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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Republica Mafiosa do Brasil (2): subterraneos da criminalidade

Apenas transcrevo:

Uma máquina criminosa vai tomando o lugar das instituições e do Estado
Reinaldo Azevedo, 1.09.2010

Como se pode ler no post abaixo, o ex-funcionário do Planalto que diz ter informações sobre o encontro entre Lina Vieira e Dilma Rousseff — aquele em que a então ministra, segundo Lina, pediu para a secretária da Receita aliviar a investigação sobre a família Sarney — afirma estar sendo ameaçado e não vai depor. O ex-dirigente de um fundo de pensão que se transformou em bunker dos petistas para fazer dossiês políticos também desiste de falar, com medo. Antônio Carlos Costa D’Ávila, o corregedor da Receita — nesse caso, parece que não exatamente por medo —, se recusa a dar seu depoimento. E os crimes vão se amontoando sem que se consiga chegar aos criminosos.

Como é público e notório, o “sistema” é ágil em fulminar os, digamos assim, “criminosos da oposição”. Os “criminosos da situação” atuam livremente, protegidos pelo poder e, pois, pela impunidade. A justificativa do corregedor da Receita chega a ser cínica, ainda que fosse cinismo involuntário. Segundo diz, não pode prestar depoimento porque a investigação é sigilosa. Pelo visto, é a única coisa sigilosa na Receita. Todo o resto está na praça.

É isto: a República dos Fidalgos que fazem o que bem entendem das leis e dos bens públicos precisa da República do Medo para se consolidar. E a verdade que se dane. Essa gente descobriu que tudo se transforma numa mera guerra de versões, de “lado” e “outro lado”. Quem for mais organizado para tornar a sua mentira influente — vale dizer: o criminoso que for mais esperto — ganha a parada.

Antônio Carlos Costa D’Avila deveria ter respeito por nossa inteligência. Mas parece que não é o caso. Na entrevista coletiva que concedeu há alguns dias, afirmou haver indícios de balcão de negócios no posto da Receita de Mauá, sugerindo que tudo não passava de crime comum. O relatório da investigação enviado ao Ministério Público exclui essa acusação, feita ali, em cima da hora, apenas porque ele próprio e Otacílio Cartaxo, o secretário da Receita, tinham de dar alguma satisfação à opinião pública. Reportagem do Estadão demonstrou que a versão foi combinada com o governo e com o comando do PT.

Uma máquina criminosa, dotada de sua própria racionalidade, vai tomando o lugar das instituições e dos órgãos do Estado. Com as exceções de sempre, o noticiário da imprensa é, no máximo, morno. A privacidade e os direitos individuais não são considerados valores inegociáveis no Brasil. Chega-se longe nessa trilha? É claro que não!

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