Uma crítica severa da diplomacia brasileira: condena a adesão a ditadores do Sul, acusa de errática a política Sul-Sul de Lula, Amorim e Samuel, o que é uma inversão do que se se lê habitualmente nos meios acadêmicos e jornalísticos, onde essa mesma política é saudada como autônoma e não subserviente.
Curioso, mesmo...
A VISITA DA PRESIDENTE DILMA AOS EUA - A Presidente Dilma começa na próxima segunda feira uma visita oficial aos EUA, em retribuição da visita do Presidente Obama a Brasilia no inicio de seu Governo.
A agenda da visita não tem temas ou propostas importantes. O Brasil encontra-se numa fase de readequação de sua politica externa aonde não se apresentou ainda como parceiro estratégico da ordem global, tarefa que exige uma elavação da diplomacia brasileira a um novo patamar que realce a importancia do Brasil como potencia emergente.
O Brasil não pode utilizar a diplomacia presidencial como apenas um efeito-movimento, isto é, a Presidente viaja mas não leva e nem traz propostas concretas, com prazo de implementação definido, dispersando e banalizando viagens presidenciais sem trazer resultados palpáveis desse esforço.
Uma visita do Presidente de um grande Pais não pode ser apenas social. Presume-se que o tempo de um Chefe de Estado de uma potencia é escasso e deve ser utilizado com parcimônia.
A politica externa brasileira precisa criar uma Doutrina de presença estratégica do Pais na ordem global, o que o Brasil pretende dentro do que é viável em cada cenário.
Na viagem aos EUA uma agenda robusta deveria estar pronta para o anuncio entre os dois Presidentes, obviamente preparada anteriormente pela diplomacia. Por exemplo, um acordo de longo prazo sobre o etanol, fonte de energia que interessa aos dois países. Um acordo para pesquisa de novas fontes de energia, de desenvolvimento de carros elétricos, de politica comum no Caribe, região de grande interesse para os dois países.
Um grande plano estratégico para a Africa, algo em que o Brasil poderia tomar a liderança e criar novas iniciativas, momentum, presença, projetos de investimentos para dez ou quinze países, alguns dos quais em conjunto com os EUA, que teriam o maior interesse nessa parceria.
O Brasil querer ser potencia emergente com uma atitude apática, sem iniciativas, fica difícil de entender, especialmente agora que o Pais tem recursos financeiros para esses programas.
Outro campo fundamental é o da defesa, as Forças Armadas brasileiras precisam de no minimo 50 bilhões de dólares de novos equipamentos para coloca-las em linha minimamente próxima ao grupo dos BRICs. Se o Brasil almeja uma cadeira no Conselho de Segurança será fundamental colocar em nivel global suas Forças Armadas, não bastam 36 caças Rafale, isso não é nada para um pais do peso do Brasil, todas as tres Armas precisam de material porque estão em situação completamente fora de padrão para uma potencia emergente de 1ª classe. Uma parceria com os EUA nesse campo seria logica e reforçaria o peso diplomatico do Brasil.
O Itamaraty se ressente de uma condução errática de uma politica externa reducionista no Governo passado. O Brasil se atrelou a países de governos errantes que se posicionam à margem da ordem global, como Cuba, Venezuela, Equador, Bolivia, Libia, o que constituiu uma bola de ferro amarrada nos pés da diplomacia brasileira, presa a esses condicionamentos retrógrados, perdendo oportunidades de criar maior presença nos países centrais que veem no Brasil um parceiro de seu nivel mas que se apresenta como companheiro de turma dos Estados-mambembes, enfraquecendo o peso relativo do Brasil.
Dos chamados BRICs originais, dois, Russia e China, estão no Conselho de Segurança, o outro, a India está tendo com os países centrais, EUA e UE, uma politica externa de altitude superior a do Brasil e está recebendo em função dessa postura um reconhecimento de potencia de 1ª classe.
A postura do Itamaraty é bipolar até agora, como resultado do rumo confuso da politica Sul-Sul que vem de uma estrategia baseada numa analise da Guerra Fria, construida por Celso Amorim e Pinheiro Guimarães.
Esse conta que não fecha baseia-se em duas linhas contraditórias:
1ª O Brasil quer ser membro permanente no Conselho de Segurança, o que depende em primeiríssimo lugar da aprovação dos EUA e em segundo da Inglaterra, França, Russia e China.
2º Brasil não se apresenta todavia como parceiro ativo desses cinco países. A diplomacia Sul-Sul volta-se com muito mais intensidade para fazer grandes doações de dinheiro a Cuba, à Venezuela, à Bolivia, a gestos equívocos com a Libia e o Irã, como se desses países o Brasil obtivesse algum aval para suas aspirações de potencia emergente de 1ª classe.
Em resumo, o Brasil está investindo muito em ações de segunda linha, quando o foco deveria ser as ações de primeira linha, como essa viagem aos EUA que não leva nada, não propõe nada, nem aquilo que obviamente interessa ao Brasil.
A população brasileira está por tradição voltada para as parcerias econômicas, culturais, educacionais com os EUA. No mês de março passado, os consulados americanos no Brasil emitiram 142 mil vistos,
um aumento de 62% com relação ao ano passado. Em doze meses deverão ser 1.700.000 de vistos.
Mas se as parcerias de negocios, educação e culturais são ligadas aos EUA, a parceria politica não é.
As relações são frias e parece que assim continuarão. O Brasil teria muito mais a ganhar com uma parceria mais ativa com os EUA mas que não deslancha pelos grilhões esquerdistas amarrados nas colunas do Itamaraty. Parecia que a Era Patriota mudaria o rumo mas parece que não mudou.
A bussula da diplomacia brasileira continua em Havana e Caracas, o Brasil está perdendo uma oportunidade historica de herdar parte do espolio do tio rico que está procurando um herdeiro confiável.
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