$ 375 milhões (o equivalente a US$ 210 milhões) em ajuda ao Haiti, mas a reconstrução do país deve ser feita pelo próprio governo haitiano, disse nesta segunda-feira (25) o chanceler Celso Amorim, que participa, no Canadá, de conferência sobre a reconstrução do país devastado pelo terremoto no último dia 12.
"Não temos que perder de vista que o centro de todo o esforço de reconstrução é um governo haitiano com capacidade para governar", disse Amorim em uma coletiva de imprensa em Montreal.
Os "países amigos" do Haiti iniciaram nesta segunda-feira uma conferência na cidade canadense para definir um plano de reconstrução do país caribenho, o mais pobre do continente.
Segundo o chanceler, o governo enviou ao Congresso brasileiro uma proposta de pacote total de ajuda ao Haiti de R$ 375 milhões de reais, o que equivale a cerca de US$ 210 milhões. (fonte: G1)
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
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