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quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Diplomacia da vinganca: uma nova modalidade, até aqui desconhecida...
Nathalia Passarinho
Portal G1, 3.08.2010
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (3), ao assumir a presidência rotativa do Mercado Comum do Sul (Mercosul), que “vai se vingar” das críticas do colega colombiano, Álvaro Uribe, participando do jantar de despedida dele, em Bogotá. Lula participou de reunião de cúpula do bloco regional em San Juan, na Argentina.
“Eu falei uma coisa com a imprensa esses dias que o Uribe ficou nervoso, fez uma nota. Sabe como vou me vingar de Uribe? Vou no jantar de despedida dele, para ele saber que eu não tenho nenhum problema com ele, eu quero ajudar. Ele é meu amigo. Quero ver ainda se ele me coloca para jantar ao lado dele”, afirmou.
Na última quinta-feira (29), o presidente colombiano disse “deplorar” o fato de Lula se referir à crise diplomática com a Venezuela como se fosse um “caso de assuntos pessoais”, ignorando a ameaça que seria para a Colômbia a presença da guerrilha das Farc em território venezuelano.
Na última quarta (28), Lula afirmou que é preciso “ter paciência” e esperar a posse do novo presidente colombiano, Juan Manuel dos Santos, para que o conflito entre os dois países seja resolvido.
A posse está marcada para o dia 7 de agosto. No dia 22 de julho, a Venezuela anunciou o rompimento das relações diplomáticas com a Colômbia depois que o governo do país pediu à Organização dos Estados Americanos (OEA) que investigue a presença de guerrilheiros em território venezuelano.
Irã
Ainda durante a cúpula do Mercosul, Lula criticou os países membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas por rejeitarem o acordo com o Irã que prevê a troca de combustível nuclear. Segundo ele, as nações desenvolvidas deveriam “aprender” com o bloco sul-americano ao invés de demonstrarem “ciúmes”.
“Acho que a América do Sul e o Mercosul são exemplos de como o mundo poderia viver em paz, sem armas nucleares, sem guerra, como o mundo poderia viver de forma muito mais harmônica”, disse. “Eles poderiam aprender conosco, não poderiam ter os ciúmes que tiveram nesses últimos dias”, criticou.
Lula defendeu o acordo fechado em maio com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. A chamada Declaração de Teerã, firmada com a participação de Brasil e Turquia, prevê a entrega pelo Irã de urânio levemente enriquecido. Em troca, a república islâmica receberia combustível nuclear. A troca seria realizada em território turco. Segundo Lula, a comunidade internacional recusou o acordo apesar de ele cumprir as exigências impostas numa carta enviada ao governo brasileiro pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
“Os países do grupo de Viena , ao invés de dizerem, ‘estão criadas as condições para as negociações’, começaram a discutir aumento de sanções. O documento que firmamos com o Ahmadinejad era a carta explícita que o Obama mandou para mim. Exatamente o que o Obama disse que era possível fazer nós fizemos. E aquilo que era pra ser acordo virou sanção”, criticou.
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E um comentário a esse propósito:
Da grande promessa ao grande canastrão
Reinaldo Azevedo, 4.08.2010
A fala de Lula sobre o presidente colombiano, Álvaro Uribe, explica por que Lula chegou a ser visto como uma nova liderança e vai deixar o mandato, aos olhos do mundo, como um canastrão que pode ser perigoso. Para a Colômbia, as Farc não são uma mera questão retórica. Ao contrário: o estado chegou à beira da dissolução, pressionado, de um lado, pelo narcotráfico sem marca ideológica, e, por outro, pela narcoguerrilha que se quer marxista. Hoje, os dois grupos estão unidos contra a democracia.
E a Venezuela não só dá guarida aos narcoterroristas como lhes fornece armas, o que também já foi comprovado. Nos quase oito anos à frente do governo, Lula, invariavelmente, alinhou-se com o ditador Hugo Chávez e teve uma posição genericamente hostil ao governo colombiano. Não custa lembrar que Celso Amorim não disse um “a” quando o Exército colombiano aprendeu bazucas do Exército venezuelano em poder das Farc. Não! Errei! Disse, sim: afirmou que não havia provas de que aquilo fosse mesmo verdade.
Amorim, no caso, ficou aquém do próprio Chávez, que reconheceu que as armas eram mesmo da Venezuela — inventou que elas tinham sido roubadas. Troca de correspondência do terrorista Raul Reyes com seus comandados evidenciou que se tratou de uma negociação feita com agentes do governo Chávez. Nesse mesmo lote de e-mails, diga-se, estão aqueles que listam os amigos das Farc no governo brasileiro.
Mas Lula e Amorim foram extremamente duros com a Colômbia, exigindo “garantias” (!!!) para que se ampliasse a presença de soldados americanos em suas bases militares — que ficam, claro, em território colombiano. Lula é contra interferir na política interna das ditaduras; nas democracias, ele pretende pintar e bordar.
O Brasil não reconhece o caráter narcoterrorista das Farc. Marco Aurélio Top Top Garcia declarou “neutralidade” a respeito. Não só isso. Lula ofereceu o Brasil como “território neutro” para uma “negociação” entre o governo constitucional da Colômbia e a bandidagem — como se as Farc tivessem a legitimidade de um governo eleito. E como pode ser o Brasil “neutro” entre a democracia e o narcoterrorismo?
Para Lula, tudo termina em pantomima e piada. Termina? Não! Na prática, o presidente brasileiro está sempre alinhado com o que há de pior do mundo, como revela, uma vez mais, a sua fala sobre o Irã. Vejam como ele, de novo, estende seus olhares lânguidos para o terrorista anti-semita, apedrejador de mulheres.
A tirania iraniana acha que Lula é só um emotivo desinformado. Está errada, claro! Lula se oferece como esbirro de todas as ditaduras do mundo porque acredita que, assim, ele próprio assume um papel de líder mundial. Pretende ter um método. Chegou a enganar por algum tempo. Hoje, é só motivo de riso e escárnio mundo afora.
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