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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Republica Mafiosa do Brasil (7): nessa republica, a vitima é sempre a culpada...

Não tenho palavras, e portanto não faço comentários iniciais. Aliás não precisa. Todo este post é um longo comentário do jornalista que vocês já conhecem.
Eu encerro por aqui, por enquanto, a minha série da "República Mafiosa do Brasil". Mas estou certo de que ela vai voltar, não uma ou duas vezes mais, mas dezenas de vezes mais.
E isso que ainda não temos acesso aos dados dos cartões corporativos da Presidência da República: posso apostar, sem ter nenhum dado à mão, que são de estarrecer. Apostar não, tenho certeza...
Paulo Roberto de Almeida

Receita e Ministério da Fazenda reeditam farsa típica do stalinismo e culpam filha de Serra pela violação do próprio sigilo
Reinaldo Azevedo, 1.09.2010

O que é O País dos Petralhas? Uma coletânea de textos deste escriba lançada em livro em que essa coreografia de estado totalitário que o PT executa está descrita — às vezes, antecipada — em detalhes. Ah, sim: já venceu vendeu 50 mil exemplares, antes que os protagonistas do livro perguntem…
O caso da violação do sigilo fiscal de Verônica, filha do presidenciável tucano José Serra, elimina dúvidas que ainda pudessem resistir no coração dos crédulos sobre a natureza do “trabalho” que se fez na Receita Federal. A exemplo das farsas stalinistas clássicas, culpa-se a vítima pelo mal que lhe cai sobre a cabeça. Escreverei outros posts sobre o assunto. Todos sobre coisas de estarrecer.

Numa reação escandalosa, Receita e Ministério da Fazenda tentam convencer a opinião pública, plantando a versão na imprensa, de que Verônica teria pedido a quebra do próprio sigilo. Por quê? Vai saber…

Uma procuração em seu nome teria sido apresentada ao posto do órgão em Santo André — cidade vizinha a Mauá, onde se executaram as outras violações —,solicitando —, solicitando o acesso a seus dados fiscais de 2008 e 2009. E a funcionária Lúcia de Fátima Gonçalves Milan teria feito, então, o trabalho. É estupendo!

Vai ver Verônica desconhecia as próprias declarações — e seu advogado ou contador , sei lá, não tinha nem mesmo uma cópia. Por alguma razão misteriosa, a “pessoa” que tinha a procuração foi solicitar o documento em… Santo André! Pensando bem, por que fazê-lo em São Paulo, onde mora a “contribuinte”? Tudo faz um baita sentido!!!

As datas
Partidários da candidata petista, entre a má fé e a estupidez, indagam: “Por que eles precisariam fazer isso agora, quando Dilma está na frente?” Quem disse que foi agora? A violação do sigilo fiscal da filha de Serra foi executada em setembro do ano passado. Pesquisa Datafolha feita um mês antes, no cenário que o PT considerava mais provável, mostrava o tucano com 44% das intenções de voto, contra 19% de Dilma Rousseff.

Num texto de ontem, afirmei que o partido é viciado em ilegalidade. Era unânime a avaliação de que Lula teria um candidato competitivo na disputa do ano seguinte. Bastava construir a candidatura dentro dos rigores da lei. Mas não! O PT não consegue se encaixar nesse molde. Assim como o presidente violou de forma sistemática, escancarada, a Lei Eleitoral — e outras tantas regras do decoro — para “fazer” a sua candidata, o partido violou a Constituição, fez o trabalho sujo e quebrou o sigilo dos “inimigos” — o PT não consegue ter “adversários” apenas. Isso é para quem respeita a democracia e a tem como valor inegociável.

Gravidade
Os dois episódios — a violação e a tentativa de montar uma farsa para explicá-la (falo em outro post sobre a atuação da AGU) — revestem-se da maior gravidade. A mensagem é clara, e talvez o PT nem se incomode tanto com ela: “NINGUÉM ESTÁ SEGURO”. O PT deve é gostar da suspeita generalizada de que políticos, juízes, empresários, jornalistas estão submetidos ao mesmo expediente. Isso faz dele um ente a ser temido. É como se dissesse: “Podemos saber tudo sobre vocês: vida fiscal, vida bancária, telefonemas, e-mails…” O partido se tornou, enfim, o Grande Irmão. Ou a sociedade civil reage, ou se pode dar por extinto o estado de direito no Brasil. Quem viola os sigilos de Verônica Serra não pode violar o de Cezar Peluso, presidente do Supremo? Pode! Quem viola o sigilo de Verônica Serra não pode violar o de Ophir Cavalcante, presidente da OAB? Pode! Até porque quem viola o sigilo de Mônica Serra pertence à mesma escória que escarafunchou ilegalmente a vida do caseiro Francenildo Pereira. Escrevi aqui: não pergunte quem é Francenildo. Francenildo são vocês. Francenildo somos nós.

O círculo se fecha
Todas as pessoas ligadas ao PSDB que, comprovadamente, tiveram seu sigilo quebrado eram personagens de um suposto primeiro capítulo de um suposto livro de autoria do ex-jornalista Amaury Ribeiro Jr., aquele que pertencia à turma do Lanzetta, lembram-se? O texto que circulou nos “blogs sujos”, como os chama Serra — um é financiado por uma estatal; outro é de um funcionário do governo —, fazia já referência a dados que estão nas declarações violadas. É claro que o rapaz, a serviço, aproveitou para fazer suas próprias ilações. Não há por onde: repórteres da Folha e da VEJA encontraram o sigilo de Eduardo Jorge com os petistas da campanha de Dilma; todas as pessoas ligadas ao PSDB que tiveram sua vida fiscal violada estavam no “livro” do ex-jornalista, que pertencia ao grupo de Lanzetta, contratado por Fernando Pimentel, que era, então o papagaio de pirata de Dilma — hoje ele foi substituído por José Eduardo Cardozo, o petista “sério e ético”.

Previ ontem que acabariam culpando Verônica pela própria quebra do sigilo. Na lata! Faço outra previsão: aposto que quebraram também o sigilo de seu marido. Por quê? Ele também era citado naquele papelório. Mas Dilma continua a cobrar: “Onde estão as provas?”

O país não assiste apenas à quebra da ordem legal. Estamos, também, diante de uma verdadeira revolução dos cínicos. E começamos a perceber na prática a que veio o aparelhamento do estado. Hora de reagir ou de se ajoelhar.

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